Fanfic: Não mereço você | Tema: Vondy

Acenei para o navio que se afastava do porto. Meus pais finalmente embarcaram em uma viagem de férias. Minha cabeça lateja levemente pela noite mal dormida, parece que o casal uckermann chegou animados demais. Pelo menos dessa vez ela transava com o marido.

-Irmã.- olhei Claudia que tocava-me o ombro.- almoça comigo ?

Concordei... faria um tempo que não temos um momento apenas de irmãs.

Decidimos ir em um restaurante no porto.O comércio é tão diversificados, um perigo para uma mulher que precisa controlar os gastos depois da mudança.

-Saudades das viagens em família.

O comentário de Bianca fez-me lembrar das ferias maravilhosas que papai insistia em nos levar. Para variar deve estar sendo maravilhoso não ter que se preocupar se alguma filha está sóbria ou se fugiu. Não fomos muito fáceis.

- Conheci um cara.- o sorriso enorme na cara de Bianca nos fez rir.- o que? Dessa vez é sério!

Ela tem dedo podre para homens literalmente e a cada vez que vem com “Conheci um cara” no final tínhamos que fazer uma noite das garotas onde comíamos chocolate e chorávamos assistindo um romance dramático. 

- é você Dulce, algum carinha??- Claudia indagou depois de um ralado completo do tal “Cara”

-Ninguém em especial.- murmurei mexendo na sobremesa de morango.

-Dulce.- as duas falaram juntas.

Odeio a forma que me conhecem. Não sei mentir e nem ocultar as coisas isso me torna um livro aberto, na infância isso rendeu muitos conflitos.

-Tem um homem. Ele é legal.

Ergueram as sobrancelhas.

-Muito bonito, tem o sorriso mais perfeito que já vi na vida.

-mas??- olhei Claudia.

-Mas nada.

As duas se entreolharam e não voltaram a comentar nada.

Passamos a tarde no porto. Vendo as diversidades e comprando também. Devo ter saído vários dólares mais falida.

Na volta para casa. Meu celular tocou iria ignorar mas vi a foto de May fazendo uma careta.

-Alô.- coloquei o telefone Entre a orelha e o ombro.

-Dulce.- fungou.- Pode me cobrir hoje?

A voz chorosa e os soluços que Ainda ecoavam mesmo que não estivesse derramando as lágrimas.

-Claro.- Desacelerei em um cruzamento.- é o seu pai?

-Sim.

Não fiz perguntas e ela não falou. Despedi-me desejando melhoras e dizendo que tudo iria dar certo. 

O amor que May sente pelo pai é uma coisa monstruosa. Quando pequena a mãe a abandonou para fugir com um homem mais jovem, cruzaram a fronteira sem nada mas o senhor Perroni lutou dia após dia para dar uma vida melhor para os dois e Ainda conseguia tempo para ser um pai carinhoso. Aproveitou poucos meses da aposentadoria e logo descobriu o câncer.  

Antes de entrar no vestiário para trocar de roupa. Passei pela ala de oncologia. Meu coração acelerou conforme fui me aproximando do quarto do seu José.

A cena que vi partiu meu coração em minúsculos pedaços. May deitada ao lado do pai na cama do hospital, o rosto vermelho e as pálpebras inchadas. Quando aproximei-me os olhos Dela abriram e pude ver a vermelhidão rodeando sua Iris escura.

Olhei para o senhor dormindo tranquilamente. Recordando os dias que ele passará brincando comigo e May. 

-Não quero perder ele.- as lágrimas grossas rolando pelo rosto pálido. Correu para abraçar-me.

-Shi.- a apertei como que isso pudesse fazer diminuir a dor.

-Eu não tenho ninguém além dele Dulce.

A afastei apenas para poder olhar em seus olhos.

-Nunca, Nunca mais diga isso!! Você tem a mim. Lembra o que costumavam dizer quando crianças ?? Somos irmãs. Você pode não ter duas mães mas tem dois pais, um mãe e três irmãs.

Voltei a apertar em meus braços, crescemos juntas passávamos o momentos especiais juntos e nada nesse mundo vai me fazer deixar essa garota sozinha. Tentei não chorar mas assim que afastei-me de May, as lágrimas rolaram sem piedade.