Fanfic: Não mereço você | Tema: Vondy

Nos despedíamos, não percebi como o tempo passará rápido e nem aproveitei o momento familiar. Dera alguns míseros passos quando, Fernando chamara-me.
-Está bem querida?? Esteve distraída durante todo o almoço.

Tocou em meu rosto.... não se lembro de ter sentido tanta falta do carinho do meu pai. Meu Porto Seguro esteve tanto tempo longe que agora que o tenho tão perto, sinto-me estranha. Em alguns momentos só tenho vontade de correr para seus braços e chorar exatamente como fazia quando pequena.

-Estou sim, Papai.- deixei meu rosto tombar para aproveita a carícia em meu rosto.

-Sabe que pode contar comigo??- assenti.- Essa mania de guardar para sí não lhe faz bem.

-Papai.- repreendi.

Sabia onde essa conversa levaria, enquanto minhas irmãs sentiam alguma coisa e elas gritavam para o mundo mas eu?? Sentava-me num canto e ficava pensativa, Papai afirmara que “ guardar emoções faz mal para o coração”essa frase nunca fizera tão sentido.

-Está bem mas lembre-se que quando precisar estarei lá .- piscou um olho.

O beijo em meu rosto fez-me fechar os olhos com a sensação aconchegante que dominou cada centímetro do meu corpo. Se despedirá e caminhou até o carro, preciso passar na farmácia para que a intuição masculina daquele indivíduo não acerte.
Tantas coisas para resolver em minha vida que só sinto vontade de sentar-me e comer soverte, um pote de soverte, sozinha. Quando foi que perdi o controle da minha vida??
A farmácia se encontrava vazia como um deserto exceto pela caixa grávida, distraiu-se olhando a volumosa barriga como um psicopata só notara a garfe quando a moça segurará o abdômen com força.
Posso dizer que senti um pequeno desapontamento quando cheguei em casa e estava sozinha. Sentimento de perda, ignorando totalmente o fato dele ter ido embora ontem.
Encarando meu reflexo passei as mãos pelo meu rosto, o que está acontecendo comigo?? Suspirei. Peguei a pílula e a segurei.... suspirando engoli, pegando um pouco de água com a mão em concha coloquei sob a boca e engoli, aproveitando para molhar o rosto.
O toc toc vindo lá de baixo tirou-me do transe. Prendi os cabelos em um rabo de cavalo e desci as escadas correndo, a única pessoa que me visita e a Zora, pelo menos era assim antes Dela arrumar amigos. Abri a porta com um sorriso e franzi o semblante ao ver dona Hilda, torcendo as mãos.

-Querida.- cumprimentei-a com beijinhos em sua face enrugada.

-Quer entrar??- ofereci já dando passagem.

-Não, não querida. Preciso que faça-me um favor.

-Pode falar.- que tipo de favor uma senhora pode fazer?? Aliás não estou fazendo nada demais e será bom distrair-me.

-Como você sabe... Zora tem 14 anos.- começou a andar de um lado para o outro.- rum... e está descobrindo o corpo. Tentei conversar com ela mas acho que aceitaria se isso Viesse de uma pessoa mais jovem.

-Quer que eu fale com ela....- deixei-a dar continuação.

-A primeira menstruação e sexo.- direta.

-Acho que posso fazer isso.- dona Hilda suspirou.

-Obrigada.- sorri-lhe. Já fechando a porta.

-Essa situação faz-me lembrar de minha Angela.

No curto caminho até a casa da senhora, pude perceber como a neta fazia-a lembrar da própria filha, tendo que reviver tudo novamente trazia a saudade mais intensamente. A primeira menstruação de Zora acontecerá na escola, hoje pela manhã. Um pouco tarde mas dona Hilda afirmou que fora assim mesmo com a mãe.
Dei duas batidas na porta com fitas escritas “ não Entre”

-Tá aberta.- assim que empurrei a porta pude ver a menina sentada na cama escrevendo no que me pareceu seu diário da ela forma rápida na qual escondeu debaixo do travesseiro.

-Zora, sua vó pediu que conversássemos.- expliquei sentando-me na beirada de sua cama.

-Eu sei, ela tentou mas lembrou-se da mamãe e começou a se sentir mal.- abaixou o olhar.
Alisei o cabelo castanho e olhando em seus olhos disse:

-Você agora é uma mocinha...

Expliquei exatamente como usar os absorventes , o que fazer quando sentir cólicas, quais roupas usar ou evitar quando estiver nesse período. Nessa parte a conversa fluiu normalmente, Zora fizera algumas perguntas totalmente envergonhada e eu responderá.
O bicho pegou foi na hora de falar de sexo.

-Funciona como uma maçaneta. O menino tem a chave .- gesticulei com uma mão.- e você tem a fechadura.- gesticulei com a outra mão.- na na na. – gaguejei- na hora...

-Dulce.- riu.- eu sei como funciona.

-Então por que me deixou começar a explicar??

-Estava engraçado.- soltou uma risada, joguei-lhe um travesseiro.
Paramos com as risadas ao poucos, segurei-lhes as mãos.

-Se precisar saber de qualquer coisa, me procure.

-Está bem!!

A perda repentina de Angela Ainda afeta tanto a neta quanto a vó. Pelo o que entendi Zora é um retrato fiel da mãe, imagino o quanto isso deve mexer com dona Hilda. Mesmo depois de ter dado minha “missão” por encerrado permaneci naquela casa pelo resto da tarde entre conversas, biscoitinhos e chá. Apesar do convite para ficar para o jantar, recusei. Desejando apenas deitar-se e se preparar para o dia de trabalho árduo que terei pela manhã.
Notei a discussão acalorada ocorrendo no quintal dos uckermann.
Belinda gritava e esmurrava o peitoral de Christopher. Ele foi o primeiro a notar meus passos e olhou-me seguido da bruxa que fuzilou-me. Segui meu caminho sem encara-los.
-Por causa dessa mulherzinha que não me quer mais??
Pude ouvir e naquela hora meu coração acelerou.