Fanfics Brasil - Capítulo 38 A promessa da rosa

Fanfic: A promessa da rosa | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 38

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Quinta Parte


A Promessa da Rosa


     Anahi não tinha visto Geoffrey Herrera desde suas bodas com Henry Ferrars, mas pensava pôr fim a essa situação aquele mesmo dia.


     A liteira em que viajava parou. Como tinha as cortinas abertas, pôde ver que tinha chegado a seu destino. Embora seguia rodeada por duas dúzias dos melhores cavalheiros de seu marido, distinguiu a catedral de Canterbury elevando-se orgulhosa para o céu azul apenas uma dúzia de passos diante dela.


     Levava muito tempo sem ver Geoffrey e isso tinha resultado duro. Suas bodas aconteceu no primeiro dia de fevereiro e já estavam no mês de abril. Era um terrível desperdício. Seu marido havia ficado aquelas últimas semanas em


Tutberry, muitas milhas a oeste de Essex, onde ela se encontrava sozinha e cada vez mais desesperada. Anahi tinha enviado a Geoffrey numerosas missivas... Mas ele não tinha respondido.


     A jovem não fez ameaça de sair da liteira. Sentia tantas emoções concentrando-se na boca do estômago que não podia mover-se, ainda não. Estava furiosa, muito furiosa diante de seu óbvio rechaço. E tinha medo. Ela, a mulher mais cobiçada do reino, tinha medo de que seu amante tivesse cansado dela.


     Sua relação tinha sido complicada desde o começo. Depois das bodas de seu irmão, Geoffrey tinha seguido vendo-a durante vários dias até que o chamaram para formar parte da invasão de Carlisle. Mas quando acabou a guerra não retornou a seu lado, como Anahi confiava que fizesse. Esperou e esperou que aparecesse, mas nunca o fez.


     Angustiada, começou a lhe enviar missivas. A princípio tentando persuadilo, logo urgindo-o, e finalmente exigindo que retornasse. As respostas de Geoffrey eram curtas. Seus assuntos o retinham, Anahi devia se entreter com seus próprios interesses.


     Ela não só tinha medo de que cansou dela, também estava indignada. Parecialhe claro que estava sugerindo que tomasse outro amante. Mas nenhum outro homem poderia interessá-la naqueles momentos. E o mais importante, estava ferida... Mas se negava a identificar aquele sentimento.


     Enquanto isso, suas bodas com Ferrars, um homem de meia idade, aproximava.


E então, justo duas semanas antes daquele evento que tanto temia, Geoffrey mandou uma mensagem solicitando um encontro. Tinham transcorrido dez largas e intermináveis semanas desde seu último encontro e seu tom era premente. Anahi adivinhou a natureza de sua urgência. Tinha a intenção de negar, fazê-la interessante, torturá-lo, castigá-lo por sua negligência. Mas quando Geoffrey chegou, arrojaram-se um nos braços do outro como dois animais ávidos. Em questão de segundos ele tinha esmigalhado a roupa dela com sua adaga e a estava penetrando. Ambos alcançaram o êxtase imediatamente, mas ele não a deixou, mas sim tomou uma e outra vez. Como sempre, mostrou-se perito e insaciável. E pela primeira vez em sua vida, Anahi ficou esgotada... e satisfeita. Entre eles não se acabaram as coisas.


     Sentiu-se ainda mais agradada quando Geoffrey a buscou no dia seguinte e todos os dias daquela semana. Nas vésperas de suas bodas estava nos poderosos braços do arquidiácono, saciada e sem indício de arrependimento.


     Sabia que ele não era feliz. Via-o em seus olhos, em cada traço de seu rosto. Anahi estava encantada. Ama-me, pensou feliz. Tem o coração destroçado porque vou casar com outro.      No dia seguinte pronunciou seus votos matrimoniais. Jurou honrar e obedecer a seu marido e ser casta. Geoffrey esteve na missa, mas não no banquete nupcial. Saiu logo após a cerimônia, negando-se a olhá-la uma só vez... E após não havia tornado a vê-lo. Anahi ainda estava zangada porque a tivessem entregue a


Ferrars. Não importava quão hábil seu marido fora no campo de batalha ou quão leal fosse à coroa. Por isso no que referia a ela não era mais que um arrivista de baixo berço, e nada poderia mudar nunca esse fato.


     Ferrars era um homem ardente. Anahi sabia que estava tão contente com aquele matrimônio como ela desgostada. Talvez inclusive se apaixonou por sua bela esposa. A jovem não tinha nenhuma intenção de desafiá-lo nem de pô-lo em evidência independentemente do que sentisse para ele. Nunca tinha sido uma estúpida. Se seu destino era converter-se em lady Ferrars, então faria todo o possível para que seu marido a venerasse. Embora se tratava de um homem poderoso, não conservava nada daquele poder no que se referia a Anahi. Em menos de uma semana o tinha na palma de sua mão. Talvez fosse um grande estrategista tanto com seus amigos como com seus inimigos, mas não podia dirigir sua esposa.


     Muito ao contrário do que ocorria com Geoffrey, ao que Anahi mal podia controlar. Por não dizer que não o controlava absolutamente. Mas agora, agora aquilo ia mudar.


     Anahi desejava ao arquidiácono desesperadamente. Tinha que vê-lo. Estava completamente convencida de que não poderia viver sem ele. Converteu-se em uma obsessão tal que nem sequer havia tornado a tomar um amante. Quando estivessem juntos, quando voltassem a estar um nos braços do outro, daria-se conta de que seus medos eram absurdos. Ele a amava, estava convencida disso. E como não tinha ido vê-la... Era ela quem se atreveu a ir buscá-lo. Além disso, tinha algo a dizer-lhe, algo que mudaria sua relação para sempre, algo que não podia esperar. E depois de dizer, Geoffrey não poderia voltar a evitá-la nunca mais, uniria-os um laço que nunca poderia desatar.


     Geoffrey não podia estar mais surpreso. O tempo parou enquanto se inclinava sobre uma larga mesa coberta de pergaminhos, para olhar ao jovem diácono que estava na soleira da porta. Encontravam-se em uma das câmaras da catedral de Canterbury, onde resolviam a maioria dos assuntos da ordem.


     — Como diz?


     — Está aqui uma tal lady Ferrars, milorde, e deseja falar com você.


     Furioso, Geoffrey se ergueu. Aquilo era intolerável. Por fortuna, Anselm se encontrava em Londres. Maldita fosse! É que Anahi não tinha compreendido o significado de sua negativa em atender sua chamada?


     E não é que não queria vê-la. Sua luxúria por ela não tinha desaparecido absolutamente. Mas agora Anahi estava casada e Geoffrey não podia enganar a um homem que por certo respeitava. Outros não teriam reparos em fazê-lo, mas ele não era como outros. Nunca o tinha sido. De fato, aquele fator acrescentado significava que por fim resultaria vitorioso em sua particular guerra contra si mesmo.      — Faça com entre — ordenou irritado.


     Quando a jovem fez sua aparição, Geoffrey endureceu instantaneamente.


Apesar de sua firme determinação, pensou que Anahi estava arrebatadora com o manto de lã vermelha que vestia.


     — Milorde — sussurrou ela fazendo uma reverência.


     Geoffrey murmurou uma saudação incongruente e não a ajudou a erguer-se. Por desgraça, o diácono partiu deixando-os a sós.      — Lady Ferrars, vejo que o matrimônio lhe fez muito bem — disse Geoffrey com brutalidade.      Quanto antes partisse, melhor. Depois de tudo, não confiava plenamente em si mesmo.      O olhar de Anahi escureceu e apagou do rosto seu sorriso sensual característico.      — É obvio que sim — conseguiu dizer.


     — Como está seu marido?


     Ela cravou seu ardente olhar na porta aberta, mas Geoffrey ignorou seu gesto.      — Henry está em Tutberry — disse finalmente Anahi. — Leva ali várias semanas.


     — Isso ouvi — respondeu ele com ironia. A jovem tinha enviado uma dúzia de mensagens, lhe recordando em todos e cada um deles que estava sozinha. — No que posso ajudá-la, lady Ferrars?


     Ela o olhou com uma súplica muda nos olhos.


     — Vou a caminho da casa de meu irmão, em Kent, e desejo passar a noite muito perto daqui, milorde, na abadia de São Agustín.


     Geoffrey estava furioso. As petições desse tipo eram comuns e não podia negar a acolhê-la, já que os viajantes tinham uma cama garantida e algo de comer em todas as abadias pelas que passassem.      — Está falando com o homem equivocado, milady — murmurou. — O abade se encarregará com gosto de a instalar.


     O que pretendia conseguir Anahi com aquilo? Perguntou-se. Não poderia deslizar entre as portas da abadia quando escurecesse. Ou acaso esperava desfrutar a tarde com um encontro em algum claro do bosque? Conhecendo-a como a conhecia, não lhe parecia desatinado. E muito a seu pesar, consciente do que aquele encontro prometia, seu membro endureceu.


     — Estou muito cansada — disse Anahi. — Pensei em parar aqui primeiro e descansar.      Geoffrey guardou silêncio para que seu tom de voz não revelasse nenhum sinal de excitação.      — É obvio, lady Ferrars, como desejar.


     Ela fechou os olhos.


     — O certo é que não me encontro muito bem. Acredito que terei que ficar aqui vários dias antes de seguir meu caminho para o sul. — Geoffrey estava a ponto de fazer um comentário quando percebeu que Anahi estava acariciando o abdômen sob o manto. — Talvez nem sequer deva viajar.


     Não era seu assunto perguntar, mas aquele gesto era inconfundível. Geoffrey se dirigiu à porta a bom passo e a fechou antes de girar para olhá-la com desconfiança.      — Se está esperando um filho, lady Ferrars, não deveria andar pelos caminhos.      — Então tenho feito mal — sussurrou ela com voz rouca e sorriso triunfal.


     Geoffrey estava paralisado. Anahi esperava um filho. Seria dele?


     — Sinto-me muito fraca — murmurou ela enquanto cambaleava.


     Ele a agarrou antes que caísse e Anahi apoiou em seus braços. Um décimo de segundo mais tarde sorria olhando-o nos olhos.      — Ao fim — murmurou com voz profunda sem fazer nenhuma ameaça de esconder sua excitação.


     Durante um instante, Geoffrey deslizou o olhar desde seus úmidos lábios a seu decote. O manto aberto, mostrava que ia nua sob a fina túnica de seda, seus eretos mamilos eram claramente visíveis, igual ao resto de sua voluptuosa figura.      Geoffrey não viu nenhum sinal de gravidez e a separou de si com brutalidade. Ela retornou imediatamente a seus braços.      — Temos que nos ver!


     Ele a agarrou pelos pulsos, obrigando-a a soltá-lo.


     — Não, Anahi, terminou.


     — Matarei você! — Ameaçou respirando profundamente e retorcendo-se como uma selvagem.


     O arquidiácono a sujeitou contra a parede enquanto Anahi lutava com todas suas forças, arranhando e cuspindo como uma gata. Finalmente conseguiu sujeitála, mas ela havia sentido a rigidez de sua excitação e ria, exultante.


     — Necessita-me! Não pode negá-lo!


     Geoffrey não queria ser cruel, mas ela estava jogando com ele ao falar do menino e não podia permiti-lo.      — Só quero o corpo de uma mulher, Anahi, e não tem por que ser necessariamente o seu.      Ela esteve a ponto de sufocar pela ira.


     — E eu só senti falta de seu enorme membro, filho de uma cadela! — Gritou.


     Geoffrey estava muito agitado para rir.


     — Que palavras tão delicadas, Anahi.


     Ela ficou paralisada. Depois o rodeou com seus braços, gemendo e apertando seu corpo tremente contra o seu.      — Não, Geoff, já sabe que isso não é verdade. É obvio que senti sua falta — assegurou com voz rouca. — É o único homem para mim, juro-o.


     — Duvido — respondeu ele muito sério enquanto escapava de seu abraço. Não tinha nenhuma vontade que entrasse alguém e os pilhasse sozinhos e abraçados. As repercussões seriam imensas. Sobre tudo agora, se seus espiões estavam certos.      Anahi aproximou dele como uma tigresa ameaçadora e perigosa, e acariciou a bochecha com uma de suas largas e afiadas unhas.      — Nenhum é tão bom como você.


     — Terminou, Anahi. Entenda-o de uma vez. Terminou.


     Ela emitiu um gemido surdo de desgosto e Geoffrey a agarrou pelo braço antes que cravasse as garras no rosto.      — Há alguém mais? De quem se trata? — Gritou.


     — Não há ninguém mais.


     — Não acredito! — Exclamou agarrando de improviso seu endurecido membro. — Ou talvez sim.


     Geoffrey a separou com um tapa.


     — É óbvio que não está cansada e que tampouco encontra doente. Farei com que a escoltem para a abadia. Se montas uma cena, ambos pagaremos um preço terrível, Anahi. Aceita que terminou.


     — Não. Nunca terminará! — Exclamou com um sorriso triunfante.


     Geoffrey teve então um mau pressentimento e sentiu que o pêlo da nuca arrepiava.      — É certo que está grávida, verdade?


     Ela soltou uma gargalhada rouca.


     — Será um menino. Disse-me isso uma cigana a semana passada. — Olhando-o fixamente, acrescentou: — Henry estará encantado.      Geoffrey tinha o rosto tenso e respirava com dificuldade.


     — Poderia ser meu? — Seu tom de voz era perigoso.


     A jovem riu encantada e logo encolheu os ombros.


     Geoffrey equilibrou sobre ela. Anahi tinha dado as costas a ele, como se fosse partir, mas a obrigou a girar.      — De quem é o menino?


     — O que conseguirei se digo isso? — Perguntou, jogando com ele.


     Geoffrey nunca tinha batido em uma mulher, mas esteve a ponto de fazê-lo nesse momento.      — Quando nascerá o menino, Anahi? Responda-me antes que a mande ao inferno!


     — Dentro de sete meses — confessou, pálida.


     — Então poderia ser de Ferrars... ou meu — calculou.


     Anahi o olhou com um sorriso entre a cautela e a excitação.


     Geoffrey separou dela. Tinha os ombros rígidos, os olhos de um azul ártico.


Tremia. Seria ele o pai? Que ele soubesse, não tinha filhos. Não era nenhuma surpresa, considerando que, embora não era precisamente celibatário, lutava contra suas inclinações sexuais o melhor que podia. Mas tinha estado pela primeira vez com uma mulher aos treze anos... Não deveria ter engendrado um filho a aquelas alturas? Não podia sabê-lo com segurança. Nunca tinha pensado nisso. Em sua posição, um filho seria um problema e uma vergonha. Um filho poderia arruinar tudo pelo que tinha lutado e destruir seu futuro.


     Mas, como ansiava ter um filho! Como desejava que o bebê que Anahi esperava fosse dele! Apesar do fato de que não poderia reclamar nunca abertamente aquela paternidade e das conseqüências que teriam lugar se a verdade fosse revelada, queria que aquele menino fosse dele.      Geoffrey olhou Anahi e observou furioso que sorria com satisfação.


     — Se segue jogando comigo lamentará.


     O sorriso feminino desvaneceu.      — É seu. Sei.


     — Como pode estar segura? Estivemos juntos duas semanas, mas imediatamente depois casou com Ferrars. Como pode estar segura?


     — Estou!


     Geoffrey sabia que não podia acreditá-la. Era impossível que estivesse segura, não? Naquelas circunstâncias, tanto ele como Ferrars poderiam ser o pai, e a data de nascimento do menino não demonstraria nada, porque poderia nascer antes do previsto ou depois.


     E a menos que o menino guardasse uma semelhança inconfundível com algum dos dois supostos pais, tampouco demonstraria nada. E embora o fizesse, passariam ainda muitos anos até que o menino entrasse na idade adulta.      — Você é o pai — assegurou com tom sedutor colocando uma mão sobre o ombro dele. — Estou segura disso. Sua semente é poderosa e potente, como você.


     Geoffrey apenas a escutava. Naquele instante sentiu com toda certeza que nunca conheceria a verdade. E foi também então quando soube que aquele menino o ataria para sempre a Anahi de um modo muito mais forte do que nunca os uniria a luxúria.      E durante um instante, um instante de loucura, até conhecendo Anahi como a


conhecia, desejou que fosse sua esposa.      — Farei com que a escoltem até o abade. Se desejar, enviarei-lhe uma breve missiva.


     — Geoffrey!


     — O menino não troca nada, Anahi. Tudo terminou entre nós — afirmou com frieza.      — Mas eu te amo — gritou ela, delatando com seu rubor que suas palavras eram certas.


     — Então o lamento — disse Geoffrey. — Lamento seriamente. Mais do que nunca saberá.


     Anahi não era uma mulher que chorasse com facilidade. Tinham transcorrido muitos anos desde que o fizesse pela última vez, e então era uma menina de dez anos que acabava de saber que uns foragidos tinham assassinado sua mãe, deixando-a órfã. Não chorou dois anos depois quando seu meio-irmão, Roger Portilla, violou-a. Mas aquela noite, deitada sozinha sobre uma dura cama da abadia de São Agustín, chorou com o coração destroçado.


     Agora que tinha pronunciado as palavras soube que eram certas. Amava-o.


Geoffrey era poderoso, amável e bom... Não como ela. Era a personificação do que devia ser um homem, e apesar de não guardar celibato, era virtuoso de um modo que Adele não conseguia compreender, mas sim admirar.


     Pela primeira vez em sua vida, Anahi desejou ser uma mulher virtuosa.


Desejou ser outra pessoa, alguém digna de Geoffrey Herrera, uma mulher a que ele queria ter não só na cama, mas também como esposa. Pela primeira vez lamentou sua natureza, suas aventuras, de tudo. Mas não podia lamentar ter estado com ele.


     Sabia que o menino era dele. Não podia ser de Henry. Seu instinto dizia que tinha que ser dele! Caso contrário, tinha-o perdido de verdade. Anahi deixou de chorar de repente. Da morte de seus pais, enfrentou sozinha o mundo, intrigando para poder sobreviver. E não só sobreviver, mas também viver bem. Não tinha perdido nenhuma batalha naquele período de tempo... E não ia perder agora. A notícia do menino não tinha deixado Geoffrey indiferente. Aquela separação poderia não ser definitiva. Queria recuperá-lo. Pertencia-lhe.


     Já era hora, decidiu por fim, de secar as lágrimas. Como já tinha decidido fazia muito tempo, supunha uma sorte que Geoffrey pertencesse à Igreja, porque não tinha que temer por outra mulher. Não a assustava sua virtude. Ele seguia desejando-a e Anahi era uma perita em sedução. No dia seguinte voltaria a tentálo. E no dia seguinte teria êxito. E se não era no dia seguinte, voltaria a tentá-lo em qualquer ocasião que apresentasse.      Nunca se renderia.


     O jovem diácono levou Anahi até a câmara onde o arquidiácono estava trabalhando. Embora a anunciaram, ele não se moveu. Estava de pé ao lado de uma das janelas abertas, banhado pelo sol. Seu formoso e dourado perfil era duro, ameaçador. Anahi ficou paralisada. Algo não ia nada bem.      Geoffrey girou lentamente a cabeça para ela. Seu olhar parecia não ter vida.


     — E agora o que, Anahi?


     Ela o notava cansado e a jovem morria de vontade de abraçá-lo. Então percebeu que tinha um pergaminho na mão com o selo quebrado. Anahi ficou tensa ao reconhecer o selo real. Geoffrey devia ter recebido novas instruções do rei, e ela era muito consciente de como tinha lutado o arquidiácono contra Rufus para controlar os assuntos pertencentes tanto à coroa como à Igreja. Tinha desejado adverti-lo muitas vezes de que cessasse aquela absurda guerra contra o monarca. Mas tinha se contido porque não queria que soubesse da profunda paixão que sentia por ele.      — O que ocorre?


     Os lábios de Geoffrey curvaram ligeiramente.


     — Acabo de conseguir tudo o que sempre desejei.


     Seu tom era estranhamente zombador e conseguiu que arrepiasse o pêlo da nuca de Anahi.      — Carinho — sussurrou, esquecendo que a porta estava aberta. — O que passou?


     Justo nesse instante os olhos de Geoffrey brilharam e mudou a expressão.


Apertou a mandíbula, como se acabasse de cruzar uma soleira, como se tivesse tomado uma decisão.      — Rufus me nomeou bispo de Ely.


     — Bispo de Ely! — exclamou emocionada. — Meu Deus, isso é maravilhoso!


     Geoffrey não disse nada. Permanecia erguido e sem se mover, com os olhos brilhantes, mas opacos.


     — O rei e você levam lutando desde que morreu Lanfranc — comentou Anahi, franzindo o cenho. — Por que o nomeia agora para um cargo de tanta importância e poder?      — Não vê? — perguntou ele com secura. — Estão me comprando, Anahi. O rei acredita que assim me tira do meio.


     A jovem olhou ao orgulhoso, frio e indomável homem que amava, e estremeceu de medo. Conhecia seu amante. O rei esperava que o próximo bispo de Ely mostrasse uma lealdade inquebrável, mas Geoffrey não era o tipo de homem que comprometesse sua causa.


     E sua causa era a Igreja.


     O medo de Anahi aumentou. A sutil guerra que tinham estado mantendo o arquidiácono e o rei não seria nada comparada com o que ocorreria se Geoffrey, uma vez investido, continuasse com sua atual trajetória. Seria um suicídio!      — Não deve cometer nenhuma loucura uma vez que aprovou sua nomeação! Tem que cessar em sua obstinada confrontação com a coroa!


     Geoffrey a olhou.


     — Assombra-me. É possível que sinta alguma avaliação por mim fora do dormitório?


     Anahi estremeceu. Seu tom de voz a assustava. Não pôde evitar olhar de esguelha para a porta aberta, mas não havia ninguém à espreita que pudesse escutá-los. Entretanto, Geoffrey não tinha sido nunca tão pouco cuidadoso.


     — Sabe que assim é. — Ele elevou a sobrancelha mostrando seu ceticismo e


Anahi teve ainda mais medo. — Geoffrey, o que te passa? Pelo amor de Deus, acaba de receber uma grande honra do rei, uma nomeação pelo que outros homens morreriam, enganariam e roubariam... Mas você o conseguiste honestamente. E entretanto não parece contente!      — Estou contente. — Sorriu, mas sem um indício de alegria. — Como não ia estar?      A jovem pensou de repente que possivelmente alguém poderia impedir aquela nomeação. Geoffrey tinha muitos inimigos. Assim havia dito ele mesmo.


     — Aceitará a nomeação, verdade?


     — É obvio que sim. Esta manhã recebi outra missiva, neste caso de Anselm, que anuncia que virá amanhã me ordenar. Promete-me todo seu apoio, o que significa que está assegurada a escolha da sala catedralicia. A investidura será uma mera formalidade.


     Anahi não podia respirar com normalidade. Estava encantada com sua nomeação. Estava feito a sua medida. Ela se sentia feliz e ao mesmo tempo consternada, porque Geoffrey parecia remoto e distante. O poder que tinha percebido nele desde o começo se via agora magnificado, emanando de seu ser de forma clara e fria.


     A jovem sentiu que a percorria um calafrio. Geoffrey Herrera a olhava do outro lado da câmara com suas roupas largas e escuras e sua pesada cruz de ouro, exalando virilidade. Loiro, com os olhos azuis e incrivelmente arrumado. Anahi estava impactada. Era um dos primeiros prelados do reino, um dos vassalos mais poderosos do rei. Era o bispo de Ely, e nem sequer tinha completo ainda os vinte e três anos.      Inclusive ela estava maravilhada.



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Autor(a): taynaraleal

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 11



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  • Beatriz Herroni Postado em 23/03/2018 - 15:37:22

    Pq postou tudo de vez?Fica um pouco ruim de ler assim

    • taynaraleal Postado em 24/03/2018 - 15:57:33

      Oi Beatriz, então eu postei tudo de uma vez, pois tenho novas adaptações vindo por ai, e como essa eu só estava repostando pq havia sido apagada eu resolvi finalizar toda de uma vez, sei que fica ruim de ler, mas foi a unica forma de me dedicar as outras, pois meu tempo é minimo. Espero que consiga ler essa, e as outras que estão por vir

  • maite_portilla Postado em 03/08/2017 - 17:24:36

    Agora sim a mai vai ter que dizer tudo pro poncho... Dulce melhor pessoa kkkk... Coninua logo <3<3<3

    • taynaraleal Postado em 08/02/2018 - 18:13:27

      Ainda está ai? vou continuar e com maratonaaaaa, espero que goste

  • Postado em 03/08/2017 - 17:22:18

    Ai Deus, acho que agora sim a mai vai revelar a vdd pro poncho... Adorei a Dulce kkkk... Continua logooo

  • maite_portilla Postado em 24/07/2017 - 17:56:39

    eita, agora a mai nao tem mais para onde fugir. coitada, ate eu fiquei com um pouco de medo desse alfonso. sera que ele vai descobrir quem ela é de vdd? continua... to amando

  • maite_portilla Postado em 22/07/2017 - 00:57:58

    Adorei a historia... Continua <3

  • lunnagomes Postado em 19/07/2017 - 21:04:10

    Estou apaixonada pela história... continua

    • taynaraleal Postado em 08/02/2018 - 18:14:06

      Desculpa pelo sumiço, vou continuar e com maratona, se ainda estiver por ai, e quiser voltar, os comentários me estimulam muito


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