Fanfics Brasil - Vermelho e roxo O garoto do cachecol vermelho - Vondy

Fanfic: O garoto do cachecol vermelho - Vondy | Tema: Vondy


Capítulo: Vermelho e roxo

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                            Vermelho e roxo



 Quando voltei ao auditório, estavam todos no palco mais uma vez, ensaiando uma das músicas que tocariam na apresentação. Christopher andava de um lado para o outro indicando posições, tirando dúvidas e entregando folhas com partituras para quem ainda não havia decorado a música. Ajudava alguns a afinar (mais uma vez) os instrumentos e, de vez em quando, ia até a mesa da DJ para verificar as luzes e coisas assim. Juro que eu não sabia como ele podia ter tanta paciência.



— Ei, fecha a boca. Está babando na sua roupa nova — ouvi alguém dizer.



  Me virei para olhar quem era. Estava tão concentrada no movimento em cima do palco que nem havia me sentado ao entrar no auditório. Permanecia parada, de pé, em frente à porta. Sorri ao ver que era Fernanda. Ela estava na última cadeira da última fileira, bem à minha frente. Me sentei ao seu lado, sem tirar os olhos dos alunos, e perguntei:



— O que você está fazendo aqui?



— Esqueceu que eu também sou aluna do curso de música?



— Mas você não costuma mais assistir aos ensaios, desde que desistiu do Christopher. — Tem razão. É que eu sabia que você estaria aqui, então decidi vir.



  Passei o olhar para ela, um pouco confusa. Havíamos combinado de nos encontrar em minha casa. Não havia razão nenhuma para que ela viesse me procurar antes do horário. Nem precisei perguntar para saber o motivo de sua “visita”. Suspirando e analisando as unhas pintadas de azul-celeste, Fernanda começou:



— O Pedro perguntou de você hoje. Ele parecia bem irritado.



 Revirei os olhos. Esse cara de novo? Ele achava mesmo que eu queria encontrá-lo novamente depois do que aconteceu na minha casa? Que tipo de garota ele pensava que eu era? Daquelas que apanham, são desrespeitadas e voltam a perdoar? Se ele pensava isso, estava completamente enganado. Eu não queria vê-lo nem pintado de ouro.



— Olha, não sei o que aconteceu entre vocês dois, e nem é da minha conta, mas ele realmente parece não gostar de você ficar andando com o Chris — ela falou, se virando para mim. — Se você quiser salvar o seu relacionamento ou evitar uma briga entre esses dois, acho melhor resolver essa situação.



— O que você está querendo dizer? — Eu duvidava de que Christopher fosse mesmo capaz de provocar Pedro a ponto de os dois brigarem.



— Dul, ou você é uma pessoa completamente desinteressada da vida das pessoas que te cercam, ou tem algum problema de memória. — Franzi o cenho, ainda esperando a resposta. — O Pedro e o Chris estão no mesmo ano. Na mesma sala. Eles não se dão bem desde o primeiro ano, porque o Chris foi escolhido como aprendiz pelo aluno do terceiro e agora está aqui, cuidando das turmas mais novas.



  Realmente não me lembrava de nada daquilo. Talvez ela mesma tivesse me contado em algum momento em que eu estava fingindo prestar atenção, ou durante uma festa, na qual eu com certeza estava bêbada. Continuou:



— E tudo piorou quando você começou a assistir aos ensaios. Os dois vêm se provocando durante as aulas nos últimos dias. Quer dizer, o Pedro vem provocando o Chris. Ameaçando ele. O engraçado é que o Pedro me contou isso como se sentisse orgulho. Babaca.



— Eu não estou entendendo! — falei, sentindo a raiva e o nojo revirarem meu estômago. — Ele age como se fosse o meu dono. Pensa que tem direito de dizer com quem eu posso ou não me relacionar. Idiota!



— Eu nunca vi o Pedro tão obcecado por alguém como ele é por você, e nunca achei que ele pudesse agir dessa forma, mas é do Chris que estamos falando. Os dois têm uma rixa há três anos. São quase arqui-inimigos!



 Bufei, me recostando na cadeira, indignada. Tudo aquilo por uma birra de adolescentes. Os dois tinham o que quando entraram na faculdade? Dezessete anos? E ainda tinham levado isso adiante... Quer dizer, Pedro. É, eu precisava resolver aquilo o mais rápido possível. Antes que os dois se matassem ou algo assim. Interrompi Fernanda:



— Tem papel e caneta aí?



 Ela assentiu, e eu escrevi um bilhete a Christopher dizendo precisava ir embora para resolver um assunto urgente. Tinha certeza de que ele entenderia, apesar de saber que me cobraria no dia seguinte. Sem que ele percebesse, deixei o bilhete no palco, perto dos degraus da escada, e depois saí com Fernanda, que havia se oferecido para me levar até Pedro. Eu sabia que talvez não fosse a escolha mais inteligente do mundo ir sozinha ver um cara que já tinha tentado me agredir, mas duvidava de que ele fosse fazê-lo de novo. E eu precisava e queria resolver aquilo o quanto antes.



— Vai me deixar ir com você, não vai? — Fernanda perguntou, fechando a porta do carro enquanto eu entrava.



— Não. Eu tenho que ir sozinha.



 Ela pareceu murchar um pouco enquanto dava a partida. Eu sabia que ela adorava se meter em assuntos alheios, mas não deixaria que interferisse dessa vez. Era entre mim e Pedro. Só. Durante o percurso, Fernanda me encheu de perguntas sobre o tal acordo que eu havia feito com Christopher. Disse que estava na cara que ele gostava de mim e que tinha certeza de que o garoto tentaria alguma coisa naquele fim de semana mesmo. Tudo o que fiz foi revirar os olhos, sorrindo. Duvidava muito que os sentimentos dele passassem de amizade, assim como os meus não eram nada mais do que isso. E também, depois da minha experiência com Pedro, eu duvidava de que iria querer um novo relacionamento por um bom tempo.



 Quando chegamos, precisei de dez minutos para convencer Fernanda a ficar no carro. A casa dele não era muito grande. Tinha dois andares e paredes pintadas de um salmão horroroso, mas dava para o gasto. Pelo menos para ele. Eu merecia muito mais do que aquilo. Bati à porta. Não demorou muito para que Pedro atendesse, e pareceu surpreso ao me ver. Engoli em seco. Não queria que ele percebesse que eu estava com medo. Precisava me monstrar confiante, e talvez isso me desse um pouquinho mais de segurança.



— Posso entrar? — perguntei, no tom mais firme que consegui.



 Depois que ele concordou com a cabeça e me deu passagem, hesitei por alguns segundos, decidindo se aquela era a decisão certa a tomar. Não! Eu não podia recuar agora. Andei vagarosamente até o centro da sala, respirando fundo e tentando desacelerar as batidas do meu coração. Parei no centro da sala. Não queria tocar em nada, estava desconfortável demais para isso.



— Precisamos conversar — comecei, antes que ele tivesse chance de dizer qualquer coisa.



 Pedro se aproximou de mim. Dava para ver a raiva contida em seus olhos escuros, e isso fez meu coração parar por um segundo. Dei um passo atrás quando ele chegou mais perto do que deveria. Eu preferia a distância.



— Sobre o quê? — perguntou, fingindo não saber do que eu falava.



— Sobre nós dois. Sobre o que aconteceu ontem.



 Ele tentou se aproximar mais uma vez, e eu recuei. Acabei tropeçando na mesa de centro atrás de mim, o que me desestabilizou um pouco, mas eu tinha que continuar. Quanto mais rápido, mais fácil. Tipo arrancar um curativo. Né? Pelo menos era isso que eu pensava.



— Eu acho que a gente devia terminar — anunciei. — Não quero viver com alguém que tem a coragem de tocar em mim da forma que você fez.



— Do que você está falando? — questionou, tentando encostar em mim. Eu não tinha mais como recuar.



— Você mostrou que tem coragem de me machucar. E não vou admitir que isso aconteça de novo. Então, a partir de agora, nós não estamos mais juntos.



 Pedro sorriu um pouco, balançando a cabeça, como se eu fosse a maior idiota do mundo. Prendi a respiração quando ele segurou meu queixo e se aproximou tanto que pude sentir sua respiração em meu rosto. Disse, num tom de sussurro:



— Você acha mesmo que é assim que as coisas funcionam? Você simplesmente decide que vai terminar comigo e fim? Não. Nós só vamos terminar quando eu disser que vamos.



 Afastei-o com um empurrão, dando um jeito de dar um passo para o lado e ganhar distância mais uma vez. Estava perto da porta agora. Apertei a bolsa com força em cima do ombro, como se dentro dela houvesse um spray de pimenta ou qualquer coisa do tipo.



— O que foi? Está com medo de mim, gata? — perguntou. — Ou quer me largar pra ficar com aquele...



— Pode parar por aí — rosnei, sentindo uma onda de raiva me inundar, me ajudando a ter coragem. — Ele não tem nada a ver com isso. Não é culpa dele se você é um idiota covarde que acha que tem algum tipo de direito sobre mim. E, se quer saber, ele é muito mais homem do que um dia você vai ser. E sabe por quê? Porque ele nunca teria coragem de machucar alguém por orgulho e egoísmo.



 Apesar de ter sido a maior verdade que eu já falei na vida, aquilo foi também o meu pior erro. O semblante de Pedro mudou assim que fechei a boca. Ele veio para cima de mim. Fui mais rápida, avançando na direção da porta e girando a maçaneta. Mas ela não se moveu. Ele a tinha trancado e tirado a chave. Tentei puxá-la mais uma vez, mas Pedro me alcançou, me pegando pelo cabelo e me jogando no chão. Gritei, tentando encontrar ar e pedir ajuda ao mesmo tempo, enquanto ele desferia dois chutes em minhas costelas. Me arrastei para trás, tentando chutá-lo, quando ele começou a se abaixar para ficar em cima de mim. Consegui acertá-lo e aproveitei para levantar, tentando pensar numa forma de sair dali. Bati na porta mais uma vez, gritando por Fernanda, mas duvidava de que ela fosse me ouvir. Pedro me agarrou pelo cabelo, me xingou e me bateu contra a parede, depois deu um soco no meu rosto, seguido de outro no abdome. Gritei de dor enquanto minha visão começava a ficar turva, quase me fazendo perder a consciência. Ouvi alguém bater na porta com força, gritando para que Pedro abrisse. Era a voz da mãe dele. Ele me jogou no chão mais uma vez, e eu bati o rosto na mesa de centro. Continuei caída, sem forças para me levantar, enquanto ele virava a chave na fechadura. Quando me viu, a mulher entrou em estado de choque, colocando as mãos na frente da boca. Perguntou, praticamente gritando:



— O que você fez, meu filho?!



Ela veio até mim, me ajudando a ficar de pé. Precisei de muito esforço, já que minhas costelas reclamavam a cada movimento. Deviam estar fraturadas.



— Sinto muito, Dulce — a mulher disse. — Por favor, desculpe o meu filho. Às vezes ele acaba perdendo a cabeça mesmo.



— Eu vou chamar a polícia! — tentei gritar, mas não tinha ar suficiente para isso.



 Pedro tentou avançar em mim mais uma vez, mas sua mãe, que me ajudava a ir até a porta, o conteve, colando a mão em seu peito e pedindo que ele se afastasse, pois ela resolveria tudo. Ele obedeceu, contrariado.



— Não faça isso, por favor! Ele não tem culpa! Ele só perdeu a cabeça, mas é um bom menino e vai se desculpar com você quando se acalmar.



— Não tem culpa?! Se desculpar? Você acha que um pedido de desculpas é suficiente? — gritei. — Ele me bateu! Você é louca!



 Saí da casa antes de um deles ter a chance de dizer alguma coisa. Fui até o carro, onde Fernanda escutava música no último volume, com os vidros fechados. Assim que abri a porta e ela olhou para mim, seu rosto ficou branco. Praticamente afundei no banco do carro e falei:



— Acho que ele entendeu o recado.



— Meu Deus, Dul! Você está sangrando!



 Olhei para minha regata de cetim branca, que começava a ficar encharcada com o sangue que provavelmente saía do meu nariz. Doía para respirar, então, depois de finalmente convencer Fernanda de que ir a um hospital era mais importante naquele momento do que chamar a polícia, ela deu a partida.



 Minha conversa com Pedro resultou em duas costelas trincadas, dois pontos no supercílio, um corte no lado esquerdo do lábio inferior e uma sombra arroxeada que ia da parte superior da sobrancelha direita até o topo da maçã do rosto, em um semicírculo. Minha sorte é que não houve nenhuma lesão nos olhos. Fernanda me levou para casa e acabou dormindo lá. Era muito tarde para ela sair de carro quando dona Regina finalmente chegou em casa. Eu tinha que confessar que estava um pouco receosa de ficar sozinha, ainda mais para enfrentar minha mãe. Fui atingida por uma rajada de perguntas quando ela viu meus machucados e, como médica, criticou cada uma das providências tomadas. Menti em cada uma das respostas. Pelo menos nas que aceitei dar, porque em certo ponto da história decidi simplesmente deixá-la falando sozinha e subir para o quarto.



 Quando finalmente consegui deitar, tudo o que passava pela minha cabeça eram os momentos de terror que vivi nas mãos de Pedro, o medo que senti ao me ver tão indefesa e sem poder me proteger. A dor física não era nada perto da raiva que eu sentia: por ter apanhado, por ter acreditado que ele nunca seria capaz de fazer aquilo. Quando os remédios para a dor conseguiram me apagar, a última imagem que me veio à mente foi a de Pedro vindo na minha direção. Fiquei aliviada por não precisar ir à faculdade no dia seguinte. Não queria arriscar dar de cara com Pedro, e também não queria ver Christopher. Não daquele jeito. Aliás, não queria aparecer lá com aqueles pontos e um “quase olho roxo”. Preferia ficar na cama, com raiva do meu ex por ter me agredido a ponto de eu não poder treinar ou praticar atividades físicas por um mês. Obriguei Fernanda a me prometer que não contaria nada a Christopher. Ela deveria dizer que eu tinha comido algo que me fez mal. Eu mesma iria contar a ele, da forma certa, se é que existia alguma. Apesar da promessa e de todas as vezes em que repeti a ela a importância de manter aquela informação entre nós duas, tinha certeza de que ela não conseguiria segurar a língua e de que era questão de tempo até eu receber um telefonema dele. Então apenas esperei, deitada durante toda a manhã, que o telefone tocasse.




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Autor(a): GrazihUckermann

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                                    Lei do mais forte —Dul, você precisa vir até aqui. — Me surpreendi ao ouvir a voz de Fernanda do outro lado da linha. — Não sei como vai fazer isso, mas você precisa vir rápido. Eu tentei segurar ele ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 21



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  • candy1896 Postado em 01/09/2017 - 18:11:49

    CONTINUAA

  • candy1896 Postado em 23/08/2017 - 19:55:54

    Continuaa

  • candy1896 Postado em 22/08/2017 - 10:12:11

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 14/08/2017 - 18:55:10

    Continuaa

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 03/08/2017 - 22:25:16

    Pelo menos ela disse obrigada depois dele ter ajudado ela! Continua!

    • GrazihUckermann Postado em 07/08/2017 - 18:52:42

      Um grande passo para ela kkkk

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 02/08/2017 - 18:39:44

    Dulce ñ baixa essa guarda, Christopher tenta ser legal mas ela ñ coopera. Adorei quando ela viu a 'lata velha' kkkkkk. Continua!!

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 01/08/2017 - 19:12:50

    Fernanda ta de olho no Christopher *0* Dulce elogiando o Pedro só pq ele é um playboyzinho mas la no fundo ela preferia ta comendo um cachorro quente com o vadalo, nossa viajei aqui kkkk. Continua!

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 28/07/2017 - 19:45:51

    Huum Dulce pensando no delinquente pichador amo *-* Pedro ñ desiste né, espero que ele ñ faça nd errado! Continua!!

    • GrazihUckermann Postado em 01/08/2017 - 20:14:28

      Tenho uma raiva muito grande por esse Pedro, queria muito que ele não fizesse nada de errado...

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 26/07/2017 - 18:49:20

    Dulce tem que ser mais querida, ela ta muito insensível, acho que o Christopher vai fazer uma grande mudança na vida dela *-* Continua!!

    • GrazihUckermann Postado em 01/08/2017 - 20:15:31

      Ele vai ter que ter muita calma e paciência para mudar a Dulce kkk

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 24/07/2017 - 18:56:39

    Dulce ñ foi mesmo com a cara do Christopher, mas eu adoro esse jeito dele *-* Continua!!

    • GrazihUckermann Postado em 24/07/2017 - 19:01:52

      Christopher é um amor, já me apaixonei por ele s2 Como ele consegue ser tão calmo com uma Dulce dessa? kkkkk


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