Fanfics Brasil - Uma ressaca daquelas Oceanos nada pacíficos

Fanfic: Oceanos nada pacíficos | Tema: Romance


Capítulo: Uma ressaca daquelas

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Ele pareceu meio hesitante em contar, mas acabou falando.


 


— Bom, pode parecer loucura, mas nem sempre eu fui tão descolado - Sorri diante da simplicidade com que ele falava esse tipo de coisa. - Na época da escola, eu era um nerd, decididamente um nerd, óculos, aparelho, falta de estilo e boas notas. E tinha essa garota, que era linda, popular e eu era completamente apaixonado por ela desde que nós fizemos um trabalho juntos e com isso eu quero dizer que eu fiz o trabalho enquanto ela só colocou o nome. Enfim, eu era apaixonado por ela e metade do colégio sabia disso, inclusive ela. Um dia, ela chegou para conversar comigo, só isso, ela nunca tinha dirigido mais que duas palavras para mim e naquele dia ela sentou na mesa em que eu estava, começou a conversar comigo e perguntou se eu iria para a festa de São João do colégio. Eu não tinha a menor intenção de ir, mas depois de ela me perguntar isso eu estava decidido a ir, ainda mais por ela ser a rainha da nossa sala. Então, eu fui, passei metade da festa procurando por ela até que eu encontrei. E quando ela me viu, soltou um sorrisinho e acenou, imagina a loucura que isso fez na minha cabeça. Aí eu fiz a maior besteira que eu podia fazer, resolvi mandar um daqueles correios elegantes pra ela. Escrevi falando tudo que eu sentia por ela, na esperança de que quando ela lesse me desse uma chance. Só que a pessoa que estava entregando os papéis, não entregou para ela, ao invés disso, entregaram para o cara que estava como locutor da festa e eles leram. Para a escola inteira. Imagina a vergonha que foi. Mas mesmo assim eu ainda tinha a esperança de que ao ouvir aquilo ela entendesse tudo, mas quando eu a encontrei no meio da multidão, ela estava abraçada com um dos frangos de academia de lá, rindo da minha cara e foi aí que eu entendi que tinha sido só um joguinho. Depois disso eu prometi para mim mesmo que eu nunca mais ia deixar ninguém me fazer pensar que eu era inferior.


— Uau, quem diria que você já foi assim.


— Eu sei. - Nós rimos.


 


Continuamos conversando besteira durante o resto do jantar e até depois, sentamos no chão da sala e continuamos tomando vinho, que, aliás, já começava a me deixar meio alta.


 


— Bom, meus pais nunca foram dos mais próximos, mas eles me ajudam a pagar isso, então eu estou bem.


— Eu sei exatamente como é. - Soltei uma risada.


— Então quer dizer que seus pais também são distantes.


— Eu não tenho pais. - Falei e tomei o resto de vinho da taça.


— Ah... Eu sinto muito. - Ele respondeu envergonhado.


— Eu também, acredite. - Dei de ombros e servi mais vinho.


 


Depois de muito conversa e uma garrafa inteira de vinho, resolvemos jogar verdade ou desafio... Com vodca, cada desafio recusado tomávamos uma dose e eu como a bela medrosa que sou, tomei no mínimo uns quatro shots. Acabei desistindo da brincadeira e decidindo ir embora, mas eu mal conseguia me manter em pé, então o Caíque, que estava bem menos bêbado do que eu, me ajudou a levantar. Quando eu consegui ficar em pé e vi o Caíque ali tão perto de mim, não consegui evitar olhar para a boca dele.


Talvez o álcool, talvez a noite tranquila que tivemos ou aquela faceta tão descontraída que ele mostrou naquela noite me fizeram puxá-lo pela nuca para beijá-lo.


Mas antes que eu fizesse isso, ele colocou o dedo indicador nos meus lábios e olhou dentro dos meus olhos.


 


— Não, Bárbara. Não assim, se eu te deixar me beijar agora, amanhã de manhã você vai se sentir péssima e eu mais ainda por ter deixado... Além do mais, eu te quero sóbria para que você possa lembrar cada detalhe de como você se rendeu aos meus encantos, baixou a guarda e me pediu um beijo.


 


Ele sorriu, me beijou na bochecha e ainda falou mais algumas coisas mas eu não me lembro. Acordei no dia seguinte em um quarto que eu nunca tinha visto na minha vida. Olhei para o meu corpo e eu vestia uma blusa de uma banda alemã. Olhei ao redor e a pouca luz do sol que entrava pela janela queimava meus olhos. Minha cabeça estava explodindo, tentei lembrar o que tinha acontecido na noite anterior e tudo veio de uma vez. Eu queria um buraco no meio do chão para me esconder, eu não iria conseguir olhar na cara do Caíque, mas antes que eu pudesse me culpar mais, ele apareceu na porta com uma xícara em uma mão e um remédio na outra.


 


— Bom dia, bela adormecida.


— Como eu... - Apontei para a blusa que eu vestia, mas antes que eu terminasse a frase, ele me interrompeu.


— Não, eu não te troquei.


 


Ele riu e mesmo sendo um som muito bonito de se ouvir, com a dor que eu sentia na cabeça parecia que ele estava rindo em um megafone.


— Antes que você desmaiasse na cama, conseguiu trocar de roupa. Eu pensei em te levar para casa, mas na situação que você estava eu pensei que você poderia acabar vomitando no meio do corredor, então eu te deixei dormindo aí.


— Obrigada. - Eu agradeci ainda querendo um buraco para me esconder.


— De nada. Agora toma isso aqui. - Ele me entregou o remédio e a xícara. - E bebe isso, é um chá de hortelã, não vai curar milagrosamente a ressaca, mas vai melhorar bastante.


— Quando você acabar, tem toalhas ali no guarda roupa, na parte de baixo, o banheiro fica ali. - Ele apontou - E suas roupas estão ali. - Ele apontou para minhas roupas que estavam dobradas em uma cadeira no canto do quarto. - Eu vou à padaria, mas volto logo, não precisa sofrer muito sem mim. - Ele sorriu de canto e saiu.


Tomei o remédio e tomei o chá devagar, estava realmente muito bom, enquanto eu bebia observei o quarto dele. Ainda havia umas caixas no quarto que ele não havia desempacotado, mas o quarto já parecia um quarto de verdade. Havia alguns porta-retratos na cabeceira, alguns desenhos, muito bem feitos por sinal, estavam colados em um mural acima da mesa do computador. No geral, era um quarto bonito. Terminei e fui tomar banho, me senti muito melhor depois de sair do banheiro, vesti minha roupa e fui até a cozinha onde o Caíque estava preparando café.


 


— Ei.


— Oi. - Ele se virou e sorriu pra mim. - Nem parece que está com ressaca. - Ele riu e eu acabei rindo também.


— Eu já vou indo.


— Tudo bem. - Ele sorriu. - A gente se vê na próxima ressaca.


Eu já ia saindo quando me lembrei de uma coisa.


— Ahh... Caíque.


— Eu.


— Obrigada.


— Eu sei como é uma ressaca braba. - Ele deu de ombros.


— Não... Por ontem à noite, por não ter me deixado te beijar. - Ele sorriu de canto, olhou para os pés e depois olhou de volta para mim.


— Você pode achar que eu sou um babaca galinha, Bárbara, mas eu não sou esse tipo de cara, eu sabia que você ia se arrepender no momento que o efeito do álcool passasse e, bom, eu sou um homem de palavra, quero te ouvir pedindo. - Ele piscou.


Se eu não fosse morena, meu rosto já estaria vermelho, com certeza.


Despedi-me dele e fui para casa. Ao entrar no meu apartamento, me joguei no sofá e fiquei olhando o teto.


Uma noite, foi o bastante para eu descobrir que o Caíque não era só o rostinho bonito que eu pensei na primeira vez que eu o vi e nem só um galinha como eu declarei nos últimos dias. Ele era bem mais que isso, por debaixo de toda aquela fachada tinha muito mais do que se imaginava e o que mais me surpreendeu foi que eu gostei de descobrir isso. Gostei de saber que ele era muito mais do que eu achava, eu ainda estava mal então acabei cochilando no sofá.


Acordei quase quatro horas depois com uma dor horrível nas costas. Fui até a cozinha, fiz um sanduíche e depois só fiquei deitada tentando melhorar a dor nas costas. Infelizmente, fui interrompida pelo som do meu celular tocando, era a Becca.


 


— Babiiiiii. Como vai a vida sem mim? Horrível, eu sei.


— Silenciosa, eu diria.


— Nossa, que estraga prazer.


— Também te amo. Como foi a viagem?


— Tranquila. Meus pais estavam me esperando no aeroporto como sempre. E você não vai adivinhar quem foi que eu encontrei hoje mais cedo.


— Quem?


— Thiago.


— Espera, O Thiago?


 


Deixe-me situar vocês, Thiago era o crush supremo da Becca, crush supremo porque ele foi o primeiro crush e o cara com quem ela deu o primeiro beijo. Porém, por motivos de força maior, também conhecido como inimiga dando em cima do crush supremo, eles acabaram se afastando e pouco depois ela veio para o Rio fazer faculdade.


 


— ÉÉÉÉÉ. - Eu podia imaginar ela dando pulinhos enquanto falava. - E adivinha só? Duas notícias combo em uma só.


— Ai meu Deus. Conta.


— Ele transferiu a faculdade para o Rio.


— MENTIRA. Então vou finalmente conhecer o crush supremo.


— Exato. E melhor que isso, a nojentinha da Simone não queria que ele viesse aí eles acabaram brigando e TERMINARAM.


— OIII?


— Exato. - Ela começou a rir.


— E por que você está no telefone comigo ao invés de estar investindo no boy?


— Porque contar o babado pra miga vem primeiro na lista de prioridades, mas relaxa que ele me chamou pra uma festa na casa dele mais tarde.


— Eitaaaa, hoje tem viu.


— Claramente. Mas e você amiga, a Sof e o Caio estão te tirando de casa? Porque se deixar você cria raiz aí.


— Me deixa. Pra sua informação, eu fui à praia com a Sof ontem e jantei com o Caíque.


 


Quando eu terminei de falar notei a besteira que eu tinha feito, agora ela não ia me deixar em paz.


 


— OOOI? Como assim, jantou com o Caíque? Conta tudoooo.


 


Nesse momento, a campainha tocou e eu dei graças a todas as divindades possíveis por me ajudarem a escapar do interrogatório da Becca. Não que eu não gostasse de contar as coisas pra ela, eu adorava, mas no momento eu não sabia o que eu estava sentindo direito para compartilhar com ela.


 


— Espera, a campainha está tocando.


— E daí? Conta.


— Calma, eu vou atender.


 


Abri a porta e encontrei a Sof e o Caio na porta.


 


— Boa tarde miga linda. Pronta para a festinha do Cadu mais tarde? - O Caio falou entrando e se jogando no sofá.


— Não sabia não, mas vamos. - Respondi.


— Becca, o Caio e a Sof chegaram aqui. – Falei voltando ao telefone.


— Beijo, Becca. - A Sof gritou indo em direção à cozinha.


— Saudade Becca, volta logo. - O Caio disse ainda jogado no sofá.


— Ouviu? Vou ter que desligar agora, beijo.


— Eu vou te matar, Bárbara.


— Também te amo, beijo.


 


Desliguei e respirei fundo. Nesse momento, eu provavelmente estava sendo amaldiçoada e xingada pela Becca, mas eu precisava colocar meus pensamentos em ordem antes de contar para alguém.



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Autor(a): missdisaster

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Ficamos conversando sobre a festa e logo deu a hora de nos arrumarmos. Os dois já tinham trazido roupa de casa para se arrumarem lá. O Caio foi se arrumar no quarto da Becca enquanto nós usávamos o meu quarto. Enquanto a Sof tomava banho, eu aproveitei para escolher uma roupa. Acabei optando por um vestido vinho, com as costas a mostra e sem dec ...


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