Fanfic: A promessa da rosa | Tema: Herroni
— Quero ir com meus irmãos! — exclamou Dulce, resistindo. — Sou o suficientemente grande. Quero saber o que está se passando!
— Virá comigo neste instante, jovenzinha — gritou Edith, sua babá, arrastando-a.
Maite tomou uma decisão em um instante e correu pelo salão depois dos homens, sem fazer caso dos gritos que as damas proferiam a suas costas.
Com as saias levantadas até os joelhos, precipitou para a parte exterior do castelo com a velocidade de uma gazela. Chegou aos muros quando Alfonso e seus irmãos se dispunham a subir os degraus da torre de vigilância.
Havia muito caos para que alguém se precavesse de que ela estava ali. Mas Alfonso girou de repente nos degraus acima, como se algo o tivesse alertado de sua presença. Ao vê-la, seu olhar obscureceu pelo sobressalto.
— Por Deus! Gerard, acompanha à princesa ao interior do castelo agora mesmo e assegure de que fica ali! — Bramou antes de desaparecer da vista da jovem.
Umas mãos fortes agarraram Maite por trás, levantando-a do chão. Ela gritou, revolvendo-se grosseiramente, mas a levaram a rastros até chegar à sala, onde estavam todas as damas reunidas. Ali a depositaram com brutalidade no chão. Maite cambaleou, furiosa. Com apenas observar uma vez a expressão sombria e irritada de Gerard soube que sua causa estava perdida. Ofegando, girou-se para as mulheres. Todas e cada uma delas, Dulce incluída, olhavam-na com estupor.
— É meu pai! — Gritou Maite. — É Malcolm Perroni, rei da Escócia, que vem por fim me buscar!
Se Malcolm Perroni não tivesse levado ondeando a bandeira branca, Alfonso não o teria permitido nunca flanquear a impenetrável segurança de Alnwick. Enquanto se aproximava dele à frente de seus homens com a bandeira da rosa ondeando sobre suas cabeças, sentiu-se preso pela emoção. Levava esperando aquele momento desde que soube a verdade sobre Maite e decidiu convertê-la em sua esposa.
Devia proceder com precaução e convencer Malcolm para que entregasse sua filha. Havia muito em jogo. Por fim a paz parecia possível em um horizonte que até o momento tinha estado tingido de sangue, e nada devia impedi-lo de a alcançar.
A aparição de Malcolm não era nenhuma surpresa. Alfonso estava esperando o rei escocês, e seus homens estavam preparados para o pior. A suas costas havia duas dúzias de seus melhores cavalheiros armados. E atrás deles, os muros de Alnwick estavam cobertos de arqueiros que poderiam provocar facilmente uma matança no exército escocês se atrevessem a levar a cabo qualquer artimanha.
Geoffrey e Brand cavalgavam ao seu lado.
O rei escocês o esperava do outro lado do fosso, encabeçando um poderoso exército de várias centenas de homens. Só um terço deles contavam com cavalos, o resto foram a pé, mas todos estavam preparados para a batalha com espadas, escudos e flechas. Quando Alfonso atravessou a ponte com seus homens atrás, Malcolm e três dos seus se separaram do exército e aproximaram trotando a seu encontro.
Alfonso tinha estado em Abernathy dois anos atrás, quando Malcolm rendeu comemoração a William Rufus. O rei escocês também tinha jurado fidelidade muitos anos atrás ao pai de Rufus, o Conquistador, rompendo o juramento uma e outra vez quando tinha sido conveniente. Só se inclinou diante de William Rufus em
Abernathy por ter sofrido uma grave derrota e fracassar em seus outros intentos de ampliar as fronteiras pelo sul. Era um homem ardiloso e traidor, e não se podia confiar nele. O normando tinha meditado muito sobre como dirigir aquela entrevista. Embora estava decidido a casar com a princesa, não só necessitava o consentimento de Malcolm, mas também o de seu próprio pai e o do rei, algo que não conseguiria até que Geoffrey chegasse a Londres, falasse com seu pai e este, por sua vez, falasse com o monarca. Estava adotando uma tremenda autoridade ao negociar seu matrimônio, mas tinha poucas opções se queria conseguir seu objetivo de tomar Maite como esposa. Estava disposto a oferecer ao escocês o que pedisse.
Seu pai não o preocupava, confiava plenamente em que ao conde se satisfaria com aquele súbito giro dos acontecimentos. O rei William Rufus era muito menos previsível.
Seria seu pai capaz de convencer a seu soberano? Ao pensar em Rufus, a expressão de Alfonso endureceu e seu olhar voltou sombrio. Era um vassalo leal, como exigia o dever, mas isso não significava que gostasse de seu rei, a quem não tinha perdoado nunca sua traição. Em certo modo, aquele menino pequeno e solitário seguia vivo nas profundidades de sua alma. O monarca não tinha mudado nos anos que tinham seguido à chegada de Alfonso a corte como refém para assegurar o apoio de seu pai: era traiçoeiro, ardiloso e arbitrário, e atuava com muita freqüência por capricho, procurando só seu próprio prazer. Alfonso não estava seguro de que William Rufus aceitasse aquele matrimônio. Talvez o divertisse desbaratar os planos dos Herrera, ou melhor dizendo, os de Alfonso. Ou talvez vacilasse, compreensivelmente, na hora de unir Northumberland a seu maior inimigo do norte.
Os dois grupos de cavaleiros pararam um de frente ao outro. O normando estava flanqueado por Brand e Geoffrey. Este último desafinava no campo de batalha com sua cruz e suas escuras roupagens. O escocês ia montado em um magnífico corcel castanho e estava rodeado por três homens que Alfonso reconheceu como seus filhos.
Malcolm levou devagar sua montarias para diante e Alfonso fez o mesmo. O anguloso rosto do rei da Escócia parecia granito esculpido, mas seus olhos azuis brilhavam de raiva. — O que é que quer, bastardo?
— Nada de formalidades? — Perguntou Alfonso.
— Não te burle! Pouco importaram as formalidades quando raptou a minha filha, bastardo!
O normando não se alterou. Era de esperar que seus inimigos seguissem o chamando “bastardo”. Nada podia mudar o fato de seu nascimento. Não era agradável, mas tinha aprendido a ignorar aqueles insultos desde que era um menino.
— Quando tropecei com sua filha vestia como uma aldeã e mentiu dizendo que era a bastarda de um senhor do norte. Aquilo deixou perplexo ao Malcolm durante um instante. Mas se recuperou igualmente rápido. — Deus! Ela sempre me surpreende. O que quer de mim, Herrera?
— Uma noiva.
Todos os homens que tinha em frente ficaram paralisados pelo assombro, exceto Malcolm, a quem brilharam os olhos. De repente um deles levou a mão à espada. Antes que tivesse terminado de tirá-la, Brand havia desembainhado também a sua e Geoffrey brandiu rapidamente a sua. Reagiram tão depressa que se produziu um brilho simultâneo de metal. Então, quando Edgar gritou: “Saquem!”, ambos os exércitos tiraram as espadas. A planície se estremeceu com o som metálico de centenas de espadas desencapando-se ao mesmo tempo. Só Malcolm e Alfonso permaneceram desarmados, embora ambos tinham a mão em seus respectivos punhos e os nódulos brancos.
O suor salpicava a testa do normando. Um brilho similar manchava o rosto de Malcolm. A tensão vibrava visivelmente entre ambos os exércitos, fazendo tremer a planície. Ninguém se movia, ninguém respirava sequer, e Alfonso sabia que se alguém o fizesse, os dois exércitos se lançariam um contra o outro imediatamente. — Paz — disse o normando com firmeza, fazendo ouvir sua voz. — Vieste em paz, e eu gostaria de falar em paz.
Nenhum homem embainhou a espada, mas a tensão pareceu aliviar um tanto.
— O modo em que levou a minha filha não foi precisamente pacífico — ironizou Malcolm. — E agora, quer falar de paz?
— Como disse, ia vestida como uma camponesa. Fingiu inclusive o modo de falar e a forma de comportar, e até se atreveu a me dizer que se chamava Sinclair.
— Talvez o mate de todos os modos... Filho de cadela — assobiou o rei escocês entre dentes com os olhos brilhantes. Alfonso se apressou a seguir falando, embora estava claro que Malcolm tinha mais interesse em lutar com ele que em falar de sua filha.
— Talvez ambos possamos tirar desta circunstância o que sempre desejamos.
— Quão único eu desejo é te tirar a vida e seu patrimônio — disse o rei com um sorriso.
Alfonso agarrou com força as rédeas. Seu corcel recebeu aquela imperceptível mensagem e começou a mover-se, preparando-se para lutar. Mas o normando queria evitar a toda custo uma batalha. Seu objetivo não tinha mudado. Pretendia conseguir que Malcolm entregasse a mão de Maite, e faria e diria o que fosse necessário para consegui-lo.
— Terminemos com esta guerra e pensemos no futuro. Unamos a nossas famílias para sempre. Permite que tome por esposa a Maite, e algum dia seu neto estará à frente de Northumberland.
O rei lançou um aterrador grito de guerra, levantou a espada e se lançou contra seu inimigo, provocando que seus enormes cavalos chocassem. A grande espada do escocês, que levantou com as duas mãos, golpeou o pesado escudo que o normando elevou rapidamente. O golpe ressonou com força. Malcolm voltou a atacar outra vez, e outra vez Alfonso deteve sua espada com o escudo sem fazer ameaça de elevar nenhuma arma contra ele.
O som do metal ao chocar percorreu a planície. Em ambos os lados do campo de batalha, os homens permaneciam tensos e preparados. Brandindo sem piedade a espada uma e outra vez, o escocês foi obrigando ao normando a recuar. Se Alfonso não fosse um dos guerreiros mais poderosos do país, não teria sido capaz de deter aqueles terríveis golpes. Se o rei tinha êxito, uma única investida podia rachá-lo em dois. Malcolm queria matá-lo.
Se tivesse tratado de sua filha, Alfonso também teria tentado matar a seu captor. Mas sabia que o escocês queria acabar com ele porque o odiava. Pouco a pouco, os golpes de Malcolm ficaram mais lentos, como se a enorme espada que brandia se tornasse mais pesada. Ao normando doíam os braços, os ombros e as costas por se defender de cada ataque, inclusive tinha as mãos ressentidas de sujeitar com tanta força o escudo. O suor que interferia sua visão também empapava Malcolm, cujo rosto estava quase púrpura pelo esforço. Finalmente, o rei da Escócia tentou levantar a espada e falhou. Sem forças para sustentar sua arma, deixou-a cair.
— Luta, maldito seja! — Ofegou o escocês.
— Não o farei. Pensa, Malcolm Perroni, pensa! Não permita que seu ódio interfira em sua inteligência. Podemos unir nossas famílias e beneficiar a ambos!
Com os braços destroçados, sentindo como se os tivesse arrancado das rótulas, Alfonso colocou de novo o escudo no ombro sem deixar transparecer a súbita dor que o atravessou. Tampouco secou o suor da testa e das têmporas, nem tentou recuperar o fôlego.
— A honra exige que me case com sua filha.
A Malcolm não surpreendeu sua confissão, nem Alfonso contava com que o fizesse. Estava claro que tinha dado por certo a ruína de sua filha. — Está prometida — disse finalmente o escocês ainda sem fôlego.
O normando sentiu uma selvagem satisfação interior. Só o feito de que Malcolm discutisse sobre o assunto era uma vitória... Uma a mais.
— Os compromissos podem se anular — assegurou Alfonso.
— Pai — Gritou com o rosto enfurecido Edward, o filho mais velho de
Malcolm, ao mesmo tempo em que adiantava seu cavalo. — Antes de seguir com isto, vejamos Maite. Assim saberemos se estiver ilesa... e viva. Alfonso aplaudiu em silêncio a preocupação do jovem por sua irmã.
— Quer ver sua filha? — Perguntou a Malcolm.
— Vá buscá-la — disse assentindo com a cabeça.
O normando não teve que dizer nenhuma palavra, limitou-se a girar um pouco a cabeça. Geoffrey já deu meia volta e se dirigia à ponte levadiça, que começava a baixar para lhe dar entrada.
O silêncio se apropriou do lugar, se fez mais pesado, interminável. Os cavalos pisoteavam o chão e relinchavam, rangiam os arreios de couro e a brisa sussurrava por cima de suas cabeças. O normando manteve o olhar em Malcolm, consciente de quanto o escocês o odiava... E de quanto estava desfrutando ele daquela confrontação.
Transcorrido um tempo, Alfonso lançou um olhar de soslaio a Brand. Não havia sinal de Geoffrey nem da filha do rei escocês. Onde estavam? Sua impaciência se transformou em apreensão. Teria aproveitado Maite a confusão para escapar?
— Talvez esteja morta!
O olhar de Alfonso atravessou o jovem que tinha falado, um moço magro algo maior que Maite que estava pálido pela tensão e a angústia. — Sua irmã não está morta.
— Bastardo, mataria-o com minhas próprias mãos! — Afirmou o jovem com ira.
Edward o sujeitou pelo braço para contê-lo.
— Já estão aqui! — Gritou Brand com alívio.
Autor(a): taynaraleal
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Alfonso girou na cadeira e desmontou bruscamente, obrigando ao animal a recuar. Geoffrey se aproximava deles a galope sujeitando firmemente Maite. Seu comprido e preto cabelo ondeava como uma bandeira, estava pálida de medo e tinha os olhos totalmente abertos. Alfonso era consciente de que seu medo não tinha nada que ver com a frenética galopada do caste ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 11
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Beatriz Herroni Postado em 23/03/2018 - 15:37:22
Pq postou tudo de vez?Fica um pouco ruim de ler assim
taynaraleal Postado em 24/03/2018 - 15:57:33
Oi Beatriz, então eu postei tudo de uma vez, pois tenho novas adaptações vindo por ai, e como essa eu só estava repostando pq havia sido apagada eu resolvi finalizar toda de uma vez, sei que fica ruim de ler, mas foi a unica forma de me dedicar as outras, pois meu tempo é minimo. Espero que consiga ler essa, e as outras que estão por vir
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maite_portilla Postado em 03/08/2017 - 17:24:36
Agora sim a mai vai ter que dizer tudo pro poncho... Dulce melhor pessoa kkkk... Coninua logo <3<3<3
taynaraleal Postado em 08/02/2018 - 18:13:27
Ainda está ai? vou continuar e com maratonaaaaa, espero que goste
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Postado em 03/08/2017 - 17:22:18
Ai Deus, acho que agora sim a mai vai revelar a vdd pro poncho... Adorei a Dulce kkkk... Continua logooo
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maite_portilla Postado em 24/07/2017 - 17:56:39
eita, agora a mai nao tem mais para onde fugir. coitada, ate eu fiquei com um pouco de medo desse alfonso. sera que ele vai descobrir quem ela é de vdd? continua... to amando
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maite_portilla Postado em 22/07/2017 - 00:57:58
Adorei a historia... Continua <3
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lunnagomes Postado em 19/07/2017 - 21:04:10
Estou apaixonada pela história... continua
taynaraleal Postado em 08/02/2018 - 18:14:06
Desculpa pelo sumiço, vou continuar e com maratona, se ainda estiver por ai, e quiser voltar, os comentários me estimulam muito