-Fique parada, Dul. -Mai estava na minha frente, fazendo um penteado no meu cabelo com seu modelador de cachos. -Se continuar se mexendo, vou acabar queimando você.
-Não ouse me queimar. -avisei. -Que entediante.
-Estou quase terminando. -suspirou ela. -Tenha paciência.
-Já estou sentada aqui há vinte minutos. -reclamei. -Que tipo de penteado você está fazendo?
-Um penteado bem sedutor e sensual. -respondeu ela, sorrindo. -Todos os homens da boate vão ficar aos seus pés.
-Todos menos um, né? -comentei, rindo. -Se eu ficar com todos eles, com quem você vai ficar?
-Vou encontrar alguém. -disse ela, com uma risadinha, e esvoaçou os cabelos pretos longos para trás.
-Minha nossa. -falei, rindo. -Tem certeza de que a maquiagem não me deixou com cara de vagab/unda demais?
-É possível ser vagab/unda demais? -perguntou ela, me olhando.
-Sim. -respondi. -Não quero que ninguém pense que pode me oferecer vinte dólares e me levar para trás da caçamba de lixo para um boq/uete, né?
-E cem dólares? -ela balançou as sobrancelhas e nós duas rimos. -Esta noite vai ser divertida.
-Nós merecemos um pouco de diversão. -ela deu um passo atrás e me olhou por alguns segundos antes de sorrir. -Você está linda.
-Acha mesmo? -indaguei, me levantando num pulo, depois corri até o espelho e vi meu reflexo. Os cabelo longo caía em ondas soltas ao redor do rosto e desciam pelas costas. Os olhos castanhos brilhavam de animação, e o sombreado ao redor deles me davam a aparência de uma mulher sexy e fatal. -Acha que esse batom é vermelho demais? -perguntei, fazendo beicinho para o espelho.
-De jeito nenhum. Vermelho é sexy.
-Acho que sim.
-E combina perfeitamente com seu vestido. Já pode até se vestir.
-Está bem.
Corri até a cama, peguei o vestido recém-passado e, num instante, tirei a roupa e coloquei-o. Tive que prender o fôlego para fazê-lo passar da cintura e dos quadris.
-Este vestido é bem mais curto do que eu lembrava. -olhei para minha coxa nua e engoli em seco. -Não sei, não, Mai. Não sou magrela, sabe. Garotas cheias de curvas como eu não deveriam usar roupas coladas.
-Quem disse? -ela balançou a cabeça. -Você está sexy, gostosa, linda, maravilhosa e perfeita. -enumerou, apontando o dedo para mim. -Que se ferrem as magrelas. Todo homem quer uma mulher com curvas.
-Sei não, viu? -repliquei, rindo.
-Bem, se o cara quiser um palito, então ele não é para a gente. -disse ela, sorrindo, e colocou o vestido preto e curto.
-Verdade. Qualquer cara que estiver procurando um palito vai se decepcionar comigo. -declarei, sorrindo. -Eu nunca vou ser magrela, meus peitos são grandes demais.
-Os homens adoram peitão.
-Bem, os meus não têm me ajudado muito.
-Mas hoje vão. -ela olhou para meus seios parcialmente expostos. -Uau!
-Valeu, Mai. -balancei a cabeça.
-Acho que estou pronta. -disse ela, calçando os saltos, e olhou para mim. -E você?
-É, acho que eu também. -assenti, então peguei uma bolsa no guarda-roupa e calcei meu stiletto preto. -Tomara que eu não leve um tombo. Meus pés já estão me matando. -resmunguei.
-Você vai ficar bem. É só não largar meu braço.
-Preciso beber. -comentei, rindo, enquanto saíamos do quarto.
-Eu também. -concordou ela. -Quero ficar bêbada esta noite.
-Quero dar PT.
-Como assim dar PT? -perguntou ela, confusa. Eu a olhei e ri.
-Não tenho ideia. -respondi, dando de ombros. -Ouvi o termo um dia desses e gostei.
-Também gostei. Deve ser algo legal. Então vamos dar PT!
-Dar PT, bebê!
Nós entrelaçamos os braços e fomos até a porta da frente.
-Dul. -a voz de Will ecoou pela casa quando abri a porta.
-Sim. -parei e revirei os olhos.
-Venha até a sala de estar, por favor.
-Por quê?
-Queremos ver você antes que você vá.
-Aff. -resmunguei, olhando para Mai, e nós duas fizemos careta uma para a outra. -Ele é tão, mas tão irritante. Ele precisa se casar e ter filhos de uma vez. Ops.
-Tudo bem. -disse ela com um sorriso torto. -Tenho certeza de que ele vai ser um bom pai.
-Vamos encarar o exército e depois saímos. -falei com um suspiro exasperado, e fomos até a sala de estar. -Boa noite, pessoal. -cumprimentei assim que entramos.
Todos os olhos se voltaram para mim e para Mai, e eu quase ri das diversas expressões no rosto de cada um. Will parecia atordoado, Pablo impressionado, Annie de sa/co cheio, Ryan entediado, Chris animado e Christopher, bem, Christopher parecia pensativo. Senti seus olhos inspecionando todo o meu corpo, e precisei dizer a mim mesma para resistir e não olhar para ele novamente.
-Então, para onde vocês vão? -perguntou Will, se levantando e vindo em nossa direção.
-Um bar.
-Que bar? -indagou, e dessa vez seus olhos pareciam um pouquinho zangados. Eu me perguntei se um dia ele superaria a necessidade de saber tudo.
-Acho que vamos para o Beach Lagoon. -respondi, por fim.
-Certo. Aquele na Fifth Street? -perguntou novamente.
-Sim, senhor. -assenti e prestei continência para ele.
-Engraçadinha.
-Se mamãe e papai não sentem necessidade de ficar acordados até tarde para me perguntar, por que você se importa? -Will me olhou por alguns segundos e depois se virou para Mai.
-Você está muito bonita esta noite.
-Obrigada. -respondeu ela, corando.
-Não vai ficar com frio nesse vestido? -perguntou ele, analisando a longa extensão de pernas e ombros nus, e ela assentiu.
-Tenho certeza de que o álcool vai me manter aquecida.
-Quem é a motorista da vez? -ele me olhou com o cenho franzido.
-Vamos pegar um Uber na ida e na volta. -respondi, tentando não revirar os olhos. -Não somos irresponsáveis, sabia? Chegamos aos 22 anos com alguma inteligência.
-Eu só queria ter certeza de que vocês não precisavam de carona.
-Posso deixar vocês lá se quiserem. -declarou Christopher, se levantando.
-Ah, não precisa. -retrucou Annie, em tom desgostoso, enquanto me olhava. Já era a encenação de pedido de desculpas dela. Sabia que ela não seria capaz de fingir ter uma personalidade dócil por muito tempo.
-Não quero que ninguém se aproveite de vocês, meninas. -disse Christopher, ao lado de Will, fitando meus olhos. Dessa vez não consegui evitar e retribuí o olhar. Sua íris parecia furiosa. Eu não tinha certeza de qual era o problema dele, mas, mesmo contra a vontade, me arrepiei toda só de estar perto dele. Senti o fluxo de eletricidade entre nós e dei um passo atrás.
-Acho que vamos ficar bem. -insisti, lambendo os lábios, nervosa.
-É, vamos ficar bem. -repetiu Mai, e reparei que ela e Will se olhavam e desviavam o olhar repetidas vezes.
-Acredite, Christopher, Mai e Dul não vão ter problemas. -Annie levantou-se num pulo e veio até nós. -Elas são profissionais em se vestir como vagab/undas e não serem incomodadas.
-Annie. -repreendeu-a Will.
-O quê? -retrucou ela, dando de ombros. -É verdade. -olhou para Mai e para mim, e depois para Christopher e Will. -Ah, qual é? Vocês não saem com esses saltos, esses vestidinhos curtos, sem esperar que algum esquisitão vá tentar passar a mão entre suas pernas e no decote.
-Annie, cale a boca. -gritou Chris. -Qual é seu problema?
-Talvez sejam os hormônios da gravidez? -sugeriu Poncho, dando-me um pequeno sorriso.
-É, mas ela não passou a vida inteira grávida. -repliquei. -Isso não justifica a babaquice dela ao longo da vida.
-Dul. -censurou Will, com um olhar daqueles para mim.
-Pronta? -perguntei a Mai.
-Sim. -ela assentiu com animação. -Vamos nessa.
-Esperem um segundo. -disse Will, pegando-a pelo punho. -Posso falar com você um instante, por favor?
-Hum, tá. -ela me olhou, fez uma cara e o seguiu para um canto.
-Também preciso falar com Dul. -disse Christopher a Annie, e me pegou com força pelo braço e me puxou para fora da sala com ele.
-O que você acha que está fazendo?
-Aonde você acha que vai com essa roupa?
-A uma boate.
-Não é apropriada. -afirmou ele, balançando a cabeça.
-Apropriada para o quê?
-Essa roupa manda um sinal errado. -disse, baixando os olhos para meus seios.
-De que sinal você está falando?
-O sinal de "Quero transar". -murmurou ele, se aproximando de mim e me imprensando na parede.
-Quem disse que eu não quero passar esse sinal? -ofeguei, e ele pegou minhas mãos e pressionou-as na parede, perto da minha cabeça.
-É isso que você quer? -ele se inclinou e deu um beijo suave no meu pescoço.
-Christopher. -sussurrei, e engoli em seco quando ele desceu pelo pescoço e beijou as clavículas e o topo dos meus seios. -Pare, alguém pode entrar e nos ver.
-E você se importa?
-Christopher, pare. -resmunguei, gemendo, quando a mão dele deslizou pela lateral do meu corpo e parou nas coxas.
-Parar o quê? -replicou ele, pressionando a rigidez na minha barriga, movendo-se para frente e para trás. -De mostrar o que você faz comigo nessa roupa sexy e quase inexistente de tão curta?
-Você queria me falar mais alguma coisa? -desviei a cabeça quando ele se inclinou para me beijar nos lábios.
-Por que você está tentando me enfeitiçar?
-Do que está falando?
-Nada. -suspirou ele, e se afastou. -Por que você tinha que ser irmã de Annie?
-Por que você tinha que ser o noivo dela?
-Você não entende. -ele fechou a cara. -Não é só por mim. É para proteger alguém que eu amo.
-Não entendo o que você está falando.
-Não importa. -retrucou ele, dando de ombros. -As coisas são assim e pronto.
-Posso perguntar uma coisa?
-Claro. -ele assentiu, e seus olhos desceram até meus seios.
-Você vai se casar com ela para receber sua herança? -perguntei em tom suave. -Tem alguma coisa a ver com isso?
-Por que você se importa? -indagou ele, zangado, e isso me deixou ainda mais irritada. Eu não acreditava que ele teve a coragem de me perguntar por que eu me importava, sendo que ainda estava tentando me agarrar. Será que não percebia o quanto a situação era zoada? Que tipo de garota ele pensava que eu era para achar que estava de boa? Que parte da situação estava de boa em qualquer sentido?
-Não me importo, Christopher. -bufei. -Só me deixe em paz, tá bem? Você é que fica vindo atrás de mim. Não sou eu que estou atrás de você. Estou de sa/co cheio de você, tá bem? Não é legal você ficar tentando me agarrar e depois me questionar quando tento entender o que está acontecendo entre você e Annie.
-Você não se importou com quem eu era ou o que eu estava fazendo final de semana passado.
-Isso foi no final de semana passado. -cruzei os braços. -Agora é agora. E agora não estou interessada em você e no seu papo-furado.
-Eu e meu papo-furado? -repetiu ele, e contorceu os lábios como se quisesse rir, me enfurecendo ainda mais.
Como ousava achar graça da situação?!
Como ousava parecer tão superior e convencido enquanto eu estava fumegando por dentro?!
Meus dedos coçavam de vontade de esbofeteá-lo. Ele não ficaria tão pretensioso com a marca da palma da minha mão estampada no rosto.
-Me deixe em paz, Christopher. Estou de sa/co cheio de você. -falei, cutucando-o no peito. -Vou sair com meu vestido de vagab/unda e vou fazer o que quiser. Talvez eu conheça um cara ainda melhor e eu possa ficar com ele e esquecer que conheci você um dia.
-Não é algo que eu recomendaria. -disse ele, afinando os lábios, e agarrou meus pulsos. -Não é a resposta para nada disso.
-Bem, não é problema seu, não é? -abri um sorriso largo. -Posso fazer o que eu quiser.
-Dul. -disse ele devagar, me olhando intensamente.
-Sim, Christopher? -perguntei em tom suave.
Não vou mentir. Eu estava me deliciando com a conversa. Estava me deliciando com o fato de que eu podia tirá-lo do sério ao falar de outros caras.
Estava amando o fato de que ele estava com ciúmes. O único problema era que ele não ia me dar o que eu realmente queria. Não ia terminar com Annie e me dizer que tinha ferrado tudo.
Não ia me puxar para si e dizer que me desejava, e a mais ninguém.
Não ia me dizer que Annie e a fortuna da família não significavam nada para ele. Tudo o que estava fazendo era me mostrar que sentia tesão por mim. E, bem, eu já sabia disso.
Mas eu queria mais dele. Queria que ele olhasse para mim com mais do que luxúria. Queria olhar nos olhos dele e ver algo parecido com amor. Eu sabia que isso era uma expectativa irreal. Ele mal me conhecia, e eu mal o conhecia, mas era meu desejo. Era o que eu esperava ver. Queria ver uma emoção real. Uma emoção real, pura, de arrebatar o coração, uma emoção que não tinha nada a ver com luxúria.
-Tenha uma boa noite. -disse ele, por fim, e eu me virei. -Não faça nada que eu não faria. -acrescentou, e voltou para a sala de estar.
Fiquei ali me sentindo enojada e rejeitada. Ainda sentia os lábios de Christopher no meu pescoço. Ainda sentia o corpo queimando nos lugares em que ele tinha tocado, e me odiava por isso.
-Pronta? -Mai saiu da sala com os olhos brilhando, e eu assenti.
-O que Will falou? -sussurrei para ela, enquanto entrava no aplicativo do Uber no celular.
-Nada bom. -suspirou ela. -Só pediu para não deixar você se enfiar em nenhuma roubada.
-O quê? -repliquei com a voz mais alta. -Juro que ele é o mais irritante dos homens. Sei que você gosta dele, mas, aff, Will é tão irritante.
-Acho fofo ele ter esse jeito tão protetor. -comentou Mai com ar sonhador.
-Acredite, Mai. Você não vai achar fofo se estiverem namorando. -falei, balançando a cabeça. -Ele é muito irritante.
Oiee!! Christopher cheio de ciumes kkkk.
Desculpe algum erro mas eu ñ revisei os capítulos :)
Respondendo comentario do face:
Geovana Aparecida: Eu pensava a mesma coisa que vc quando estava lendo o livro, Vondy me irritou muito, fica tranquila pq uma hora eles vão taca o fo/da-se kkkk. Continuando, bjuu