Fanfic: Não mereço você | Tema: Vondy

Morar sozinha não é algo tão especial como imaginei, faz uma semana desde minha mudança e descobri que depois de cada turno, tenho que me virar para não passar fome. Estou em 1° lugar na listinha de clientes de pelo menos três restaurantes pela redondezas. 

   May, uma das minhas colegas de trabalho está passando por um momento difícil, o pai está nas ultimas do câncer de pulmão e isso acaba mudando nossas escalas frequentemente. sei que se sente mal em estar pedindo tantos favores para todas as enfermeiras do setor. tive a melhor das intenções mas isso me custou meus pés. Mal acredito que fiz dois turnos de 36 horas direto, normalmente fazemos apenas um turno tão longo na semana.

Larguei as chaves em um dos ganchos da entrada, meu corpo todo dolorida. Suspirei pronta para larga-me no sofá quando alguém tocou a campainha, alguém que ira morrer. poderia ser uma pessoa importante já que nem suas amigas mais próximas tiveram oportunidades de fazer uma visita rápida.

Abri a porta branca com a expressão mais tranquila que as aulas de teatro do colégio poderia proporcionar.  Meu queixo foi ao chão, o vizinho cozinheiro.

Não deu para vigiar a vida alheia desde que me mudei e naquele dia estava longe o suficiente para não enxergar seu rosto. rosto aristocrata, boca rosada em linha reta, nariz levemente pontudo, olhos escuros e marcantes. Acho que estou apaixonada.

-Oi.- Pronunciou com um sorriso enorme. Dentes brancos e retos como se fizesse propaganda de creme dental e tem um hálito perfeito.

Passei as mãos pelos cabelos preso em um coque rígido, uns fios soltos que deve está dando-me um ar de descabelada, as olheiras que brotam em meu rosto sempre que trabalho tanto e o bafo que com certeza devo está.

-Oi. - Murmurei, envergonhada pelo estado constrangedor que devo me encontrar nesse momento.

-Sou Christopher.-Estendeu a mão, que apertei depois de parecendo uma idiota apenas encarando a mão.

-Seu vizinho.-Apontou com a cabeça para a casa ao lado, nesse instante que percebi que ainda monopolizava a mão dele. soltei-a imediatamente. Na outra mão segurava uma vasilha.

-Dulce. - Se foi um sacrifício para mim ouvir minha própria voz imagine para ele.

-Dulce.- Repetiu como que para testar a dicção. Meu nome ficou tão lindo nessa boca rosada. - Tentei vim antes para dar as boas vindas mas parece que nunca está em casa.

Corei e me amaldiçoei por isso. Faz tantos anos que não fico com as maçãs do rosto vermelhas que sinto-me uma idiota. Corei mais ainda ao notar que o mesmo esperava uma resposta da minha parte.

-Muito trabalho.- Sorri sem mostrar os dentes.

-Entendo.

Ficamos em um silêncio muito constrangedor. tentei pensar em outras coisas que não fosse a lembrança do peitoral bem definido dele que não saia  da minha cabeça desde que o encontrei parado na minha porta.

-Trouxe isso para você.

Estendeu a vasilha finalmente quebrando o silêncio.

-Não precisava.

Por favor que seja comida, se eu continuar comprando em restaurantes ficarei sem nenhuma grana antes do final do mês.

-São panquecas.- avisou e pude respirar aliviada.- tem de vários sabores não sabia de qual gostava.

-Obrigada, foi muito atencioso da sua parte.- não consegui evitar um sorriso.

-Não foi nada. Gosto de cozinhar para muitas pessoas mas lá em casa somos apenas eu e minha esposa!

Eu sabia deus, um homem tão lindo só poderia ser casado. Sorri mas deve ter parecido que estava com dor de barriga.

-Eu vi um vespeiro na sua varanda.

Aí droga, se eu gastar mais um pouco vou entrar em falência.

-Sei como uma casa nova gasta então se quiser posso resolver isso para você. – Sorriu.

-Não quero incomodar.

-Não vai ser um incômodo.- sorriu. Esse homem não para de sorrir nem por um minuto.

-Christopher.- a voz fina e delicada saiu da casa ao lado.

-Bom, essa é minha esposa!!- sorriu- preciso ir. Boas vindas.

Fechei a porta e corri para a janela da sala pude ver Christopher entrar em casa mas não consegui ver a mulher.

Abri a vasilha e senti-me seduzida por um aroma tão delicioso, exatamente como no outro dia.