Fanfic: A promessa da rosa | Tema: Herroni
Na manhã seguinte, ela o despertou com as mãos e com a boca, e depois se atreveu a desafiá-lo com sua doce risada.
Maite sabia que era tremendamente afortunada. Por alguma razão desconhecida, o destino tinha decidido tratá-la bem. Parecia que Alfonso e ela estavam vivendo uma autêntica trégua.
De noite fazia amor e com seus atos negava suas ridículas palavras. Não podia manter as mãos separadas dela. Desfrutava de seu corpo, sua paixão era inegável, e de maneira nenhuma se tratava de algo comum. Em seu dormitório, em sua cama, Maite conhecia noite atrás de noite um prazer sublime, e alimentava uma doce esperança.
Durante o dia Alfonso se mostrava cortês. Em troca, ela era igual de educada. Era o suficientemente ardilosa para saber que não tinha esquecido nem perdoado, não confiava ainda nela. Mas a tratava com respeito. Com isso era suficiente... no momento. Ao menos agora tinham uma base sobre a que construir sua vida. Com o tempo, Maite esperava que Alfonso a olhasse de um modo mais íntimo, com um olhar cálido e carinhoso, como tinha feito ao princípio de seu matrimônio. Com o tempo talvez houvesse inclusive mais provas de seu carinho.
Com o tempo talvez houvesse inclusive outra rosa.
Transcorreram vários dias sem que ocorresse um incidente notável, mas Maite não tinha pressa. Enquanto Alfonso seguisse adorando-a com sua paixão pelas noites, enquanto sua relação durante o dia fosse agradável, seu matrimônio partia por um bom caminho para recuperar-se.
O único problema que existia era o fato de que a jovem já estivesse grávida. Não o havia dito. Ainda não. Não podia evitar estar ansiosa, porque odiava lhe ocultar e porque intuía qual seria a reação de Alfonso se inteirava por si mesmo da verdade. Então sim teria motivos para acusá-la de estar enganando-o. É obvio, teria que dizer logo, mas podia esperar um mês mais. Ela sempre tinha tido os ciclos irregulares, assim não poderia acusá-la de utilizar artimanhas... embora assim fosse. Mas não tinha escolha. Seu matrimônio não descansava ainda sobre uma base firme e Maite estava decidida a conservar a única forma de intimidade que compartilhavam. Tinha a sensação de que se Alfonso soubesse que estava grávida deixaria imediatamente de fazer amor com ela. Por muito que desfrutasse do corpo feminino, desprezava sua própria debilidade e ela sabia. Não estava preparado para admitir que a necessitava, e a escocesa não tinha intenção de lhe dar nenhuma razão para que escapasse de sua cama e procurasse o prazer em outro lado.
Tudo ia tão bem que a Maite surpreendeu quando Alfonso foi procurá-la pela manhã nas cozinhas. Por isso ela sabia, aquele era um lugar no qual o senhor da fortaleza não tinha posto o pé em toda sua vida. Ficou paralisada ao vê-lo, igual a todas as cozinheiras, as donzelas e as servas. Sua escura e sombria expressão não augurava nada bom. Maite foi presa de um mau pressentimento. Entregou à donzela que tinha ao lado o bolo de carne que tinha estado inspecionando e correu para seu marido. — Milorde? O que ocorre?
O sorriso de Alfonso era uma careta que destilava desprezo.
— Tem uma visita, milady — anunciou enquanto a agarrava pelo braço para tirá-la dali. — Uma visita? — Maite estava confundida. — De quem se trata?
Alfonso voltou a sorrir, esta vez com autêntico desagrado.
— Seu irmão Edward.
— Edward? — A jovem empalideceu por completo.
— O que é o que te surpreende, querida? — Perguntou com um grunhido. — Não esperava uma visita semelhante? Todos seus esforços de reconciliação estavam em grave perigo e Maite sabia.
Alfonso a estava olhando como se fosse uma vil traidora.
— Não! — Gritou aferrando-se a ele. — Não! Eu não mandei chamar o Edward!
Não sei o que significa isto!
— Se não o mandaste chamar e não sabe o que significa sua visita — disse
Alfonso com frieza — estou seguro de que em seguida o descobrirá. Está te esperando no salão, milady.
Alfonso a escoltou para fora das cozinhas e cruzaram o pátio em direção ao castelo. Maite teve que correr para seguir seus passos, compridos e decididos. Ele a agarrou pela mão de modo que não pudesse se mostrar relutante a seguir caminhando. Não cabia dúvida de que estava furioso, de que pensava o pior.
— Pare, por favor!
Detiveram-se na porta de trás, a que utilizavam só os serventes para introduzir rapidamente a comida quente no salão, e se olharam. Maite estava desesperada e custava trabalho acreditar em sua má sorte. Edward não tinha podido ser mais inoportuno. Por que não teria ido ao mês seguinte, ou ao outro, quando Alfonso estivesse já convencido de sua inocência, ou quando ao menos a lembrança do que tinha feito estivesse já tão longínqua no passado que quase o
tivesse esquecido? A jovem acreditava que suas esperanças não eram infundadas e que em questão de um mês seu marido estaria próximo à capitulação, que terminaria por confiar nela.
— Não deseja saudar seu irmão, milady?
— Não! — Aquela palavra saiu da boca de Maite antes que tivesse sequer tempo de pensar. E no instante em que a pronunciou soube que se negasse em ver
Edward, ganharia boa parte da confiança de Alfonso. Se dava as costas a sua família, especialmente agora e de um modo tão evidente, seu marido teria que aceitar o fato de que sua lealdade pertencia só a ele.
Mas não podia fazê-lo. Sua autêntica natureza se rebelava frente aquela idéia. Para começar, era inocente de traição, estava sendo a melhor esposa do mundo para seu marido e não queria cortar os laços com sua família, nem agora nem nunca.
Além disso, Edward poderia trazer notícias dos seus. Depois da batalha de Carlisle, com tanta animosidade renovada entre sua família e a de Alfonso, por não mencionar os esporádicos atos de guerra que seguiam acontecendo diariamente, não tinha tido notícias de sua família.
— Não deseja falar com o Edward? — Perguntou Alfonso entreabrindo os olhos.
Os olhos de Maite encheram de lágrimas. Tinha a sensação de que se arrependeria de sua decisão. — Devo falar com ele — sussurrou com voz quebrada.
Alfonso fez um gesto.
— Depois de ti, milady.
Seu tom era zombador, amargo.
— Não creia o pior de mim. Por favor. Não te trairei, milorde.
— Isso o veremos em seguida, verdade? — replicou Alfonso com frieza.
Furiosa, ignorou-o e se dirigiu ao salão. Com que rapidez chegava a falsas conclusões!
Estava deserto, algo pouco habitual, com a exceção de seu irmão, que estava sentado na larga mesa de cavalete acompanhado de Fergus, o cavalheiro de confiança de seu pai. O coração de Maite enterneceu apesar da situação. Queria muito a Edward e fazia muito que não o via. Sem pensá-lo, correu pela imensa habitação aos braços de seu irmão.
Ao abraçá-lo, gritou de alegria. Edward a queria. Do momento em que começou a caminhar tinha estado ali para resgatá-la de suas travessuras, e a tinha defendido sempre que o tinha necessitado. Não só era seu irmão mais velho e uma espécie de herói para ela, era também seu mais querido amigo, um amigo ao que tinha jogado muito de menos, um amigo ao que necessitava com desespero.
Finalmente Edward deixou que Fergus também pudesse abraçá-la e Maite secou as lágrimas quando aquele gigante ruivo a soltou. Sentia-se feliz e desgraçada ao mesmo tempo.
— Está preciosa, irmãzinha — disse Edward em voz baixa enquanto a observava com um sorriso. Quando sorria era um dos homens mais atraentes que Maite conhecia. Tinha os dentes muito brancos, a pele bronzeada e o cabelo de um mogno tão escuro que às vezes parecia quase negro. — O matrimônio te cai muito bem.
Maite esteve a ponto de rir. Uns dias atrás teria estado de acordo de todo coração. Mas então recordou que Alfonso estava justo detrás dela, escutando e observando em silêncio.
— Não lamento ter me casado — afirmou com um sorriso.
Era a verdade e confiava em que Alfonso o compreendesse. Mas seu marido dirigiu um olhar tão manifestamente hostil que Maite esteve a ponto de afastarse dele.
— Desfruta de sua visita, milady. Como sem dúvida desejará estar um momento a sós, deixarei-te para me ocupar de meus próprios assuntos — comentou com um sorriso zombador. Alfonso partia. Maite esquecendo de seu irmão e correu atrás dele.
— Espera! Milorde! — Exclamou indo até ele. — Alfonso, o que está fazendo?
Por que quer me deixar sozinha com o Ed? Por que não fica conosco? — Perguntou em um sussurro rápido e baixo. — Não confia em ti mesma, Maite?
— Pretende me pôr a prova? — Ela piscou com assombro.
— Pretendo te dar a oportunidade para que volte a me trair — espetou antes de sair da estadia com a força de um furacão. A pesada porta de entrada do castelo fez um ruído surdo ao fechar atrás dele.
Maite tremeu. Alfonso não confiava nela absolutamente, e se não houvesse dito por que a deixava sozinha, teria pensado que se tornou louco. Mas não estava louco. Porque em lugar de sentar ali com ela e seu irmão e para não lhe
dar a oportunidade de planejar uma traição, estava deixando-a fria e deliberadamente a sós para que conspirasse contra ele se o desejava.
— Não parece muito agradado com minha visita — comentou Edward. — Quando nos estávamos abraçando tinha um olhar assassino. E por desgraça temo que não se devia a um ciúmes mau entendidos. — Não, certamente que não está ciumento de ti, Ed — conseguiu dizer ela.
— Encontra-te bem, Maite? — Perguntou seu irmão enquanto Fergus franzia o cenho.
— Pois claro que não — exclamou o fiel soldado com acento tosco e marcado.
— Se casou com o muito diabo. Deveríamos levar a moça de volta a casa conosco, Ed.
— Não! — Gritou Maite, sinceramente espantada com a idéia. — Não é tão mau,
Fergus, de verdade. — Respirou fundo para tranqüilizar-se. — Só me surpreendeu que nos tenha deixado sozinhos.
Mas a surpresa ia desvanecendo. Pretendia fazer uma armadilha para que ela se delatasse? Alfonso nunca a deixaria a sós para conspirar contra ele. Sem dúvida devia ter espiões ao redor. E como não era sua intenção traí-lo, pensou com o coração acelerado, seus espiões não teriam nada que contar.
— Irmã? — Edward a agarrou por braço. — De verdade não te arrepende de ter casado com ele? — Falou em voz baixa para que, em caso de estar sendo escutados, não pudessem ouvir suas palavras. Seu irmão também era muito ardiloso.
— Não, Ed, não me arrependo de ser a esposa de Alfonso. — Maite falou com naturalidade. Que os espiões escutem isto, pensou com repentina satisfação. — Mas não foi fácil. Verá, estive tentando por todos os meios ganhar a confiança de meu marido. Acusou-me de traição porque me descobriu espiando-o. — Maite... Fez caso a nosso pai? Vais espiar a seu marido? — Perguntou pálido.
— Não! Não! Nosso pai te contou que me pediu que o espiasse? Eu nunca faria isso a meu marido! Mas tinha curiosidade e fiz algo que não devia. — A jovem sentiu como uma lágrima caía por sua bochecha. — Não sabe como me arrependo. Nosso matrimônio ia muito bem até que Alfonso me descobriu escutando. E agora que nos estávamos começando a recuperar daquele incidente e Alfonso estava quase a ponto de me perdoar, talvez inclusive de acreditar em minha inocência, aparece você. Me alegro de vê-lo, seriamente que sim, mas agora meu marido volta a pensar que sou uma traidora, acredita que vieste para que eu passe informação ou a conspirar comigo contra ele.
Edward suspirou e a guiou para a mesa.
— Sinto muito. O certo é que nosso pai me enviou para averiguar por que não conseguiu adverti-lo da invasão. Eu adorarei lhe dizer que não tem nenhuma intenção de romper seus votos matrimoniais. De fato, te conhecendo, adverti-o que seria assim. Maite abraçou a seu irmão.
— Obrigado, Ed. — Queria perguntar a seu irmão como podia seu pai lhe pedir algo tão terrível, mas o tema era ainda muito doloroso e não o fez. Em troca pensou em seu marido e imaginou o relatório que lhe dariam seus espiões. De repente, sentiu alegria. — E agora, basta de política. Como está Edgar? Ouvi que o feriram em Carlisle.
Edward e Fergus ficaram para jantar. Maite se sentia quase feliz. Ria a cada momento e sorria sem cessar. O que tinha começado como um golpe fatal para seu matrimônio tinha terminado por converter em uma maravilhosa bênção! Os espiões de Alfonso informariam cada detalhe da conversação que tinha mantido com seu irmão, e então saberia que nunca o tinha espiado e que tampouco o faria no futuro.
Sem dúvida Alfonso ainda não tinha falado com seus espiões, porque não parecia muito agradado durante a comida. Ignorou Maite, e cada vez que ela ria, ele apertava os lábios com força. A jovem não importou. Logo, muito em breve, inteiraria-se da verdade e então não poderia seguir ignorando-a.
A princípio houve muita tensão entre Alfonso e seu hóspede, Edward. Não era seu primeiro encontro, tinham falado em Londres, na corte, tanto antes das bodas como durante a mesma. A escocesa recordava vagamente que se entenderam muito bem então. Agora, com tão pouco tempo transcorrido desde Carlisle, Edward estava muito sério e calado, e Alfonso, severo e aborrecido. Como os intentos de Maite por iniciar uma conversação foram firmemente rechaçados por seu marido, tocou à condessa suavizar a situação.
Lady Ceidre era uma perita em lutar com feições hostis em encontros sociais, e rapidamente guiou Edward e Alfonso para uma conversação inofensiva e agradável. Uma vez rasgada, a tensão morreu em seguida. Logo ficou claro que os cunhados caíam bem apesar da recente batalha de Carlislee, do histórico de guerras e intrigas que se abria ante eles como um abismo insolúvel. Começaram a conversar com uma amabilidade que foi aumentando, evitando tocar assuntos políticos e seguindo o caminho esboçado pela condessa, que se sentia obviamente satisfeita e se reclinou para trás para observar em silêncio o resultado de seu trabalho.
Ao observar a seu irmão e a seu marido, a alegria de Maite aumentou. Não cabia dúvida de que Edward seria algum dia o rei da Escócia e que isso redundaria em beneficio para Northumberland. Seu irmão mais velho era menos batalhador que seu pai, embora não menos valente. As constantes batalhas na fronteira do país diminuiriam e poderiam inclusive terminar. Maite podia imaginar o dia em que reinaria a paz, imaginou inclusive mais comidas como aquela, com seu marido e seu irmão sentados à mesma mesa, ambos amistosos e com boa predisposição um para o outro.
Edward e Fergus partiram depois de jantar. Tinham chegado a Alnwick com um contingente considerável, e seus homens tinham estado todo aquele tempo esperando-os do outro lado das muralhas. Maite os viu partir do interior da fortaleza, sentindo-se ao mesmo tempo esperançada e triste. Pensou quando voltaria a ver seu irmão outra vez, e se seus sonhos seriam alguma vez realidade.
Autor(a): taynaraleal
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 11
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Beatriz Herroni Postado em 23/03/2018 - 15:37:22
Pq postou tudo de vez?Fica um pouco ruim de ler assim
taynaraleal Postado em 24/03/2018 - 15:57:33
Oi Beatriz, então eu postei tudo de uma vez, pois tenho novas adaptações vindo por ai, e como essa eu só estava repostando pq havia sido apagada eu resolvi finalizar toda de uma vez, sei que fica ruim de ler, mas foi a unica forma de me dedicar as outras, pois meu tempo é minimo. Espero que consiga ler essa, e as outras que estão por vir
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maite_portilla Postado em 03/08/2017 - 17:24:36
Agora sim a mai vai ter que dizer tudo pro poncho... Dulce melhor pessoa kkkk... Coninua logo <3<3<3
taynaraleal Postado em 08/02/2018 - 18:13:27
Ainda está ai? vou continuar e com maratonaaaaa, espero que goste
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Postado em 03/08/2017 - 17:22:18
Ai Deus, acho que agora sim a mai vai revelar a vdd pro poncho... Adorei a Dulce kkkk... Continua logooo
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maite_portilla Postado em 24/07/2017 - 17:56:39
eita, agora a mai nao tem mais para onde fugir. coitada, ate eu fiquei com um pouco de medo desse alfonso. sera que ele vai descobrir quem ela é de vdd? continua... to amando
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maite_portilla Postado em 22/07/2017 - 00:57:58
Adorei a historia... Continua <3
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lunnagomes Postado em 19/07/2017 - 21:04:10
Estou apaixonada pela história... continua
taynaraleal Postado em 08/02/2018 - 18:14:06
Desculpa pelo sumiço, vou continuar e com maratona, se ainda estiver por ai, e quiser voltar, os comentários me estimulam muito