Fanfic: A dama de Vermelho (Vondy) Terminada

- Rebecca, meu bem,
este é seu papai. Não quer dar um beijo nele?

Christopher sorriu,
visivelmente emocionado. -     Olá,
Rebecca.

A menina hesitou,
com timidez, fitando o pai com olhos muito semelhantes aos dele. Por fim, um
sorriso curvou os lábios dela.

- Papai?

Christopher
assentiu, estendendo os braços para ela. Rebecca he­sitou novamente, mas acabou
não resistindo e correu para ele. Feliz, Christopher a levantou no ar,
fazendo-a gargalhar.

- Não sabe quanto
tempo esperei por isso, minha bonequinha.

Dulce tocou o braço
de Lorraine. -      Está vendo o bem que
você fez? Tudo dará certo de agora em diante, pode acreditar.

Manchado se
aproximou e mexeu na saia dela. Dulce en­tendeu o recado silencioso. Chegara o
momento de dizer adeus. Por mais que quisesse evitá-lo, não tinha escolha.

Sentou-se no sofá,
ao lado de Christopher e de Rebecca. Bastou um olhar para seu rosto e a
garotinha quis logo estar em seu colo. Ao segurá-la nos braços, e ver aqueles
olhos tão parecidos com os de Christopher, Dulce se apaixonou mais uma vez.

- Lindo! - exclamou
Rebecca.

Só então Dulce se
deu conta de que os olhos inocentes da menina estavam enxergando a auréola em
torno de sua cabeça. Levantando a mão, Rebecca tentou tocar o halo de luz,
soltando um risinho quando ele se acendeu mais com a proximidade de seus dedos.

O olhar confuso de
Lorraine indicou que ela não entendeu por que a neta fizera aquilo. Dulce e Christopher
trocaram um olhar de cumplicidade. Nem todos os adultos conseguiam ver a au­réola
de um anjo.

- Ah, acabei de me
lembrar onde a conheci! - exclamou Lorraine, de repente. - Só que pensei que
você houvesse se afogado junto com Emily.

Os dois a olharam
no mesmo instante.

- O quê? -
perguntaram em uníssono.

- Acabei não
falando sobre o acidente - explicou Lorraine.

- Emily caiu nas
águas de uma doca enquanto estava com Rebecca nos braços. Ela bateu a cabeça no
casco de um barco ao cair, e acabou se afogando. Uma moça que estava por perto pulou
na água e conseguiu salvar Rebecca. - Olhou para Dulce, com um ar confuso. - Os
jornais disseram que você também
se afogou, mas vejo que se enganaram.

- Lorraine, por
favor - disse Christopher. - Leve Rebecca para a sala ao lado e me espere lá,
está bem?

Lorraine obedeceu,
sentindo que ele queria falar a sós com Dulce.

- Salvou a vida da
minha filha? - Christopher perguntou, assim que as duas se retiraram. - Morreu
para salvar a vida dela?

- Não morri de
propósito, Christopher - respondeu Dulce, como que se desculpando pelo que
fizera.

- Por que não me
disse?

- Porque nem eu
sabia que sua filha era a criança que eu havia salvado. - Ela sorriu. - Deve
ser outra das artimanhas de Gentil. Pelo menos partirei sabendo que minha morte
acon­teceu por uma boa causa. Isso completa seu desejo com perfeição.

- Completa meu
desejo? - Christopher a segurou pelos ombros. - É você que eu desejo ter!

- Não insista, por
favor. Seu pedido já foi atendido e...

- Você não está
entendendo - ele a interrompeu. - Desejei encontrar Emily e me casar, se
existisse mesmo uma criança. Foi isso o que eu pedi.

- Sim, só que Emily
está morta.

- O que significa
que você não realizou meu desejo com­pletamente - acrescentou Christopher, com
urgência. - Rebecca é minha de qualquer maneira, mas você não me deu uma
esposa.

Se o assunto não
fosse tão sério, Dulce teria caído na gargalhada. - Desde o início, você disse
que não queria uma esposa. Já tem sua filha e pronto.

- Não! Fizemos um
acordo, e já que você não me deu Emily, terá de ficar para substituí-la. Dulce,
por favor. Fique e se case comigo.

- Você sabe que
isso não é possível.

Dulce deu um passo
atrás. Depois outro.

- Não, droga! Se
você não ficar, meu desejo não terá nascido do fundo do meu coração. Rebecca é
meu mundo agora, mas você... Você é minha vida!

Dulce estremeceu,
experimentando a sensação que sempre a assaltava quando ela estava prestes a
voltar ao Paraíso.

- Preciso ir.

Christopher deu um
passo em direção a ela. - Espere! Não pode ir. Ainda não!

- Adeus, Christopher.
Seja feliz, por mim.

Ouviu a voz de Christopher
se tornar distante. Estendeu a mão, tentando tocá-lo uma última vez, mas já era
tarde demais.

- Eu te amo! -
gritou, na esperança de que ele ainda pudesse ouvi-la.