Fanfics Brasil - The Psychotic Girl Blood, Sweat & Tears

Fanfic: Blood, Sweat & Tears | Tema: BTS, Bangtan Boys, Bangtan Sonyeondan, EXO, GOT7


Capítulo: The Psychotic Girl

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"O mundo é outro nome para o desespero



Minha altura é outro diâmetro da terra



Eu sou minha própria felicidade e ansiedade



Isso se repete todos os dias,



o gostar e não gostar em relação a mim."



Reflection — Rap Monster



 



 



O quarto era bastante amplo.



Tinha apenas uma grande janela que ficava na parede de frente para a porta, estava coberta por uma cortina de cor azul escuro que estava fechada dando um ar meio obscuro ao quarto.



Ele era dividindo por um pequeno tapete redondo das cores branco e rosa claro; uma mezinha de centro também redonda feita de vidro ficava em cima do tapete. Em ambos os lados do quarto tinha uma cama de solteiro com pés de madeira e um coxão revestido com a mesma estampa florida do travesseiro que estava em cima da mesma encostada a parede; um grande baú de madeira negra jazia aos pés de cada uma das camas; uma escrivaninha branca dupla com várias gavetas estava encostada a parede ficando entre as duas camas, tinha duas cadeiras giratórias encostadas a ela. Três prateleiras feitas da mesma madeira dos baús estavam fixadas nos dois lados do quarto cerca de um metro e meio a cima das camas, e por fim um frigobar estava posicionado no lado direito do quarto, perto da porta.



Luna viu quando Ádrian tirou os tênis e colocou-os ao lado da porta mantendo as meias nos pés para depois correr em direção a janela e afastar as cortinas iluminando o quarto, ela então se apoiou na escrivaninha para olhar pela janela...



— Uou! – disse Ádrian baixinho. – Isso sim que é vista...



Luana tirou seu All Star e jogou-o de qualquer jeito ao lado dos da amiga e logo se aproximou também para saber sobre o que Ádrian falava; ao se juntar a outra ela pode ver o extenso campus da escola, com vários bancos de madeira e árvores espalhados pelo gramado extremamente verde do local, trilhas de pedras cruzavam os caminhos dos universitários que caminhavam por ali, a maioria estava acompanhada por seus pais ou amigos que os acompanharam até a faculdade ou mesmo que estudavam ali também.



Mas ultrapassando tudo aquilo, elas podiam ver a "paisagem principal" que era algo que realmente merecia ser admirado; a vista daquela janela dava para uma estrada comprida, de um lado dessa estrada ficava a cidade, com seus prédios altos, centros comerciais, carros e pessoas caminhando apressadas pelas ruas asfaltadas; mas do outro lado se localizava uma pequena área florestal densa que fazia vizinhança a cidade. Mesmo de onde estavam, era possível ver as grandes colinas que se erguiam logo atrás da floresta. O lugar era realmente maravilhoso e bonito, isso fez Luana se perguntar como aquela vista ficaria anoite quando estivesse sendo iluminada apenas pelas luzes da cidade...



Parecia algo de outro mundo, um universo totalmente diferente, não apenas a vista, mas a situação toda em si, era literalmente um sonho se tornando realidade... A cidade parecia ser realmente muito movimentada, mas apesar disso Luana via facilmente como o lugar era completamente limpo e, de certa forma, comportado. Era um choque pensar que um lugar assim realmente existia, tão diferente da realidade com que estavam acostumadas...



— Com licença, senhoritas... – disse uma voz grossa meio receosa, Luana deu um pequeno pulo no lugar ao ouvi-la, estava imersa de mais em seus pensamentos para ouvir qualquer ruído vindo de fora do quarto.



As duas garotas olharam rapidamente para trás vendo três dos 'ajudantes' de mais cedo parados a porta com algumas malas em mãos.



— Podemos entrar? – perguntou o de camisa branca que estava na frente dos outros dois.



Luana viu Ádrian balançar a cabeça uma vez, concordando e as duas ficaram encostadas na escrivaninha enquanto observavam os três homens tirarem seus sapatos deixando-os em frente à porta e entrarem no quarto carregando onze malas, sendo apenas quatro delas de rodinhas; eles colocaram as que puderam em cima da mesa de centro, e as que sobraram deixaram em volta da mesma. As meninas agradeceram e se curvaram respeitosamente como pedia a etiqueta, enquanto os outros três calçavam seus sapatos.



Quando os três coreanos deixaram o quarto Luana caminhou em direção a pilha de malas e bolças que estava no meio do quarto e separou as suas colocando-as em cima da cama na metade do quarto em que ficava o frigobar, levando suas coisas para cima da cama e notando que, das onze malas que levaram ao quarto, apenas quatro eram suas.



— Vamos à arrumação — disse ela para si mesma sem animação alguma na voz tentando não ceder a vontade de simplesmente se jogar em sua cama e dormir, quanto mais rápido terminasse aquilo melhor seria para ela...



— Yeah! – concordou Ádrian pegando uma de suas malas que estavam em cima da mesa – Let's go...



 



Por volta das 3 da tarde Luana já havia esvaziado todas as suas malas, arrumara quase todas as roupas dentro do baú de madeira – deixando de fora apenas o pijama que usaria naquela noite e o casaco da empresa, mas estava com preguiça de mais para se trocar naquele momento –, colocou sua maquiagem em cima de sua metade da escrivaninha e por fim arrumou suas prateleiras com os poucos livros que trouxera junto com três porta-retratos de madeira que continham as fotos mais valiosas que Luna possuía.



Foi impossível não abrir um sorriso ao encarar aquelas fotos novamente, lembrava exatamente de quando havia tirado cada uma daquelas fotografias, eram momentos que ela gostava de ter em mente, que a faziam bem.



No primeiro porta-retratos estavam ela e sua família dois anos antes em um circo que visitara a cidade em que moravam; seu irmão havia acabado de voltar do serviço militar, esteve longe por muito tempo e ela sentira sua falta. Alex era muito importante para Luana, ele foi a primeira pessoa a qual recorreu quando as coisas começaram a ficar difíceis, ele a apoiava e se importava com ela, e isso era tudo o que Luna precisava que ele fizesse.



Na foto seu padrasto a puxara para perto com um dos braços e sua mãe agarrou seu irmão passando seu braço pelo pescoço do garoto quase que enforcando-o, todos mantinham um grande sorriso no rosto; haviam se divertido muito naquele dia, quase como uma família normal.



No segundo porta-retratos estavam ela, Drica, Bia e Lia em seu quarto no começo do ano anterior, as meninas haviam passado a virada do ano na sua casa em uma festa do pijama, elas haviam tirado aquela foto pouco antes da meia-noite guardando seus últimos minutos do ano anterior. Na foto Luna e Drica estavam sentadas a cabeceira da cama com suas cabeças apoiadas uma na outra, Bia estava deitada atravessada de costas na cama perto dos pés das outras duas, deixando sua cabeça pender para fora do coxão e Lia estava sentada no chão perto da cabeça de Bia brincando com os cabelos da amiga enquanto todas riam da careta que Nessa fazia atrás da câmera.



Na terceira foto estavam ela e as outras quatro no auge de seus quatorze, quinze e dezesseis anos em uma praia a qual ela não lembrava o nome, mas Luana se lembrava bem daquele verão, foi uma das épocas mais memoráveis de sua vida, foi tirada no primeiro verão que as cinco haviam passado na casa de praia da família de Malia, o que pouco depois havia virado uma tradição para elas. Luna ainda lembrava do momento registrado na foto como se tivesse acontecido segundos antes, lembrava de como Vanessa chamou a ela e Bia para tirarem uma foto juntas, mas quando foram bater a mesma Lia pulou nas costas de Ádrian e as duas apareceram no fundo da foto fazendo um sinal de paz com as mãos; o por do sol e o mar que o refletia atrás das duas deixavam a foto ainda mais bonita. Todas se divertiram como loucas naquela viajem, mal tiveram tempo para descansar, sempre planejando algo novo para fazer. Luna não conseguia desmanchar o sorriso ao olhar aquelas fotos, foram tempos inesquecíveis, momentos que ela gostaria de poder reviver.



— Ah, droga! – xingou Ádrian tirando Luana de seus pensamentos, ela encarou a amiga que parecia estar em meio a um conflito com seus livros que não queriam ficar arrumados em cima de uma das prateleiras. Soltou uma pequena risada quase imperceptível pelo desespero da garota e tratou de terminar de arrumar as prateleiras.



Assim que terminou de ajeitar a sua parte do quarto foi ajudar Ádrian que, apesar de ser muito organizada, não estava se dando muito bem na arrumação de suas coisas.



— Não tenho espaço suficiente! — reclamou Ádrian se jogando em sua cama.



— Quem mandou trazer tanta coisa... — murmurou Luna enquanto arrumava algumas das roupas de Ádrian dentro do baú soltando um suspiro quando quase não conseguiu fechar o mesmo – Não cabe mais nada aqui, mas ainda tem roupas nas malas...



Ádrian soltou um gemido de desgosto apertado o travesseiro contra o rosto antes de se sentar na cama abraçando o mesmo, ela olhou em volta procurado um lugar onde poderia colocar o resto de suas coisas quando bateram na porta.



— Pode entrar! – gritou Ádrian, quase que imediatamente a cabeça de Nessa apareceu de trás da porta.



— Nós estamos saindo — disse ela em português com um sorriso no rosto, é claro que nem uma das meninas via necessidade de falar em coreano quando estavam sozinhas, além de que, provavelmente estariam sentindo falta do seu tão amado português logo, logo.



— Nós quem? — perguntou Luana se sentando em cima do baú de Ádrian recebendo um olhar desgostoso da mesma a qual ela apenas ignorou.



— Eu e as outras duas — respondeu Nessa como se fosse óbvio, e realmente era, mas é claro que Luna nunca diria isso para a Maknae, às vezes se tornava irritante como a garota conseguia ter razão em quase tudo, mesmo quando se tratava de coisas tão mínimas...



— Eu vou! — disse Ádrian pulando da cama parecendo um pouco mais animada – Vai ser bom para me acalmar antes de terminar de arrumar isso aqui...



Vanessa abriu mais a porta do quarto e olhou em volta com curiosidade vendo as duas malas de roupas ainda fechadas perto da cama de sua irmã fazendo-a sorrir e revirar os olhos.



— Por que eu já esperava por essa? — perguntou ela retoricamente mais para si mesma do que para as outras duas.



— Porque você me conhece? — respondeu Drica em tom de pergunta fazendo sua irmã revirar os olhos novamente – Você ainda vai ficar vesga de tanto revirar os olhos...



— E você Lú? — perguntou Nessa ignorando completamente o último comentário da irmã. Ela era a única das meninas que chamava Luana de Lú, não sabia ao certo o porquê, mas também não se importava muito com isso, era apenas um apelido, afinal...



Luana suspirou e olhou em volta meio incerta, havia terminado de arrumar sua parte do quarto – apesar de ter certeza de que tudo estaria completamente bagunçado novamente em menos de uma semana, só que ainda pior –, e sua cama parecia estar lhe chamando para um abraço apertado... Era tentador de mais...



— Acho que eu vou ficar... — disse ela por fim soltando um longo suspiro enquanto bagunçava levemente o cabelo – Estou um pouco cansada, foi uma viagem longa...



— Tudo bem — concordou Vanessa, sabia por experiência própria que quando Luana falava que não queria sair de casa era melhor nem insistir... A Maknae logo se virou para Ádrian novamente com um pequeno sorriso nos lábios rosados – Vamos sair em 15 minutos, vai se arrumar.



E então saiu do quarto batendo a porta atrás de si. Luana soltou mais um de seus longos suspiros e se levantou do baú onde estava sentada caminhando em direção a sua nova cama, se jogando lá pela primeira vez desde que entrara no quarto e agradecendo mentalmente a quem quer que tenha escolhido aquele colchão onde queria morar dali para frente, tão macio e confortável...



Estava com preguiça de se levantar novamente, então a morena precisou se esticar para pegar o celular e os fones de ouvido que estavam em cima de sua metade da escrivaninha ao lado de sua cama, o que quase causou a queda do aparelho e um terrível susto tanto em Luna quanto em Ádrian que presenciava a cena.



— Espera ai... — disse Ádrian caminhando até o seu lado da escrivaninha, abriu a primeira gaveta e tirou de lá um pequeno cartão que entregou a Luna, quando a garota franziu a testa como se perguntasse "Que diabos é isso?" enquanto olhava os sete números anotados ali, Drica deu de ombros antes de responde – A senha do wi-fi, acho que vai precisar...



Depois ela se virou para suas malas, pegou uma delas e colocou-a em cima da cama tirando uma muda de roupas de lá começando a se trocar enquanto Luna colocava seus fones de ouvido e fechava os olhos ouvindo uma musica qualquer.



As meninas haviam saído a pouco menos de meia hora e, por mais que tentasse, Luna não conseguia pregar os olhos.



Maldita insônia...



Com um suspiro ela pegou seu telefone e colocou para carregar em uma das tomadas que ficavam ao lado de sua cama, pegou uma toalha limpa de dentro do baú junto com uma muda de roupas e colocou tudo o que ela precisaria dentro de um nécessaire antes de sair do quarto em direção ao banheiro do dormitório.



Mhynna havia ido ao quarto delas enquanto Ádrian terminava de se arrumar para sair com as outras três e explicou que havia se esquecido de contar que a entrada para o banheiro feminino era a única porta no saguão do primeiro andar que ficava ao lado da escada, ela então pediu desculpas e saiu novamente parecendo um pouco envergonhada pelo ocorrido...



Coreanas eram fofas...



Luna caminhou calmamente até o andar inferior e logo adentrou o banheiro pela primeira vez. Ele era composto por dois grandes corredores compridos separados por uma parede que não tocava o teto feito de lajotas brancas iguais as do piso, o que resultava em um banheiro realmente grande; ambos os corredores eram compostos pelos boxes dos chuveiros de um lado, que se dividiam por paredes de lajotas brancas iguais as da parede e do chão, e se via o mesmo com os boxes dos sanitários do lado oposto dos corredores, sendo que um pequeno corredor – pequeno apenas se comparado aos outros dois corredores constatou Luana ao olhar para o final do longo corredor onde ficava uma porta de madeira com os dizeres "Produtos de limpeza" gravados em uma plaquinha vermelha pendurada na mesma – interligava os outros dois a porta de entrada. Ao lado da porta de entrada estava pregado um largo espelho suspenso pouco a cima de uma pia comprida com 7 divisórias, e, no final do banheiro, os últimos 5 boxes de ambos os lados dos dois corredores eram usados para que as meninas pudessem apenas trocar de roupa, e entre esses últimos boxes estava pregado um espelho um pouco menor do que o que ficava ao lado da porta, mas esses dois eram de corpo inteiro.



Luana logo entrou em um dos boxes do chuveiro e tomou um banho demorado que com certeza relaxou o seu corpo. Depois de se secar, vestiu uma camisa branca que tinha um "I" ao lado de um coração vermelho e o desenho de um pote de Nutella em baixo dos dois, colocou um short Jeans e um casaco quadriculado vermelho e azul amarrado na cintura para completar.



Luana tinha 19 anos, seus cabelos castanhos escuros eram lisos e repicados, e batiam pouco abaixo de seus ombros, havia pintado as pontas no mês anterior de azul escuro, mas agora já tinha um tom de azul meio esverdeado que ela pretendia descolorir até que seus cabelos ficassem da cor cinza. Sua pele era de um castanho claro meio queimado pelo sol brasileiro, o que deixava ainda mais fácil para as pessoas a sua volta perceberem que ela era estrangeira. Os traços de seu rosto eram finos e seus olhos eram levemente repuxados nas extremidades lhe dando um ar meio indiano, mas seus lábios carnudos se destacavam em seu rosto fino.



Luna era uma garota calma e desorganizada, media pouco mais de 1,70 e mantinha todo seu corpo no lugar; seus seios eram fartos, mas não o suficiente para ficarem estranhos em uma blusa de gola alta e, apesar de sua cintura não ser exatamente fina, ela deixava sua silhueta mais bonita.



Uma coisa que Luana amava era dormir, sempre gostou, não importava o lugar, o momento ou o horário, o sono lhe era uma coisa preciosa. Seu único "empecilho" era o fato de que ela sofria muito por causa da insônia, esse era um problema que tinha desde seus 14 anos por causa de alguns problemas.



Na faze da adolescência uma das maiores preocupações da maioria dos jovens é a aceitação das pessoas que estão a sua volta e com Luna não foi diferente. Na época ela se via rodeada de amigos e costumava fazer de tudo para que eles sempre estivessem ao seu redor porque ficar sozinha não era algo que lhe agradava. Tudo corria extremamente bem até que sua "melhor amiga" virou as costas para ela por ter ficado enciumada por Luna ter tentado ajudar uma novata a se enturmar – apesar de não ter deixando a outra garota de lado – e essa mesma "amiga" também afastou todos os outros amigos de Luana espalhando boatos e mais boatos sobre ela pela escola.



Ela desmoronou.



Aquilo a deixou devastada e por muito tempo Luana se sentiu destruída, foi por aquele sentimento de solidão que tentava tanto evitar que ela acabou entrando em uma terrível depressão recheada por um segundo problema que também a assombrava, a ansiedade. A mãe de Luana se viu forçada a tirar sua filha mais nova da escola o que fez a garota deixar os estudos de lado por um ano, a mais velha estava dando um tempo a Luna, ela ainda precisava se convencer que, caso resolvesse voltar a frequentar as aulas, as coisas não seriam iguais as que eram antes, o que era realmente difícil de fazer quando tinha duas vozes em sua cabeça clamando por atenção, a primeira dizia para que ela se esquecesse de tudo aquilo e fosse para a escola, voltasse aos estudos e se preparasse para o futuro, mas a segunda se ocupava em colocar ideias erradas em sua mente, ela dizia que as coisas poderiam piorar caso voltasse e isso a amedrontava muito.



Quando finalmente voltou a frequentar a escola Luana passou quase que o ano inteiro sem conversar com alguém a menos que fosse extremamente necessário. Apesar de ter voltado, ela ainda tinha medo, tinha medo de que o que havia acontecido no ano anterior se repetisse, tinha medo de não aguentar a pressão caso as coisas começassem a dar errado. Foi apenas no começo do primeiro ano do ensino médio que ela conhece Malia, a garota insistiu tanto em tentar conversar com Luana que a mais velha acabou cedendo, por conseguinte, as outras três acabaram se aproximando também. Luana era um ano mais velha do que Drica, Lia e Bia, e tinha dois anos a mais que Nessa. Quando as conheceu, nunca pensou que elas poderiam se tornar tão valiosas para si e, Deus, como ela as amava...



A música também havia se tornado algo muito importante para Luana. Foi durante aquele ano em que esteve afastada apenas se ocupando em ir ao psicólogo, tomar seus remédios e tentar melhorar que ela encontrou sua paixão pela música. A música começou a entrar em sua vida como nada mais que um tipo de terapia, quando você tem um problema como o de Luna precisa de alguma coisa em que possa se empenhar para esquecer um pouco de seus problemas e a música fazia esse papel muito bem, mas, pouco depois, a música se tornou muito mais do que apenas um meio de esquecer um pouco do mundo. Quando estava escrevendo ou cantando um de seu rappers Luana simplesmente se esquecia de tudo, se focava na letra e colocava todos os seus sentimentos nela, além de tudo, isso também a ajudou a crescer como artista.



Quanto a sua depressão, bem, ela ainda lhe era presente, assim como a ansiedade – Luana sabia muito bem que era bem provável que teria de conviver com seus problemas a perturbando pelo resto de sua vida –, mas ela também havia percebido como a intensidade e frequência de suas "dores" e recaídas diminuíram a partir do momento em que voltou a se sentir amada, e ela agradecia a suas amigas por isso, principalmente a sua Maknae.



Quando você tem um grupo muito grande de amigos, é comum que sempre tentem proteger os mais novos ou os que consideram mais frágeis, era algo que acontecia quase que inconscientemente, e era exatamente isso o que elas costumavam fazer com Nessa. A Maknae às vezes conseguia ser muito tímida e, apesar de saber muito bem se defender, suas unnies tinham medo que algum dia alguém pudesse fazer algo de mal a garota, mas que fosse ruim suficiente para chegar ao ponto de que a mais nova não pudesse mais suportar, pois elas sabiam que, apesar de tudo, a Maknae ainda era muito frágil. Ela teve que amadurecer cedo de mais porque era muito cobrada em casa e, ao mesmo tempo que isso a tornou forte, também a tornou extremamente frágil de certa forma, sua carência por amor paterno e materno a fazia se sentir pequena algumas vezes, então suas amigas estavam sempre por perto para ajuda-la e apoia-la quando precisasse. A mais nova agradecia por tudo o que suas unnies faziam por ela e gostava de retribuir o carinho e a proteção que suas amigas lhe davam, ela gostava de se sentir útil, então se esforçava para ajuda-las em tudo o que precisavam.



Vanessa foi a primeira de suas amigas que soube de seus problemas, a primeira a quem Luana confiou para contar aquele segredo; por algum motivo Luna sabia que ela iria entender e ajuda-la, e foi exatamente isso o que aconteceu. Vanessa a ajudou a sair daquele buraco em que havia se enfiado, a ajudou a melhorar. Dava concelhos e ouvia Luana quando a mesma precisava desabafar, e aquela ajuda foi sem duvida o melhor presente que Luana poderia receber de alguém.



Luna balançou a cabeça afastando seus pensamentos e suspirou pegando suas coisas para logo em seguida se virar caminhar de volta ao seu quarto. Ao chegar lá arrumou os cabelos, pegou a carteira que recebeu na vã com os cartões de débito e o seu celular junto com os seus fones de ouvidos antes de deixar o quarto mais uma vez. Desceu as escadas e atravessou o saguão do primeiro andar em direção à porta de entrada.



Ao pisar do lado de fora do dormitório se arrependeu imediatamente por estar usando shorts ao invés de calças, a tarde estava fria, mas ela não estava nem um pouco a fim de subir novamente aquelas escadas, então simplesmente respirou fundo e começou a explorar o campus. Faltava ainda uma semana para as aulas começarem para os novatos, o que significava que não tinha quase ninguém no campus, em sua maioria, estavam ali apenas aqueles que, assim como ela e suas amigas, moravam longe então preferiram chegar mais cedo para se instalar e se acostumar com o lugar.



Estava um pouco distraída enquanto caminhava pelo gramado do campus olhando para as lanchonetes que ficavam mais adiante, atrás dos prédios 3 e 4, então não reparou no garoto que estava sentado com as costas encostadas a uma das árvores e mantinha suas longas pernas esticadas em seu caminho. Antes mesmo que se desse conta, Luana já ia de contra ao chão tentando diminuir o impacto com a ajuda de suas mãos.



— Porra! - praguejou ela baixinho agradecendo por tê-lo feito em português, não queria que ninguém a olhasse estranho por ter falado um palavrão, já chamava atenção o suficiente por ser claramente uma estrangeira, não precisava se sentir ainda mais deslocada naquele lugar.



Sentou-se com um pouco de dificuldade sobre os joelhos enquanto limpava sua roupa e suas mãos que estavam um pouco vermelhas. Foi então que percebeu que o dono das pernas em que tinha tropeçado estava agora esticando a mão para ajuda-la a levantar enquanto ria descaradamente de sua queda. Ela aceitou a ajuda e quando já estava em pé encarou mortalmente o garoto a sua frente, sua risada se encerrou quase que de imediato, ele abaixou a cabeça evitando seu olhar.



— M-Me desculpe – pediu ele em um inglês desajeitado enquanto se curvava respeitosamente para ela – Não era minha intenção que você caísse...



Luna suavizou o olhar que lançava para o garoto que era alguns bons centímetros maior que ela, ao menos ele pedira desculpas. Sua voz era bem mais grossa do que Luana esperava para um garoto com o rosto tão infantil quanto o dele, ele não parecia ter mais que 17 anos...



— Tudo bem que você não queria me machucar, mas precisava mesmo rir? – perguntou ela em coreano enquanto limpava seus joelhos que ainda estavam um pouco sujos de terra e grama sem tirar os olhos do garoto.



— Oh, você fala a minha língua? – disse ele parecendo realmente surpreso – De qualquer forma, me desculpe – ele pediu novamente se curvando mais uma vez – Estava distraído com o celular, não vi você se aproximando... – foi só então que Luana notou o celular que estava na mão dele, ele estava conectado a um fone de ouvido que ficou pendurado ao lado de seu corpo quando o coreano se levantou para ajuda-la.



— Tudo bem – disse Luana dando de ombros enquanto ficava em pé novamente –, eu não quebrei nada mesmo...



Ele esticou a boca em um sorriso sem dentes para ela, estava feliz por ela não ter sido grosseira com ele, não gostava muito de pessoas grosseiras...



— Me chamo Kim Taehyung – disse ele se curvando mais uma vez.



— Sou Luana – disse ela se curvando também –, mas se quiser pode me chamar de Luna...



— Você não é daqui, é? – perguntou ele piscando seus olhos para ela enquanto inclinava levemente sua cabeça para o lado parecendo um tanto curioso.



— Como reparou? – perguntou ela brincando – Foi a cor da pele, a falta de delicadeza ou o sotaque estranho?



— Na verdade foi pela falta do seu sobrenome quando você se apresentou – respondeu ele dando de ombros enquanto punha seu celular e fones de ouvidos no bolço da calça – Por aqui, quando nos apresentamos a outra pessoa falamos o nosso sobrenome junto para... Mas você deu bons palpites.



Ela sorri um tanto constrangida, mas não ligou muito para aquilo, era apenas o jeito do garoto. Os dois se encararam por alguns segundos sem saber como continuar uma conversa e interromper o silencio incomodo.



— Então... – disse ele quebrando o silêncio – De onde você é?



— Brasil – respondeu ela simplesmente.



— Ah, o país do Samba! – disse ele sorrindo calorosamente carregando a palavra "samba" num sotaque arrastado, mas bem fácil de entender enquanto batia os pés freneticamente no gramado num ritmo rápido e completamente estranho. A única coisa que se passou pela sua cabeça de Luana foi, "Que diabos é isso?"



— O que você esta fazendo – perguntou ela segurando o riso, ou ao menos tentando.



— Samba! – respondeu ele de forma arrastada parando de bater os pés no chão.



— Tem certeza? Porque pra mim parecia que estava tentando matar as pobres formigas que viviam nesse gramado – ela respondeu brincalhona...



Ele fez uma careta engraçada para ela fazendo-a rir novamente, Taehyung soltou uma risada acompanhada de um sorriso quadrado completamente infantil.



Fofo...



— E então, Luana, o que faz aqui na Coreia? – perguntou ele se encostando na mesma árvore de antes falando seu nome com um pouco de dificuldade num tom anasalado por causa do sotaque.



— Intercambio – respondeu ela cruzando os braços novamente – Eu e minhas amigas conseguimos bolças de estudo por um concurso que teve recentemente no Brasil, chegamos hoje de viajem.



— Outras brasileiras? – perguntou ele erguendo as sobrancelhas numa expressão um tanto surpresa, ele não estava acostumado a encontrar pessoas brasileiras pela Coreia, mas realmente gostava muito da cultura de lá.



— Sim, mais quatro brasileiras, pra ser exata... – ela respondeu colocando as mãos nos bolsos traseiros do short – Somos eu, a Ádrian, a Beatriz, a Vanessa e a Malia...



Ele concordou com a cabeça como se quisesse dizer que havia entendido, mas seu rosto transparecia um pouco de sua confusão. Ele franziu a testa ao ouvir os nomes das meninas e Luna logo percebeu que ele realmente não estava acostumado com a fala brasileira.



— Hm... – murmurou Luna sem saber como prosseguir uma conversa quando sentiu seu estomago roncar o que a fez fazer uma careta enquanto colocava a mão sobre a barriga e gemia desgostosa – Droga. Com todo o tempo em que me preocupei em arrumar o quarto esqueci de comer...



Luana logo imaginou uma feijoada em suas mãos, sem duvida seria a coisa que ela sentiria mais falta, junto com o Açaí, ah, como ela sentiria falta do Açaí...



— Então vamos comer – disse Taehyung sorrindo para Luana fazendo-a encara-lo.



— V-Vamos o que? – perguntou ela meio desorientada por ter sido tirada de seus pensamentos.



— Eu também estou com fome – disse Taehyung ainda a encarando, ele sorriu sem dentes apoiando os punhos fechados em seus quadris enquanto se virava para olhar os restaurantes ao longe, ele respirou fundo como se conseguisse sentir o cheiro da comida de onde estava e suspirou feliz a encarando novamente com os olhos bem abertos – O que você vai querer comer?



— Não sei... Você que mora aqui há mais tempo, o que sugere? – perguntou ela mais calma.



Achava estranho o modo como ele falava com ela, como se não tivessem acabado de se conhecer, realmente não esperava isso de um coreano, afinal, eles costumavam ser mais contidos...



Mas vamos combinar que assim fica mais fácil de conversar com um deles...



Ela estava contente por saber que pelo menos um coreano queria deixa-la a vontade, para Luana já era um desafio fazer novas amizades e sabia como os coreanos podiam ser bem desagradáveis com estrangeiros quando queriam, o que com certeza não a ajudaria muito.



Ela encarou o garoto a sua frente e não pode deixar de examina-lo atentamente. Taehyung era bonito, o queixo em “V” era levemente quadrado deixava as maçãs do rosto um pouquinho mais aparentes, principalmente quando ele sorria; seu nariz era fino e tinha um pequeno sinal pouco acima da narina direita.



Taehyung tinha ambas as orelhas furadas, com dois ou três brincos de cada lado e ele era bem mais alto que ela, talvez tivesse uns 6 ou 7 centímetros a mais. Seus cabelos castanhos eram lisos e pareciam muito macios, os olhos asiáticos eram castanhos escuros, a boca era fina e levemente rosada. Seu corpo era magro, mas parecia perfeito para sua altura e ele tinha um sorriso extremamente fofo.



Okay, sem dúvida, ele era bonito...



— Venha comigo – disse ele tomando a frente fazendo um sinal para ela acompanha-lo, ela logo o fez caminhando ao seu lado.



Luna reparou quando Taehyung se afastou um pouco dela mantendo uma certa distância entre os dois, distância suficiente para que outra pessoa passasse entre eles sem muita dificuldade, mas isso não a incomodou, era provável que assim como a maioria dos coreanos ele não tivesse muito contato com pessoas de sexo oposto por isso ele havia se afastado. Na verdade ela sabia que poderia considerar aquilo como um ato de respeito, ele estava respeitando seu espaço.



— Você vai fazer o primeiro ano? – perguntou ela tentando puxar assunto.



— Não – respondeu ele –, eu sou do segundo ano. Na verdade a maioria de meus amigos estão do terceiro ano para cima, então...



— Ah, você é um Maknae... – murmurou ela com um sorriso no rosto olhando para o chão, tomando cuidado para não tropeçar em nada e cair novamente.



— Eu faço parte da Line Maknae, mas não sou o Maknae... É algo estranho de se explicar, mas é que a escola meio que é dividida em grupos e coisas assim, então nós meio que temos vários Maknaes, e o Maknae do meu grupo se chama Jeon Jungkook... - respondeu ele sorrindo levemente ao falar o nome do amigo antes de encara-la com uma expressão falsamente séria – Não se meta com ele, é uma criança muito mal criada...



— Você fala como se ele fosse um bebê... – disse ela sorrindo e o olhando de soslaio.



Não estava julgando-o, longe disso, era normal tratar um Maknae como um bebê e ela sabia disso por experiência própria.



— Ele é o nosso bebê... – respondeu Kim dando de ombros, mas sua voz estava em um tom brincalhão – Mas não se engane com aquele rostinho, a única coisa de bebê que ele tem é seu comportamento infantil... Isso quando ele quer ser infantil...



— Ele é tão ruim assim? – perguntou ela franzindo a testa enquanto atravessavam um caminho de pedra voltando a pisar no gramado logo em seguida.



— Você não faz ideia – respondeu ele sorrindo – Aquela criança basicamente nos monopoliza...



— Acho que eu entendo sim – disse ela soltando uma pequena risada enquanto dava de ombros – A "minha" Maknae costuma conseguir tudo o que quer, ela tem um sorriso fofo de mais para ser negado... – ele bufou fazendo-a encara-lo, Taehyung tinha um olhar divertido no rosto apesar do nariz estar franzido em descontentamento – O seu Maknae também tem um sorriso fofo – constatou ela – Isso te irrita?



— Não apenas isso, mas também o fato de que, mesmo quando ele nos xinga, não conseguimos bater nele... – resmungou Taehyung, mas não parecia realmente estar chateado com o assunto.



— Por que isso? – perguntou ela apesar de saber que a mesma coisa acontecia com ela e suas amigas, mas como bater em Vanessa? A garota era doce de mais, fofa de mais, criança de mais e também era uma atriz maravilhosa, coisa que a ajudava a não ser castigada por se meter em confusão ou irritar uma de suas unnies...



— Ele xinga sorrindo – respondeu Taehyung fazendo a morena soltar uma risada – Não podemos bater em uma criança que está sorrindo, isso seria quase um crime!



— Essas crianças são muito atentadas – resmungou Luna fazendo uma careta apesar de ainda estar sorrindo – O pior é quando ficamos com raiva e elas vem cabisbaixas pedir desculpas... Odeio quando Vanessa faz isso, ela não me deixa ficar com raiva. Às vezes, sinto raiva de mim mesma por pensar em ficar com raiva dela...



— A culpa é nossa deles serem assim... – disse Taehyung rindo – Mimamos muito eles.



— Até de mais... – disse Luna suspirando enquanto balançava a cabeça, estava um pouco mais relaxada em conversar com Taehyung. Luna gostava de pessoas como ele, fáceis de conversar, difíceis de odiar – Mas então... O que você faz? Digo, quais matérias você estuda aqui?



— Estou assistindo a várias aulas, mas as minhas preferidas no momento são as de teatro, desenho e canto... – respondeu ele soltando um suspiro feliz – Na verdade, faço parte de um grupo com alguns dos meus amigos. Somos bons, apenas precisamos treinar um pouco mais...



— Ah, eu também... Faço parte de um grupo, quero dizer – ela sorriu – Eu e minhas amigas treinamos muito para conseguir entrar aqui e, como conseguimos, posso dizer que: Não somos apenas boas, somos as melhores! – brincou ela, ele soltou uma risada anasalada.



— E qual a sua ocupação no grupo? – perguntou ele olhando para os restaurantes que ficavam cada vez mais perto tentando decidir em qual deles comeriam.



— Ocupação? – perguntou ela o encarando com a testa franzida em confusão.



— Sim, por exemplo, eu sou vocalista líder e face do meu grupo, ou seja, tenho um dos vocais principais e costumo ser o que mais tem "amigos" fora do grupo – explicou ele fazendo aspas com os dedos.



— Ah, sim, sim. Entendi – disse ela reconhecendo os tratamentos a que ele se referia, conhecia o mundo do k-pop desde sempre e sabia de cor as “ocupações” de seus idols preferidos – Sou rapper principal e a líder do meu grupo. A rapper guia é Vanessa e temos a Ádrian como apoio. Beatriz é a rapper líder e dançarina líder... Vanessa também é vocal principal, dançarina líder e Maknae, o que meio que a deixa com muito trabalho, Malia é vocalista guia, Ádrian também é a dançarina principal e vocalista líder... – Luana franziu a testa ao terminar de falar, não era muito comum para ela falar tanto de uma vez só, muito menos com desconhecidos, além disso, Kim Taehyung havia lhe perguntado apenas qual era a sua ocupação no grupo e ela simplesmente deu a ele um relatório inteiro sobre o mesmo, qual o seu problema? – Desculpe eu... Eu não costumo falar tanto...



— Não, tudo bem – disse ele balançando a cabeça fazendo seus cabelos cheios e lisos balançarem de um lado para o outro, o que quase a fez rir. Aquilo era engraçado, a maneira como seus cabelos se moviam quando ele mexia a cabeça mesmo que levemente – Quando pessoas falam de mais ou é porque estão se sentindo seguras, ou estão ansiosas. E como você não está suando, tremendo, ou mesmo um pouco pálida, acho que está se sentindo segura...



— É... – murmurou sem saber ao certo o que dizer, ela olhou para seus próprios pés ao sentir o olhar dele sobre si – Como você pode ter certeza disso?



— Estou acostumado com o nervosismo – ele deu de ombros – No final do ano todas as turmas fazem apresentações e costumam fazer também uma pequena competição entre os grupos que existem na escola, então vi muitas pessoas ansiosas caminhando por esse campus – ele fez um gesto amplo com as mãos – Sem falar nas apresentações que os professores nos pedem para fazer durante as aulas e todo o resto... Tenho um amigo que começava a falar em Satoori antes das apresentações pelo nervosismo, tem um outro que come tudo o que vê pela frente... E ainda tem Jimin-ah, ele é apenas uns meses mais velho que eu e costuma ficar muito nervoso antes de uma apresentação, então ele treina toda a dança ou a música que ele vai apresentar e fica xingando quando erra alguma coisa... É trágico, mas muito engraçado também.



Ele soltou mais uma risada engraçada e Luana logo imaginou que ele estivesse se lembrando dos acontecimentos do ano anterior...



— E você? – perguntou ela segundos depois quando ele parou de rir.



Taehyung parou de andar de repente e foi só então que ela reparou que eles haviam chegado na ala dos restaurantes. Taehyung ainda olhava para o letreiro de cada um dos estabelecimentos parecendo bastante entusiasmado com a possibilidade de entrar em qualquer um deles. Eram poucas as pessoas que passavam por ali, mas era um número bem maior se comparadas as que rondavam pelo resto do compus, não que ela estivesse surpresa, afinal, aquele era o único lugar do campus onde realmente encontrariam comida.



— E eu o que? – perguntou sem encara-la.



— O que costuma fazer antes de uma apresentação? – perguntou ela. Taehyung a olhou e franziu a testa como se estivesse pensando.



— Nada – respondeu por fim dando de ombros – Não tem algo que eu costume fazer, quer dizer, lógico que fico nervoso, mas não tenho nenhuma mania ou tique para momentos assim... – e ele riu voltando a examinar os restaurantes – Além, claro, de algumas brincadeiras...



— Que tipo de brincadeiras? – perguntou receosa. Ele sorriu e soltou outra de suas risadas engraçadas.



— Eu costumo deixar os outros mais agitados ou relaxados dependendo do meu humor – deu de ombros e riu novamente e em seguida afirmou – Eles amam as minhas danças!



Ela soltou uma risada curta e imaginou sobre o que ele falava, mas resolveu não perguntar, vai que ele resolva demonstrar...



— Venha, vamos por aqui – ele voltou a caminhar chamando-a com a mão e ela o seguiu desviando de algumas pessoas no caminho – Você já comeu comida coreana?



— Na verdade, não – disse ela com um pouco de pesar na voz – Não tive tempo de comer nada desde que sai do avião.



— Gosta de comida apimentada? - perguntou quando ela o alcançou e passou a andar ao seu lado ainda mantendo certa distância entre os dois.



— Amo – respondeu prontamente.



— Então você vai se dar bem aqui – ele sorriu para ela parecendo feliz enquanto afundava as mãos nos bolsos do casaco.



Foi ai que Luana percebeu que havia generalizado os coreanos o tempo todo. Um coreano não precisava ser necessariamente certinho e ter boa conduta o tempo todo, muito menos ser recatado o tempo inteiro; eles não tinham nem um tipo de barreira que os separa do resto do mundo, apenas precisavam conviver com algumas regras impostas pela sociedade a sua volta. Na verdade, alguns coreanos conseguiam ser mais parecidos com brasileiros do que a maioria das pessoas de qualquer outro país, ao menos Taehyung era assim.



Foi ali também a primeira vez que a garota se perguntou se aquele garoto fazia outra coisa além de brincar, mas sinceramente ela esperava que não, era bom ter aquela alegria como companhia pra variar. Talvez ficar ali pudesse ser ainda mais divertido do que ela imaginava...



 



 



"Quando eu estava perdido



A música me encontrou



Independente da minha vontade



Você me trouxe até aqui"



 



Fantastic — Rap Monster



 





 



 




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Autor(a): dessafig

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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"Eu vou a lugares que me dizem para não ir, Faço coisas que me dizem para não fazer, Quero coisas que não devia, Fico ferido de novo e de novo Você pode me chamar de burro Então eu vou apenas abrir um sorriso Eu não quero ter sucesso Com um trabalho que eu não goste Eu me esforço" Interlude - ...


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