-Você vai ficar bem. -Dulce disse suavemente. -Eu não posso acreditar que você está nervoso. Acho que seus homens deixaram bem claro quem eles queriam você como líder.
Christopher achou cativante ela lhe dar essa motivação. Também era um pouco difícil de explicar para uma líder hereditária como Dulce que a Bratva tinha regras muito claras e precisas de sucessão. Não era que Christopher duvidava de seu direito de liderar. Ele tinha sido o herdeiro de seu pai. Ele apenas sabia que essa era uma enorme responsabilidade. Não só isso, mas ele estava a ponto de convencer um grupo de homens que tinham sido ordenados para exterminar os italianos nos últimos dez anos que seu líder estava se casando com o inimigo.
Dulce olhou para a tela do seu celular.
-Meus homens devem estar aqui a qualquer hora.
-Não é estranho que o seu cara mais confiável foi um completo idiota há apenas uma semana atrás? -Christopher perguntou a ela.
Dulce abriu caminho para o Samovar. O restaurante de propriedade russa fora dos italianos há menos de um ano atrás. Dulce tinha esperança de que seus homens e os homens de Christopher estariam confortáveis neste ambiente. A aquisição russa do restaurante tinha sido amigável e não hostil. Os proprietários da máfia italiana anteriores simplesmente decidiram se aposentar e não tinham nenhum filho para assumir o negócio.
Um homem careca e baixo na casa dos cinquenta se curvou quando Christopher entrou no segundo conjunto de portas de entrada que levavam até o restaurante.
-Sr.Uckermann, você é bem-vindo aqui! Por favor, venha e sente-se. Sua sala de jantar privada está pronta.
-Obrigado, Ivan. -Christopher disse graciosamente. -Muitos homens virão nos encontrar logo.
-Alguns deles são italianos. -Dulce informou Ivan. -E o meu sacerdote estará aqui também. Padre Barelli. Por favor, leve-o para a sala de jantar quando ele chegar.
-Italianos? -as sobrancelhas de Ivan quase saltaram da testa como duas lagartas em fuga.
-Sim. -Christopher suspirou. -Italianos.
Christopher acompanhou Dulce para a sala de jantar privada e descobriu que Poncho e a maioria de seus brigadeiros já estavam lá. Na verdade, havia um bom número de homens de Dulce também. Téo estava entre eles.
Téo se aproximou de Dulce imediatamente, lançando olhares abertamente suspeitos pela sala.
-Você tem certeza disso, chefe?
-Cem por cento. -ela deu um tapinha no peito dele com a palma da mão. -E se você estragar tudo, eu vou cortar suas bolas e dar aos meus cachorros.
-Você não tem cachorros. -Téo lembrou. Ela sorriu.
-Não, mas terei alguns. -Téo olhou com pena para Christopher.
-Cara, eu sinto pena de você se irritá-la.
Dulce podia dizer pelo nível no tom de Téo que ele estava brincando, mas viu que Christopher estava tentando decidir se ia ou não se ofender. Christopher não tinha tanta certeza de que Téo foi a melhor escolha para seu alto escalão. Mas Téo carregava a lealdade de vários dos membros importantes remanescentes da organização Saviñon. Ele e Dulce precisavam um do outro, e ambos foram espertos o suficiente para perceber isso.
-Você sabe. -ela comentou com Téo. -Eu realmente não estou tão surpresa que você sobreviveu a todo o comportamento possessivo de Derrick.
-Por que?
-Você é como um rato. -ela disse a ele. -Você sobrevive apenas para morder a próxima pessoa tola o suficiente para lhe dar uma esmola.
-É por isso que você não está me dando nada? -ele reclamou.
-Exatamente.
Eles ainda estavam rindo quando Padre Barelli chegou. Téo ergueu as sobrancelhas em choque.
-Você convidou o padre? O que? Vamos assinar algum documento oficial sancionado pela igreja?
-Mais ou menos. -Dulce acobertou. -Sente-se e fique quieto. Vai descobrir isso em breve.
Dulce abraçou Padre Barelli. Ela estava tão feliz que o homem não estava pior do que a situação terrível que tinha passado tão pouco tempo atrás. Em seguida, o resto dos homens de Christopher acenou e se sentaram. Não passou despercebido que a sala foi dividida em linhas partidárias. A Bratva ocupava um lado e os Saviñón o outro. Dulce estava triste que mais da metade de seus homens não tinham sobrevivido para estar aqui.
Christopher levantou as mãos. A Bratva se calou, e os Saviñón reviraram os olhos.
-Agradeço a todos vocês por virem aqui esta noite. Tenho certeza que vocês estão tentando descobrir por que teríamos tal reunião considerando a rixa entre nossas famílias.
Houve concordância por toda a sala em ambos os lados. Dulce percebeu que Padre Barelli parecia um pouco tenso. Ela tentou dar-lhe um sorriso encorajador. Isso ia dar certo. Tinha que dar.
-A verdade é... -Christopher continuou em voz alta. -Nenhum dos lados estara em conflito. Precisamos de tempo para reconstruir nossas fileiras e executar nossos negócios. Isso é sobre ganhar dinheiro e levar uma vida melhor, não gerar conflitos e lutas e olhar por cima dos ombros a cada segundo.
Outra rodada de comentários chicoteou pela sala, mas dessa vez eles estavam cautelosamente em apoio. Havia um monte de olhares surpresos e sussurros. Dulce nunca tinha estado mais orgulhosa de seu homem. Ele ficara tão preocupado que fosse estragar seu discurso, mas nunca houve um homem tão adequado para dar este tipo de discurso. Havia algo completamente genuíno sobre Christopher. Ele não dizia nada a menos que fosse verdade, e todos sabiam disso.
Christopher desejou que se sentisse confiante tanto quanto parecia. Se algo acontecesse e os homens começassem alguma discussão, como líder, ele tinha a responsabilidade de ouvir e levar suas preocupações a sério. Mas ele não queria que seu dever como líder entrasse em conflito com seu amor por Dulce e sua família.
-Muitos dos meus homens conhecem Dulce Saviñón. E, claro, os Saviñón a conhecem como a última herdeira de sua família e sua chefe. -Christopher engoliu em seco. Ele estava começando a ser vago. Era hora de apenas falar. -O que alguns de vocês não sabem é que Dulce e eu vamos ter um filho juntos.
Não havia nenhuma maneira de interpretar com precisão tudo o que ele estava ouvindo ao redor da sala. Alguns positivos, outros negativos, alguns apenas confusos, mas nada abertamente desafiador ou perigoso. Christopher se abaixou e pegou a mão de Dulce. Ele levantou os dedos sobre os lábios e beijou sua mão. Ele a amava e teria caminhado através do fogo para ver seu sorriso, então ele podia fazer isso também e ia fazer dar certo.
-Nós vamos ter uma filha. -Christopher continuou. -Mas teremos filhos também. Nosso objetivo é reconstruir nossas vidas. Não apenas as nossas famílias, mas as suas também. Queremos que suas famílias sejam nossas famílias e seus filhos sejam o futuro dessas organizações. Juntos, podemos fazer isso. Podemos reconstruir e podemos prosperar. Há espaço de sobra, e se nos unirmos nem mesmo os federais poderão nos derrubar.
Sim. Aquilo eles entenderam claramente. Houve um rugido de aprovação. Então, alguém começou a bater palmas. Um conjunto de mãos se transformou em uma aclamação de pé, e logo a sala estava em alvoroço.
Então Padre Barelli levantou-se e começou a andar para a frente da sala onde encontrou Christopher e Dulce. Dulce gritou para os homens se acalmarem. Christopher teve que admirar não apenas sua coragem, mas também o seu brilho.
-Vocês todos precisam se acalmar! Haverá celebrações em um minuto, mas por enquanto todos vão testemunhar o nosso casamento. Nós estamos nos unindo, mas também estamos unindo as nossas famílias e nossas organizações. É isso que eu quero. E eu juro que vou quebrar cabeças se alguém estragar o dia do meu casamento!
Os Saviñón grunhiram de satisfação. Era óbvio que eles estavam mais do que um pouco satisfeitos que sua pequena Dulce tinha se transformado em tal poder. Christopher não poderia culpálos. Seu lado resistente de menina era sexy demais e era uma de suas coisas favoritas sobre ela.
Padre Barelli moveu-se para a posição, e Christopher pegou a mão de Dulce. Voltaram-se para enfrentar o sacerdote, e a sala ficou tão quieta que ele poderia ter ouvido um alfinete cair. Christopher sentiu a mão de Dulce apertar a sua. Ele gentilmente apertou-lhe de volta. Ela havia perguntado se ele queria uma cerimônia ortodoxa russa, mas o pobre Padre Barelli tinha sido importante na vida de Dulce que Christopher sentiu que ele merecia a tarefa de casá-los.
A mente de Dulce girou enquanto tentava prestar atenção à cerimónia. Ela continuou se distraindo com tudo o mais na sala. Não era apenas seu marido. Ela ficava olhando em volta para os rostos familiares e não familiares. Ela viu como eles se entreolharam, e ela sabia que se sentiram apreensivos com essa mudança. No entanto, ela também notou que todos eles pareciam dispostos a tentar. Talvez tivesse havido muito derramamento de sangue recentemente. Não que Dulce estava com medo de sangue ou de ter de atingir algumas pessoas quando necessário. Ela estava tão consciente de que havia agora uma nova chance se reagrupar e reconstruir. Isso era agora e esse era o primeiro passo.
-Você, Dulce Saviñón. -Padre Barelli começou. -Aceita Christopher Uckermann como seu legítimo esposo? Você promete estar com ele na saúde e na doença, na riqueza ou na pobreza, enquanto os dois viverem?
Era estranho, mas Dulce e Christopher tinham tido um enorme esforço para ajustar os votos para fazê-los pessoalmente. Ambos concordaram que a saúde e a prosperidade era algo realizável. A renúncia aos outros era real. Ela já havia o informado que amputaria suas bolas se ele decidisse desviar, e Christopher percebeu porque esse era um ponto importante para ela. Era apenas uma das milhões de razões porque ela o amava tanto.
-Eu aceito. -Dulce disse claramente. -Prometo também, ouvir suas opiniões com uma mente clara e justa, e nunca colocar minhas próprias preocupações pessoais acima da família como um todo.
Isso também foi algo que eles haviam discutido. Ela viu acenos de aprovação dos homens que fez entender que compreendiam e apreciavam seu gesto. Padre Barelli suspirou. Ele não tinha exatamente aprovado essa parte. Então ele virou-se para Christopher.
-Você, Christopher Uckermann, aceita Dulce Saviñón como sua legítima esposa? Você promete estar com ela na saúde e na doença, na riqueza ou na pobreza, enquanto os dois viverem?
-Sim. -Christopher olhou para suas famílias reunidas. -E eu também prometo ouvir suas opiniões com uma mente clara e justa, e nunca colocar minhas próprias preocupações pessoais acima da família como um todo.
-Então, pelo poder investido pelo Estado, o Vaticano, e Deus, eu vos declaro marido e mulher. -Padre Barelli finalmente sorriu, e era um largo sorriso. -Agora você pode beijar a noiva!
Dulce lançou os braços em torno de seu novo marido, e ele não recuou. Christopher a beijou sem pensar. Seus dedos curvaram-se e um pé veio acima do chão enquanto ela quase caiu com o carinho e amor que podia sentir naquele beijo.
Sim. Este ia definitivamente ser o início de algo novo e totalmente incrível. Ela não podia esperar para ver o que ia acontecer depois!