Fanfics Brasil - Capítulo 16 A promessa da rosa

Fanfic: A promessa da rosa | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 16

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Os condes de Northumberland chegaram aquele mesmo dia. Maite estava na sala das mulheres quando se inteirou de sua chegada. As damas saíram correndo para receber a senhora de Alnwick com Dulce à cabeça, gritando de alegria. A escocesa não fez ameaça de seguí-las e ninguém notou sua falta. Estava sozinha na sala e sentia uma angústia crescente no peito. Não queria conhecer os pais de Alfonso nem naquele momento nem nunca. E sobre tudo não queria conhecer o conde, inimigo pessoal de seu pai.


     Mas não tinha escolha. Um momento mais tarde, quando cessou a gritaria no salão, apareceu uma mulher na soleira e Maite ficou automaticamente em pé. Não teve nenhuma dúvida de que se tratava da condessa.


     A mãe de Alfonso era uma esbelta e formosa mulher de idade indefinida.


Tinha posto um vestido de veludo amarelo ricamente bordado até em baixo com fios de múltiplos cores, e uma bandagem dourada com jóias incrustadas marcava a estreita cintura. Seu véu, entre dourado e carmesim, era da seda mais fina, e uma tiara de rubis dentro de um círculo de ouro o mantinha em seu lugar.


Tratava-se de uma das mulheres mais impactantes que Maite tinha visto em sua vida, e não só por seu traje. Dos traços de seu rosto se deduzia que era uma mulher de caráter forte, e seus olhos denotavam uma aguda inteligência.      Naquele momento a olhava fixamente, e a jovem pensou se a odiaria e estaria desgostada pela aliança.


     — Milady — murmurou Maite.


     A condessa elevou uma sobrancelha e a escocesa foi consciente de que lady


Ceidre estava observando desde sua escura cabeça até as sandálias azuis que levava postas. À costas de sua futura sogra, meia dúzia de damas que formavam o séquito da condessa, também a olhavam com curiosidade não dissimulada e risinhos afogadas.


     — Aproxime, princesa — disse a condessa. Era uma ordem pronunciada com suavidade, mas ao mesmo tempo com firmeza, que Maite apressou a obedecer. — Quero dar as boas-vindas a nossa família. — Lady Ceidre suavizou o tom ao tomar as mãos da jovem.      — Obrigada — respondeu com tensão, percebendo que ela estava dando sua aprovação.      — Quero ficar a sós com a prometida de meu filho — ordenou a condessa.


     Suas damas desapareceram entre sorrisos e murmúrios.


     — Vamos, nos sentemos e nos conheçamos um pouco — pediu lady Ceidre, tomando Maite pelo braço e guiando-a para um par de cadeiras. — Não tem que ter medo de mim.


     — Não o tenho — replicou a jovem quando tomaram assento.


     O certo era que estava incômoda. Mas não pela condessa, mas sim porque tinha o absurdo desejo de que pudessem ser de verdade sogra e nora.


     — Confio que Alfonso a tenha tratado bem. — Maite baixou os olhos, consciente do que se referia a condessa. — Tanto ele como seus irmãos saíram ao seu pai. Se a luxúria o dominou quando encontrou, lamento. — A jovem ruborizou. — Entretanto, todos sabem como tratar a uma dama. Espero que depois se comportasse como um cavalheiro.      Maite pensou na assombrosa promessa que Alfonso tinha feito sobre se manter celibatário e algo se contraiu em seu interior.


     — Eu... Sim, assim foi.


     — É obvio — continuou a condessa, agradada. — Cresceu em uma corte decadente em que a ambição, a intriga e o desejo estavam à ordem do dia. Teve que endurecer desde muito menino. — Seu tom tinha mudado, a tristeza era inegável. — Mas não te equivoque. Dentro dele há uma grande ternura, e estou segura de que uma mulher como você pode encontrar essa parte dele que tanto esconde.      Maite recordou o tom suave da voz masculina, as palavras sedutoras que havia dito aquele mesmo dia e se mexeu incômoda.


     — Por que me conta isto?


     — Para que compreenda a meu filho, o homem que vai ser seu marido. Para que possa perdoá-lo quando se esquecer de si mesmo.


     A jovem não respondeu. Resultaria tão singelo ser amiga daquela mulher, que lhe caía bem... Mas não queria que ocorresse. Sua situação já era o bastante difícil.      — Quando saberá se está esperando um filho?


     Maite abriu os olhos de par em par. O rosto ardia.


     — Não sou muito regular.


     — Isso é uma lástima. Se está esperando a meu neto, me deve dizer imediatamente. — A condessa observou que Maite franzia os lábios. — Acredito que deveríamos falar com sinceridade, não te parece? — Sorriu. — Estou encantada com esta aliança, princesa. Igualmente estão meu marido e meu filho. — Lady Ceidre a pegou pela mão. — Mas você não está contente. Sente-se desgraçada.      A jovem respirou fundo. Estava a ponto de chorar, desarmada pela amabilidade de seu tom.      — Tanto... tanto se nota?


     — Muito. É pelo Alfonso? Não te agrada?


     Maite fechou os olhos. Não devia considerar aquela pergunta.


     — É meu inimigo —respondeu com muita calma. A condessa a olhou em silêncio.


— Todos são meus inimigos, milady — afirmou a jovem no mesmo tom.


     — Formou-se uma aliança. Desobedecerá a seu pai, o rei?


     Não podia responder. Não podia admitir que não haveria nenhuma traição já que ela seguia sendo leal a Malcolm. O que a inquietava era o fato de que a condessa estivesse tão convencida como seu filho de que a aliança fosse ser levada a cabo. Nenhum dos dois era estúpido. Justamente o contrário, ambos eram extraordinariamente ardilosos. E se tinham razão e a que estava equivocada era ela? Então o que? Céu Santo, se as bodas acontecia, se de verdade tinha lugar, o que faria ela?     


          O conde de Northumberland esperava impaciente a seu primogênito. Sabia que não o encontraria ao chegar, o pai conhecia bem os costumes de seu filho. Até a comida do meio-dia atenderia com seu assistente assuntos administrativos.


Depois se ocuparia pessoalmente de suas obrigações, fosse já uma inspeção à propriedade de algum arrendatário ou a instrução de seus cavalheiros.


     Rolfe estava impaciente porque via muito pouco Alfonso. O certo era que desde que o tinha enviado a corte de William como refém tantos anos atrás, seus caminhos pareciam destinados a divergir em lugar de encontrar. Quando seu filho viveu na corte, Rolfe se viu obrigado a permanecer no norte, defendendo e assegurando suas fronteiras. E quando Alfonso retornou a casa, o conde teve que ir a corte para proteger seus interesses daqueles que queriam vê-los destruídos.      Suspirou. Arrependia-se de poucas coisas, mas uma delas era de ter passado pouco tempo com seu filho mais velho. Quando por fim o viu entrar no grande salão, Rolfe ficou em pé, sorrindo.      — Nunca pensei que nosso seguinte encontro seria pouco antes de suas bodas com uma princesa — disse o conde a modo de saudação.      A expressão de seriedade de seu filho desvaneceu.


     — Rufus acessou?


     — O rei está de acordo.


     — Tem meu eterno agradecimento, pai.


     O sorriso de Alfonso era radiante e Rolfe se sentiu feliz.


     — Rufus não tem outra opção se quer recuperar a Normandia. A cobiça marcou sua decisão. Também influiu que já não inclui Roger Portilla em seu círculo de amizades. Quem por certo, estava furioso.


     — Imagino. — Alfonso fez um gesto a seu pai para que sentasse e ele tomou assento a seu lado. — Todo mundo está horrorizado e assombrado com esta aliança... incluindo minha prometida — concluiu com uma careta.      — Uma noiva relutante?


     — Isso é um eufemismo.


     — E como conseguiu o consentimento de Malcolm?


     Alfonso olhou a seu pai diretamente aos olhos.


     — Quando ofereci seu maior desejo não pôde negar. Jurei que veria seu filho mais velho em seu trono.      — E quando eu morrer e Rufus peça seu apoio para colocar Duncan, seu eleito, no trono, o que fará? — perguntou Rolfe.


     — Sou seu fiel servidor — respondeu Alfonso com frieza. — Por muito que o despreze.


     Era a primeira vez que seu filho revelava abertamente seu antagonismo para o rei, e Rolfe estava surpreso. Durante muitos anos tinha suspeitado que o ódio de Alfonso era muito profundo, e tinha se perguntado o que poderia ter provocado semelhante hostilidade.


     — Você joga um jogo muito perigoso — advertiu.


     — Sou consciente disso. Mas não prometi nada que não tenha pensado cuidadosamente. Duncan é muito fraco para permanecer muito tempo como rei da Escócia, e Edward é jovem. Terá seu momento mais adiante. Fiz o que tinha que fazer.      — Não estou repreendendo-o — assegurou Rolfe com um sorriso. — Você fez bem, Alfonso.      Seu filho sorriu, ao parecer agradado com o elogio.


     — Obrigado, pai.


     — Há algumas condições menores: Rufus declarou que a cerimônia deve ocorrer na corte — informou Rolfe em tom enérgico.


     — Que sentido tem? — Perguntou Alfonso ficando rígido.


     — Está claro que deseja humilhar Malcolm ao fazer que as núpcias aconteçam ali. Em qualquer caso, o compromisso pode ser assinado aqui pela manhã.      Alfonso assentiu brevemente com um brilho de satisfação nos olhos.


     — Rufus tentará provocar Malcolm recordando-o que jurou fidelidade de joelhos. E não podemos esquecer que o rei escocês tem sangue quente.


     — Não tema. Asseguraremo-nos de que não cheguem às mãos. Nada vai impedir essa união. — O conde ficou em silencio durante um instante, e logo continuou. — Rufus também opinou que Maite seja sua convidada na corte até o dia das bodas.


     — Por quê? — Perguntou Alfonso com brutalidade, ficando em pé com os olhos brilhantes de raiva. — O que pretende demonstrar com isso, o que quer ganhar? Sua intenção é tê-la prisioneira até que nos casemos? — Nervoso, começou a andar de um lado a outro.


     — Não fique agitado — pediu Rolfe.


     — Ou pretende alguma traição? O que está jogando agora comigo e com os meus?


     Rolfe vacilou. A pergunta queimava-o. Uma pergunta cuja resposta levava aguardando muitos anos, uma pergunta que não se atreveu a formula por medo da resposta.


     Mas seu primogênito estava a ponto de casar. Não tinham muitos momentos para estar a sós, e talvez não voltasse a desfrutar de uma oportunidade como aquela.


     — Alfonso, faz muitos anos que me pergunto por que você detesta tanto


Rufus. — Seu filho se limitou a olhá-lo. Era impossível discernir o que estava pensando. Aquele breve instante de fúria tinha passado. — Há algo que eu deva saber, algo que ocorreu, talvez, quando você foi um menino e vivia na corte?


     — Não, pai, não há nada que deva saber a respeito.


     O tom de seu primogênito foi firme e tranqüilo, e entretanto o conde sentiu como se o tivesse esbofeteado com força. Não pôde evitar pensar que se o passado tivesse sido diferente, se tivessem tido mais tempo, Alfonso confiaria mais nele.      — Não permitirei que Maite fique ali só — assegurou seu filho com firmeza.


— Permanecerei na corte com ela.


     — Alegra-me que deseje acompanhá-la. A princesa e você podem partir para a corte justo depois de se comprometerem amanhã. Eu me reunirei com vocês quando tiver entrevistado o Malcolm para ultimar os detalhes deste matrimônio.      — Não tema, pai. Até que tenhamos casado, penso estar alerta. Sei que haverá muitos interessados em romper esta aliança.


     Rolfe pôs a mão no braço dele, com voz grave, disse:


     — Seria conveniente que a deixasse grávida o quanto antes no caso de surgirem problemas.


     Alfonso o olhou fixamente, e logo assegurou com firmeza:


     — Enfrentarei aos problemas à medida que vão surgindo. Mas Maite não compartilhará a cama comigo até que tenhamos nos casado.


     O conde ficou assombrado, mas, prudentemente, não disse nada. Ali havia muito mais do que parecia. Nunca teria imaginado que seu filho estivesse apaixonado por sua prometida. Tentando ocultar sua satisfação, girou saindo e o deixou sozinho.


                                                              


          — É seu irmão, senhor, o príncipe Henry. Solicita vê-lo — anunciou o sentinela.


     Rufus franziu a testa. Estava a sós com seu escudeiro em seus aposentos privados, na metade de uma mudança de roupa para a caçada real que aconteceria naquela tarde.


     — Despede-o. Não estou de humor para ver meu irmão agora.


     De repente, a porta dos aposentos reais abriu. Henry estava na soleira com o rosto decomposto pela raiva e os olhos brilhantes. Atrás dele, outros dois sentinelas tinham empalidecido por aquela interrupção à intimidade de sua majestade.      Rufus olhou fixamente a seu irmão.


     — O que significa esta intromissão? Não estou disponível, querido irmão.


     — Preciso falar contigo — espetou Henry entrando no aposento.


     Era alto e musculoso, como tinha sido seu pai, e era maior mais de um palmo que seu irmão mais velho. A diferença de Rufus, que levava posta uma casaca vermelha debruada com pele de arminho e botas combinando, Henry ia vestido em tons cinza e azuis. Tanto a túnica como o manto manchados de pó falavam de sua precipitada viagem.


     — Ouvi um rumor que não pode ser certo.


     Rufus suspirou e fez um gesto com a mão. Imediatamente, os três sentinelas partiram, fechando a porta atrás deles.      — Traga-me o manto vermelho, que está debruado de pele de Marta, e meu chapéu dourado e carmesim — ordenou a seu pajem.


     O moço, que era jovem e arrumado, desapareceu do aposento para obedecê-lo.


     — Diga-me que não é certo — exigiu Henry. Seu atraente rosto estava desfigurado por uma careta. — Diga que não permitiu um compromisso entre Alfonso Herrera e a filha de Malcolm Perroni.


     — Está com ciúmes? — Rufus sorriu.


     Henry respirou fundo e apertou os punhos.


     — Tornaste louco? Perdeu a cabeça por completo? Como pode entregar semelhante poder a Northumberland?      — Um poder que me pertence irrevogavelmente — recordou Rufus, que já não sorria. — Herrera está mais em dívida comigo que nunca.      — Rolfe sim. Mas, e seu filho? Todos sabemos a avaliação que tem de você, irmão.


     O príncipe estava burlando, sabedor como era dos segredos mais escuros de seu irmão.


     O sangue subiu ao já avermelhado rosto de Rufus.


     — Não pense que vacilarei com Alfonso Herrera. Se demonstra ser um traidor, sofrerá como qualquer outro. Recorda que tem muito que perder, ao contrário de você, que não tem nada.      Henry fez um esforço por controlar a raiva. Tinha o temperamento explosivo de seu pai, William o Conquistador.      — Foste além de minhas palavras — conseguiu dizer finalmente. — Quem falou em traição? — Perguntou encolhendo os ombros.


     Rufus sorriu, satisfeito por estar ganhando aquela batalha.


     — Senhor — continuou dizendo Henry com frieza. — Tem que pensar no que está fazendo. É uma loucura entregar a Northumberland semelhante poder. Sobre tudo tendo em conta que a terra em jogo faz fronteira com a Escócia. Alfonso governará logo em substituição há seu pai. E se alia com Malcolm contra você?


     O sangue voltou a subir no rosto de Rufus.


     — Vá... Assim agora quer proteger meus interesses? — Burlou. Entretanto, começou a se perguntar se não teria cometido um engano.


     — Assim é.


     — Já! — Apesar de sua explosão, o rei não estava se divertindo, porque ambos sabiam que Henry era de fato um homem temível e um grande chefe militar, cuja lealdade era questionável. Em mais de uma ocasião se aliou com o irmão


Robert, duque da Normandia, contra William Rufus. Enfrentando irmão contra irmão tinha conseguido a cidade fortificada de Domfront e o condado de Cotentin. Seu crescente poder poderia ser uma ajuda ou um estorvo, já que a lealdade de Henry podia se comprar a um preço alto. Embora era bem certo que podia recuperar exatamente da mesma maneira. Rufus não era estúpido. Compreendia à perfeição a ambição de seu irmão, e o dinheiro não era o problema.      Guardou silêncio durante um instante e esperou que seu pajem colocasse o manto sobre suas costas.      — Ponha o broche de rubis — ordenou. Logo girou para seu irmão. — Sabe que valorizo sua lealdade — disse finalmente.


     Henry guardou silêncio enquanto seu irmão sorria.


     — O certo é que pensei em me casar eu mesmo com ela, depois de tudo, em algum momento terei que me casar. Mas — suspirou dramaticamente — parece que Stephen foi incapaz de se conter. Pode ser que esteja esperando um filho dele.


     O príncipe não disse nada e se limitou a olhá-lo com semblante sombrio.


     — É obvio, isso impede que considere sequer a possibilidade de me casar com ela, já que o herdeiro deve levar meu sangue. — Rufus observou a seu irmão. — Vamos, Henry, seja sincero. É a ideia de meu herdeiro ainda não nascido o que o incomoda ou se trata do compromisso? Vieste para me pedir que entregue a princesa para você? — Fez uma pausa significativa e logo continuou. — Devo confessar que pensei nisso. Apesar de tudo, é meu irmão. Um príncipe e uma princesa fariam um casal perfeito, não acredita? Entretanto, decidi optar pelo herdeiro de Northumberland. Eu o conheço.      — Mas eu sou seu irmão — disse Henry. — Pode confiar em mim.


     Rufus elevou uma sobrancelha, incapaz de resistir a lançar outra navalhada.


     — Talvez entregue a você à filha de Fitz Albert.


     — É a filha de um barão. Logo tem um par de imóveis.


     O rosto de Henry estava rígido, o que fez que Rufus risse em voz baixa.


     — Tendo em conta que você tem um par de insignificantes propriedades, fariam um casal perfeito.


     — Se arrependerá disto — afirmou Henry sem poder se conter.


     Muito a seu pesar, o rei sentiu um calafrio de pânico, não confiava em seu irmão nem o mínimo. Parecia muito a seu pai. Tinha chegado o momento de aplacálo.      — Há outra irmã. Vive em um convento e ainda é muito jovem para casar.


     Henry mostrou interesse imediatamente.


     — O rei da Escócia nunca casará suas duas filhas com normandos.


     — Mas Malcolm não viverá para sempre. E quando já não estiver, seu reino estará preparado para ser invadido, igual a sua filha Maude. O príncipe o olhou sem sorrir e Rufus sentiu uma pontada de arrependimento por oferecer algo tão grandioso a seu irmão, que podia ser seu maior aliado ou seu mais mortal inimigo.


******


     O duque de Kent tinha uma propriedade no sul de Londres, à beira do Tamisa. Caiado em branco brilhante, o lugar era um claro exemplo da riqueza dos Kent. A imensa porta de entrada era de mogno e tinha o escudo gravado da família. Não havia um salão principal, e sim dois, e muitas habitações, uma luxuosa capela e edifícios separados para as cozinhas, despensas e adegas. No interior, tanto as escadas como as mesas e os bancos estavam fabricados em fina madeira ricamente lavrada. A cadeira com aspecto de trono, reservada unicamente para o duque, estava estofa em veludo carmesim. No piso acima, nos aposentos privados, exóticos tapetes da Pérsia cobriam os chãos e luxuosas tapeçarias de intensas cores adornavam as paredes.


     Roger Portilla estava sentado indolentemente em uma luxuosa poltrona de seus aposentos privados, saboreando um delicioso vinho da Normandia, enquanto sua meio-irmã andava de um lado a outro diante dele percorrendo um tapete de vividos tons avermelhados. O fogo da lareira jogava sobre sua figura sombras largas e disformes, e seus movimentos eram qualquer coisa menos tranqüilos, de fato estavam carregados de fúria.      — Não tem nada que dizer? Nada absolutamente? — Anahi parou com os braços cruzados ao mesmo tempo em que seus formosos seios subiam e desciam.


     — Não eleve a voz.


     Apesar de que estava convencido de que a desgraça de sua meio-irmã se devia a atual irritação do rei com ele, estava desfrutando de sua raiva. Poucas vezes


Anahi se deixava levar por ela.


     — Deus, como te odeio! O colocam de lado como se não valesse nada e você não faz nada. Nada!


     Roger decidiu afundar um pouco mais a faca.


     — Você recebeu meia dúzia de ofertas desde que rompeu o compromisso há uma semana. Henry de Ferrars foi o mais persistente. Não morrerá solteira, querida.      — Deve estar de brincadeira! É um dom ninguém, um dom ninguém!


     — Não estou de brincadeira.


     — Com quem Alfonso pretende casar? — gritou Anahi. — Quem pode tê-lo interessado mais que eu? Quem é ela?


     Roger tinha um sorriso indolente e observava a sua meio-irmã com interesse.


     — Não deveria estar aqui, Anahi. Além disso parece que vais atirar a casa abaixo com seus gritos.      Ela o atravessou com o olhar ofegando pela raiva, enquanto jogava para trás o comprido e negro cabelo.


     — Você sabe, sabe quem é! Averiguaste-o! — Ele voltou a sorrir e deu outro sorvo a seu vinho. — É um mal nascido! — gritou ao mesmo tempo em que golpeava a taça, provocando que o vinho derramasse pelas meias carmesim e sob o bordado da túnica de veludo de Roger.      Furioso, seu meio-irmão ficou em pé de um salto, agarrou-a pelo pulso fortemente e aplicou no rosto dela um bofetão.


     Anahi gritou furiosa e revolveu para tentar se soltar. Ele deu outra bofetada para ensiná-la qual era seu lugar e logo a soltou. Raivosa, ela deu um passo atrás. O peito subia e descia pesadamente. Roger percebeu que ela tinha os mamilos tensos. Ele também estava excitado.      — Quem é? — Exigiu saber Anahi com a bochechas vermelhas devido aos golpes.


     — É a filha de Malcolm Perroni — informou ele com autêntica satisfação.


     — Vai casar com a filha de um rei? — Anahi abriu a boca, assombrada.


     — Sim, casa com uma princesa.


     A jovem emitiu um som estrangulado e girou para o fogo. Tremia. Ele aproximou por trás e roçou os ombros dela. Estava tão perto que seu membro rígido roçava o traseiro de Anahi.      — Nem você pode rivalizar com uma princesa, querida. Além disso, tenho entendido que é uma beleza.


     Anahi se separou dele. Não disse nada. Não havia nada que dizer.



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Autor(a): taynaraleal

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 11



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  • Beatriz Herroni Postado em 23/03/2018 - 15:37:22

    Pq postou tudo de vez?Fica um pouco ruim de ler assim

    • taynaraleal Postado em 24/03/2018 - 15:57:33

      Oi Beatriz, então eu postei tudo de uma vez, pois tenho novas adaptações vindo por ai, e como essa eu só estava repostando pq havia sido apagada eu resolvi finalizar toda de uma vez, sei que fica ruim de ler, mas foi a unica forma de me dedicar as outras, pois meu tempo é minimo. Espero que consiga ler essa, e as outras que estão por vir

  • maite_portilla Postado em 03/08/2017 - 17:24:36

    Agora sim a mai vai ter que dizer tudo pro poncho... Dulce melhor pessoa kkkk... Coninua logo <3<3<3

    • taynaraleal Postado em 08/02/2018 - 18:13:27

      Ainda está ai? vou continuar e com maratonaaaaa, espero que goste

  • Postado em 03/08/2017 - 17:22:18

    Ai Deus, acho que agora sim a mai vai revelar a vdd pro poncho... Adorei a Dulce kkkk... Continua logooo

  • maite_portilla Postado em 24/07/2017 - 17:56:39

    eita, agora a mai nao tem mais para onde fugir. coitada, ate eu fiquei com um pouco de medo desse alfonso. sera que ele vai descobrir quem ela é de vdd? continua... to amando

  • maite_portilla Postado em 22/07/2017 - 00:57:58

    Adorei a historia... Continua <3

  • lunnagomes Postado em 19/07/2017 - 21:04:10

    Estou apaixonada pela história... continua

    • taynaraleal Postado em 08/02/2018 - 18:14:06

      Desculpa pelo sumiço, vou continuar e com maratona, se ainda estiver por ai, e quiser voltar, os comentários me estimulam muito


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