Capítulo 003  

02 nov. 2016. 

Dulce suspirou cansada se jogando na cama do quarto do hotel. Seu pequeno estava impossível, pulava e falava sem parar. Enquanto Melgace observava silenciosamente seu amiguinho. 

- Mamãe? Mamãe, quando vamos chegar? – Ele não cansava de lhe perguntar.  

- Heitor, por favor! Pare! – o tom de sua voz é firme, mas o pequeno serelepe não para de pular na cama. – Heitor! – sua voz é autoritária e o menino para. – Vem vamos tomar banho. 

- Não quero, só se a senhora consegui me pegar! – gargalhou, saindo correndo logo em seguida. 

Dulce revirou os olhos com impaciência.  

- HEITOR SAVIÑON, SE VOCÊ CONTINUAR DESSE JEITO IRÁ APANHAR DE CINTA! – ameaçou gritando. A pobre menininha arregalou suas pequenas safiras assustada com o grito de Dulce. 

Heitor a olha assustado.

– Desculpa, mamãe. – seus lábios tremeram, indicando que estava prestes a iniciar uma crise de choro. 

- Negativo, engula esse choro se não apanhará dobrado! – Dulce murmurou, rangendo os dentes.  

O menino estremeceu, mas obedeceu não reconhecendo sua mãe. Jamais ela havia sido tão brava com ele. Normalmente, Dulce era paciente e não agressiva. Mas pudera também, seu filho não estava ajudando em nada sendo teimoso. Ela já estava tensa e nervosa, isso porque estava na América, pouca distância, do seu lar, do seu pai, de Lara e de... Christopher!  

Estremeceu ao pensar nele. O que ele estaria fazendo? Como estaria? Estaria namorando? Casado? Ou solteiro? Será que ele havia mudado muito depois de sua partida?

Ela levantou da cama, negando com a cabeça. Deveria o esquecer mesmo que chegasse a ser quase impossível.  

Caminhou em direção à suíte para dar um banho em seu pequenininho. Quando chegou ao banheiro seu coração comprimiu, seu filho estava tristonho enquanto se levava calmamente.  

- Calma, mamãe! Eu estou me lavando – Heitor falou com a voz desesperada, afobada ao perceber que sua mãe estava o observando.  

Dulce solta um suspiro angustiado. 

- Heitor, mamãe só estava te olhando. 

- Ah! Eu achei que a senhora gritaria comigo... – sussurrou em um tom tão triste que deixou Dulce abalada.  

- Como ela pode ser tão cruel com seu filho? – ela se questionava.  

Dulce ajudou seu filho terminar de se lavar e começou a enxuga-lo.  

- Desculpe por ter desobedecido, mamãe. – Heitor sussurrou, enquanto sua mãe secava seus cabelinhos loiros e lisinhos.  

Ela solta um suspiro. 

- Só não faça mais isso, Okay?  

- Okay, mamãe. – Concordou o garotinho. 

Dulce o embolou na toalha para pegá-lo no colo. Deixou-lhe sentado na cama e foi até suas malas para colocar o pijama no pequenininho. 

- Mamãe, eu posso assistir Scooby-Doo no seu celular? – Pergunta quando sua mãe termina de o vestir. – Por favorzinho? – juntou as mãozinhas com um olhar suplicante. 

- Mel, você quer assistir Scooby-Doo também? – indaga Dulce para a pequena. 

- Não, Dulce. Só quero dormir. Podemos só dormir? – perguntou em um jeitinho meigo. 

Dulce piscou os olhos várias vezes. – ã... ã... – ficou desconcertada.

- Mamãe, deixa eu assistir o Scooby? – Insistiu Heitor novamente, porém em um tom mais firme. 

- Hoje não meu amor, já está tarde. Mas amanhã a mamãe deixa, okay? – Dulce pincelou o narizinho dele com o dedo. 

- Okay, mamãe. Então vou dormi, tá? – ele perguntou deitando no canto direito da cama.  

Dulce foi até ele o cobrindo. – Boa noite, meu anjinho. – dando um beijo na sua testa. 

- Boa noite mamãe. – Heitor sorriu, um meio sorriso sonolento. Dulce caminha até Mel dando um beijo em sua testa. 

- Boa noite minha anjinha. – pincela seu narizinho, sorrindo. 

- Boa noite, mã – sussurra Melgace, aconchegando-se mais na cama. 

Dulce vai até a sua bolsa e pega seu celular e morde seus lábios.  

– Será que ligo para você, Lara? – indaga olhando para a tela do celular onde já está o número pronto para ser usado. – Seja o que for... – deu de ombros e colocou o celular no ouvido. 

Um... Dois... Três... Quatro... 

- Dulce? – A voz sonolenta de Lara, paralisa Dulce. 

- Lara... – sussurrou, tremendo. – hm... liguei para saber se... é...  

- Dulce, em que lugar você está? – a voz de Lara já era mais ativa. 

- O que?  

- Bem, no identificador de chamadas está reconhecendo que está na América... – o tom de Lara era acusatório. 

- Oh, é? – Dulce riu debilmente, mas parou ao ouvir a outra bufar. – Okay, nós estamos em Ottawa. Nós chegaríamos ainda hoje aí em Calgary, mas resolvi dormir aqui em Ottawa, mas amanhã pego o primeiro metrô. 

- Dul? – interrompeu Lara em um tom suave. 

- Sim? – indagou Dulce, fechando os olhos com força. Lara certamente estava desconfiada de algo, pois só usava tons amáveis quando estava receosa, o que raramente acontecia. 

- Nós? Nós quem?  

Há um súbito silencio. Dulce não poderia falar dos seus pequenos, poderia? Não, não, não! É claro que não! 

- Tudo bem... – Lara bufou. – Me magoa sentir que não confia em mim. – e sem deixar a outra retrucar, Lara desliga. 

- Droga! – Dulce choraminga olhando para o celular com a ligação “encerrada”.   

(...) 

“Quando você chegar aqui, em Calgary, me avise, por favor? Se ao menos você poder fazer isso...” Dulce leu a mensagem de Lara Uckermann e estremeceu. Oh, ela estava realmente chateada!  

“Acabei de chegar, Lara. Estou indo para casa de papai, você lembra onde é?” – Dulce respondeu a mensagem mordendo os lábios. Não digitou no plural, não queria cometer o mesmo deslize... Estava tão atrapalhada falando com a irmã de Christopher na noite passada que nem ao menos percebeu o deslize que cometeu. 

  Não poderia dar mais “bola fora”, porque se não Lara acabaria descobrindo de Mel e Heitor. 

“Desculpe, Dulcezinha. Faz tempo, então não me lembro” Dulce sorriu percebendo que Lara a perdoou (não totalmente é claro, Lara Uckermann não perdoava cem por cento). Ela iria começar a digitar mais chega outra mensagem. 

“Bem, Dul, as coisas aqui na empresa estão uma loucura, então pensei e achei melhor que nós se encontrássemos amanhã na Fratello Coffee... Lembra como lá era tranquilo? Ficará melhor para nós conversarmos, o que acha?”  - Lara. 

“ Excelente, Lara. Nos vemos amanhã às nove, é bom que passarei o dia com papai e arrumarei minhas roupas das malas. Mas amanhã nos encontramos lá, Okay? Estou varada de fome...” – Dulce. 

“Okay, Candy, não se atrasa. Beijos”  

Dulce suspirou faria o possível para não se atrasar, ela sabia o quanto sua ex cunhada odiava atrasos. Lembrava-se de uma vez que Lara estava saindo com um rapaz e do primeiro encontro que eles tiveram, o pretendente de sua ex-cunhada já tinha ganhado praticamente o seu coração, mas cometeu um enorme e inadmissível erro ao se atrasar para o primeiro encontro deles. Lara obviamente não quis mais saber do rapaz, lhe dispensou sem hesitar, obviamente depois do jantar.  

- Mamãe, estamos chegando? – Heitor a despertou. 

- Sim, meu amor, olha a casa do vovô – apontou para casa de dois andares à frente. Estava pintado de outra cor, um tom meio bege, dando um toque suave e acolhedor. A casa era grande, assim como o quintal que estava, devidamente, com as gramas aparadas. A árvore que acompanhou a sua infância, também estava aparada e Dulce sentiu um aperto no peito ao vir momentos de quando era pequena.  

- Senhorita? – o taxista a despertou. Sorriu meio sem graça segurando a porta direita aberta para ela sair, seu pequeno serelepe estava na calçada olhando encantado para casa do seu vô. 

- VÔZINHO, EU CHEGUEI – Heitor gritou a pleno pulmões, Melgace estava ao seu lado com um pequeno sorriso que evidenciava suas covinhas. 

Dulce saiu do carro, soltando um suspiro. 

– Obrigada por me trazer – agradeceu Dulce ao taxista o pagando.  

- Até qualquer dia, Senhorita. – Ele fez um aceno de cabeça como cumprimento e voltou ao seu táxi, saindo com o mesmo logo em seguida. 

Dulce direcionou seus olhos para a casa harmoniosa e aconchegante, encontrando seu pai na entrada da casa em suas cadeiras rodas com um sorriso imenso, sendo empurrado pela enfermeira Louise. Seu pai havia tido derrame há onze meses e Dulce teria voltado sem nenhuma hesitação, porém Jonathan não a deixou ir, o senhor Saviñon havia pedido para Jonathan a impedir. Marlon sabia que Dulce não precisava de mais uma “complicação”. E ele tinha plena consciência o quanto a sua filha se envolveria com ele, porém ele não queria isso, não queria que sua preciosa filha tivesse mais “trabalho”. Apesar de que Dulce fosse tão jovem, ela havia passado por tantas coisas...  Mas apesar disso, Marlon Saviñon se recuperou “rápido”, não tão rápido é claro, mas consideravelmente rápido e Dulce mesmo que não estava presente, mas fez-se presente contratando os melhores médicos possíveis e enfermeiros. O pai dela perdeu os movimentos do lado esquerdo do corpo, mas com os tratamentos, terapia e exercícios médicos teve uma recuperação, relativamente, rápida.  

 Dulce pegou as duas malas e começou a puxá-las.  

– Sorte que eram de rodinhas... – ela pensou, observando seu filho abraçar e tagarelar sem parar com seu pai.  

- Filha, você fica cada vez mais linda. – falou seu pai em uma voz arrastada. Ela largou as malas e foi até ele, beijando sua bochecha carinhosamente. 

- São seus olhos papai... Como o senhor está? – perguntou se agachando. 

- Velho... – respondeu revirando os olhos, mas havia um pequeno sorriso em seus lábios. 

- E você querida? Como está? E como vai meu garotão Heitor? E como você está, Mel? Cresce rápido esses garotos, né? Puxa vida! – tagarelou seu pai.  

Dulce sorriu para a enfermeira, acenando para a mesma em um gesto de comprimento.  

- Olá senhorita Saviñon, acho que é a sétima vez que nos encontramos. – sorriu timidamente, estendendo a mão. 

Dulce revirou os olhos e a puxou pela mão, lhe abraçando. – Nada de senhorita Saviñon. Não sou uma celebridade e muito menos uma velha. – fez careta.  – Díos mío até parece que não nos conhecemos em Veneza, gostando e confiando tanto em você que lhe pedi para cuidar de meu pai.  

Louise sorriu embaraçada. – Sim, mas... 

- Nada de “mas”, Louise... Agora vamos entrar que preparei um chá com bolachas, porque estou varada de fome.  – fez beicinho andando na frente para pegar seu filho no colo. 

- Não comeram ainda? – indagou seu pai horrorizado. – O que está acontecendo Dulce Saviñon, será que terei que puxar essa orelha branquela sua? – a voz e expressão de seu pai estavam sérias, mas seu tom de voz era divertido e ao mesmo tempo preocupado. 

Dulce sorriu relaxando...  

Oh, como sentia falta de sua casa!

Yeaaaaaaah, Dulce já está na América. As coisas já vão começar a esquentar galerinha, como Lara reagirá quando souber das crianças?? Ela já ficou uma fera hoje, só imagine... E Dulce será que vai contar logo, ou vai ficar "escondendo" as crianças?

Um beijo e um queijo,

Fuime~