CAPITULO 10 ― CONTRA OS MEUS PRINCIPIOS

ANAHÍ NARRANDO

Estamos a horas procurando Dulce – como de costume. Nos perdemos na micareta e eu fiquei preocupada o resto da micareta toda.

― Não se preocupe Annie, ela e o Christopher já estão no hotel. – disse Jean, um dos monitores. ― Agora vamos.

― No hotel? – murmurei.

― Que estranho não é? – perguntou Maitê.

― Muito, muito estranho.

Poncho e Diego se entreolharam, pois também estava procurando pelo o Christopher. Mencionar a Dulce e o Ucker juntos numa mesma frase, já é algo preocupante depois da última discussão. Finalmente chegamos ao hotel, todos morto de ressaca e com os pés imundos, Jack seguiu para dormir com Karla e o olhar de Alessandra era quase uma suplica por um lugar no quarto. Falando nisso.

― Ela não está aqui. – disse, após abrir a porta do quarto. ― Porque vocês estão ai? – perguntei, ao ver os meninos sentados no chão do corredor.

― Não creio! – dizia Angelique. ― Essa é minha amiga.

― O que que está havendo? – indaguei mais uma vez.

― Ucker está com a porta do quarto trancada, não temos chave, e bom, não sei como falar isso com os monitores. – dizia Diego, sempre o mais preocupado e nervoso da turma.

― Isso é impossível. – afirmei. ― Ficaram loucos? A Dulce não pode estar ai com o Ucker, mas não mesmo.

― Beleza inteligentona, então cadê a Dulce? – perguntou Angelique, de braços cruzados achando graça da situação.

― Depois vocês discutem, agora Angel, me empresta sua cama? – pediu Diego, quase como um cachorrinho morto.

DULCE MARIA

Ouvi o barulho da galera no corredor e agradeci muitíssimo a Deus naquele momento, não sou tão religiosa, mas naquele instante me tornei a beata das beatas. Christopher olhou rápido e antes que eu pudesse gritar, ou chamar por alguém, ele aproximou-me somente de cueca e tampou a minha boca. Uma mão na boca e a outra na minha cintura, o que não deu muito certo, estava equilibrando-me apenas em um pé com a mão apoiada na parede. Caímos os dois na cama.

Naquele instante minha respiração ficou ofegante e Christopher ria da situação, aquilo não me parecia coisa boa não sou burra a ponto de entender o que estava prestes a acontecer. Arrependi-me na hora por ter ido quase nua para micareta, soubesse teria vestido uma calça e um moletom talvez.

Ouvi quando a porta do quarto da frente bateu e o silencio reinou no corredor. O que não era nada, nada bom. Fechei os olhos de nervosa, desviando do olhar castanho de Christopher, que começou a acariciar meu rosto.

― Ucker, pare com isso. – pedi. ― Me deixe levantar.

― Não. – sussurrou próximo ao meu ouvido. ― Você vai ver quem é o homemzão agora, e quem manda na parada.

Eu sei que o leitor deve estar sem compreender a minha posição, mas uai, sabe aquele cachorro que late e não morde? Pronto, as vezes eu incorporo esse personagem. Na verdade, eu acho que a maioria das adolescentes são assim, falar todo mundo fala, agora na hora do vamo ver. Mas pensa Dul, pensa. Christopher continuava a pressionar seu corpo contra o meu e o meu nervosismo só aumentava.

― Sou virgem. – falei alto e rápido.

Christopher começou a rir ainda com o corpo sobre o meu, só que sem caricias. A risada dele era alta e próximo ao meu ouvido. Deboche. Neste instante o leitor, imagine-me vermelha igual um pimentão de tanta vergonha que estou. Porque a situação não poderia ficar ainda pior, Christopher levantou-se em silencio. Eu esperava que ele fosse debochar ou soltar os cachorros em cima de mim.

― Porque levantou? – perguntei, confusa.

― Ora essa, você pediu para parar, parei. – disse, estendendo os braços, deitando-se na cama ao lado.

― Porque está deitando em outra cama? – disse, sentando-me, colando o cabelo atrás da orelha.

― Não nasci para tirar xixi de criança, vai contra os meus princípios. – deu uma piscadela, e virou-se para o outro lado.

Obvio que ele não perderia a oportunidade de me ofender, mesmo com pé dolorido e o coração na garganta, levantei para sair do quarto.

― Não seja ridícula, os meninos foram dormir lá... deite-se amanhã você sai.

― Você é muito sem noção. – resmunguei. ― Ai que ódio!

Precisava de um remédio, qualquer coisa para dormir. Observei que Christopher já estava de olhos fechados, dormindo sei que não estava, porque não deu tempo. Procurei alguma coisa na mochila de Diego, com certeza ele tinha algo.

ANAHÍ PORTILLA.

Obvio que não conseguir dormir como gostaria, sou desconfiada e com essa macharada toda no quarto fica difícil pegar no sono e principalmente, minha melhor amiga sem juízo está trancada com um cara no quarto lado, cara esse que ela jogou bebida no rosto outro dia. Angelique dormia agarrada com Diego, que inclusive por pouco não fizeram coisas piores ontem na frente de todos nós. Estamos no 4º dia em Porto e já parece uma eternidade, acordei antes mesmo que todo mesmo sabendo que a manhã era livre hoje, ou seja, no dia que podíamos dormir até tarde dona Anahí acorda mais cedo que todo mundo.

― Poncho. – sussurrava, balançando-o na cama. ― Poncho! – respirei fundo. ― Vamos Poncho acorde.

― Que. – resmungou.

― Vai já lá bater no quarto, preciso saber se a Dulce está viva.

Demorou uns quinze minutos até o coitado do Alfonso entender que eu não ia deixa-lo em paz, esperei que ele ao menos lavasse o rosto para sairmos do quarto. Christopher abriu a porta do quarto com uma cara de sono e somente de cueca, o que me preocupa. Alfonso começou a rir da situação, mas não tinha graça nenhuma.

Animei-me quando vi que Dulce dormia na outra cama, enrolada dos pés à cabeça.

― Porque não a colocou no nosso quarto? – questionei, já dentro do quarto.

― Annie, vamos volta a dormir e isso não é pergunta que se faça. – adiantou-se Alfonso.

― Seja lá o que vocês estejam pensando. – disse Christopher, jogando-se na cama. ― Não rolou nada, ela dormiu ai e eu aqui, beleza?

― Duvido. – murmurei, virando para a cama que Dulce encontrava-se deitada.

― Ai já não é problema meu. – respondeu Christopher, simpático como sempre.

DULCE MARIA

Assustei-me quando acordei e vi Christopher e Poncho ali, um deitado e outro dormindo em pé. E só depois de alguns segundos consegui raciocinar tudo que tinha acontecido ontem à noite, maldita micareta. Anahí estava sentada na ponta da cama me observando de braços cruzados e provavelmente vai me matar por tudo isso também.

― Finalmente bela adormecida. Pode me explicar o que diaxo foi isso no seu pé? – perguntou.

― Depois eu explico, agora me ajuda a caminhar. – respondi, enquanto levantava-me.

Sair daquele quarto era tudo que eu queria no momento, estava envergonhada quando vi o Poncho ali, mas segura por Anahí também está ali. Saímos do quarto o mais rápido possível, e obvio, quando cheguei no harém as meninas estavam eufóricas para saber o meu paradeiro.