Fanfic: A promessa da rosa | Tema: Herroni
Os irmãos se olharam. Todos entendiam perfeitamente o grande número de implicações políticas que envolviam os fatos. O irmão de Malcolm estava no exílio, nas Hébridas. Era um aspirante legítimo ao trono da Escócia, porque qualquer varão da família podia ser nomeado sucessor do rei enquanto este vivesse. Donald Bane contava com o apoio majoritário da gente das Hébridas: As ilhas de Ust, Skye e Lewes, e a costa do nordeste da Escócia. Naquelas zonas governavam em sua maior parte membros do clã Mackinnon. Ao casar a sua filha com um Mackinnon, inclusive com um que não residia nas Hébridas, Malcolm confiava atrair ao resto de tão poderoso clã para sua causa, que era bem conhecida. Queria nomear herdeiro a um de seus próprios filhos antes de morrer.
— Cometeste um grande erro, irmão — assinalou Brand.
A raiva começou a filtrar pelas veias de Alfonso.
— Tomou-me por um autêntico estúpido. Fui um autêntico estúpido!
Passou pela cabeça dele que verdadeiramente tinha sido ela a vencedora de sua batalha de habilidades e vontades. Ele não tinha sido capaz de lhe arrancar a verdade, que era o que em realidade pretendia quando a levou a cama. Não tinha sido sua intenção arrebatar a virgindade dela, e entretanto o tinha feito, incapaz de parar uma vez que teve começado.
De repente, Alfonso sentiu que sua raiva diminuía. Tinha perdido uma só batalha, consigo mesmo e com ela, mas não tinha perdido a guerra. Porque um homem devia pagar o preço de ter arrebatado a virtude de uma dama. Talvez ainda pudesse conseguir tirar proveito daquela situação.
— O que esperava ganhar ela? — Perguntou Brand, desconcertado. — De verdade pensava que conseguiria enganá-lo durante muito tempo? Se houvesse dito a verdade, não a teria levado para cama e a teria devolvido a Malcolm assim que pagasse o resgate.
Alfonso sabia que seu irmão dizia a verdade, mas não estava tão convencido. Se tivesse descoberto sua identidade, teria mantido sua palavra, respeitando-a e deixando-a livre? Não era um homem que desse sua palavra a toa. Antes sempre a tinha cumprido. Mas talvez nesta ocasião a tentação que oferecia a princesa tivesse sido muito grande e não tivesse podido resistir... em mais de um sentido. — Malcolm reclamará vingança.
— Pedirá sua cabeça — afirmou Geoffrey com brutalidade. — E imediatamente.
Parece que é você quem vai colocar nos em uma nova guerra, não Malcolm ou o rei Rufus.
— Não necessariamente — repôs Alfonso.
Um sorriso estranho, duro e ao mesmo tempo decidido, mudou-lhe a expressão. Tinha os olhos entreabertos, centrados não nas pessoas que tinha ao redor de si, a não ser em um futuro distante. A paz era algo muito valioso. Não teria que destruí-la. Se pudesse encontrar com Malcolm e o convencer daquilo..., e se também persuadisse a Rufus... Alfonso girou bruscamente e se dirigiu às escadas. Mas um segundo depois recordou que Mairi... Não, a princesa Maite, tinha saído da torre com sua irmã.
Um mau pressentimento apoderou dele. Agora não tinha nem a mínima dúvida, sabendo que era de sangue real, de que tentaria escapar. A maré tinha mudado. A jovem era agora muito mais valiosa do que tinha sonhado. Era a peça chave de uma guerra que tinha durado várias gerações. Era um grande prêmio se conseguia ficar com ele, um prêmio que encerrava uma promessa de esperança, de paz. E ganharia o prêmio. Tomaria por esposa à princesa Maite.
Com aquele pensamento, girou sobre os calcanhares e correu para a porta.
Naquele preciso instante Dulce entrou como uma exalação, chorando abundantemente, e Alfonso soube que era muito tarde.
— Onde está? — Perguntou agarrando sua irmã.
Ao escutar seu tom, áspero e furioso, a menina cobriu o rosto com as mãos e soluçou mais forte.
— Não faça teatro agora, Dulce! Onde está? — insistiu.
A menina deixou cair os braços. Tinha os olhos muito abertos e sem rastro de lágrimas.
— Não foi minha culpa — gritou olhando primeiro Alfonso e logo os outros. —
Estava seguindo, e quando dei a volta tinha desaparecido! Busquei-a por toda parte — gemeu antes de voltar a tampar o rosto com as mãos, estremecendo entre soluços.
— Dêem o alarme — ordenou Alfonso, enquanto corria pelo salão. Geoffrey já estava subindo a toda pressa as escadas para os muros de defesa para fazer soar o corno. — E Brand, ela é minha. Will e Dulce os seguiam.
— Você fica aqui! — espetou a sua irmã.
— Estou metida em uma confusão?
Alfonso não respondeu. Já tinha saído pela porta.
— Acredito que desta vez foste muito longe, Dulce — advertiu Brand com severidade. — Vá para seu quarto e espera ali.
Alfonso saiu ao exterior seguindo seu irmão enquanto a menina subia correndo as escadas. Seus homens já reunidos. O normando deu ordens concisas e começaram a procurar pela parte exterior do castelo. Todos os trabalhos foram suspensos temporariamente enquanto reuniam a todos os habitantes do castelo e os interrogavam. Ninguém tinha visto a prisioneira. Alfonso já tinha descoberto a razão de que sua princesa cativa resultasse tão difícil de localizar. Ao ir vestida com a roupa de Dulce, ninguém prestou atenção nela porque pensavam que se tratava de sua irmã. Ela burlou dele uma vez mais.
Em questão de minutos soube que um carro vazio tinha saído do castelo fazia menos de meia hora, e que Dulce tinha sido vista rondando perto. Alfonso reclamou imediatamente seu cavalo e ordenou que continuasse a busca pela parte exterior da fortaleza. Galopou através da ponte levadiça e as poderosas patas de seu corcel levantaram nuvens de pó. A suas costas cavalgava uma dúzia de cavalheiros, se por acaso tinham que medir suas espadas com os homens de Malcolm. Por cima de suas cabeças ondeava com orgulho a bandeira da rosa.
Ela burlou dele, não uma, a não ser em numerosas ocasiões. Alfonso não teve mais remédio que admitir a contra gosto que seus esforços eram admiráveis. Seu sentido de honra era mais próprio de um homem. Mas, de verdade pensava que poderia escapar de Alnwick, escapar dele? Os homens temiam enfrentar sua ira, e entretanto ela se atreveu a ir mais longe, atreveu a provocar essa ira.
Ao pensar nisso, sentiu uma pontada de admiração. Era sem dúvida uma mulher excepcional, porque só isso podia explicar aquele orgulho sem igual e aquela audácia ilimitada. Mas junto à admiração surgiu a apreensão. Não podia evitar compará-la com seu pai. Malcolm era um dos homens mais ardilosos e traiçoeiros que conhecia. Não gostava da idéia de que a princesa Maite fosse sua filha. Um mau pressentimento percorreu a espinha dorsal. Com esforço, afastou seus escuros pensamentos porque não serviam a seus propósitos, e em questão de minutos alcançou o carro de boi de carga. O servo, visivelmente assustado, parou ao escutar o galope aproximando-se.
— Milorde, o que é que tenho feito?
O normando o ignorou, aproximou seu corcel para o carro e puxou a lona que o cobria.
A jovem estava ali enrolada em si mesma, e ao vê-lo, sentou imediatamente.
Em seus olhos brilhava o desafio que esperava, mas também distinguiu umas lágrimas de derrota. Muito a seu pesar, a raiva de Alfonso desvaneceu um tanto. Durante um instante, Maite lhe pareceu uma menina assustada e indefesa e sentiu uma estranha ternura para com ela. Mas não era nenhuma menina. Só tinha que recordar a sensualidade de seu corpo para sabê-lo. Aquela fachada doce era só isso, uma fachada. Não havia nela nada inocente ou indefeso. De repente, teve outro pressentimento. Teria que estar sempre em guarda com ela depois do ocorrido aquele dia? — Queria começar uma guerra, milady?
Maite ficou rígida ante suas palavras.
O normando desceu do cavalo e a tirou do carro, provocando que ela gritasse e revolvesse entre seus braços. Imediatamente, o normando a deixou no chão e se afastou. Mas ainda podia sentir a suavidade de sua pele. A vitória que se apontou tinha muitas facetas. O sangue ardia, e não só pela raiva. O servo estava balbuciando que ele não sabia nada do ocorrido. Alfonso ordenou que retornasse ao castelo e foi obedecido imediatamente. O carro se afastou, mas os cavalheiros seguiram montados, formando um semicírculo ao redor de Alfonso. Geoffrey sujeitava a montaria de seu irmão. Todos permaneciam imóveis sem dizer uma palavra. Parecia que o casal estivesse sozinho. O interminável campo deserto se estendia diante deles em desigual desenho verde e cinza, a noite começava a cair rapidamente, um falcão dava voltas em círculos por cima deles, e a brisa alvoroçava a capa de Alfonso e os escuros cachos de Maite. Um pesado silêncio reinava no campo.
Alfonso cravou a vista em sua prisioneira e observou com certa satisfação que estava assustada. Mas apesar das lágrimas que ameaçavam brotar, permanecia erguida e orgulhosa, não cabia dúvida a respeito de sua estirpe.
— Meu dever era escapar.
— É obvio que sim, princesa. — Aquelas palavras fizeram que a jovem empalidecesse. — O condutor do carro não sabia de nada — disse finalmente Maite com voz rouca sem deixar de olhar a seu captor.
— Seria mais inteligente de sua parte defender a si mesma, não a ele — repôs Alfonso. Seu sorriso resultou gélido. — Princesa?
— Meu dever era te mentir e escapar — asseverou depois de respirar fundo.
— E me entregar sua virgindade?
A Alfonso não importou que seus homens o ouvissem, sua intenção era que todo mundo se inteirasse de que Maite tinha dormido em sua cama.
— Preferi perder minha virtude antes que me converter em sua refém — afirmou, ruborizada. — Sacrificou sua virgindade para evitar que seu pai pagasse um resgate? — perguntou elevando uma sobrancelha, incrédulo.
— Conheço você! — Gritou Maite apertando os punhos, tremendo. — Pediria muito mais que prata. Exigiria terra!
Alfonso a olhou fixamente.
— De fato vou pedir muito mais que umas moedas de prata.
— Quando? — demandou Maite enquanto uma lágrima aparecia em seus olhos. — Quando pedirá o resgate? Quando poderei ir para casa?
— Malcolm e eu devemos nos reunir.
Maite assentiu com a cabeça e aquela única lágrima escorregou pela bochecha. Alfonso esteve a ponto de pousar sua mão sobre a suave pele para enxugar aquela lágrima solitária. Aquele impulso o turvou e o fez sentir-se incômodo.
Estava claro que aquela situação angustiava Maite e queria partir. A noite anterior não tinha servido para que suspirasse por ele, e sem dúvida rechaçaria qualquer intento de sua parte de tranqüilizá-la. Vacilou, sem saber o que fazer, e disse a si mesmo que devia tomar cuidado com ela. Finalmente disse com pouca convicção:
— Não tem por que chorar. Ambos tiraremos proveito do ocorrido.
Autor(a): taynaraleal
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Maite levantou a mão e a passou pela úmida bochecha em um gesto infantil, aumentando o desconforto de Alfonso. — Não — sussurrou. — Isso não ocorrerá. Falhei a meu país e a meu rei. Alfonso voltou a se ass ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 11
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Beatriz Herroni Postado em 23/03/2018 - 15:37:22
Pq postou tudo de vez?Fica um pouco ruim de ler assim
taynaraleal Postado em 24/03/2018 - 15:57:33
Oi Beatriz, então eu postei tudo de uma vez, pois tenho novas adaptações vindo por ai, e como essa eu só estava repostando pq havia sido apagada eu resolvi finalizar toda de uma vez, sei que fica ruim de ler, mas foi a unica forma de me dedicar as outras, pois meu tempo é minimo. Espero que consiga ler essa, e as outras que estão por vir
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maite_portilla Postado em 03/08/2017 - 17:24:36
Agora sim a mai vai ter que dizer tudo pro poncho... Dulce melhor pessoa kkkk... Coninua logo <3<3<3
taynaraleal Postado em 08/02/2018 - 18:13:27
Ainda está ai? vou continuar e com maratonaaaaa, espero que goste
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Postado em 03/08/2017 - 17:22:18
Ai Deus, acho que agora sim a mai vai revelar a vdd pro poncho... Adorei a Dulce kkkk... Continua logooo
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maite_portilla Postado em 24/07/2017 - 17:56:39
eita, agora a mai nao tem mais para onde fugir. coitada, ate eu fiquei com um pouco de medo desse alfonso. sera que ele vai descobrir quem ela é de vdd? continua... to amando
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maite_portilla Postado em 22/07/2017 - 00:57:58
Adorei a historia... Continua <3
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lunnagomes Postado em 19/07/2017 - 21:04:10
Estou apaixonada pela história... continua
taynaraleal Postado em 08/02/2018 - 18:14:06
Desculpa pelo sumiço, vou continuar e com maratona, se ainda estiver por ai, e quiser voltar, os comentários me estimulam muito