CAPITULO 20 ― A última noite

PONCHO HERRERA

Depois do comunicado dos monitores todos tentaram manter-se firmes, mas era nítido que havia algo incomodando cada um ali, menos Jack e Karla, Maitê e Christian, Sebastian e Alessandra pois eram todos da mesma cidade. Diego parecia está enlouquecendo, não largava Angelique um minuto sequer no passeio. Eddy e Zoraida estavam no mesmo clima. E quanto a mim e a Annie, estávamos tranquilos, não se envolvemos tanto a esse ponto. Voltamos a tarde para o hotel e teríamos a tarde livre, como disse Vitor: recarregar bem as baterias para a noite cheia de festas que nos espera.

― Você está enlouquecido cara, está ficando insuportável ficar ao seu lado. – resmunguei, ao lado de Christopher que parece que vai furar o jardim do tanto que anda de um lado pro outro pisando fundo.

― Ela está distante demais Poncho e não consigo entender porque por/ra ela está fazendo isso, o que eu fiz de errado?

Depois do café, Dulce manteve-se afastada de Christopher todo o trajeto do passeio. Christopher fazia um comentário e ela não comentava, ele tentava falar um assunto e ela desviada, até na hora da foto saiu cada um lado de um lado da foto.

― Ela vai embora amanhã pra Goiânia cara, e fica assim comigo?

― Deve ser justamente por isso que ela está afastando-se, porque vocês irão se afastar amanhã.

― Isso não tem a menor coerência.

Minutos depois Anahí aparece caminhando no jardim, como se estivesse indo para a ala da piscina e não demorou muito Christopher correu até ela.

― Cadê Dulce que não está com você?

― Ela não é obrigada a andar comigo, não somos siamesas.

Anahí e a sua velha ignorância.

― Qual o problema de responder o cara direito Annie? – questionei, irritado.

― O problema é o seguinte, ele nunca deveria ter ficado com ela, esse é o problema.

― E o que você tem com isso? – gritou Christopher. ― Dulce não é criança, ela sabe o que faz.

― Não vou discutir com vocês. – disparou Anahí, que estava muito irritada era perceptível nos seus olhos azuis que estavam quase brancos de raiva. ― Só quero pedir que afaste-se dela, que não a iluda mais, ela não quer ficar longe de você, todo mundo sentiu-se triste pela despedida e pra você parece que foi um alivio poderia ter um pouco mais de consideração.

A conversa estava ficando pesada e isso não terminaria em coisa boa, Christopher e Anahí tem temperamentos difíceis. Mas agora está explicado o motivo de Dulce está distante.

― Isso é falta de maturidade dela, porque ela sabia que isso aconteceria. Não tem nada a ver o que está dizendo Annie.

― Você a conheceu assim, sabe que ela nunca teve maturidade.

― Está bom, já chega desse papo. Valeu Annie, pelo recado. – interferi, para que não tornasse uma confusão maior e dividisse novamente o grupo no último dia.

Voltamos a turma e estavam todos lá, o que só piorou a situação, Diego e Eddy combinavam de visitar Zoraida e Angelique em Goiânia e não foi possível não notar a forma como Dulce ficou cabisbaixa, porque estavam todos fazendo planos para continuarem juntos, menos Christopher e eu, porque éramos conscientes que é melhor não iludir, não dá expectativa – porque por/ra Campinas é quase 900km de Goiânia, e ninguém tem dinheiro suficiente para ir e vir de avião todo mês.

A noite era o show mais esperado de todo Porto Seguro, o show do Mr.Catra aquele cara é épico. Chegamos cedo e toda frente do palco estava lotado.

― A voz desse cara é muito escrota. – comentou Eddy.

― O show é ainda mais. – acrescentou Sebastian. ― Observem e entenderão o que estou dizendo.

― Quantos dele já foi mocinho? – perguntou Alessandra.

― Uns mil, e foi melhor não ficarmos lá no pé. – disse Sebastian, aos risos.

Mesmo evitando assuntos para não dividir o grupo, não adiantou muita coisa. Dulce estava bebendo parece que era seu último dia de vida, e estava dançando até o chão com esse short minúsculo e os caras que passavam quase todos paravam ao seu redor.

― É melhor tomar um pouco o copo dela. – disse Maitê, a mais sensata das amigas da Dulce.

― De jeito nenhum. – puxou Angelique. ― É o último dia, e ela merece.

― Mas ela não comeu nada o dia inteiro, não perceberam no café? – questionou Maitê.

Quando vi Dulce dançando com dois caras segurando sua cintura, imediatamente olhei para Christopher que estava ao lado de Diego, cuspindo fogo pelas narinas.

― Tenha paciência cara. – pedia Diego. ― É o ultimo dia.

― Se eu ficar mais um segundo aqui, eu vou explodir e ainda vou matá-la ali mesmo.

― Por/ra Ucker, cadê seu autocontrole? – provoquei, na tentativa falha de instiga-lo a ficar quieto.

― Car/alho! – gritou Christopher. ― Está impossível.

E antes que pudesse segura-lo, Christopher tirou a camisa jogando o copo ao chão e saiu no meio da multidão, esbarrando no grupo.

― Porque eles têm que ser os mais complicados? – brincou Christian, entendendo a situação e todos riram.

Ninguém conseguia entender o motivo deles estarem agindo assim como duas crianças, nem todos ali ficariam juntos depois de Porto e continuavam a curtir como se não houvesse amanhã porque isso é atitude inteligente, não fui atrás da Annie porque ela me culpava pelo o jeito de Christopher, como se fosse possível colocar algo na cabeça daquele cara. O show do Catra não terminou tão tarde quanto gostaríamos, e seguimos para o hall do hotel para nos trocarmos para a festa a fantasia.

― Dulce, você tem que comer alguma coisa. – insistia Maitê.

― Não vou comer po/rra nenhuma, eu quero é beber Maitê, não enche. – dizia Dulce.

― Não fique chateada com ela. – pediu Christian.

― Não, eu conheço Dulce não é de hoje, sei o que está acontecendo e isso me preocupa tanto.

DULCE MARIA

Para muitos eu não estava lucida, estava bêbada e passando dos limites. Mas eu não estava, era o último dia e não pretendia estragar passando vexame na frente de toda galera, bebi o suficiente para ficar feliz, fora que a adrenalina de dançar e todos aqueles caras me desejando fazia o álcool se despedir mais rápido do meu organismo. O show do Catra foi surreal, nunca havia ido porque em Goiânia era necessário ser maior idade, resumindo sempre dava bronca para ir.

― Vocês estão lindas. – elogiou Diego, ao nos ver fantasiada.

Não estava animada para festa fantasiada, os monitores quem haviam escolhido as nossas fantasias e estavam todos vestidos como um casal, inclusive Christopher e eu, e isso não tinha nada a ver, não tinha mais coerência, deixava o clima ainda mais pesado.

― Vou buscar uma bebida.

― Dulce! – gritava Anahí ― Ela vai...

― Sim, ela vai sumir. – brincou Angelique.

A festa era uma das mais esperadas para metade da galera que estava em Porto, haviam prêmios e danças criativas, mas nada daquilo me interessava, queria dançar funk, porque aprendi a poucos minutos e é uma dança envolvente – irei aderir o funk a minha playlist.

― Para com isso! – esbravejou Christopher, puxando-me e jogando-me contra a parede.

Senti minha cabeça latejar pelo impulso, mas não tinha nada a reclamar, meu coração estava acelerado ao ver aquele corpo suado a minha frente, as pessoas passavam e queriam ouvir ou entender o que estava acontecendo – todo mundo gosta de um show aqui.

― Fica comigo Dulce. – aproximou-se seu hálito quente e de hortelã próximo a minha orelha, e senti um breve arrepio. ― Era para estarmos aproveitando cada milésimo de segundo...

― Me larga. – murmurei, a razão dizia algo e meu coração pulsava por outra coisa.

― Não vou conseguir esquecer você, por favor, fica comigo, preciso de você, está torturante te ver assim e não poder te tocar, cara/lho sinto meu membro pulsar só por estarmos próximos e só você faz isso comigo...

A cada palavra maldita que Christopher deixava escapar dos seus lábios, meu coração chorava porque essa era a minha vontade, era por siso que esperei o dia inteiro e ele não fez, e só agora finalmente ele se tocou do que eu precisava. Fomos interrompidos com a galera vaiando e começamos a rir juntos, escondi-me no pescoço dele envergonhada e ficamos o resto da noite juntos.