Fanfic: O garoto do cachecol vermelho - Vondy | Tema: Vondy
O telefonema
Faltavam vinte minutos para Pedro chegar e eu ainda não tinha decidido o que vestir. Não saber aonde iríamos não ajudava muito, e eu já estava ficando impaciente com aquilo. Olhei para o closet enorme, com roupas separadas por tonalidade e estilo. Resolvi, enfim, escolher algo que, mesmo básico, seria elegante em qualquer ocasião. Um vestido preto Chanel curto e justo, com apliques de pedraria na mesma cor no decote frente única. Completei o look com sandália alta preta com detalhes prata e bolsa de mão prata também. Me olhei no espelho, aprovando o look, não antes de reprovar o fato de minha barriga continuar enorme, mesmo com minha nova dieta líquida à base de chá e álcool. Meu manequim tinha subido de 36 para 38 em apenas um mês, e eu não conseguia entender o motivo.
Pedro chegou na hora marcada. Ele sabia que eu não tolerava atrasos, e não arriscou levar a porta na cara por causa disso. Quando me viu descendo as escadas, soltou um assobio.
— Pode me falar: eu morri, estou no paraíso e você é o anjo responsável por me receber — brincou, me olhando dos pés à cabeça, se demorando um pouco mais no decote.
— Você acha mesmo que quando morrer vai para o céu? — perguntei, desviando do abraço que ele já se preparava para me dar. — Sua passagem lá pra baixo já está comprada, querido.
— Quer saber? Acho melhor mesmo ir lá pra baixo. Deve ser muito mais divertido. — Me puxou à força, me envolvendo em seus braços e passando o nariz pelo meu pescoço. — Se você quiser, nós podemos nos divertir agora.
Meu celular tocou, me dando a oportunidade perfeita para fugir de sua investida. Me soltei do abraço de Pedro e corri para atender. Era Fernanda.
— Dul, é a Fê. Que bom que você ainda está em casa, amiga. Eu PRECISO falar com você!!! — Pelo tom de voz, percebi que Fernanda estava alegrinha. Com certeza tinha bebido. — Acabei de chegar em casa, e adivinha quem me trouxe. — Fez uma pausa dramática, esperando que eu tentasse mesmo adivinhar.
— Não sei. O papa? Ou será que foi o presidente da República? — perguntei, impaciente, querendo terminar a ligação.
— Foi o gato do Christopher. Amiga, aquele cara é tudodebom.com! Passei a tarde toda com ele. Pena que a gente não estava sozinho... Eu queria me esbaldar naquele corpinho delicioso, mas foi uma tarde maravilhosa — ela disse, entre gritinhos de adolescente e suspiros de garota apaixonadinha. — Sabia que ele toca em uma banda na faculdade? E digo mais: ele ensina alguns alunos a tocar instrumentos depois das aulas. Você precisa ir comigo amanhã, amiga. Ele arrasa!
— Taí uma coisa que eu não perderia por nada neste mundo: passar uma tarde inteira sentada ouvindo aquele vândalo tocar. Nossa, como eu pude viver esses anos todos sem essa experiência cósmica?! — comentei, no tom mais sarcástico e desinteressado que consegui.
— Credo, Dul. Custa ser um pouquinho mais solidária com a minha felicidade? Mas não importa, vai comigo. Mesmo porque ele, por algum motivo, me fez prometer que levaria você no próximo ensaio. — Senti um certo descontentamento na voz de Fernanda. — Enfim, você vai comigo e pronto, nem que seja pra ajudar esta sua amiguinha a dar uns pegas naquele gato.
— Ok, Fernanda. Eu faço qualquer coisa pra você ser feliz — eu disse, irônica. — Agora deixa eu desligar, que o Pedro está aqui impaciente e apontando pro relógio. Nós estamos atrasados pra não sei o quê.
— Vai, gata. Arrasa o coração desse cara e aproveita. Faça tudo que eu faria e, pra variar, divirta-se. Beijo! — Ela soltou uma risada e desligou.
— Até que enfim. Pensei que vocês nunca mais parariam de falar. Vamos que estamos em cima da hora. — Pedro me pegou pela mão e me puxou em direção à porta.
Algo no comportamento dele me incomodava: sempre que estava impaciente ou se sentia contrariado, agia de forma agressiva. Lembro que logo no começo, quando Pedro me cercava insistentemente, louco para me conquistar, em uma das inúmeras vezes que o rejeitei, ele apertou meu braço um pouco mais forte, o que me rendeu uma marca de três dedos por uma semana. Ele se desculpou logo em seguida, dizendo que às vezes não media a própria força e que era culpa do treinamento novo na academia. Acabei desculpando a grosseria, que afinal não tinha sido nada de mais, mas nos últimos tempos esse comportamento estava cada vez mais frequente. E, para falar a verdade, me incomodava muito a forma como ele me puxava e segurava nesses momentos.
—Aonde vamos? — perguntei, depois de alguns minutos dentro do carro dele.
— Ao Le Eiffel. A minha mãe conseguiu fazer uma reserva especial pra mim. Ela é amiga de um dos donos e, depois de eu encher o saco dela por dias, acabou pedindo esse favorzinho pra ele. — Pedro se virou para mim e continuou: — Pode falar, estourei dessa vez, né? Eu sou demais!
— Você é demais! — elogiei, em falso tom de aprovação, e voltei a olhar pela janela. Que ótimo. Um restaurante justo agora, quando eu estava no meio de uma crise por causa do meu aumento absurdo de peso.
—Você sabe como é difícil conseguir uma reserva lá, não sabe? Que o normal é demorar uns quatro meses pra conseguir. Eu consegui em uma semana — Pedro explicou, parecendo decepcionado com minha falta de entusiasmo.
—Eu sei. É que eu tô tentando perder alguns quilos. A audição para minha transferência está chegando e estou parecendo uma baleia encalhada de collant. Não posso sair da dieta.
—Gata, você é muuuito gostosa. Tá com tudo no lugar certo. É perfeita... Eu já falei que você é muito gostosa? — repetiu, me medindo com o olhar depravado.
—A sua opinião não conta, Pedro — repliquei, tirando a mão dele de cima da minha perna. — Pra você, basta ter peito e bunda que já é gostosa.
—Não é bem assim. Pra mim, basta ter os seus peitos e a sua bunda — finalizou, dando uma piscadinha e voltando a colocar as mãos no volante.
Depois de uns trinta minutos de trânsito, chegamos ao restaurante. A fachada de vidro escuro deixava à mostra uma escadaria. A iluminação fraca dava um clima romântico ao local, e os móveis e a decoração clean completavam o ambiente requintado. No primeiro andar, em uma espécie de sacada com uma vista linda, as pessoas esperavam em mesinhas para entrar no restaurante. Assim que chegamos, Pedro falou com a hostess, e pouco tempo depois já estavam nos encaminhando para uma mesa no melhor lugar do restaurante, ao lado de uma janela que tinha
como vista um jardim de inverno com muitas flores e velas penduradas em potinhos de vidro. Após minutos intermináveis de discussão sobre o que eu deveria ou não experimentar, acabei pedindo uma salada verde com salmão grelhado e tomando três taças do champanhe mais caro do cardápio e dois sex on the beach, meu drinque favorito. Conforme o tempo passava, a agonia começava a tomar conta de mim. Sempre que como alguma coisa fora da “dieta da vez”, cresce em mim um desespero. Eu imagino toda aquela comida tomando conta do meu corpo; chego a senti-la se transformando em gordura.
Me vejo em uma guerra na qual o meu corpo e eu estamos em lados diferentes no campo de batalha. “Nunca vi uma bailarina gorda”, “Se uma bailarina quer ter sucesso, tem que ter corpo de bailarina” — essas eram as frases preferidas da minha primeira professora de balé, e, desde que decidi que seria uma profissional da dança, vivo de dieta. Na internet, participo de vários grupos de pessoas que, assim como eu, estão em busca de um método eficaz para perder peso rápido. O preço a pagar pela alimentação restrita e as muitas horas de jejum é uma dor constante no estômago e uma gastrite crônica, que minha mãe acredita ser culpa do estresse. Mais uma vez dona Regina se mostra uma mãe atenciosa e que conhece a filha que tem... Não me importo com as dores, não me importo com o preço que pago. Quero ser uma bailarina de sucesso, quero ir para a Juilliard, quero ser a primeira bailarina Brasileira reconhecida como a melhor do mundo. Eu quero o mundo, e vou fazer o que for preciso para conseguir.
Tomei mais uma taça de champanhe, de um gole só. A raiva por fugir da dieta estava tomando conta de mim.
— Você fala tanto que quer manter a forma, mas sabia que bebida alcoólica pode ser mais calórica que comida, minha gostosa? — perguntou o garoto, já alterado por causa dos três copos de uísque que tinha tomado.
— O que você é agora? Locutor do Discovery Channel? Não enche o saco — resmunguei, sentindo que já estava alta. — Pelo que eu sei, você não é nenhum adepto da sobriedade.
—Sobriedade? O que é isso? Uma marca de chinelo para velhinhos? — perguntou, em tom irônico, depois de um longo gole no líquido âmbar que estava no copo.
—Ai, quer saber, Pedro? Tô cansada. Pede a conta e me leva pra casa, por favor. Preciso dormir pra acordar cedo amanhã e treinar — pedi, já me levantando da mesa e seguindo em direção à saída. Tomada por uma necessidade insuportável de ar puro, abri a porta e senti uma rajada de vento frio me atingir.
Inspirei como se fosse a última vez que poderia respirar e senti a bile tomar conta da garganta. O gosto amargo invadiu minha boca, e eu precisei usar todo o meu autocontrole para não vomitar. Precisava sair dali. Precisava da minha cama. Alguns minutos depois, Pedro apareceu contrariado, resmungando por eu tê-lo deixado sozinho na mesa. Reclamou durante todo o trajeto até minha casa, falando que foi difícil conseguir uma reserva naquele restaurante e como eu era ingrata por não dar valor a seu “esforço”. Depois de minutos intermináveis de reclamações, em que não me dei o trabalho de prestar atenção, e de tentativas frustradas de me levar para a cama, ele me deixou em casa e finalmente pude ter a paz de que eu tanto precisava.
Oii, esse capitulo era para ter saido a tempo kkk mas meu PC ta uma merda e fica desligando. Não sei o que esta acontecendo, mas espero que ele so esteja em um de seus dias "ruins". Por que se meu pc morrer eu morro junto kkk brincadeira hehehe.
Enfim, se der posto outro depois, editei esse pelo celular.
Beijinhos ate...
Autor(a): GrazihUckermann
Este autor(a) escreve mais 3 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Aquele sorriso Fazia pelo menos vinte minutos que estávamos presas no trânsito ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 21
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
candy1896 Postado em 01/09/2017 - 18:11:49
CONTINUAA
-
candy1896 Postado em 23/08/2017 - 19:55:54
Continuaa
-
candy1896 Postado em 22/08/2017 - 10:12:11
CONTINUA
-
candy1896 Postado em 14/08/2017 - 18:55:10
Continuaa
-
AnazinhaCandyS2 Postado em 03/08/2017 - 22:25:16
Pelo menos ela disse obrigada depois dele ter ajudado ela! Continua!
GrazihUckermann Postado em 07/08/2017 - 18:52:42
Um grande passo para ela kkkk
-
AnazinhaCandyS2 Postado em 02/08/2017 - 18:39:44
Dulce ñ baixa essa guarda, Christopher tenta ser legal mas ela ñ coopera. Adorei quando ela viu a 'lata velha' kkkkkk. Continua!!
-
AnazinhaCandyS2 Postado em 01/08/2017 - 19:12:50
Fernanda ta de olho no Christopher *0* Dulce elogiando o Pedro só pq ele é um playboyzinho mas la no fundo ela preferia ta comendo um cachorro quente com o vadalo, nossa viajei aqui kkkk. Continua!
-
AnazinhaCandyS2 Postado em 28/07/2017 - 19:45:51
Huum Dulce pensando no delinquente pichador amo *-* Pedro ñ desiste né, espero que ele ñ faça nd errado! Continua!!
GrazihUckermann Postado em 01/08/2017 - 20:14:28
Tenho uma raiva muito grande por esse Pedro, queria muito que ele não fizesse nada de errado...
-
AnazinhaCandyS2 Postado em 26/07/2017 - 18:49:20
Dulce tem que ser mais querida, ela ta muito insensível, acho que o Christopher vai fazer uma grande mudança na vida dela *-* Continua!!
GrazihUckermann Postado em 01/08/2017 - 20:15:31
Ele vai ter que ter muita calma e paciência para mudar a Dulce kkk
-
AnazinhaCandyS2 Postado em 24/07/2017 - 18:56:39
Dulce ñ foi mesmo com a cara do Christopher, mas eu adoro esse jeito dele *-* Continua!!
GrazihUckermann Postado em 24/07/2017 - 19:01:52
Christopher é um amor, já me apaixonei por ele s2 Como ele consegue ser tão calmo com uma Dulce dessa? kkkkk