Fanfics Brasil - Capítulo 10 A promessa da rosa

Fanfic: A promessa da rosa | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 10

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     Maite levantou a mão e a passou pela úmida bochecha em um gesto infantil, aumentando o desconforto de Alfonso.     


— Não — sussurrou. — Isso não ocorrerá. Falhei a meu país e a meu rei.


     Alfonso voltou a se assombrar uma vez mais.


     — Falas como um varão! De fato, estiveste jogando um jogo de homens, um jogo do que não podia compreender as conseqüências, um jogo que era impossível que ganhasse.     


— Compreendo perfeitamente o jogo. — Maite elevou o queixo e apertou os lábios. — Fiz o que tinha que fazer. Sou filha da Escócia.     


Houve algo dentro de Alfonso que o fez enfurecer-se.


     — É digna de admiração, Maite — murmurou, pensando nos filhos que lhe daria, ardilosos, fortes e orgulhosos. — Vamos, retornemos e comecemos de novo — disse estendendo a mão.      Ela o olhou com os olhos cheios de lágrimas, mas não aceitou sua mão.


     — Não vamos começar nada! Meu pai o matará! E eu dançarei sobre sua tumba!      Alfonso percebeu que ainda tinha a mão estendida. Ruborizou levemente e a deixou cair a um flanco.      — Talvez Malcolm tente, mas se eu fosse você faria todo o possível para impedi-lo. Seu pai já não é jovem, ao contrário de mim.


     — Cruzaria sua espada com a de meu pai? — Sussurrou, empalidecendo.


     Alfonso se arrependeu de suas palavras e se perguntou uma vez mais como era possível que ela quisesse a aquele canalha.      — Só se me visse obrigado a fazê-lo.


     — Oh Deus! — Gemeu Maite. — Temo o momento em que se reúnam para falar do resgate! — Dando um passo para ele, suplicou-lhe: — Não mate a meu pai, por favor!


     Era normal que expressasse aquela fidelidade para Malcolm, mas Alfonso estava agora inexplicavelmente zangado com ela por aquela lealdade, sobre tudo porque acabava de rechaçá-lo sem condições. É obvio, não importava que ela o odiasse. Em sua vida abundavam as mulheres que o odiavam.      — Deveria utilizar boas maneiras e palavras tenras para me convencer.


Deveria atuar como uma mulher.


     — Sabendo quem sou... Quer que volte a te esquentar outra vez a cama? — Perguntou, pálida.


     — Eu não disse isso. Talvez seja você que deseja outro encontro como o de ontem à noite.      Em princípio Maite não respondeu, mas seus traços estavam rígidos e tinha os olhos muito abertos.


     — Como eu gostaria de ser como minha irmã Maude — murmurou.


     Toda a estranha simpatia que despertava no normando, embora estivesse mesclada com raiva, desapareceu.


     — Não sabia que Malcolm tinha outra filha — disse Alfonso cortante.


     Outra filha poderia mudar tudo. Maite podia se converter em um sacrifício político sempre que Maude estivesse ali para ocupar seu lugar nos planos de Malcolm. Alfonso pensou se atreveria a forçá-la a subir ao altar no caso de que seu pai se negasse a permitir a aliança.      — É noviça na abadia do Dunfermline e está cheia de bondade. — A voz de Maite quebrou, mas acrescentou: — Não como eu.


     — Não repreenda a si mesma, não é próprio de você — ordenou Alfonso com frieza.      — Como pude ser tão inconsciente? Maude será comprometida com o Doug, verdade? E serei eu a quem enviarão ao convento! — Maite engoliu saliva.


     — Agora chora por seu prometido? — Estava furioso. Não cabia dúvida a respeito do seu ciúmes. Sujeitou-a pelos ombros com força e aproximou seu rosto ao seu. — Depois da noite que passamos?


     — Não! Não sou tão hipócrita! — Negando com a cabeça, levou o dorso da mão à boca para reprimir os soluços. — Se me encerrarem em um convento, sem dúvida morrerei!


     Alfonso afrouxou um pouco a pressão com que a estava sujeitando.


     — Não vão encerrar você em nenhum convento. — Ela o olhou de repente com olhos suplicantes. — Vais se converter em minha esposa — afirmou o normando com um sorriso.  — Como? — Gritou a jovem sem acreditar no que estava ouvindo.


     — Vou tomá-la como esposa, Maite.


     Ela separou de Alfonso com olhos horrorizados.


     — Não! Nunca!


     Ele a olhou fixamente com os traços endurecidos, apoiando seus punhos enluvados nos quadris.    


 — Você não tem nada que dizer a respeito.


     — Não, eu não, mas meu pai sim! — Gritou.


     — Isso é certo. Somos ele e eu quem tem que decidir sobre este assunto.


     — Malcolm nunca me entregará a ti. Odeia aos normandos, odeia Northumberland! — Estava aterrorizada.


     Alfonso ficou imóvel, e depois de uma larga pausa, disse:


     — Talvez quando te acalmar seja mais racional. Podemos falar desta união em Alnwick. — Girou dando por concluída a conversação, mas não antes que ela visse quão furioso estava.


     — Não! — Maite correu atrás dele, tropeçando em sua precipitação e o agarrando pela túnica. O normando parou de repente e a jovem se chocou contra ele. Não importou. Levantando-se, perguntou violentamente:


     — E quando ele o rechaçar, então o quê? O que fará então?


     Estava claro que Alfonso estava fazendo um grande esforço para controlar a raiva, tremia, mas não a tocava.     


— Não me rechaçará, não quando compreender que poderia estar esperando meu filho.


     — Vou me casar com Doug!


     — Duvido muito que ele a aceite tendo em conta que já não é virgem. — A raiva desfigurava suas feições. — Ninguém a aceitará nessas condições, a menos que deseje ser a esposa de algum senhor mais velho, a senhora de uma choça imunda cheia de ovelhas e porcos!      Maite sentiu como se a tivesse agredido fisicamente.


     — Então, que assim seja — suspirou. Assim de horrível era a verdade.


     Alfonso agarrou a parte superior da túnica e a atraiu para si.


     — Prefere uma vida de penúrias ao que eu te ofereço? Algum dia será a condessa de Northumberland!      — Nunca! — Gritou ela a sua cara. — Nunca serei sua esposa, porque Malcolm rechaçará sua petição! Fará-o! Odeia-te!


     — Então me casarei contigo de todas maneiras.


     Maite ficou paralisada, e quando por fim o coração voltou a funcionar com pulsados compridos e dolorosos, voltou a gritar:      — Odeio-te!


     — Não me importa — assegurou Alfonso com expressão sombria.


     Dito aquilo, deu-lhe bruscamente as costas, dirigiu para seu cavalo com pernadas firmes e largas, e fez um gesto a Geoffrey, que desceu do cavalo e se aproximou da jovem para sujeitá-la. Ela reagiu revolvendo-se como uma loba enlouquecida apanhada em uma armadilha, embora nem sequer conseguiu que o arquidiácono reagisse. Mas quando o normando a subiu no lombo de seu corcel,


Maite deixou de lutar e, quase sem fôlego, exclamou:


     — É exatamente como dizem! Não te importa ninguém que não você seja mesmo, não te importa nada mais que o poder! Está cheio de ambição!


     Alfonso fez girar a sua montaria de um modo tão brutal, que o animal recuou. Estava pálido e tinha as mandíbulas apertadas. Cravou as esporas no cavalo para que avançasse e se aproximou perigosamente dos pés de Maite, calçados com sandálias. Ela não se moveu apesar de que estava tremendo.


Inclusive Geoffrey, que a sujeitava com firmeza, ficou tenso e a afastou um tanto, estreitando-a mais contra si. O corcel dançou diante dela, e seus cascos, grandes e ferrados, passaram a escassos centímetros dos pés.      — Minha ambição agora me dita casar contigo — informou Alfonso com os olhos brilhantes. — Uma união que terá lugar, princesa, apesar de seu desagrado.      Abatida, Maite se apoiou sobre o peito de Geoffrey. Tinha o rosto completamente pálido e os olhos cravados no irado rosto de Alfonso.


     Ele agarrou as rédeas de seu cavalo, fazendo girar ao animal. Logo levantou a mão para fazer um sinal a seus homens, e um instante mais tarde a jovem se viu assentada escarranchada na montaria de Geoffrey em meio de uma cavalgada tumultuosa, prisioneira uma vez mais.


******


     Maite foi enviada à sala das mulheres assim que Alfonso a levou de volta para Alnwick. Tinham transcorrido várias horas desde seu fracassado intento de escapar e, apesar do confinamento, tinha chegado a seus ouvidos que um grupo de cavalheiros tinha deixado o castelo com a orgulhosa bandeira de Northumberland desdobrada. A jovem não albergava a mínima dúvida a respeito de que tinham enviado a aqueles homens em uma missão relacionada com seu destino.      Teriam enviado aqueles homens à Escócia para falar com Malcolm?


Informariam-no em algum momento da noite de seu paradeiro e pediriam que a entregasse em matrimônio a seu inimigo? Seria seu destino converter-se na esposa de Alfonso? Não. Nunca ocorreria. Seu pai odiava aos Warenne, e embora pensasse que tinha sido violada, jamais consentiria aquela união.


     As sombras da noite enchiam tudo e o vento uivava. Talvez fosse o prelúdio de outra tormenta. Lágrimas ardentes amontoaram atrás de suas pestanas. Apoiou a bochecha contra o frio muro de pedra e uma idéia a fez estremecer, e se estava esperando um filho?


     A angústia da jovem cresceu, mas fechou os olhos, negando-se a chorar. Não podia ter ficado grávida, e não devia fantasiar na imagem de si mesma embalando entre seus braços a um recém-nascido de cabelo escuro.


     O coração pulsou com mais força. Estavam em um jogo muito parecido ao xadrez. Devia prever e antecipar o próximo movimento de seu captor. Sabia qual ia ser. Não teria piedade em seu intento de deixá-la grávida. Se o fazia, poderia persuadir Malcolm para que aceitasse à aliança. Maite não acreditava que seu pai permitisse que carregasse o estigma de um filho bastardo.


     Abraçando a si mesma, pensou que o bastardo a visitaria aquela noite e que seguiria fazendo-o até que ficasse grávida. Recordou à perfeição seu corpo rígido apoiado contra o seu, penetrando-a e fazendo-a arder. Seria capaz de resistir a que fizesse amor agora que conhecia o que estava em jogo?


     Estava nervosa e afligida por todo o ocorrido, e os sons procedentes do salão no piso inferior não a tranqüilizavam. Ao parecer, um grupo de artistas ambulantes tinha chegado ao castelo justo antes que anoitecesse e tinham estado entretendo o senhor e a sua gente toda a noite com suas vozes, seus alaúdes e sua alegria.


     Em um par de ocasiões, Maite tinha escutado o estrondo da risada de Alfonso e havia ficado furiosa. Não estava preocupado, Oh, não. Ao contrário. Mostravase agradado pelo rumo dos acontecimentos.


     Ela ficou um bom momento ao lado da janela, abraçada a fria parede de pedra. E quando por fim fez silêncio no salão, a jovem sentiu crescer a tensão na boca de seu estômago. Em pouco tempo, Dulce retornou ao quarto. Não falou. Ainda estava zangada por ter sido utilizada e Maite estava muito desgostada para se aproximar dela. A menina tirou a roupa e se meteu na cama, ocupando-a por inteiro quando se supunha que deviam compartilhá-la.


     A chuva caía com muita força, era o único ruído que se ouvia no castelo.


Dulce parecia dormida. A jovem não fez nenhuma ameaça de acender as moribundas velas e seguiu escutando o ritmo desconexo e rápido das gotas de chuva ao cair, um ritmo não muito distinto ao de seu coração. Também tentou escutar passos por cima daquele som, mas só ouvia a chuva. Abatida, tratou de pensar como seria sua vida como senhora de algum castelo pequeno e isolado no norte, onde os porcos e as ovelhas ocupassem o salão. E se imaginou indo às festas locais, nas quais se reuniam os grandes clãs, com seu marido sem rosto a seu lado e o coração fundo. O orgulho era um pecado, mas ela não estava muito segura de ser capaz de perder o seu. A idéia de semelhante matrimônio a horrorizava. Era muito mais fácil imaginar-se como a próxima condessa de Northumberland, mas, assustada de si mesma separou de sua mente um pensamento tão perturbador.      Não soube quanto tempo esteve ao lado da janela, consumida pela consternação, o medo e a raiva. Tudo era culpa de Alfonso. Como o odiava!      De repente, escutou o som de uns passos e todo seu corpo ficou tenso.


Reconheceu imediatamente as pisadas do normando aparentemente suaves e ficou sem respiração. Com lentidão, separou-se da janela e olhou através da escuridão para a porta.


     Recordava com muita claridade o incrível prazer que tinha experimentado entre seus braços, cada uma de suas carícias manipuladoras, cada beijo. E, a contra gosto, os joelhos tremeram ao rememorar o que sentiu ao tê-lo dentro dela, duro e quente.


     Mas ele não entrou.


     Transcorreram compridos e intermináveis minutos, mas não entrou. Não ia entrar. Maite jurou que não estava desiludida. Não se moveu, não podia fazê-lo até ter recuperado os sentidos e o controle das pernas. Finalmente avançou cambaleando pelo quarto, esgotada, e se arrastou até a cama que compartilharia com Dulce. Ficou em um extremo. A envergadura de suas preocupações a afligia. Na noite se materializavam os monstros, monstros da solidão, da impotência e do medo. Monstros de desejo. Colocou-se de flanco em posição fetal apertando as pernas, e levou o punho à boca. Como era possível que por um lado se sentisse como uma menina da idade de Dulce, perdida e desesperada por encontrar o caminho de casa, e ao mesmo tempo como uma mulher capaz de morrer de desejo por um homem?


     Por último soluçou com suavidade.


     Depois de um tempo dormiu, esgotada. Seus últimos pensamentos foram os de um castelo desmantelado com uma só habitação, cheio de porcos e ovelhas. E embora não tivesse o direito de estar ali, também aparecia seu seqüestrador, Alfonso Herrera.



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Autor(a): taynaraleal

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     — Não parece que tenha tido boa noite, irmão — assinalou Brand ao ver entrar Alfonso no grande salão.      Em efeito, o normando não tinha conseguido dormir. Não tomou assento na larga mesa de cavalete, a não ser em uma cadeira que havia frente ao fogo da lareira.    ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 11



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  • Beatriz Herroni Postado em 23/03/2018 - 15:37:22

    Pq postou tudo de vez?Fica um pouco ruim de ler assim

    • taynaraleal Postado em 24/03/2018 - 15:57:33

      Oi Beatriz, então eu postei tudo de uma vez, pois tenho novas adaptações vindo por ai, e como essa eu só estava repostando pq havia sido apagada eu resolvi finalizar toda de uma vez, sei que fica ruim de ler, mas foi a unica forma de me dedicar as outras, pois meu tempo é minimo. Espero que consiga ler essa, e as outras que estão por vir

  • maite_portilla Postado em 03/08/2017 - 17:24:36

    Agora sim a mai vai ter que dizer tudo pro poncho... Dulce melhor pessoa kkkk... Coninua logo <3<3<3

    • taynaraleal Postado em 08/02/2018 - 18:13:27

      Ainda está ai? vou continuar e com maratonaaaaa, espero que goste

  • Postado em 03/08/2017 - 17:22:18

    Ai Deus, acho que agora sim a mai vai revelar a vdd pro poncho... Adorei a Dulce kkkk... Continua logooo

  • maite_portilla Postado em 24/07/2017 - 17:56:39

    eita, agora a mai nao tem mais para onde fugir. coitada, ate eu fiquei com um pouco de medo desse alfonso. sera que ele vai descobrir quem ela é de vdd? continua... to amando

  • maite_portilla Postado em 22/07/2017 - 00:57:58

    Adorei a historia... Continua <3

  • lunnagomes Postado em 19/07/2017 - 21:04:10

    Estou apaixonada pela história... continua

    • taynaraleal Postado em 08/02/2018 - 18:14:06

      Desculpa pelo sumiço, vou continuar e com maratona, se ainda estiver por ai, e quiser voltar, os comentários me estimulam muito


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