Fanfics Brasil - Capítulo 1 A promessa da rosa

Fanfic: A promessa da rosa | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 1

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ESTOU REPOSTANDO ESSA PRIMEIRA ADAPTAÇÃO,  QUE FIZ, ESPERO QUE GOSTEM




 



  Cercanias de Carlisle, 1093        



 Maite não pôde evitar sorrir enquanto saía a toda pressa do castelo, com cuidado de que não a vissem. Aquele seria seu primeiro encontro com seu prometido e a emoção a embargava.    



Tinha mudado sua fina túnica com jóias incrustadas nas mangas, por uma áspera regata de lã como as que utilizavam os camponeses. Em lugar da faixa dourado pôs um cinturão de couro trançado. E também substituiu seus sapatos bicudos de seda por uns tamancos de madeira. Tinha sido o suficientemente inteligente para tomar emprestados um par de meias três-quartos de lã grossa da leiteira, e um véu de linho velho cobria seu cabelo loiro. Embora fosse encontrar com seu futuro marido, um encontro clandestino era algo absolutamente impensável para qualquer dama, e muito mais para ela, assim estava decidida que não a descobrissem.    



O sorriso de Maite ampliou. Estava imersa na visão de seu prometido estreitando-a entre seus braços para lhe dar o primeiro beijo de sua vida. Seu matrimônio se celebraria por razões políticas, é obvio, assim era consciente da sorte que tinha por ter se apaixonado por Derick James, o homem designado para casar com ela e que o conhecia desde a infância.    



O som de uma conversação fez que a jovem diminuísse o passo. Durante um instante acreditou que Derick tinha companhia, mas então percebeu que aquelas vozes não falavam em gaélico nem em inglês. Contendo um gemido de medo, correu e se escondeu depois do tronco de um grande carvalho agachando sobre a erva. Olhou a seu redor, e durante um instante foi incapaz de se mover, paralisada pela incredulidade.    



Um grupo de soldados normandos ocupava a clareira que havia diante dela.    



A jovem se agachou ainda mais. O coração golpeava contra as costelas e todos os pensamentos sobre seu encontro com Derick voaram.    



Se tivesse dado só um passo mais para sair do bosque em direção a clareira, teria entrado diretamente em um acampamento inimigo!    



Tinha medo inclusive de se mover. Seu pai sempre a tinha considerado uma pessoa muito inteligente, e agora utilizava essa inteligência para chegar a suas próprias conclusões. O que faziam uns soldados normandos em chão escocês? Estariam sabendo das bodas do herdeiro de Liddel, que ia celebrar no dia seguinte? Liddel era um posto fronteiriço importante para seu pai, Malcolm, que dominava Carlisle e aquela zona da fronteira na Escócia, pondo-a a salvo dos ambiciosos e traiçoeiros normandos. A paz reinava naquelas terras desde que o rei escocês jurasse fidelidade uma vez mais ao rei normando, Cristian o Vermelho em Abernathy, fazia dois anos. Então, teriam descoberto quão normandos Liddel estaria imerso nas celebrações das bodas e, portanto poderiam acampar sem ser vistos e espiar... ou algo pior? Maite sentiu uma onda de raiva.



Devia informar imediatamente seu pai.    



Os joelhos começaram a doer por ter estado escondida, assim que se levantou ligeiramente para olhar novamente os normandos. Estavam montando um acampamento apesar de que ainda faltavam várias horas para que escurecesse. Ao observar o grupo de homens que tinha diante, Maite entendeu imediatamente a razão de tudo aquilo. Um dos normandos estava ferido em uma perna e dois cavalheiros o ajudavam a desmontar de sua cadeira. A jovem não podia suportar a visão do sangue, mas não afastou o olhar. Não podia. Estava vendo um homem que só tinha visto uma vez, mas cuja lembrança queimava sua alma. De repente sentiu que custava muito trabalho respirar. Sentia como se tivesse uma laje nos pulmões e a boca tinha secado. Se ao menos tivesse podido esquecê-lo... Dois anos atrás, em Abernathy, aquele homem estava atrás do seu malvado rei, Cristian, destacando por cima da cabeça loira do monarca. Seu rosto era uma máscara formada por duros e marcados rasgos, enquanto que seu rei se mostrava convencido. E debaixo de Cristian, de joelhos no pó, estava seu pai, Malcolm, rei da Escócia, obrigado a ponta de espada a jurar fidelidade ao rei da Inglaterra.    



Maite foi à única donzela presente. Tinha ido disfarçada, já que as mulheres não eram bem-vindas nesse tipo de eventos. Tratava-se de uma reunião de exércitos atrás de outro tento por parte de Malcolm de conquistar Northumberland. A jovem estava rodeada de grande parte do exército escocês, leal em sua totalidade a seu pai. Entretanto, seu número era ridículo em comparação com as forças que tinham diante, as mais brutais daquelas terras, as do conde de Northumberland. Aquele homem do qual não podia afastar a vista era o herdeiro bastardo do conde, Alfonso Herreira.    



Ele não se fixou em sua pequena figura naquele momento. Maite estava atrás de seu irmão, vestida como se fosse o pajem de Edgar, e cuidou muito de não atrair a atenção sobre ela. Não queria nem que sua própria família a reconhecesse, porque sem dúvida receberia mais uma bronca. Edgar tinha participado a contra gosto naquela aventura, conhecedor do muito que seu pai se zangaria por aquilo se chegasse, a saber.    



A jovem ficou cativada pelo herdeiro bastardo, e o olhou durante todo momento por cima do ombro de seu irmão. Em uma ocasião, seus olhares cruzaram por pura casualidade. O instante durou menos de um segundo.    



Enquanto contemplava agora o bastardo de Northumberland, Maite apertou os punhos. Era um dos piores inimigos de seu pai e esperava que aquela ferida arrancasse sua vida.    



Mas o normando não parecia estar às portas da morte. Embora a ferida devesse produzir muita dor e debilidade por causa da perda de sangue, sua expressão era muito parecida com a que tinha em Abernathy: dura e inescrutável. A jovem sabia que era desumano. Nunca tinha mostrado nenhuma clemência para os escoceses. Seria incapaz de sentir? Acaso era imune também à dor física?    



Tinham instalado uma grande tenda negra a campo aberto, e a bandeira de Northumberland ondeava já a seu lado. Era uma bandeira chamativa. Estava formada por três bandas diagonais em cores negra, branco e dourado, e no centro destacava uma rosa vermelha brilhante de caule curto.    



Maite observou como os cavalheiros que sujeitavam ao bastardo ajudavam-no a entrar na tenda. Assustada, desabou sobre o chão. Estava suando e tinha a boca completamente seca. Aquilo era pior, muito pior do que tinha parecido em princípio. Alfonso Herreira não só era desumano, mas também um grande militar, igual a seu pai, e sua valentia era legendária. Também era ambicioso. A impressionante ascensão da família partindo de uma base sem riquezas nem terras era bem conhecida, e todo o reino temia a ambição dos Herreira. O que estaria fazendo ali, na Escócia? A jovem era consciente de que devia retornar ao castelo e pedir audiência com seu pai. Mas estava atada de terror para se mover, já que se aqueles homens a descobriam seria uma catástrofe.    



Não poderia haver nada pior. Apesar de seu medo, tinha que se atrever a retroceder e se introduzir na espessura do bosque até que pudesse voltar a correr.    



Os homens do acampamento pareciam muito ocupados. Haviam desencilhado os cavalos para que pudessem comer e aceso um pequeno fogo sem fumaça. As espadas, as tochas de guerra, as lanças e os escudos estavam cuidadosamente colocados ao lado das cadeiras de couro. Tudo parecia indicar que se tratava de um grupo importante de guerreiros. Se não conseguia escapar nesse momento, teria que esperar que dormissem, e então haveria guardas apostos e vigiando.

     Maite sentou sobre seus calcanhares, negando a se deixar levar pelo medo. Um ramo rangeu quando mudou o peso do corpo, mas ninguém ouviu.    



Deixou escapar uma respiração profunda e deu um passo atrás sem afastar a vista do acampamento. Mas a sorte jogou em contrário já que naquele preciso instante levantou um pouco de ar que agitou os ramos de um carvalho por cima de sua cabeça. Maite ficou paralisada e rezou.    



Vários cavalheiros que havia perto do bosque, giraram e olharam em direção à árvore onde tinha estado escondida e a viram imediatamente. A jovem não necessitou mais estímulo. Levantou as saias e saiu correndo.    



— Pare! Pare agora mesmo, moça!    



Maite os escutou atravessar o bosque a toda velocidade enquanto corria quão rápido podia. Tinha crescido com seis irmãos e era uma boa corredora, mas não estava acostumada a aqueles tamancos tão toscos. Tropeçou de repente e foi cair sobre a erva. Antes de recuperar-se, ouviu como um homem ria. E quando conseguiu ficar em pé já o tinha em cima, com uma mão nas dobras da túnica e a outra na nuca.    



Ela gritou quando a atraiu para si, e tentou golpeá-lo na virilha. O homem escapou sem dificuldade e a imobilizou abraçando-a com força enquanto ria com seu companheiro de seus intentos de resistir.     Desesperada, Maite retorceu, mas em seguida ficou muito quieta e tentou recuperar o fôlego. Não havia maneira de escapar daquele cerco.    



— O que é isto? — Quando a olhou, os olhos de seu captor abriram de par em par e ficou em silêncio, igual a seu amigo.    



O véu tinha deslizado e podiam ver claramente suas feições. Os trovadores ambulantes cantavam com freqüência odes à princesa Maite e sua incomparável beleza. Tinha uma compleição miúda e perfeita, um nariz pequeno e ligeiramente arrebitado, as maçãs do rosto altas e um rosto intrigante em forma de coração, seus olhos eram verdes e amendoados, e seus lábios estavam delineados à perfeição.     Entretanto, Maite tinha claro que a beleza física carecia de importância. Sua mãe tinha inculcado aquela idéia desde que era pequena, assim nunca tinha importado seu aspecto até que Derick havia dito no dia anterior o quanto formosa era, e até que a capturaram aqueles dois cavalheiros normandos cujas intenções eram tão óbvias. A jovem tratou desesperadamente de pensar enquanto seus olhos felinos refletiam uma mescla de desafio e medo.    



— Olhem isto! Olhem o que encontrei no bosque! — Podia ler a satisfação no rosto de seu captor.    



— Will, encontramos os dois! É dos dois! — Protestou seu companheiro.    



Outros homens do acampamento tinham escutado os gritos femininos e começavam a se agrupar em torno do trio.    



— Normalmente não me importo em compartilhar, Guy, mas desta vez não o farei — replicou Will apertando com mais força os braços de sua prisioneira.    



Mas Maite já não se defendia. Não tinha sentido gastar energia, sobre tudo tendo em conta que precisaria conservar as forças para resistir a aqueles homens. Os dois cavalheiros começaram a discutir sobre sua sorte enquanto outra dúzia de homens os rodeavam, burlando-se e olhando-a com lascívia. A jovem começou a se desesperar e as bochechas arderam. Por desgraça, entendia perfeitamente o normando e não perdeu nenhum só de seus comentários obscenos. Angustiada, pensou com rapidez. Iriam a violar a menos que revelasse sua identidade. Mas se a revelava, manteriam-na como refém, o que suporia um grande custo para seu pai e para Escócia. Ambas as soluções eram inaceitáveis. Devia encontrar um meio termo.    



Um brilho apagado de prata chamou a atenção de Maite e dirigiu sua atenção a um cavalheiro que saía da tenda do bastardo e que se aproximava deles. Tanto Will como Guy guardaram silêncio enquanto aquele homem amadurecido abria passo a cotoveladas através do círculo de homens.    



— A que vem esta animação? Estão incomodando Alfonso. — Seus frios olhos cinza cravaram na jovem. — O que temos aqui? A diversão para esta noite?    



Maite já tinha tido suficiente.    



— Não servirei de entretenimento para gente como vocês! — Tinha decidido conservar o disfarce de aldeã o maior tempo possível, assim falou fazendo escorregar muito os res. — Porcos normandos!    



— Vamos, moça, você não gosta dos normandos? — O homem maior parecia estar se divertindo.



     — Odeio a todos! Vão para o inferno! — Espetou Maite. Estava tremendo por dentro, mas nunca manifestaria. Jogou uma olhada ao redor, e o coração deu um tombo ao ver que a entrada da tenda levantava de novo e dava passo a Alfonso Herreira.    



Ia coxeando e se apoiava pesadamente sobre um soldado. Tinha o rosto gasto pela dor e estava muito pálido, mas os olhos brilhavam e a observava com interesse.    



— O que ocorre? — Inquiriu dirigindo-se ao grupo.    



A jovem aspirou com força. Era mais alto do que recordava. Mais alto mais poderoso e mais aterrador. E estava quase nu, tirou a cota de malha e a maior parte da roupa. Tinha posto só uns calções, botas altas até a panturrilha e um tecido a modo de atadura na parte superior de uma de suas coxas.    



Seus olhares se cruzaram.    



Maite engoliu saliva. Tinha visto com antecedência as pernas nuas de um homem, é obvio, mas de homens escoceses decentemente vestidos, com suas saias à altura do joelho e suas meias altas. Ruborizada, afastou a vista com rapidez.    



— Ao parecer, Will capturou nosso jantar de hoje, Alfonso — comentou Neale, o homem mais velho.    



A jovem ficou tensa e elevou a vista. O olhar de Alfonso se converteu em escrutinador. Ela sentiu que o coração parava. Não gostava do modo em que a estava observando, e se sua intenção era acovardá-la... estava conseguindo. Zangada consigo mesma, devolveu um olhar furioso.    



— Me entregue ela, Neale — ordenou Alfonso antes de desaparecer dentro de sua tenda.    



O aludido soltou uma gargalhada surda, um som que era coerente com seu rosto coberto de cicatrizes de guerra e seus frios olhos cinza.    



— Parece que o senhor não está tão mal como aparenta. E acredito que pôs fim a sua discussão, moços.     Maite estava paralisada pelo significado das palavras de Alfonso Herreira, mas o comentário do velho cavalheiro a devolveu à vida.    



— Não! — Gritou.    



Apesar de seus protestos, Neale a agarrou pelo braço e a arrastou para a tenda. Maite era uma jovem miúda e esbelta, mas resistiu cravando os calcanhares, retorcendo-se, tentando com todas suas forças chutá-lo. Ele ignorou seus esforços e seguiu puxando-a com uma facilidade insultante.    



Escutaram várias risadas. Os homens encontravam muito divertida sua inútil resistência e seu iminente destino. A visão de Maite nublou com lágrimas enquanto escutava as brincadeiras obscenas que intercambiavam os homens. Não podia evitar entender o que estavam dizendo com tanta crueldade. Faziam referências gráficas ao poderio sexual e ao dote físico do homem ao qual iam entregá-la.    



— Certamente, o senhor a matará — brincou alguém finalmente.    



O terror se apoderou dela, mas já era muito tarde. Neale fez que entrasse na tenda.    



Dentro estava escuro. Maite cambaleou quando Neale a soltou, mas ele mesmo a sujeitou para evitar que caísse. Tremia e mal podia respirar enquanto seus olhos se acostumavam às sombras. Por fim o viu. Seu inimigo estava meio sentado em uma cama coberta de mantas de pele, apoiado sobre sua sela. Parecia um gigante na pequena tenda, e uma sensação de claustrofobia e iminente fatalidade se apoderou dela.     Alfonso se sentou um tanto.    



— Pode partir Neale.    



— Não! Não vá! — Suplicou a jovem. Mas o homem partiu. Então, aterrorizada, girou para Alfonso elevando suas pequenas mãos. — Não me toque!    



— Vêem aqui.    



Ela ficou paralisada. Suas palavras eram suaves, mas se tratava sem sombra de dúvida de uma ordem. O tipo de ordem que teria que obedecer automaticamente, mas tanto sua mente como seus pés estavam petrificados.    



— Mulher, venha aqui agora mesmo.    



Maite observou seu rosto. Não havia nada nele que confirmasse que seu destino fosse uma cruel e selvagem violação, um ato que, conforme tinha escutado no acampamento, podia matá-la. Entretanto, estava tremendo.    



Seus olhares voltaram a cruzar. Alfonso a observava com crescente impaciência.

     — O que quer de mim? — Conseguiu dizer.    



— O que acredita que quero? — Ele apertou os dentes. — Tenho dores. Venha aqui e cuide de minha perna como é devido. Agora.    



A jovem o olhou fixamente e logo experimentou uma sensação de alívio.    



— É isso tudo o que quer? — Não sabia se acreditava nele..    



— Estou acostumado a que me obedeçam imediatamente, mulher. Vêem aqui e faz o que a ensinaram a fazer — resmungou, apertando a mandíbula.    



Maite sabia que devia obedecer, porque estava claro que estava se enfurecendo. Mas se não chegasse a um acordo com ele naquele momento, quando ainda tinha uma pequena parcela de poder, não o faria nunca.    



— Atenderei-o de boa vontade se prometer me soltar sem me fazer dano quando tiver terminado.    



— Dou uma ordem... E você me vem com exigências? — Estava surpreso e não o disfarçava.    



Maite soube que não devia pressioná-lo mais, mas apesar de tudo, disse:    



— Sim, assim é.    



Alfonso sorriu. Foi um sorriso frio e perigoso que a aterrorizou e que não alcançou seus escuros e brilhantes olhos.    



— Poucos homens atreveram a me desobedecer, e menos ainda sobreviveram para ver a luz de um novo dia.    



Maite respirou fundo, incapaz de afastar a vista da sua, incapaz sequer de piscar. Da imponente presença masculina emanava um poder que fazia com que seus joelhos fraquejassem e ameaçassem de fazê-la cair.     — Está me ameaçando? — Sussurrou com voz rouca.    



— Só se livra por ser mulher.    



Ela não tinha nenhuma dúvida de que, se tivesse sido um homem, então já estaria morto. Aquele normando era o inimigo mais odiado de seu povo, de sua família, e de seu pai, o rei. Sua situação era desesperadora, mas não devia se deixar levar pelo pânico. Tinha chegado o momento de se comportar com honra e valentia.    



— Então, aceita minhas condições? — Perguntou erguendo as costas.    



Ele a olhou fixamente.    



— Acredito que é a moça mais estúpida que conheci em minha vida, ou a mais valente.    



Maite agüentou o olhar. Não se sentia adulada e estava muito assustada para ficar zangada.    



— Curar-me e a soltaremos.    



Maite afogou um grito. Tinha conseguido o que procurava, embora não estava convencida de poder confiar nele. Entretanto, não tinha escolha. Adiantou-se a contra gosto, decidida a ver sua ferida, a atendê-lo o mais rapidamente possível e, ao mesmo tempo, rezando para que a deixassem em liberdade e poder contar imediatamente a seu pai tudo o que tinha visto. Engolindo saliva e evitando seu olhar, ajoelhou-se a seu lado.    



— O que aconteceu?    



— Um animal enlouquecido. Meu cavalo rompeu a pata justo diante dele e isso lhe deu a oportunidade de me ferir. Matei-o, é obvio.    



A jovem não respondeu. Tinha a vista cravada em sua coxa nua. A vendagem já estava tingida de vermelho brilhante. A ferida foi produzida na parte alta da coxa, perto dos calções. Durante um instante ela desviou o olhar para ali, para onde não tinha por que olhar. Para as sombras escuras que tinha entre as pernas.     Sentiu um estranho calor, as mãos tremeram e agarrou as dobras da saia.    



De repente, distinguiu só um movimento e imediatamente a poderosa mão de Alfonso estava agarrando o pulso. Menos de um segundo mais tarde aterrissava com força sobre seu peito duro como uma rocha. Quando ele falou, sua respiração roçou os lábios dela.    



— O que está esperando?    



O olhar de Maite abandonou seus lábios e subiu até seus olhos. Pela primeira vez viu neles a tremenda dor que produzia a ferida. Algo que chegou a seu coração, uma compaixão em que não quis parar para pensar. Não devia considerar aquele homem como um ser humano. Devia considerá-lo só como um monstro, alguém capaz de matar a sangue frio e com suas próprias mãos a sua gente, como correspondia a sua natureza agressiva.     Incapaz de falar assentiu. Sentia Alfonso sólido e quente sob seus seios. Ele a soltou e Maite se apressou a cuidar da ferida.

     Indecisa, tocou a vendagem e começou a desembrulhá-lo com cuidado. A ferida estava aberta, sangrava e tinha mau aspecto, mas não era muito profunda. Para limpá-la, haviam trazido água e sabão de lixívia.  



  — Vai doer.    



Ele a olhou nos olhos e não disse nada. Naquela luz tênue, seus olhos pareciam tão escuros como seu cabelo, e a aquela distância eram inquestionavelmente formosos. Maite apertou os lábios, negando a se deixar levar por esses pensamentos.    



Enquanto trabalhava na ferida e tratava de não causar mais dano, era consciente de que vigiava todos seus movimentos, fazendo-a se sentir pequena e vulnerável a seu lado, diminuída pelo poder que transpirava apesar de estar ferido e momentaneamente a sua mercê. Era uma idéia absurda. Aquele homem nunca se submeteria ao domínio de ninguém embora estivesse morrendo de dor.    



Quando a ferida ficou finalmente limpa, a jovem parou um instante, umedeceu os lábios e o olhou.    



— Necessita uns pontos.    



— Atrás de você há agulha, fio e linho limpo.    



Maite girou a cabeça e assentiu, antes de agarrar a agulha com gesto vacilante.    



— Talvez queira um pouco de vinho.    



— Assim atrás desses seios tão bonitos há um coração — comentou elevando uma sobrancelha.    



— Não há nele piedade para você! — Afirmou com voz tensa.    



— Faça.    



O que importava a ela que sofresse ainda mais em suas mãos? Zangada sem saber por que e tremendo de desassossego, Maite agarrou a agulha. Tinha costurado feridas com antecedência, mas não se acostumava a isso. O estômago deu um tombo. Inclinou-se sobre ele e trabalhou com diligência e precisão, consciente de que tinha o olhar cravado em sua cabeça e incapaz de esquecer suas palavras. Quando terminou, fez um nó ao fio e o cortou com seus brancos e pequenos dentes. Então ergueu, satisfeita por ter terminado.     Maite esperava vê-lo pálido, que seu rosto fosse uma máscara de dor. Entretanto tinha os olhos não só completamente lúcidos, mas também, além disso, brilhavam perigosamente. A jovem apressou a agarrar uma parte de linho limpo e afastou a vista.    



E então topou com uma imagem que não queria ver, que não tinha direito de ver. Sem se dar conta, tinha afastado os calções a um lado para costurar os pontos, e agora podia verificar que o que haviam dito seus soldados sobre que estava bem dotado, era mais que certo. Ruborizada, voltou a colocar os calções em seu lugar. Mas aqueles homens tinham razão. Se a violava, iria morrer. Suas mãos, pequenas, delicadas e brancas, que contrastavam vivamente com suas duras e poderosas pernas, tremeram quando atou a toda pressa a vendagem.    



No instante preciso em que terminou, a mão do homem sujeitou o rosto dela, obrigando-a a elevar o queixo e a olhá-lo.    



— Vai vestida como uma bruxa, mas te comporta como uma dama. — Maite ficou petrificada. Ele afastou a vista da sua, deslizando-a por suas feições até deter finalmente em seus lábios. — Nunca conheci a nenhuma aldeã com um rosto como o seu.    



A jovem se viu incapaz de dizer nada em sua defesa. Tinha a mente paralisada e só podia conjurar uma imagem terrível: a de seu captor esmagando-a sobre o cama.  



  Alfonso soltou o rosto dela, mas agarrou a mão e a girou.    



— Branca e suave como a de uma dama.    



Muda e aterrorizada, consciente de que não tinha um só calo, sentiu-se atraída por seu brilhante olhar e reconheceu o desejo que havia nele embora nunca se visse em uma situação semelhante.    



Alfonso elevou as comissuras de seus duros e atraentes lábios, compondo uma expressão que não podia descrever nem sequer como a miragem de um sorriso, mas bem mostrava agressão, triunfo e uma satisfação primitiva. Maite retrocedeu um passo, mas demorou um segundo a mais. Já tinha deslizado o véu do cabelo. Ao vêlo, aproximou-se mais a ela e disse:    



— Seu cabelo está limpo e cheira a flores. — Ergueu-se e a olhou fixamente. — Acredito que se olhasse debaixo de suas roupas encontraria uma pele igual de limpa e fresca.

     A jovem se incorporou, cambaleando, mas não chegou muito longe. Ele a agarrou pelo pulso, obrigando-a imediatamente a ajoelhar-se de novo a seu lado.    



— Estou certo?    



— Não! Absolutamente. Juro isso. — Não pôde seguir falando porque Alfonso deslizou a mão pela perna, sob a roupa, e acariciou com a palma dura e calosa sua pele nua.    



Maite gritou surpreendida pela violenta sensação que tinha se apoderado de seu corpo. Ele estava olhando absorto sua perna nua, de onde terminavam suas meias de lã na panturrilha até a parte superior da coxa, que acabava de deixar descoberta.    



— O que eu pensava — comentou, e agora seu tom de voz tinha mudado. Era um tom que Maite reconheceu imediatamente apesar de sua inexperiência, um tom que deixou cada fibra de seu ser tensa e que provocou que o pulso se acelerasse.    



— Posso... posso explicá-lo — sussurrou.    



— Suave, muito suave, e limpa — disse entrelaçando o olhar com seu uma vez mais. Não cobriu sua nudez nem afastou a mão da coxa.    



Tinha as gemas dos dedos perigosamente a ponto de roçar a união entre suas pernas. Fazendo um rápido movimento, aproximou seu rosto do dela e seus lábios roçaram o pescoço.    



Maite ficou sem respiração. No reduzido espaço daquela tenda não havia ar que respirar. Alfonso moveu a boca deixando uma esteira de calor na lateral de seu pescoço e deslizou o dedo polegar por seu pêlo púbico. Maite não pôde se conter. Gemeu. Sua mente, que antes estava cheia de hostilidade, estava agora completamente em branco, só receptiva a incrível sensação que ele estava provocando nela.    



Alfonso tinha a boca apoiada em um de seus lóbulos e o polegar contra o outro, quando sussurrou:    



— Quem é milady? E o que é mais importante, é uma espiã?




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Autor(a): taynaraleal

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 11



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  • Beatriz Herroni Postado em 23/03/2018 - 15:37:22

    Pq postou tudo de vez?Fica um pouco ruim de ler assim

    • taynaraleal Postado em 24/03/2018 - 15:57:33

      Oi Beatriz, então eu postei tudo de uma vez, pois tenho novas adaptações vindo por ai, e como essa eu só estava repostando pq havia sido apagada eu resolvi finalizar toda de uma vez, sei que fica ruim de ler, mas foi a unica forma de me dedicar as outras, pois meu tempo é minimo. Espero que consiga ler essa, e as outras que estão por vir

  • maite_portilla Postado em 03/08/2017 - 17:24:36

    Agora sim a mai vai ter que dizer tudo pro poncho... Dulce melhor pessoa kkkk... Coninua logo <3<3<3

    • taynaraleal Postado em 08/02/2018 - 18:13:27

      Ainda está ai? vou continuar e com maratonaaaaa, espero que goste

  • Postado em 03/08/2017 - 17:22:18

    Ai Deus, acho que agora sim a mai vai revelar a vdd pro poncho... Adorei a Dulce kkkk... Continua logooo

  • maite_portilla Postado em 24/07/2017 - 17:56:39

    eita, agora a mai nao tem mais para onde fugir. coitada, ate eu fiquei com um pouco de medo desse alfonso. sera que ele vai descobrir quem ela é de vdd? continua... to amando

  • maite_portilla Postado em 22/07/2017 - 00:57:58

    Adorei a historia... Continua <3

  • lunnagomes Postado em 19/07/2017 - 21:04:10

    Estou apaixonada pela história... continua

    • taynaraleal Postado em 08/02/2018 - 18:14:06

      Desculpa pelo sumiço, vou continuar e com maratona, se ainda estiver por ai, e quiser voltar, os comentários me estimulam muito


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