Fanfic: Oceanos nada pacíficos | Tema: Romance

— Babi. O que você está fazendo aqui?

— Eu faço a mesma pergunta para você.

— É que eu estou hospedado aqui.

— Sério? Eu também.

— Olha que coincidência, se eu acreditasse nessas coisas eu diria que é o destino tentando nos juntar. – Ele sorriu de canto.

— Eu diria o mesmo. – Retribuí o sorriso. – Então, conseguiu salvar o amigo de passar vergonha ontem?

— Ele já passa vergonha estando sóbrio, mas sim, a gente o trouxe para cá antes que piorasse.

Nós rimos e quando eu olhei por sobre o ombro dele, vi a Becca saindo do elevador e vindo na nossa direção.

— Bom dia, Babi. – Ela parou do meu lado e ficou me olhando com cara de “Já pode nos apresentar”.

— Então, me deixem apresentar vocês dois. Gui, essa aqui é a Becca. Becca, esse é o Gui. – Os dois se cumprimentaram.

— Vocês já têm para onde ir mais tarde?

— Temos que confirmar com o Caio, mas acho que não. – A Becca disse e deu de ombros.

— Vocês deviam aparecer na balada que vai inaugurar hoje.

— Tudo bem, te confirmo mais tarde se a gente vai.

— Vou esperar, hein.

Ele deu uma piscada para mim e se despediu de nós. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, a Becca já foi me interrogando.

— Posso saber o que foi isso?

— Deixa eu te explicar, amiga, é meio complicado de entender, mas isso foi... – Pausa dramática – Pessoas conversando. É um hábito quase exclusivo de seres humanos e exige muita concentração.

— Idiota. – Ela revirou os olhos e riu. – Quis dizer como o “Brendon Urie” te achou.

— Aparentemente, o destino nos quer juntos, porque ele está hospedado aqui.

— OI? Eu senti uma nota de “Pegarei esse boy”?

— Talvez. – Levantei a sobrancelha e saí andando, mas claro que ela me acompanhou.

— OI?


— É ué, talvez. Por que não?


— Eu preciso mesmo explicar?


— Me dá um bom motivo para eu não ficar com ele.


— Que tal o motivo de olhos azuis, que surfa e que está no Rio te esperando?


— Sério, Rebecca? - Revirei os olhos e entrei no elevador.


— Seríssimo. Babi, todo mundo viu o jeito que vocês dois estavam ontem, no aeroporto.


— Isso não quer dizer nada. A gente também estava super fofinhos quando eu beijei ele pela primeira vez e no dia seguinte ele estava beijando uma mulher comigo no apartamento ao lado. Imagina o que ele não vai fazer comigo há quilômetros de distância.


— MEU DEUS, BÁRBARA. - Até o ascensorista olhou para ela quando ela gritou. - Você não vai esquecer isso nunca?


— Eu não estou culpando ele, Rebecca, eu sei que ele tinha todo o direito. Mas você está dando os seus argumentos para me mostrar que eu não devo ficar com o Gui e eu estou te dando os argumentos de porque o Caique não vai me impedir de ficar com o Gui.


— Que cabeça dura. 'Ta. Ótimo. Quer ficar com ele? Fica. Eu não vou te impedir, não vou mais abrir a minha boca para tocar nesse assunto, mas eu tenho certeza ABSOLUTA que você vai se arrepender disso depois. E eu, com certeza vou estar lá para dizer que eu avisei.



O elevador se abriu na mesma hora em um timing perfeito e ela saiu andando até o quarto dela e eu até o meu. Não que a gente tenha ficado com raiva por causa dessa pequena discussão, nós só estávamos naquele nível tão alto de amizade que não precisávamos pedir desculpas por jogar umas verdades na cara uma da outra.

Tomei banho, vesti uma roupa fresca e deitei na cama. O pior de tudo é que tudo aquilo que a Becca me falou já tinha me passado pela cabeça e o fato de não ter falado com o Caique desde o dia anterior realmente estava me incomodando. O fato é que eu estava muito acostumada com a presença constante dele, tocando a minha campainha a toda hora e por mais que tivesse passado só um dia, fazia falta.

Então eu resolvi o que qualquer adolescente apaixonada faria, passar dez minutos olhando para o status de "Online" dele, criar coragem para mandar uma mensagem e me arrepender quando ele demorou mais de dez segundos para visualizar a mensagem.



Oi



Oi, linda



Como vai a vida sem poder tocar a minha campainha ou espancar minha porta todos os dias?


Bem ruim, eu quase fiz isso umas cinco vezes ontem, mas ia parecer loucura sem ninguém no apartamento para me atender kkkkk



De fato kkkkk



Ei, posso falar com você depois? Tenho que passar na casa de uma amiga minha daqui a pouco e eu nem tomei banho depois que cheguei da academia.



Ondas de ciúmes percorreram todo o meu corpo, mas eu não deixei transparecer.



Ok, depois a gente se fala.



Nem esperei pela resposta dele, desliguei o wifi, troquei de roupa e fui bater na porta da Sof, esperei ela se trocar e fomos atrás da Becca e do Caio para irmos a praia.



— Então, temos alguma coisa para hoje à noite?


— Não que eu saiba. - A Sof falou dando de ombros.


— Nem eu. - O Caio confirmou.


— Ótimo. Porque um amigo nos convidou para uma balada que está inaugurando hoje. - A Becca revirou os olhos ao ouvir a palavra "amigo".


— Ótimo. - O Caio comemorou e nos chamou para mergulhar.

Os três foram para o mar e eu fiquei na barraca olhando o mar um pouco. Juntei-me a eles pouco tempo depois, ficamos na praia até quase três da tarde, quando o cansaço nos venceu.

Quando chegamos no hotel, eu só tive tempo de mandar uma mensagem para o Gui confirmando que nos íamos à inauguração antes que o sono me vencesse. Cochilei até meu celular me despertar perto das 19h00. Fui tomar banho para começar a me arrumar. Pus um vestido listrado preto e branco, de mangas, um salto preto, fiz uma make bem noturna, deixei meu cabelo solto e desci para esperar meus amigos.

A Sof chegou primeiro, como sempre, ficamos conversando por um bom tempo enquanto esperávamos a Becca e o Caio. Não demorou muito para chegarmos à balada, o Gui estava nos esperando na porta, fomos para onde os amigos dele estavam e apesar do som alto tentamos conversar. Pouco depois, o Gui me puxou para a pista de dança. Era perceptível o clima entre nós dois e o revirar de olhos que a Becca lançava para nós de vez em quando só fazia eu me lembrar do Caique e do fato que ele provavelmente estava beijando outras bocas naquele momento. Talvez por isso eu tenha ficado com o Gui, mesmo sabendo que a Becca estava um pouquinho certa.

A festa para mim se resumiu a isso, eu beijando ele e não me arrependendo nem um pouco. Saímos de lá pouco depois das três. Ainda consegui reunir forças para tomar banho e vestir um pijama confortável antes de me jogar na cama. Porém, não dormi de imediato porque um pedacinho de mim se sentia culpado. Acabou que quando eu finalmente peguei no sono, o sol já começava a nascer, mas como eu estava morta de cansaço dormi assim mesmo.

Só fui acordar depois do meio dia, troquei de roupa e fui atrás de alguma coisa para comer. A Sof já estava acordada e eu fui encontrar com ela no restaurante do hotel.

— E essa cara de ressaca, Sof?


— Nem me fale.

— Nada da Becca e do Caio?

— Passei no quarto do Caio, ele me atendeu com uma cara de zumbi e disse que ia dormir mais. E a Becca nem me atendeu.

— Ih, querida. Aquela ali você sabe, quando está de ressaca, só uma bomba para acordar.

— Fato. Sim, e aí, o boy beija bem?

— Assim... Até beija, mas já vi melhores.

— Putz, você aumenta a autoestima da pessoa como ninguém. - Nós duas rimos.

— Trago verdades.

— E porque a Becca estava tão bravinha por vocês terem ficado?

— Ah, bobagem. Ela virou “Team Caíque” e ontem ficou insistindo que eu não devia ficar com o Gui.

— Sério?

— Pior que sim. – Revirei os olhos.

—Não vou negar que eu concordo com ela, mas se você queria ficar com ele, não vejo problemas.

— Você também, Sof?

— Amiga, eu vejo o jeito de vocês dois, um está caidinho pelo outro. E sabe o que eu acho? Que você só está com medo de pôr esperanças no Caíque e ele fazer besteira. Por isso que você ficou com o Miguel e agora com o Gui. Porque você quer magoar ele antes que ele te magoe. Você está sabotando esse relacionamento antes mesmo de começar porque você tem medo que não dê certo.

Sim, a Sof era dessas amigas que parecem ler seus pensamentos e perceber coisas sobre você mesma que talvez nem você tenha notado. Ás vezes isso era ótimo, porque me ajudava bastante, mas nesse momento não porque eu percebi que tudo que ela falou realmente fazia sentido. Mudamos de assunto, mas eu nem sequer estava prestando atenção direito porque estava pensando no que ela me falou.