CAPITULO 11 ― SEM MEDO DE AMAR

Hoje tivemos a manhã livre para a minha sorte, pude repousar e recuperar o que restou do meu tornozelo ou do meu pé. Hoje era dia de Axé Moi e confesso que estava nervosa pela situação de ontem ainda, não queria que Christopher comentasse com ninguém detalhe da noite de ontem, mesmo sabendo que homens são piores que as mulheres nesse quesito.

― Uckermann. – o chamei, e algumas pessoas assustaram já que nunca nos viram ter sequer qualquer contato, ele inclinou o pescoço e não pude deixar de sentir o arrepio que subiu quando aqueles olhos mel encontraram os meus. ― Será que podemos conversar um instante?

Ele levantou-se ainda em silencio, afastamos do pessoal que já seguia em direção a van para irmos ao Axé Moi, aquele homem de 1,75 de altura a minha frente, com o corpo bronzeado bem definido a minha frente, era torturante, mas não podia dá o braço a torcer. Engoli seco, a garganta estava seca e por pouco achei que não conseguiria falar.

― Acho bom você pensar rápido, porque daqui a pouco os monitores vem nos chamar.

― Bom. – minhas mãos suavam. ― Eu só quero pedir que não comente nada do que te disse aos meninos ontem. ― E nem o que aconteceu, evite o assunto não sei...

― Não se preocupe, fica sussa Saviñón. – interrompeu-me, dando um sorriso debochado. ― Não sei qual o seu conceito de homem, mas acho bom você mudar, sou um homem e não um moleque desses que você é acostumada mocinha.

Christopher despediu-se bagunçando o meu cabelo como se estivesse falando com uma criança e era só isso que faltava para deixar-me ainda mais irritada e envergonhada. Christopher jamais perderia a oportunidade de usar o que lhes disse ontem contra mim, mas eu não pensei nisso ontem – infelizmente. Na van todo mundo olhava torto pra gente, obviamente estranhando a nossa aproximação.

Passamos a tarde no Axé Moi, minha mente estava em qualquer lugar menos naquele maravilhoso lugar. Jack e Karla estavam cada vez mais apegados, Jack agiu completamente diferente com Karla do que quando estava com Alessandra, o que a chateou um pouco ainda. Eddy e Zoraida continuam sem se falar. E esse é o clima do nosso grupo de Porto.

― Tu esta estranha por demais Dulce. – comentou Anahí. ― Afastada da galera, sem conversar muito, viajada, andou fumando o que?

Continuei em silencio, dando de ombro. A única coisa que me arrancou o riso foi ver Eddy e Zoraida sem se falar ainda, mas desejando-se mesmo estando tão distante. Voltamos para a Sunset Pool Party, uma festa que acontece na piscina do hotel mesmo e finalmente iria animar a galera.

― Sugiro um bicho bebe para descontrair. – disse Christian.

― Finalmente alguém disposto a mudar esse enterro. – gritou Zoraida.

Sentamos todos em uma rodinha e os jogos começaram.  A bebida escolhida foi uma Ypióca Prata que já me deu ânsia só de lembrar o que me ocorreu a última vez que tentei desafiar essa bebida, mas era tudo que as nossas condições financeiras podiam agora.

― Gorila bebe? – começou Christian aos risos.

― Gorila não bebe, quem bebe é o golfinho. – prosseguiu Zoraida.

― Golfinho não bebe, quem bebe é o alce. – disse Alessandra.

A brincadeira não terminaria em coisa boa, Anahí e Poncho estavam naquele climinha e fiquei feliz por finalmente pela minha melhor amiga interessar-se por alguém, aposto que hoje eles não escapam na festa noite. o jogo não deu muito certo, Christian e eu já estávamos para lá de bagadá quando começamos e fomos os primeiros a sair depois de virar meio litro de Ypióca.

― Maitê está distante. – comentou Christian, à medida que caminhávamos em direção ao pub da sunset. ― Não consigo entender o que ela espera que eu faça, ou, porque não conversa abertamente comigo, parece que todo mundo sabe o que tá rolando menos eu.

― Relaxa Christian, uma hora vocês se acertam.

― Você não sabe nem o que está dizendo, nem prestou atenção no que eu disse. – disse entre risos, dando-me um peteleco na cabeça.

Voltamos ao encontro da galera, Christian sabia exatamente o que estava rolando em relação a Maitê está completamente estranha com ele, mas homem é aquele bicho que prefere fingir que não está acontecendo nada até quando lhe for conveniente. Meu copo veio ao chão, ao chegarmos e notar que Christopher está ficando com duas garotas ao mesmo tempo e elas parecem não importar-se em dividir o mesmo homem ao mesmo tempo.

― Ficou com ciúmes Dulce Maria? – provocou Christian.

― Do que você está falando?

― Você sabe do que estou falando. – disse Christian, empurrando-me.

― Não sei porque ainda te dou trela Christian, vai te catar.

Sim, eu estava com ciúmes, mas ninguém precisaria saber. Mesmo sendo quase impossível não ter percebido a minha chegada quando o copo molhou sem querer Karla que estava sentada ao lado de Jack, mas ninguém atreveu-se a dizer nada – claro, tirando Christian que sempre tem uma piada pronta. Obviamente o sentimento assustou não somente ao Christian, mas a mim principalmente, o que te deu Dulce? Sentir ciúmes de Christopher? A cena me incomodou não pelo o feminismo, mas por ele exatamente, por ele ser tão cafajeste a esse ponto. Estava sentada na praça do hotel, quando Anahí gritou-me dizendo que iriamos fazer uma violada e isso deixava-me com saudades de Goiânia.

― Então quer dizer que além de galã, Ucker é um violeiro. – brincou Eddy.

― O cara é cantor atrasado. – zombou Sebastian.

― Não sabia cara. – disse Eddy.

― Cantor, arrasador de corações, dono das novinhas. – acrescentou Christian.

― Vocês vão deixar ele tocar ou vão ficar de palhaçada? – gritou Angelique, interrompendo a todos.

― Que bravinha essa minha fera. – disse Diego, beijando a bochecha de Angelique.

 E todos vaiaram.

― Qual a música? – perguntou Christopher, que encontrava-se sem camisa e com duas piranhas ao lado acariciando seu terrível abdômen.

― Qualquer sertanejo. – pedi. ― Se possível. – levantando o copo.

Christopher começou com um toquezinho do início e eu já sabia exatamente a música.

― Eu gosto de você, você gosta de mim, um mais um é dois caso certin...

Christian logo puxou Maitê para dançar, porque mesmo sendo um voz e violão ele não perderia a oportunidade, e lá estava Poncho e Annie também. As meninas que estavam ao lado pareciam duas idiotas apaixonadas, e tudo que eu queria saber era da minha bebida que estava acabando.

― Não é que o Ucker canta bem. – disse Anahí.

― Nós temos uma banda em Campinas, não é sertanejo, é algo mais root, rock, reggae. – acrescentou Alfonso, ainda nas proximidades.

― Olha você nem me disse isso Diego. – disse Angelique ― Me ofereço para ser dançarina.

― Eu to dentro. – gritou Zoraida.

E ninguém deixou de reparar no pequeno beliscão que Eddy deu em Zoraida, completamente enciumado. Porto agora parecia mais uma viagem romântica para Fernando de Noronha em todos estão dispostos a encontrar seu par ideal ou qualquer alguém que eles consideram sua alma gêmea.

― Mas de jeito nenhum, você será minha secretaria no escritório. – disse Diego.

E fico pensando desde quando Angelique aceitou ser tão submissa assim a alguém, desde que ficou com Diego só tem olhos para ele e isso fez o meu estomago revirar. Christopher já vai na terceira música, mas as duas últimas eu não fazia a menor ideia de quais eram as bandas.

― Essa mistura louca de desejo, me perco toda vez que eu te vejo, eu sei.. – cantarolava Christopher, que agora tinha os olhos fixos nos meus.

― Quais faculdades vocês pretendem seguir meninas? – perguntou Sebastian.

Era só o que faltava.

― Ah não gente. – levantei, baixando o copo, depois de recuperar-me daquela encarada sem futuro do Christopher. ― Isso não é assunto para Porto uai, e você. – apontei com o indicador para Christopher. ― Repete a última música por favor, obrigada. – levantei o copo.

― Hum. – provocou Christian. ― Está sofrendo Dul?

― Dulce já nasceu na sofrencia, não nesse tipo, mas qualquer uma é válida nessa ocasião. – acrescentou Maitê, e era só o que faltava dois contra uma.

O horário da festa terminou e voltamos para o quarto, finalmente. Estava torturante ver toda aquela encenação de romance entre todo mundo, as musiquinhas românticas, tudo muito romântico.

― Você continua estranha. – disse Anahí, que já estava no meu pé de novo, parecia uma shitzu atrás do seu dono.

― Não sei o que é estranha, uai.

― Sabe sim. – disse puxando-me. ― É pelo o que rolou no quarto? O que aconteceu Dulce? Estava irritada com as meninas próximas do Christopher, e o que foi aquilo de pedir novamente a última música, desde quando gosta de reggae?

― Desde que cheguei em Porto, estou sempre apta a novos gostos musicais.

― Você entendeu o que eu quis dizer. – disse Anahí, batendo o pé no chão.

― Não teve no quarto, só que parece que estou ficando idiota igual a todo mundo aqui, agora já chega desse assunto, vamos nos arrumar para a próxima festa.