Fanfics Brasil - Capítulo 32 A promessa da rosa

Fanfic: A promessa da rosa | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 32

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     Maite percorreu seu dormitório de um lado a outro com impaciência, até que por fim chegou seu marido. Tinha desaparecido depois da comida e não havia tornado a vê-lo após. Levava toda a tarde e toda a noite esperando ansiosa o momento de vê-lo. Naquele tempo Alfonso já estaria a par de sua inocência.


Aproximava-se a redenção final de Mary.


     Ele pareceu surpreso ao vê-la acordada, mas imediatamente seu frio olhar a evitou e começou a despir-se.      A jovem estava assombrada. Acaso não ia dizer nada? Era tão orgulhoso que não podia admitir que tinha cometido um engano? Ou acaso já não lhe importava? Não... isso era impossível.


     — Deixa que o ajude, milorde — se ofereceu avançando para ele.


     — Posso me arrumar sozinho — assegurou afastando as mãos dela do cinto. — Vá para cama.


     Maite ficou paralisada. Algo não ia bem.


     — Alfonso? — Pôs a palma da mão nas costas dele, mas ele afastou bruscamente evitando seu contato.    


 — Não me incomode, Maite.


     — O que... o que ocorre?


     — O que ocorre? — riu com desagrado. — Nada, querida esposa. Nada absolutamente.


     — Mas, não falaste com seus espiões? — Perguntou Maite com assombro.


     Alfonso a olhou enquanto deixava cair a camisa no chão. A luz do fogo brincava com a nudez de seu largo e musculoso peito.


     — Meus espiões?


     — Não havia espiões escutando minha conversação com o Edward? — Inquiriu desesperada.      — Não, Maite, não os havia. — Ela estava tão decepcionada que não foi capaz de falar e seus olhos encheram de lágrimas. — Parece desgostada.


     Alfonso sentou e tirou as botas.


— Por quê? — Sussurrou ela. Tinha a visão tão nublada que não podia ver claramente o rosto dele. — Por que não?


     — Precisamente pela razão que você desejava que houvesse espiões presente, milady. — Ficou em pé, nu, e se aproximou da cama ignorando-a. — Meus espiões não teriam averiguado nada importante porque você não teria admitido nada que não quisesse que eles escutassem.


     Horrorizada, Maite afastou instintivamente dele. Tinha estado alegre todo o dia, pensando que por fim demonstraria sua inocência, sonhando com a felicidade que retornaria de novo a sua vida, imaginado o modo em que Alfonso a abraçaria, as palavras carinhosas que sussurraria ao ouvido. E agora via truncadas suas esperanças.


     — Nunca teria me ocorrido fazer algo semelhante — sussurrou.


     Mas, acaso não tinha feito em certo modo? Não tinha estado pensando em seus espiões durante toda a conversação com seu irmão?


     — Vamos, Maite, conheço sua inteligência. Não perderia o tempo espionando-a sabendo que você espera que eu o faça — afirmou fulminando-a com o olhar antes de se meter na cama.


     Maite ficou olhando ao fogo sem vê-lo realmente.


     — Não sou tão inteligente — sussurrou por fim. Logo girou para olhar seu marido, que estava convexo de barriga para cima com os olhos fechados, como se estivesse dormindo. Furiosa, equilibrou-se sobre ele e o golpeou com os punhos.      Alfonso a agarrou imediatamente, contendo-a. Sua expressão denotava a ira que sentia.


     — O que faz?


     — Odeio-te! — Gritou ela, sentindo que naquele momento era certo. — Tentei com todas minhas forças...


     Alfnso a pôs de joelhos, de modo que estiveram frente a frente.


     — O que tentaste com todas suas forças, Maite? Me seduzir para que confiasse em ti, para que esquecesse o passado?      — Não! — Tentou escapar, mas não o conseguiu. — Tentei com todas minhas forças convencê-lo de que nunca romperia meus votos!      — Se isso fosse certo... — Alfonso a soltou. — Se tão somente isso fosse certo...


     — É, maldito seja! Espiei-te porque sou escocesa e estava claro que estava tramando uma guerra contra meu país. Isso o admito. Mas não tentei advertir a meu pai, nem sequer pensei nisso.


     — Parece um anjo vingador — sussurrou, acariciando fugazmente o cabelo. —


Um homem teria que estar louco para duvidar de ti. — Ela, desconfiada, ficou imóvel e Alfonso sorriu como se o tivessem obrigado a tragar bílis. — Um homem também teria que estar louco para acreditar em ti.


     — Isso não é justo!


     — Por que seria tão importante para você os votos matrimoniais, Maite, quando passaste a vida inteira me odiando, odiando aos normandos, odiando a


Inglaterra?


     A jovem tomou um momento antes de responder com precaução, sua resposta supunha uma dolorosa aposta.


     — Odiei aos normandos, sim. Mas a ti não. — Alfonso a olhou. Ela ruborizou e confiou em que não percebesse embora o orgulho não servia de nada agora. —


Nunca o odiei, milorde — confessou em um sussurro.


     Estava pensando na primeira vez que o viu, no poderoso e invencível que tinha parecido, tão orgulhoso, tão nobre, tão forte e viril. Apaixonou-se ali mesmo e naquele instante, em Abernathy, dois largos anos atrás.      Depois de uma larga pausa, Alfonso falou com tom zombador.


     — E agora vem a grande confissão... vais dizer que me ama.


     — Faz que isto resulte muito difícil — murmurou com voz afogada.


     Ele ficou olhando em silêncio.


     — Não merece meu amor — disse finalmente ela depois de uma larga pausa.


     Suas cruéis duvidas, suas brincadeiras, faziam impossível que contasse o que sentia por ele. Simplesmente não podia dizer que seu amor por ele era tão doloroso que tinha tido que escondê-lo atrás de um muro de ódio. Abatida, Maite secou uma lágrima com o reverso da mão.


     — E sem dúvida não o tenho — assegurou seu marido com acidez.


     A jovem girou, mas ele a agarrou, deitou-a e se colocou sobre ela. Seus escuros olhos brilhavam perigosamente.      — Está jogando com fogo, milady.


     Ela negou com a cabeça, incapaz de falar. Alfonso estava furioso e ela aterrorizada, mas também subitamente excitada e muito consciente de se encontrar debaixo dele e completamente a sua mercê.      — Se me ama — murmurou Alfonso com voz baixa e rouca — sugiro que demonstre isso.      Maite umedeceu os lábios.


     — Não demonstrei isso já, milorde? — Sua voz soou rouca e irreconhecível.


     — Nunca poderá me demonstrar seu amor na cama, milady. Não é disso do que estou falando — disse com um sorriso selvagem.


     Ficaram se olhando fixamente, e Maite percebeu que naqueles momentos não havia paixão ou desejo entre eles. Alfonso separou dela e não voltou a tocá-la aquela noite.


*******


     O príncipe Henry fez sua aparição em Alnwick no dia seguinte. Não chegou sozinho, viajava com um grande contingente de tropas. Seu exército tinha acampado justo do outro lado dos muros do castelo, cobrindo as planície até onde alcançava a vista. A paisagem se converteu em uma aldeia pequena e ruidosa. As donzelas do lugar se ocultavam por medo de que as violassem e os granjeiros locais tragavam a raiva enquanto seu gado era sacrificado para alimentar às tropas por ordem de Alfonso e também sem ela. Tinha chovido durante as semanas anteriores, mas aquele dia luzia o sol. Algo que alegrou aos mercenários, fartos das inclemências do tempo inglês. Organizaram combates amistosos e se perseguia a mais donzelas, algo com tal de que os homens se divertissem.


     Maite se alegrava de que só fossem passar ali uma noite. Uma das servas da cozinha tinha sofrido nas mãos daqueles homens e Maite tinha tido que atender à chorosa moça. Certo que não eram estranhos os atos dos soldados recém chegados da batalha, mas os mercenários de Henry eram os mais ferozes e selvagens que tinha visto.


     Embora estava muito transtornada pelos sucessos da noite anterior e se achava o suficientemente zangada para desejar ignorar a seu marido do mesmo modo que ele fazia com ela, mas não pôde se conter. Foi procurá-lo para protestar firmemente pela presença daqueles indisciplinados normandos e para averiguar qual era o propósito de Henry em viajar tão ao norte.      — Só ficariam esta noite — disse Alfonso. — O príncipe não poderia contêlos embora quisesse, e me acredite, não quer.


     — Mas você não permite que seus homens devastem as terras, firam e violem por prazer — espetou Maite, olhando seu marido tremendo de raiva, uma raiva que ia muito mais à frente do tema que estavam tratando.      — Meus homens não são mercenários — replicou ele antes de despedi-la para evitar mais perguntas.


     Ela não tinha contado com que Alfonso fosse capaz de retificar a situação.


Não voltaria a protestar e se limitaria a cuidar de sua gente o melhor que pudesse. Ordenou aos guardas da torre fortificada que permitissem a entrada no castelo a todos os aldeãos que escapassem dos cavalheiros normandos, e, ao fazêlo, foi muito consciente da ironia da situação. Alfonso a via como uma forasteira, mas sua casa e sua gente já tinham um lugar em seu coração. Maite sentia a obrigação de proteger Alnwick e aos seus. Confiava que seu marido não se inteirasse dos esforços que estava fazendo por ele, e se o fazia, não acreditava que fosse tão bárbaro para cancelar suas ordens.


     Mas, que diabos estava fazendo o príncipe ali? Embora os rumores apontavam que se dirigia para Carlisle para render à guarnição que estava ali, Maite temia que sua presença significasse muito mais que isso.


     Henry a punha nervosa. De fato, inquietava-a muito mais que suas ameaçadoras tropas. Não confiava nele. Tinha uns olhos ardilosos e inquietos, uns olhos que olhavam e viam muito. Mas, em qualquer caso, a escocesa era muito consciente de que devia ser amável com ele.


     Mal tinha dormido na noite anterior. Tinha tratado de seduzir Alfonso, consciente instintivamente de que devia recuperar com rapidez o terreno que tinha perdido aquele dia, um terreno que tinha ganhado na semana anterior. Não podia permitir que seu matrimônio se precipitasse para o abismo. Mas tinha sido firmemente rechaçada. Seu óbvio desprezo, que não se incomodou sequer em dissimular, tinha sido o golpe final. Maite tinha encolhido na cama a seu lado, sentindo-se pela primeira vez em sua vida desconcertada e derrotada.


     Aquela manhã, quando olhou no espelho de Dulce, observou que as escuras olheiras que circundavam seus olhos lhe davam um aspecto doentio. Depois tinha tido que se preparar para receber Henry. Seu olhar penetrante deslizou por seu corpo, percorrendo-o por inteiro e fazendo-a sentir extremamente incômoda. Maite tinha a suspeita de que a achava desejável. Não queria pensar nisso, mas dado que Alfonso a tinha iniciado tão habilmente no terreno da paixão, podia imaginar o que queria dizer com seus olhares o irmão do rei.


     Durante o jantar, o príncipe se sentou no estrado entre seu marido e sua sogra. Maite se alegrou de que Alfonso ficasse de escudo para ela, ao menos com sua presença física. Se Henry aproximava muito dela durante um momento, seu marido suspeitaria que algo não ia bem. A conversação resultou em geral bastante escassa e banal. O príncipe expressou de forma aberta que substituiria às tropas de Carlislee e que depois retornaria a seus domínios na Normandia. A Maite não interessava o que ocorria na França sempre e quando não afetasse Northumberland ou a Escócia, mas sabia, como quase todo mundo, que William Rufus cobiçava o ducado normando de seu irmão Robert e que algum dia iria à guerra para conseguilo. Voltaria o príncipe Henry outra vez a brigar em favor de um irmão contra do outro? E em caso afirmativo, a que irmão apoiaria esta vez?


     Depois do jantar chegou o entretenimento habitual, um trovador, um bardo, histriões e um bufão. Maite se desculpou e levantou da mesa aludindo um sincero cansaço. Mas em lugar de ir para a cama, foi em busca de um instante de ar fresco nos muros exteriores.


     Dava toda a impressão de que o dia seguinte traria mais chuva, já que no céu não havia nenhuma estrela. Os vigilantes a saudaram cortesmente e logo a ignoraram, deixando-a a sós com seus pensamentos. Maite tinha se agasalhado com uma capa debruada de pele e se aconchegou dentro dela, observando como extinguiam os fogos de acampamento que tinha repartidos pela planície. Chegoulhe o som das canções e as risadas, algumas femininas, e a triste e lenta melodia de uma cítara. Não tinha nenhuma pressa por entrar, por ir ao quarto que compartilhava com Alfonso. Suspeitava que ele ficaria levantado até tarde, conspirando e riscando planos com Henry. Os dois se levavam muito bem, inclusive pareciam amigos de verdade. Maite não podia compreender a razão. O príncipe tinha um certo magnetismo, mas era cruel, algo que seu marido não era, e a assustava. Era poderoso, igual a Alfonso, mas ao contrário dele, era o filho menor e seu pai não tinha lhe deixado herança em terras. Entretanto, tinha adquirido por si mesmo o que necessitava e agora tinha um grande poder.


     Talvez a amizade de Alfonso com Henry fosse mais política que pessoal. Por desgraça, Maite não acreditava assim. Aquela noite não queria pensar mais em seu marido. Não podia evitá-lo. Tratando de distrair-se, olhou por volta da planície escurecida de noite. Aquela paragem austera se via ligeiramente iluminado por muito pequenos fogos. O coração encolheu ao perceber que estava olhando para o


norte, para Escócia. Fazia muito tempo que não sentia nostalgia por seu lar.      O que me está ocorrendo? Perguntou-se. Amo meu país, mas já não é minha casa. Como ocorreu algo assim, e além disso, tão rápido? Alnwick se converteu em meu lar. Hoje queria que matasse os homens que têm feito mal a minha gente...


Minha gente. Deus Santo, talvez esteja voltando uma inglesa depois de tudo.


     Mas, seria isso tão mau? Seu destino era agora Northumberland, algum dia seria sua condessa. E ela era metade inglesa, já que sua mãe era neta de um rei saxão, um fato que tinha ignorado durante a maior parte de sua vida. Maite sorriu com tristeza. Sempre havia sentido completamente escocesa, mas em certo modo tinha assumido por fim a outra parte de seu sangue ao aceitar seu matrimônio e seu novo lar. De fato, experimentava uma lealdade autêntica, um carinho sincero por aquele lugar e sua gente. Além disso, todos a aceitavam, do mais importante dos vassalos até o servo mais baixo. Não, pensou imediatamente com uma pontada terrível, não todos a aceitavam. Seu senhor não a aceitava, seguia vendo-a como uma forasteira, e o que era pior: como uma vil traidora.


     Em um instante seu matrimônio havia tornado a ficar em pedacinhos, apesar de que Maite tinha confessado de diferentes maneiras que o amava. Entretanto, Alfonso tinha burlado dela acusando-a de mentir. Desejava com todas suas forças odiá-lo, mas não podia.      De repente alguém colocou uma mão em suas costas e Maite estremeceu, assustada.


     — Não pretendia a sobressaltar — disse o príncipe com um sorriso.


     O olhar da escocesa passou por cima dele e viu angustiada que seu marido não acompanhava Henry. O príncipe e ela estavam a sós. Por um instante sentiu um calafrio de pânico. Não, pensou com decisão, não estavam sozinhos. Aliviada, olhou aos dois guardas que custodiavam os muros.


     Henry leu o pensamento.


     — Não tenha medo, milady, sua reputação está a salvo. — Como era habitual, havia ironia em seu tom de voz.      — Não estou preocupada, milorde. Por que estaria? — Perguntou, esboçando um sorriso.      Henry também sorriu e apoiou contra a parede, olhando-a com interesse.


Maite ficou tensa. Não gostava do brilho de seus olhos.


     — Imagina minha surpresa — disse ele em voz baixa. — Saio um momento para tomar ar e a encontro aqui.


     Encolhendo-se em sua capa, a jovem pensou que tinha sido uma coincidência desafortunada, mas não o expressou em voz alta.


     — Alfonso foi se deitar?


     — Não — sussurrou ele com um sorriso que provavelmente aceleraria o coração de mais de uma dama. — Está abaixo, contemplando o fogo.


     — Talvez devesse ir com ele.


     Se a jovem ficava alguma dúvida, Henry a dissipou por completo. Encontravaa atraente e sua atitude era francamente depredadora. Não acreditava que corresse perigo real, não ali, no castelo de seu marido, mas não gostava do modo em que a estava olhando. Desprezava sua atitude, não só porque era intimidadora, mas também porque suspeitava que o divertia jogar com ela.      Decidida, moveu-se para passar por Henry, mas ele o impediu agarrando-a pelo braço e esgrimindo um sorriso zombador e confiado.


     — Tem medo de mim, Maite?


     — Lady Maite — corrigiu sem fôlego. Não tinha soltado o braço. Quase não podia acreditar que tomasse tantas liberdades, mas se via obrigada a fingir que nada indecoroso estava ocorrendo. — E quanto ao medo, por que teria que tê-lo?      — Acredito que está dissimulando — comentou rindo agradado. Logo calou e a olhou nos olhos. — Parece que passou uma péssima noite. Vai tudo bem?


     — É obvio — mentiu.


     Maite voltou a mover-se com a esperança de escapar discretamente de sua sujeição, mas ele permaneceu firme. Ambos se moviam em terreno perigoso. Maite não queria protestar abertamente, e Henry conhecia seu temor de que aquilo não acabasse bem, fingia educação, como se ter colocado sua mão sobre seu braço fosse algo casual. Ele sabia que não ia exigir que a soltasse, porque se o fizesse e desmascarasse aquele encontro amistoso como a farsa que era, ambos se veriam expostos a uma aberta hostilidade.


     — A última vez que a vi, Maite, brilhava. Em poucas ocasiões vi uma mulher mais bela. Está claro que o matrimônio te sentou bem. — A jovem não foi capaz de sorrir. Henry estava falando do passado. — Entretanto, agora parece cansada e afligida. Deixou seu marido de agradá-la?      A escocesa não pôde seguir mordendo-a língua nem um minuto mais.


     — Que tipo de pergunta é essa? É obvio que me agrada!


     — Não estou falando da cama, querida — esclareceu rindo. — Não ponha esse rosto. Conheço Alfonso desde que fomos meninos, fomos juntos com mulheres em muitas ocasiões e sei do que é capaz.


     Maite deixou de fingir e se soltou de seu agarre.


     — Como se atreve — sussurrou. Soube então, com uma mescla de fúria, horror e indignação, que Henry tinha fantasiado com ela e com seu marido fazendo amor. Sentiu como se de fato tivesse estado dentro de seu quarto, espiando-os. — Como se atreve a intrometer entre nós dessa maneira?


     — Intrometi-me? — Seguia rindo enquanto simulava um olhar de inocência. —


Porque conheço bem ao Alfonso? Porque o conheço inclusive melhor que você em certos aspectos? — A jovem se manteve em silêncio apesar de que estava a ponto de estalar. — Te perdoou, Maite? Fará-o? Não acredito. — Henry seguia sorrindo. — Foste muito estúpida, e ele também. Não posso acreditar que permitiu ficar a sós com seu irmão quando veio visitá-la. Não ponha esse rosto de surpresa. Estou sempre à par de algo importante que aconteça neste lugar.


     — Tem um espião aqui? — A jovem ficou sem ar.


     — Sem dúvida não ignora que os homens poderosos têm espiões em todas partes, Maite. Acaso não está aqui na qualidade de espiã de seu pai?


     Tentou esbofeteá-lo, mas ele agarrou a mão, o que fez que a capa dela caísse e que de repente se visse aprisionada entre o áspero muro de pedra e o corpo duro de Henry.


     — Solte-me agora mesmo ou Alfonso o matará.


     Entretanto, não gritou. Henry sabia igual a ela que os guardas estavam do outro lado dos muros lhes dando as costas, e portanto alheios ao que estava ocorrendo.      — Ou eu o matarei. — O príncipe riu enquanto Maite o olhava horrorizada. — Mas não falarei de nosso encontro se você tampouco o fizer.


     A jovem tinha vontades de lhe cuspir e arranhá-lo, mas ele a sujeitava com muita força. Sabia que não diria nada porque era o irmão do rei e um homem perigoso, e não queria arriscar que matasse seu marido.      — Relaxa — disse Henry com voz rouca. — É uma beleza, disso não há dúvida, mas para ser justo só estou protegendo Alfonso... e meus próprios interesses.


Não tenho nenhuma intenção de te violar, por muito que eu gostasse de senti-la debaixo de mim. Sem dúvida é seu corpo o que provoca que seu marido tenha abandonado seu patrimônio e a si mesmo. Admito que tenho muita curiosidade. De fato, se insinuasse isso, aceitaria o oferecimento.


     Dito aquilo, soltou-a, mas Maite ainda estava entre seu corpo e a parede.


     — Nunca conseguirá que seja tua! — Exclamou sentindo um desejo entristecedor de golpeá-lo e um terror que aninhou em seu estômago. Se os guardas não tivessem estado ali, Henry a teria violado em um instante e ela não teria podido impedi-lo. Acreditava que ele fosse muito capaz de semelhante comportamento.


     — Debaixo dessa fachada frágil e na aparência inocente se esconde uma mulher de verdade, sei, percebi no momento em que nos conhecemos. Não pode viver sem um homem e Alfonso não suportará sua traição durante muito tempo. Um dia cometerá um engano fatal, Maite. Ele nunca a perdoará e a enviará para longe, como já deveria ter feito. Mas não tenha medo. Eu não me esquecerei de ti.


Embora esteja encerrada em um convento, não me esquecerei de ti.


     Maite estremeceu. A arrogância e a confiança em si mesmo de Henry eram aterradoras. E tampouco lhe escapou a intenção que escondia atrás de suas palavras. Se a exilavam, como ele acreditava que aconteceria logo, Henry estaria à espreita. Que Deus a ajudasse, mas se alguma vez a enviavam para longe não cabia nenhuma dúvida de que o príncipe chamaria a sua porta.      — Eu nunca o trairei.


     Henry permaneceu imóvel, observando-a.


     — Que estranho. Quase a acredito.


     — Alfonso se equivoca. Não o traí e nunca o farei.


     — Não? Talvez tenha me equivocado ao julgá-la. Talvez ainda não tenha traído seu marido. Mas, e se conto qual é o verdadeiro propósito de minha visita?


     O coração de Maite começou a pulsar com força pelo medo.


     — A que se refere? Sem dúvida procurava uma cama e um teto sob o que dormir. Nada mais!


     — Sei que não é tão ingênua! — Exclamou rindo. — Já contei a Alfonso e agora a comunicarei umas notícias que sem dúvida ele guardará para si. Seu pai, seu ilustre senhor, está formando o maior exército que a Escócia tenha conhecido.      Maite estava paralisada. Tentou falar, mas as palavras não saíram. Teve que engolir saliva e umedecer os lábios primeiro.      — Por quê? — Perguntou com um fio de voz, apesar de que já conhecia a resposta.      — Por vingança, é obvio. Malcolm jurou que porá a Inglaterra de joelhos. A invasão de Northumberland é iminente



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Autor(a): taynaraleal

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     Maite fugiu. Deu-lhe a impressão de que a suave risada de Henry a seguia, mas dado seu estado de nervosismo não podia estar segura. Precipitou-se pelos degraus da escada de caracol e caiu. Por sorte estava no último degrau quando ocorreu, mas foi suficiente para que ficasse um instante quieta antes de levantar ofegando.  &n ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 11



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  • Beatriz Herroni Postado em 23/03/2018 - 15:37:22

    Pq postou tudo de vez?Fica um pouco ruim de ler assim

    • taynaraleal Postado em 24/03/2018 - 15:57:33

      Oi Beatriz, então eu postei tudo de uma vez, pois tenho novas adaptações vindo por ai, e como essa eu só estava repostando pq havia sido apagada eu resolvi finalizar toda de uma vez, sei que fica ruim de ler, mas foi a unica forma de me dedicar as outras, pois meu tempo é minimo. Espero que consiga ler essa, e as outras que estão por vir

  • maite_portilla Postado em 03/08/2017 - 17:24:36

    Agora sim a mai vai ter que dizer tudo pro poncho... Dulce melhor pessoa kkkk... Coninua logo <3<3<3

    • taynaraleal Postado em 08/02/2018 - 18:13:27

      Ainda está ai? vou continuar e com maratonaaaaa, espero que goste

  • Postado em 03/08/2017 - 17:22:18

    Ai Deus, acho que agora sim a mai vai revelar a vdd pro poncho... Adorei a Dulce kkkk... Continua logooo

  • maite_portilla Postado em 24/07/2017 - 17:56:39

    eita, agora a mai nao tem mais para onde fugir. coitada, ate eu fiquei com um pouco de medo desse alfonso. sera que ele vai descobrir quem ela é de vdd? continua... to amando

  • maite_portilla Postado em 22/07/2017 - 00:57:58

    Adorei a historia... Continua <3

  • lunnagomes Postado em 19/07/2017 - 21:04:10

    Estou apaixonada pela história... continua

    • taynaraleal Postado em 08/02/2018 - 18:14:06

      Desculpa pelo sumiço, vou continuar e com maratona, se ainda estiver por ai, e quiser voltar, os comentários me estimulam muito


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