Fanfic: Não mereço você | Tema: Vondy

-Mamãe, me desculpe!!

 O almoço em família foi transferido para três dias antes e fui a ultima a saber, informaram-me pela manhã, mesmo se tivesse sido avisado antes teria se atrasado e um dom da minha personalidade. Uma ironia do destino já que mamãe odeia atrasos. Acordei com as energias totalmente renovadas, Tirei pó dos móveis e dei uma geral completa na minha casa.

-Já estou chegando.- Menti tentando amenizar a fúria de dona Blanca.

-Liguei para sua casa.

 Nunca fui boa em mentir pessoalmente. Mas pelo menos ao telefone onde ninguém poderia ver minha face que entregava-me sempre. Realmente parece que a manhã que começou tão motivadora está iniciando uma decadência promissora.

-Preciso ir.

-Dulce Maria.....

-Quanto mais rápido sair de casa mais rápido chego aí.- interrompi-a antes que começasse um sermão.

-Ande logo.- Desliguei.

Caminhei apressada pelo gramado verde, preciso plantar flores. Algumas crianças andavam de bicicleta pela rua depois da escola. Zoraida estava sentada na escada de sua casa mexendo no celular, o aparelho em alguns dias começaria a fazer parte do corpo da menina. Algo nela deixava-me curiosa, nesse curto  período nunca há vi com amiguinhas.

-Dulce.

Estremeci ao ouvir a voz rouca pronunciar meu nome exatamente como na primeira vez que nos encontramos, os pelos de minha pele arrepiado. Virei-me, como se fosse possível encontrava-se mais bonito, calça jeans surrada e camiseta. Um estilo tão casual mas que ficará tão perfeito no corpo dele.

-Olá vizinho.- sorri.-Como vai?

-Bem, obrigada.- coçou a nuca parecendo envergonhado.- Não sei se percebeu mas a janela do seu quarto é de frente para minha.

Apontou, Ficando com as bochechas rosadas. 

-De fato não tinha reparo.- Balancei a cabeça dando ênfase no que falei.

- Quando for trocar de roupa.- coçou a nuca.- Poderia fecha-la.

-Oh meu Deus.- senti meu rosto esquentar.- então ontem??

-Sim.- Passou a mão pelo rosto e dirigiu o olhar para o chão.

Fiquei sem palavras, ele vira-me trocar de roupa.

-Sinto muito. Tomarei mais cuidado.- Minha voz saiu baixa.

-Obrigado.-afastou-se com as mãos no bolso do jeans.

O homem parecia mais constrangido que eu e se fosse possível talvez realmente estivesse, entrei no carro Ainda atordoada pela vergonha. Quase não consigo achar as chaves.

-Finalmente chegou.- o grito de Bianca fez-me despertar de meus pensamentos.

-Atrasada como sempre.- mostrei a língua para a alfinetada de Claudia. Beijei a bochecha do papai e da mamãe. 

-Meninas.- Dona Blanca repreendeu, temendo uma discussão.

-Eu e a mãe de vocês iremos viajar.- papai anunciou curto e grosso.

-Fernando.- cutucou o marido.- iriamos contar no fim no almoço.

-Nossos que somos os pais delas.

Ri do pequeno desentendimento que se iniciou. Na adolescência acreditei que eles se separariam, por se “ desentenderem” por tudo e a qualquer momento. O amor ficava evidente para qualquer um que olhassem os dois. Sorri para Clara, a menina entrará de fininho pela porta da cozinha que dava para o quintal em busca de um novo biscoito.