Fanfics Brasil - Musica dos anjos O garoto do cachecol vermelho - Vondy

Fanfic: O garoto do cachecol vermelho - Vondy | Tema: Vondy


Capítulo: Musica dos anjos

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                           Música dos anjos



  Almoçamos, tentando evitar contato visual, e voltamos à faculdade para os ensaios que Christopher precisava conduzir. Ele já havia dado o cano no dia anterior, então não poderia faltar mais uma vez. E eu também não. Ainda mais depois do pedido da reitora, sobre o qual o vândalo não tinha conhecimento algum. Mal havíamos entrado no auditório quando uma multidão passou pelas portas. Acho que nunca tinha notado a quantidade de pessoas que Christopher treinava. Eram alunos dos quatro anos, de todos os cursos de música. Devia haver ali uns cem estudantes, e mesmo assim o garoto dava conta, como se fosse uma dúzia de pessoas. Acho que o fato de os ensaios não serem obrigatórios, de só comparecerem aqueles que realmente queriam estar ali, ajudava muito. Além disso, Christopher mantinha uma relação de amizade com todos, o que o fazia ser respeitado como um professor.



 Todos foram procurar um lugar no palco, e Christopher pediu que eu me sentasse em uma das primeiras fileiras, prometendo que não me chamaria para nenhuma apresentação naquele dia. Graças ao bom Deus. Ele organizou os lugares de todos, conferiu as presenças e ajudou alguns alunos a afinar seus instrumentos. Só aí começou a fazer o que precisava. Mal haviam terminado a primeira música quando a reitora entrou no auditório. O pessoal parou de tocar na mesma hora. Percebi que a postura do garoto mudou: ele endureceu o olhar e endireitou as costas, quase como se precisasse bater continência para a mãe.



— Boa tarde — ela falou, num tom que, mesmo baixo, pôde ser ouvido por todos.



 Os alunos responderam, e eu logo me mexi na cadeira, sabendo que ela havia ido até ali por minha causa, para anunciar minha participação. Não pude deixar de sorrir um pouco para mim mesma quando imaginei qual seria a reação de Christopher ao ouvir que eu participaria de sua peça por... imposição. Talvez aquela notícia fosse boa... para ele. Ouvimos o eco do som de seus saltos batendo no chão enquanto ela descia os degraus até o palco e se colocava ao lado do filho. Ele recuou, cedendo a ela o centro do palco. Ainda parecia ressentido pelo que tinha acontecido entre os dois mais cedo — o que quer que fosse. Eu não tinha me dado ao luxo de perguntar a ele, mas era o que pretendia fazer em breve.



— Eu gostaria de fazer um anúncio. — A voz rouca transmitia muita severidade. — Na última semana, passei por alguns cursos de música e dança para avaliar os alunos, como todos sabem. E pensei, durante a minha visita a uma das turmas, que poderia convidar um aluno talentoso para complementar nossa peça de fim de ano. Depois de discutir bastante com os coordenadores e professores, alguns alunos foram pré-selecionados. Esta manhã, fui pessoalmente avaliar as apresentações deles, mantendo o convite em segredo para ver o que eles se proporiam a fazer e se dariam o seu melhor. Foi assim que uma das alunas do curso de balé foi selecionada. — A reitora fez uma pausa, e eu notei Christopher levantando as sobrancelhas em sinal de surpresa. Marcia ergueu a mão, indicando minha presença, e eu me perguntei se deveria levantar da cadeira.



— Dulce, por favor. Venha até aqui.



  O queixo do vândalo caiu assim que ela pronunciou meu nome, e um sorriso surgiu de sua expressão de surpresa enquanto eu caminhava ao encontro de ambos, no centro do palco. Apesar de todos os olhares sobre mim, a única reação que me importou naquele momento foi a dele. Eu queria surpreendê-lo tanto quanto ele havia me surpreendido com o elogio feito mais cedo. Parei ao lado dos dois, ainda sorrindo de forma discreta para o garoto. — Ela foi a aluna escolhida para se apresentar no final do ano. A sua forma de participação vai ser uma escolha do Christopher, que é o organizador, coordenador e criador do evento. — Ele apertou os lábios, acenando, como se ninguém soubesse que ela falava dele. — E acho que seria interessante e justo para todos que a senhorita repetisse sua apresentação de hoje cedo, para provar que não houve um erro quando nós a escolhemos.



 Não pude deixar de notar o olhar severo que a reitora lançou sobre Christopher quando pronunciou as últimas palavras, o que fez com que eu me perguntasse o porquê daquilo. Não houve tempo para pensar em perguntas, porque naquele momento minha ficha caiu. Era para eu me apresentar? Agora? A mesma música? Eu nem lembrava da coreografia!



— Eu acho uma ótima ideia — disse Christopher, se aproximando.



— Maravilha. Então... vou deixar vocês com a apresentação da Dulce — a reitora se despediu. — Uma boa tarde a todos.



 Ninguém respondeu. Todos se mantiveram em silêncio, ainda me analisando. Acompanheia com o olhar até que saísse do auditório. Assim que a porta se fechou atrás dela, me virei para seu filho, com o olhar suplicante.



— Não me obrigue a me apresentar na frente de...



— Qual o problema? — ele perguntou, antes que eu pudesse terminar. —Confio no seu talento, e, além disso, sou eu que vou te avaliar. Você está me pedindo pra deixar passar? Claro que não! Vamos lá, vai se trocar. A gente te espera.



 Fuzilei Christopher com o olhar, me afastando até o meu lugar de antes. Peguei a bolsa e corri para o banheiro, irritada. Imbecil. Podia ser gentil comigo pelo menos uma vez e me livrar daquela. É claro que era ele quem precisava ver se eu era boa o suficiente para participar de sua apresentação idiota de fim de ano, mas... tá. Ele tinha um bom motivo. Enquanto me trocava e me encaminhava de volta para o auditório, tentei lembrar da coreografia que tinha apresentado naquela manhã. Consegui repassar mentalmente alguns passos; já era um começo. É claro que o vândalo me pediria para dançar a música inteira e não apenas dois minutos, então todo aquele esforço não adiantaria de nada. Andar de collant e meia-calça pelo auditório inteiro até o palco não era a situação mais confortável. Todo mundo me observava. Quase todo mundo.



 Christopher me esperava de pé, em frente aos degraus que levavam ao palco, acompanhado de uma garota que geralmente operava uma mesa de som escondida ao lado do palco. Como eu sabia da sua existência? Ela participava de todos os ensaios. Informei a ela o nome da música e expliquei qual seria o intervalo de tempo pelo qual me apresentaria. Como se eu já não soubesse que isso aconteceria, Christopher pediu à menina que me ignorasse e tocasse a música inteira. Encarei-o, indignada, por alguns segundos, enquanto a garota se encaminhava até a mesa de som e começava a preparar a música. Resisti ao impulso de xingá-lo.



— Não me olhe desse jeito — ele pediu.



— Você sabe que eu tenho motivos pra isso — murmurei, já me virando para subir ao palco.



 Christopher me segurou pelo braço, me fazendo descer os dois degraus que já havia subido, e me puxou para perto de si. Com a mão livre, colocou atrás da minha orelha uma mecha de cabelo que havia escapado do coque malfeito. E sussurrou:



— Faça o que você sabe fazer de melhor. Não precisa de todo esse nervosismo, poxa. Afinal você é jovem e bonita, né?



 Não pude deixar de sorrir um pouco e revirar os olhos quando ele me largou e se encaminhou para o seu lugar, na ponta direita da primeira fileira. Que trocadilho, hein, Christopher? Palmas para você. “Young and Beautiful”, o nome da música, significa exatamente aquilo. Jovem e bonita.



 Quando me posicionei, estava com o olhar grudado em minhas sapatilhas brancas de ponta. Eu não queria olhar para ninguém naquele momento. Não até ter certeza de que não passaria vergonha na frente de todo mundo. Precisava demonstrar, sentir o que a música dizia. O sentimento que a “personagem” tinha. Não era simplesmente chegar e dançar qualquer coisa. Precisava fazer sentido, e esse era o maior problema. Era assustador ter que demonstrar aquele amor, aquela tristeza e insegurança diante de pessoas que provavelmente nem me levariam a sério. Mas eu tinha que fazer. Por mim. Pela Juilliard. E por ele. Para ele. Fechei os olhos, respirando fundo. A DJ estava me esperando dar um sinal ou entrar em posição para soltar a música. Parecia que cinco minutos tinham se passado sem eu fazer nada, apesar de saber que foram poucos segundos. Cada um deles era uma eternidade para mim. Minhas pernas tremiam cada vez mais. Meu coração acelerou tanto que chegava a doer a cada batida, como se algo o estivesse esmagando no peito. Continuei em posição, passando o olhar para ele e tentando mostrar o máximo de confiança possível enquanto a música começava. Contato visual era importante. E Christopher era meu ponto de foco. Eu não precisava sentir tanto medo, certo? Eles não eram jurados. Eram alunos como eu, e naquele momento só havia uma pessoa a quem eu queria agradar: Christopher. Era ele o “chefe”, e tenho certeza de que era a pessoa mais interessada em mim ali. Queria ver do que eu era capaz, e acho que era isso que piorava tudo. Eu queria impressioná-lo mais do que qualquer coisa. Queria mostrar que minha vida não eram só problemas; havia, sim, algo em que eu era boa. A única coisa na qual eu realmente acreditava, a única coisa que eu amava e a única à qual me dedicava. Era a minha luz no fim do túnel. Assim como eu sabia que o garoto do cachecol vermelho, como era conhecido, poderia ser também.



 Apesar do seu discurso maluco sobre me ajudar, e apesar de todas as coisas sem sentido que dizia, Christopher era a minha chance. Eu o conhecia havia tão pouco tempo, e mesmo assim sentia que ele sabia mais sobre mim do que qualquer um no mundo. Até mais que eu. Por quê? Porque ele via alguma coisa que ninguém jamais tinha visto. Ele enxergava a esperança em meio a todo o caos de raiva e desprezo em que eu vivia mergulhada. Sua confiança em mim me fortalecia. Era essa confiança que me faria dançar aquela música com tudo o que eu tinha, como se fosse minha última apresentação. E era ela que me fazia sentir forte para passar por qualquer coisa. Até que ele não estivesse mais lá para enxergar aquela esperança e depositar sua confiança em mim, eu sabia que poderia fazer qualquer coisa, até mesmo o impossível.



 Quando me dei conta, ouvi os últimos segundos da música e estava no centro do palco finalizando uma sequência de piruetas, ainda o encarando, como se não tivesse desviado o olhar em nenhum momento durante a dança. E não tinha mesmo. O silêncio inundou o auditório após a última nota e o último passo. Eu estava ofegante, começava a suar. Minhas pernas doíam e tremiam por causa da tensão, mas nada daquilo parecia importar. Sorri para Christopher, ouvindo todos aplaudirem, surpresa comigo mesma. E ele sorriu de volta. O sorriso mais radiante que eu já tinha visto.



 Quando saí do palco, depois de agradecer, o garoto já tinha se levantado e vindo em minha direção. Alguém me abordou antes mesmo de eu descer o último degrau, falando que eu era incrível. Não dei importância e agradeci de forma automática, ainda sorrindo e olhando para ele, que esperava pacientemente sua vez de me parabenizar ou o que quer que quisesse dizer. Quando a pessoa finalmente me largou, ele veio. Mantinha no rosto o mesmo sorriso de antes, assim como eu. Não conseguia me conter. Estava surpresa e feliz demais por ter conseguido para fingir seriedade.



— Acho que essa foi a coisa mais incrível que já vi na vida — ele falou.



— Mais incrível que a Capela Sistina? — perguntei, levantando as sobrancelhas.



— Mais incrível que qualquer coisa, Dulce — ele respondeu, segurando meu rosto com as duas mãos e me olhando como se estivesse me contando a maior verdade do mundo.



  Acho que houve algum problema técnico no meu rosto, porque tudo o que consegui fazer foi continuar sorrindo e olhando para ele feito uma idiota. Não sei que bando de pensamentos idiotas foram aqueles que invadiram minha mente enquanto dançava; só sei que eles continuavam lá, me impedindo de pensar em qualquer coisa que não fosse a beleza daqueles traços e daqueles olhos azuis. Pelo que pareceu uma eternidade, ele continuou ali, imóvel, me encarando com atenção, como se tentasse ler meus pensamentos. Eu o encarei também, ainda tentando conter o ritmo da respiração e as batidas do meu coração. Não sabia se o motivo para continuar ofegante era falta de preparo físico ou nervosismo. A segunda opção era a mais provável, já que nunca me sentia confortável com as pessoas me olhando fixamente por um longo período de tempo.



 Christopher se afastou poucos segundos depois, nos tirando do transe em que parecíamos ter entrado, deixando que todos os outros viessem falar comigo e me dar as boas-vindas. Isso me fez ser jogada de volta ao meu corpo. Não queria falar com aquelas pessoas. Estavam perto demais, e eu não queria que ninguém tocasse em mim. Eu não as conhecia!! De onde elas vieram? Por que pensavam que podiam falar comigo? Me tocar? Não. Agradeci, tentando evitar qualquer contato físico, e, quando me deixaram em paz, Christopher me liberou para ir me trocar. Ele explicou que minha apresentação seria algo que trataríamos em particular, e não pude deixar de pensar nisso de um jeito malicioso. Sorri com a ideia enquanto me encarava no espelho, ajeitando o cabelo depois de ter desfeito o coque. O que me restava era esperar que ele não me fizesse passar vergonha com o que quer que fosse me pedir para apresentar.




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Autor(a): GrazihUckermann

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 21



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  • candy1896 Postado em 01/09/2017 - 18:11:49

    CONTINUAA

  • candy1896 Postado em 23/08/2017 - 19:55:54

    Continuaa

  • candy1896 Postado em 22/08/2017 - 10:12:11

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 14/08/2017 - 18:55:10

    Continuaa

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 03/08/2017 - 22:25:16

    Pelo menos ela disse obrigada depois dele ter ajudado ela! Continua!

    • GrazihUckermann Postado em 07/08/2017 - 18:52:42

      Um grande passo para ela kkkk

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 02/08/2017 - 18:39:44

    Dulce ñ baixa essa guarda, Christopher tenta ser legal mas ela ñ coopera. Adorei quando ela viu a 'lata velha' kkkkkk. Continua!!

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 01/08/2017 - 19:12:50

    Fernanda ta de olho no Christopher *0* Dulce elogiando o Pedro só pq ele é um playboyzinho mas la no fundo ela preferia ta comendo um cachorro quente com o vadalo, nossa viajei aqui kkkk. Continua!

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 28/07/2017 - 19:45:51

    Huum Dulce pensando no delinquente pichador amo *-* Pedro ñ desiste né, espero que ele ñ faça nd errado! Continua!!

    • GrazihUckermann Postado em 01/08/2017 - 20:14:28

      Tenho uma raiva muito grande por esse Pedro, queria muito que ele não fizesse nada de errado...

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 26/07/2017 - 18:49:20

    Dulce tem que ser mais querida, ela ta muito insensível, acho que o Christopher vai fazer uma grande mudança na vida dela *-* Continua!!

    • GrazihUckermann Postado em 01/08/2017 - 20:15:31

      Ele vai ter que ter muita calma e paciência para mudar a Dulce kkk

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 24/07/2017 - 18:56:39

    Dulce ñ foi mesmo com a cara do Christopher, mas eu adoro esse jeito dele *-* Continua!!

    • GrazihUckermann Postado em 24/07/2017 - 19:01:52

      Christopher é um amor, já me apaixonei por ele s2 Como ele consegue ser tão calmo com uma Dulce dessa? kkkkk


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