Fanfic: Porto Seguro | Tema: Vondy; Ponny; Chaverroni

CHRISTOPHER UCKERMANN

Na primeira semana depois que Dulce foi embora os meninos continuaram com raiva e chateados comigo, tentava amenizar, mas não me davam muita trela quando tocava sobre qualquer tipo de assunto. Esperei pelo o primeiro final de semana como se esperava por tudo que mais deseja, estar em cima do palco cantando é a única coisa que tem me feito esquecer dos últimos acontecimentos infernais da minha vida. E o final de semana passou, o show salvou a minha amizade com os meus Brothers – eles digam assim voltaram ao normal.

— Finalmente estou de férias. – disse Eddy, sentando-se no banco do pub após o show.

— Não entendo porque o Dom Barreto não segue o exemplo do Anglo. – resmunguei.

— Cara, mas lá eles têm mais aulas integrais do que a gente. – acrescentou Poncho.

— Feliz que Karla esteja de férias, assim ela fica mais tempo comigo. – comemorou Jack.

— Se você não reprovar de ano, meu caro amigo Jack. – lembrou Diego.

— Que nada, 3º ano ninguém reprova. – disse Jack.

— Não sei onde esse cara viu essa história. – e rimos juntos. — Falei com os cariocas, estão ansiosos pelo o show no Rio.

— Não sabia que iam para o Rio. – disse Eddy. — Vocês são uns put/os nem conta as novidades.

— Não é certeza ainda, falta uns pontos do contrato, mas ouvi por alto o papai no telefone.

A empolgação foi sem tamanho, sair de Campinas era tudo que desejávamos para nossa banda, não tínhamos muito tempo na área, mas desejávamos mais que podíamos mesmo com o seu Victor pedindo paciência e cautela, que a ambição nem sempre termina com bons resultados.

— Ucker, tem que ver isso cara, tem o vestibular agora final de ano. – acrescentou Diego, sempre preocupado com pequenas coisas.

— Falando nisso, a Angel vem né? – perguntou Eddy.

E minha mente fechou, sempre que eles falavam de alguém ou algo sobre Goiânia ou alguma resenha do Christian, preferia fechar a minha mente porque a coisa mais difícil na semana era não perguntar nada sobre Dulce, sobre a família dela, ou falar sobre algo relacionado a Porto. Sai das proximidades deles e segui em direção a Belinda que conversava com umas amigas já tinha alguns minutos.

— Vamos, estou cansado. – pedi.

— Não seja mal-educado, cumprimente as minhas amigas.

— Olá, beleza? – voltei a olhar para ela. — Podemos ir, estou mandando não é um pedido.

E sai puxando-a para fora do pub sem olhar de volta aos meus amigos. Belinda era a minha distração completa para fugir desses assuntos, algumas vezes achei que ela havia percebido quando eu fazia isso, porque as vezes ela estava na roda e quando percebia que iam entrar no assunto: Goiânia, inventava qualquer desculpa para sairmos de perto. Ela desconfiou mas aleguei que não queria brigar com ela ou que ela ficasse incomodada, tudo mentira, porque estou pouco fode/ndo-me para o que ela sente em relação a Porto ou Goiânia.

**

Domingo sempre íamos para casa de alguma tia almoçar ou para a casa da vovó, mas desde que cheguei de Porto que a mamãe tem evitado ir a qualquer encontro familiar. O que me deixou com a manhã livre para bater uma bolinha com os meninos no condomínio, porque sempre era proibido, segundo dona Marie domingo é sagrado para a família.

— Mãe, olha. – dizia Rafaela, mostrando uma foto a mamãe.

Acabei de chegar do baba, estou tirando as chuteiras e muito cansado para seguir até o quarto.

— São os exames da Dulce. – acrescentou Rafaela. — Ela me mandou essa foto sexta, esqueci de mostrar.

Meu coração trepidava, congelada e minha mente que deveriam querer evitar ouvir esse assunto, faz-me fingir este concentrado na televisão, quando na verdade o som está tão baixo que mal posso entender as palavras do apresentador.

— Ela me mandou um vídeo com os batimentos cardíaco, chorei emocionada. – acrescentou Victoria, que parecia ainda não ter percebido a minha presença, uma vez que estava sentada de costas na sala.

— Já sabem se é menino ou menina? – perguntou Marie, saindo com uma bandeja na cozinha.

— Não, mas ela...

Não quis ouvir mais nada, calcei a sandália que tinha próximo a porta e bati-a com força. Estava irritado, está a 3ª semana que chego em casa e pego conversas das minhas irmãs falando sobre Dulce e a empolgação sobre serem tias, sobre pesquisarem nomes ou qualquer coisa do tipo. Dulce só pode ter feito para me provocar, vi que saiu do grupo já tem 1 mês e se ela achou que iria atrás dela, ela se enganou muito feio. E segui como de costume para o bar que tem mais próximo do condomínio, não era um bar que costumo ir, é um boteco pequeno, me que metade dos clientes fumam dentro do estabelecimento e jogam sinuca apostado. Comecei com uma dose de whisky, depois uma de Ypioca, e depois disso...

— Pu/ta merda de novo. – ouvia a voz distante do Jack. — Desculpa aê sr Zeca.

— Porque ligou para eles? – gaguejei.

— Cala a boca seu merda. – disse Poncho, carregando-me com a ajuda de Jack para o carro. — Disse a sua mãe que estava na minha casa, ela não conseguiu falar com você, estava preocupada veja que hora são.

— Fo/da-se.

— Fo/da-se você, era isso que deveríamos deixar você fazer. – disse Jack, em tom irritado.

O balançado do carro estava deixando-me enjoado.

— Ucker essa é a milésima vez que viemos te buscar nessa merda de bar cara, que por/ra é que está acontecendo? – perguntou Jack.

— Esse cara não sabe nem quem somos nos Jack, não é hora. – pedia Poncho.

— Mas por/ra, desde quando viramos salva vidas dele?

— Se continuar reclamando, chamo o Diego dá próxima vez.

E lá estava eu mais uma vez jogado no sofá da casa do Poncho, pela milésima vez sim nos últimos dias.

**

Hoje é domingo e mais uma vez estou acordando no sofá da casa do Poncho, meu melhor amigo. Como cheguei aqui? Não me lembro, tudo que me lembro foi o momento em que sai de casa em um sábado tedioso e segui fazendo amizade com cada grupinho das boates que andei, quase toda a grana que ganhei com a banda nos últimos meses estavam sendo gastas com cachaça, na minha casa dona Marie e seu Victor já não reclamavam mais, disseram que quando estivesse no fundo do poço eu poderia acordar ou não.

— Finalmente belo adormecido. – brincou Eddy.

E ainda racionando que horas eram, estavam todos ali preparando o almoço de domingo que a galera sempre fazia e que nos últimos meses não me fiz presente. Cheguei de fininho ao ouvir vozes femininas quando só tinha Karla no balcão da cozinha. E claro, a voz irreconhecível de Dulce saia do som daquele maldito computador, a cabeça que já lateja com a ressaca latejava ainda mais forte com o peso da consciência. Era engraçado ver essa amizade entre Dulce, Maitê, Annie e Karla elas se odiavam em Porto Seguro e ri internamente mesmo com muita dor. O assunto ainda não sabia qual era exatamente, pelo o que enxergo daqui Dulce está deitada e sua barriga já me parece bem maior do que a última vez que esteve aqui, Anahí acabara de contar sobre os desejos exotéricos que Dulce tem com algumas refeições e que o pior de todos fora feijão com algo desconhecido e todas riram.

— Olha só quem acordou. – gritou Diego, descendo as escadas, fazendo com que Karla fechasse a tela do computador imediatamente.

Encarei Diego irritado por ser tão idiota, era perceptível que estava escondido observando a conversa das garotas, mas desde aquela noite em que Dulce foi embora, que ele e Poncho fizeram de tudo para que eu de fato soubesse o mínimo possível sobre a gravidez de Dulce. Estava tudo pronto para a festa da tarde na casa do Poncho, inclusive até mesmo Belinda estava ali, investigando a todos para saber onde estive na noite passada uma vez que não teve show esse final de semana. Mas ninguém falava nada, todos estavam concentrados em algum assunto ou tirando alguma resenha, mas desde há algumas horas atrás que estou agoniado.

— Karla! – a puxei, quando a vi entrando na sala da casa do Poncho. — Preciso saber como ela está.

— Ela quem? – provocou Karla, olhando para Belinda no jardim.

E continuei em silêncio respirando fundo.

— Não posso dizer, foi uma exigência dela, e já vacilei com ela uma vez.

Pisei fundo no chão soltando Karla que ria satisfeita com a minha irritação. O meu orgulho não me deixou saber nada absolutamente nada dela nos últimos tempos, mas o álcool correndo nas veias falou mais alto, era por esse motivo que não estava saindo para beber com pessoas próximas, que sempre preferia sair sozinho em busca de algum mané que pudesse me ouvir no meio da cachaça e que não iria fazer a menor ideia do que estava falando.

— O que houve? – perguntou Jack, ao ver Christopher pegando as chaves.

— Para onde ele vai? – questionou Poncho, preocupado.

— Ele perguntou de Dulce e não respondi, só isso que houve. – respondeu Karla, e todos olharam de imediato para Belinda que acabara de jogar um copo ao chão.