Depois de ouvir que poderia haver sobreviventes Saviñón trancados na cadeia local, Dulce mal conseguia ficar parada. Convencer Christopher que eles precisavam ir, tinha levado um pouco mais que alguns choramingos. Agora que estavam no carro, ela estava praticamente vibrando de empolgação. Ainda assim, quando chegaram ao estacionamento da prisão local, Christopher não saiu do carro imediatamente. Em vez disso, ele se virou para ela e muito deliberadamente pegou sua mão.
-Nós precisamos conversar por um momento, Dulce.
-Agora? -perguntou ela, impaciente. -Meus homens podem estar presos, e você quer conversar?
-Querida, se os homens estão lá dentro, eles não estão indo a lugar algum. Nada vai acontecer. Eles estão apenas aborrecidos e irritados com o inconveniente de serem presos e ter isso adicionado ao seu histórico.
-Parece que você sabe. -disse ela, desconfiada. Ele deu de ombros, dando-lhe um raro sorriso.
-Querida, que homem da Bratva, especialmente um brigadeiro, não teve um ou dois desentendimentos com a lei?
-Um ou dois? -Dulce tinha a sensação de que ele estava falando de muito mais que um ou dois. -Quantas vezes você foi preso?
-Preso? -ele parecia até estar contando em sua cabeça. -Eu não sei dizer. Dezenas eu acho.
-Dezenas!
-Sim, mas eu só fui acusado seis vezes, e já cumpri pena duas vezes.
-Cumpriu pena. -ela sabia que seus olhos devem ter girado como calotas, mas ela nunca tinha pensado sobre esse tipo de coisa sobre o homem que ela tinha inexplicavelmente e muito inesperadamente se apaixonado. -Eu acho que eu realmente nunca pensei sobre seu histórico de crimes.
-Porque não é importante. -assegurou. -Eu fiquei preso menos de um ano e nunca fiquei em uma grande penitenciária.
-Então, o que você está dizendo é que esse lance de ser preso não é grande coisa para os meus rapazes. -ela meditou.
-Exatamente. -ela virou-se no carro e encarou-o através da consola central.
-Então o que é que você quer conversar nesse lugar estranho?
-O fato de que eu matei o seu pai, e não chegamos realmente a falar sobre isso. -ele disse calmamente. Dulce pensou sobre isso por um momento.
-Não me leve a mal. Quando eu descobri isso, eu estava furiosa. Fiquei louca principalmente porque você não me disse e eu me senti boba. Mas sim. Eu estava com raiva. Ele era meu pai. Ou quase isso. Ele era o único pai que eu conheci, e fiquei triste em vê-lo morrer.
-Quase isso? -Christopher pegara a única coisa que ela tinha se esquecido de mencionar.
-Eu vou chegar nisso em um segundo. -assegurou ela. -Eu só quero te dizer que eu parei de ficar louca por você matar meu pai quando percebi que era um efeito colateral sério da vida que ele escolheu viver por conta própria. Se não fosse você, ou um membro russo da Bratva, teria sido alguém como Derrick.
Até mesmo dizer aquele nome a fez parar e pensar por um momento. Que gigante bagunça Derrick tinha deixado para trás. Ela contaria para os homens? Ou ia fingir que nada tinha mudado? Como isso era possível quando dentro de seu coração tudo tinha mudado? Ela já não via as coisas da mesma maneira que vinte e quatro horas atrás. Agora pensava sobre o casamento de seus pais, e percebera que sua mãe tinha muito provavelmente odiado seu pai.
-Meu pai não era meu pai. -ela disse suavemente. -Padre Barelli confirmou mais cedo, antes de Josef e Chris continuarem sua fúria louca em toda a cidade. O padre me disse que minha mãe tinha se envolvido com outro homem antes de casar com meu pai. Aparentemente, seus pais queriam que ela se casasse com Fernando por causa de quem ele era.
-Então, ela se casou com o homem errado e se sentiu miserável. -Christopher adivinhou.
-Sim.
Como ela poderia expressar adequadamente como isso tinha mudado as coisas para ela?
-Derrick era o verdadeiro filho de meu pai. Fernando teve Derrick de alguma outra mulher ao mesmo tempo em que minha mãe engravidou de Miguel. Depois que meu pai teve dois herdeiros, minha mãe não viu nenhuma razão para ser fiel já que Fernando não era fiel a ela.
Christopher estendeu a mão e acariciou sua bochecha. Ele colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e tocou seu nariz.
-Então ela realmente amava seu pai. Isso é um presente, meu amor. Você foi o produto de uma união de amor entre duas pessoas. Isso significa alguma coisa, sabe?
-Acho que eu nunca pensei nisso assim. -sussurrou.
Dizer aquilo dessa forma tinha dado a Dulce um presente. Até o momento ela tinha acreditado na possível traição, nunca pensando sobre o quão maravilhoso deve ter sido para sua mãe ter conhecido o verdadeiro amor de sua vida. Ela amava esse homem desde que era criança. Provavelmente lhe matara o fato de ter que se casar com outra pessoa. No entanto, ela carregou uma tocha para esse homem todos esses anos. Não importa que os dois tinham morrido. Eles tinha se amado em vida, e isso era o que importava.
Christopher viu a linhas de tensão no rosto de Dulce suavizarem, e se sentiu melhor. Talvez houvesse algo sujo por trás da decisão da mãe de Dulce em ter um filho com um homem que não era seu marido. Talvez ela estivesse amarga porque Fernando tinha desejado um segundo herdeiro de outra mulher. Seja qual fosse o caso, não foi culpa de Dulce e ela não devia estar carregando esse peso em seus ombros.
-Tudo bem. -Christopher apontou para o edifício. -Vamos entrar e resgatar seus caras? -Dulce estava balançando a cabeça, mas sua expressão era de repente incerta.
-Eu sinto que eu não tenho ideia do que estou fazendo. -explicou ela.
-E você deveria saber? -ele estava tentando descobrir o que realmente a estava incomodando. Ele tinha descoberto com mulheres que nunca era realmente curto ou simples.
-Bem, eu não deveria? -ela estava realmente parecendo um pouco em pânico. -Eu sou a líder daqueles homens. Certo? Eu deveria saber como socorrê-los. Eu nem mesmo sei se tenho esse tipo de dinheiro na mão! E se forem dezenas de homens?
-Ok. Então vamos apenas se acalmar antes que você surte e isso possa fazer mal para o bebê. -Christopher apontou para a porta. -Saia do carro. Esse é o primeiro passo. -ele saiu do veículo, e ela também. Então ela pegou sua mão e apertou com força.
-Talvez eu esteja realmente com medo de que eles não ficarão felizes em me ver. -ela admitiu em um sussurro. -E se eles disserem que preferem ficar na prisão a me reconhecer como sua nova chefe?
-Não. -ele disse a ela imediatamente. -Eu não posso imaginar qualquer homem preferindo a prisão a qualquer outra coisa.
-Ok. Tudo bem. -ela balançou a cabeça em concordância. -Eu só estou sendo boba, não estou?
-Não se chame de boba. -ele murmurou enquanto lhe deu um beijo no topo de sua cabeça. -Isso é um medo perfeitamente razoável e normal. Vai ficar tudo bem.
Christopher não achou que tinha dito nada particularmente inspirador, e ainda assim pareceu ter efeito em Dulce. Ela endireitou a coluna e marcharam até os degraus para dentro da delegacia. Ele seguiu alguns passos, preparado para encarar qualquer coisa que fosse necessária. Felizmente ele não tinha que fazer muita coisa.
-Meu nome é Dulce Saviñón, e ouvi que você tem algum dos meus homens em sua prisão. -informou ao sargento. -Quero que eles sejam liberados imediatamente. -o sargento ergueu as sobrancelhas.
-Deixe-me chamar o comandante. Eu acho que ele pode ter algumas perguntas para você.
Dulce esperou até que o sargento tinha desaparecido. Em seguida, ela sussurrou de volta a Christopher:
-Isso é normal?
-Sim. -Christopher teria dito mais, mas um detetive apareceu.
-Sou o detetive Blount da divisão de crime organizado.
-Bom. -Dulce apertou sua mão e, em seguida, deu-lhe um olhar aguçado. -Eu quero que meus homens sejam liberados. Eu não sei nem mesmo quem os trouxe. -o detetive coçou a parte de trás do pescoço.
-Sim. Foi um evento estranho. Recebemos uma chamada de Derrick James que eles estavam brigando e precisavam ser pegos.
-E você está ciente de que Derrick James está morto? -a expressão de Dulce teria enganado qualquer um menos Christopher. Ele sabia o quanto lhe custara falar sobre esse incidente.
-Morto? -o detetive franziu a testa. -O que está acontecendo, Srta. Saviñón?
-Vamos apenas dizer que o meu avô faleceu em seu sono há poucos dias, e isso criou uma situação em que o filho bastardo de meu pai decidiu tentar obter uma herança que não era para ele. Ele queria todos na cadeia, mesmo que meus caras sejam homens trabalhadores completamente inocentes, e ele estava disposto a mentir para fazê-lo.
-Então você está dizendo que os bandidos da máfia que tenho são trabalhadores, do que exatamente? -o detetive pareceu cético no melhor dos casos.
-Bem, eu tenho vários encanadores em meu serviço. -começou Dulce. -Oferecemos serviço de encanamento. Temos também alguns ferreiros, alguns engenheiros de gestão de resíduos, alguns pedreiros excepcionalmente talentosos, e um soldador. Como eu disse, depois que Derrick ficou louco, eu não tenho nenhuma ideia de quem realmente está faltando e quem foi pego pela polícia. Eu posso lhe garantir que não estavam brigando.
-O boato era que os Saviñón estavam lutando com a Bratva para tomar o controle da cidade.
O detetive certamente não estava facilitando. Christopher olhou para o homem e se perguntou o quanto podia dizer sem encrencar a si próprio e seus homens. Finalmente, ele limpou a garganta.
-Eu sou Christopher Uckermann. Meu pai, Victor, foi assassinado por um associado mais cedo essa noite, o que me torna o novo líder nessa cidade. Posso dizer-lhe que os Saviñón e a Bratva não estão lutando. De fato.. -Christopher estendeu a mão para Dulce. -Dulce em breve será minha esposa, o que significa que a disputa entre as nossas organizações acabará.
-Droga. -o detetive realmente assobiou. -A Bratva está se juntando com os Saviñón? -Christopher podia ver a confusão girando em sua cabeça. -Então, talvez a reviravolta nos últimos dias seja tudo devido as dores da reestruturação? É isso que você está me dizendo? -Dulce deu um aceno duro.
-Exatamente. Detetive, eu estou tão feliz que você entendeu. Então, já que não há acusações contra meus homens porque eles não estavam brigando, como você acabou de ouvir e o único homem que alegou que eles estavam brigando agora está morto, podemos simplesmente liberá-los e ir embora?
-Minha noiva está grávida. -Christopher acrescentou, dando ao detetive só mais uma coisa para meditar em seu cérebro, obviamente bem ocupado. -Ela realmente precisa ir para casa descansar.
-Grávida.
O detetive Blount parecia pensar que repetir tudo o que eles disseram era necessário para processar tudo, ou para eles o levarem a sério. Ou talvez ele estivesse apenas em estado de choque. Era difícil dizer. Christopher tinha a sensação de que ele ia se divertir com esse detetive jovem e ansioso ao longo dos próximos anos.
-Então? -Dulce perguntou.
-Eu vou liberar seus homens agora. -detetive Blount disse fracamente. -Eu só preciso de alguns minutos para processar a papelada.
-Obrigada.
Dulce pegou a mão de Christopher e se virou para fora da delegacia. Ela certamente tinha cuidado de sua primeira crise como chefe dos Saviñón com tranquilidade.
Dulce esta se saindo uma bela chefe :)
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Bjuu