Fanfics Brasil - Lei do mais forte O garoto do cachecol vermelho - Vondy

Fanfic: O garoto do cachecol vermelho - Vondy | Tema: Vondy


Capítulo: Lei do mais forte

16 visualizações Denunciar


                                    Lei do mais forte


—Dul, você precisa vir até aqui. — Me surpreendi ao ouvir a voz de Fernanda do outro lado da linha. — Não sei como vai fazer isso, mas você precisa vir rápido. Eu tentei segurar ele, tentei impedir, mas... EU NÃO SEI! Só... só vem pra cá! Rápido!


 Ignorando as ordens do médico — que me mandou fazer repouso por alguns dias —, a primeira coisa que fiz depois de ela praticamente desligar na minha cara foi chamar um táxi. Tomei um banho correndo, apesar da dor nas costelas e tomando todo o cuidado ao tirar e colocar a faixa elástica que estava usando para aliviar o incômodo provocado pelas costelas trincadas. Vesti um jeans, uma camiseta branca e uma jaqueta de moletom azul com a ajuda de minha empregada e prendi o cabelo num rabo alto e bem apertado. Não tinha por que me arrumar. Estava com dor, com pressa e com sono. Peguei a bolsa, ouvindo o táxi buzinar do lado de fora. Por sorte não era horário de pico, então não pegamos trânsito nenhum.


 Eram mais ou menos dez da manhã. Hora do intervalo. Vi a confusão assim que viramos a esquina da rua da faculdade. Havia pessoas correndo em direção à entrada, e um grupo se aglomerava logo após a porta de acesso à escadaria que levava ao primeiro andar. Paguei o táxi com pressa, e quase esqueci de fechar a porta.


Depois, me apressei até a entrada do prédio. Antes mesmo que eu pudesse ver o que estava acontecendo, Fernanda me abordou e me segurou pelos ombros. Parecia desesperada:


— Eu... eu quebrei a promessa. Contei pro Chris. Não me mate. Ele... ele ficou furioso!


 Depois que ela fez uma pausa agonizante de uns dez segundos, praticamente gritei para que contasse logo o resto da história. Fernanda berrou, como se precisasse se livrar daquilo o mais rápido possível:


— Eu não sei o que aconteceu comigo. Acho que foi um tipo de premonição ou sei lá. Me deu vontade de sair da sala no meio da aula, e aí eu passei em frente à sala do Christopher. Ele e o Pedro estavam gritando um com o outro, e o professor mandando eles pararem. — Ela não pausava nem para respirar. — E aí eu te liguei, amiga, porque sabia que assim que eles saíssem da sala ia dar merda. Agora eles estão discutindo no meio do corredor. Se você não for lá, eles vão se matar.


— O QUÊ?!


 Nem lhe dei chance de responder. Disparei na direção do corredor, me enfiando entre as pessoas, apesar de toda a dor que o aperto me causava. Não deveria estar ali, mas o motivo da briga era eu, então tinha que ser resolvido por mim. Quando finalmente consegui chegar até os dois, ouvi os gritos de Pedro:


— Aquela vadia teve o que mereceu! — Ele cuspiu essas palavras com tanto ódio que senti que elas me atingiram como um soco.


 Foi a gota-d’água. No segundo seguinte, Christopher estava em cima de Pedro, desferindo socos no rosto do meu ex. Cheguei a ouvir quando o nariz do rapaz se quebrou. Fui até eles, segurando o braço de Christopher antes que ele tivesse chance de continuar batendo e o puxando para trás. Ele se virou para mim, prestes a me empurrar, pensando que fosse um aluno tentando separá-los. Ao perceber que era eu, parou na hora. Se levantou, ofegante, e se virou para mim, colocando as mãos em meu rosto:


— O que você está fazendo aqui?


— O que VOCÊS estão fazendo? — perguntei, irritada, ignorando completamente sua pergunta.


— Olha só o que ele fez...


 De repente, num piscar de olhos, ele foi puxado para trás por Pedro, que havia se levantado e agora segurava o garoto pelo pescoço contra os armários. Por instinto, praticamente saltei nas costas do meu ex, tentando afastá-lo de Christopher, mas ele deu um jeito de se livrar de mim, me empurrando com tanta força que bati contra os armários do outro lado do corredor. Senti uma dor tão forte nas costas e nas costelas que caí sentada, com tudo ao redor rodando e uma ânsia estranha subindo pela garganta. Christopher afastou Pedro com um chute, logo o atingindo com um soco antes que o rapaz tivesse a chance de se recuperar.


 No segundo seguinte ele estava desacordado no chão, com todo mundo gritando em volta. Christopher veio até mim mais uma vez, me ajudando a levantar e aproveitando para pegar seu cachecol daquele dia; era de lã e vermelho-vivo, como no dia em que o conheci. Depois, passou um braço ao redor da minha cintura, permitindo que eu me apoiasse nele. Estava suado. Colocou o cachecol por cima dos ombros com a mão livre, sorrindo de um jeito orgulhoso enquanto todos gritavam seu nome. Secou com a manga da camisa o sangue que saía de um corte mínimo acima da sobrancelha. Era o único ferimento visível em seu rosto. Ao contrário do Pedro. Quando, como mágica, todos pararam de gritar ao mesmo tempo e a reitora abriu caminho por entre os alunos, o sorriso de Christopher sumiu. Ele me soltou, entrando na minha frente de forma protetora quando o olhar dela se tornou severo.


— Mas o que está acontecendo aqui, Christopher?! — ela gritou, saindo por um momento do papel de reitora e assumindo o de mãe.


— Foi o Pedro quem atacou o Christopher primeiro, dra. Marcia — Fernanda explicou, praticamente brotando do chão ao meu lado. — Eu vi. Ele só estava se defendendo.


 O olhar da mulher, que estava visivelmente furiosa, passou para minha amiga. Ela se aproximou de nós e olhou para Pedro, sentado no chão, meio atordoado. A postura já tinha voltado a ser a da reitora severa. Senti a ironia em sua voz:


— E a senhorita sabe qual foi o motivo de toda essa confusão?


 Eu estava começando a me manifestar, prestes a assumir a culpa, mas Christopher foi mais rápido.


— Eu provoquei. Posso até não ter começado a briga, mas fui eu que o irritei.


 Não foram necessárias outras explicações. Marcia provavelmente já sabia da rixa entre os dois, então apenas pediu que alguns alunos levassem Pedro para a enfermaria e avisou que assinaria uma suspensão de uma semana para Christopher. Não era porque ele era seu filho que não sofreria as consequências.


 Depois, saímos os três da faculdade. Eu, apoiada por Christopher e Fernanda. Engraçado que, na hora da briga, não senti nada. A raiva de ver Pedro atacando Christopher foi tão grande que só pudepensar em ajudá-lo, mas agora a dor tinha voltado. Ainda bem que eu estava tão cheia de analgésicos que ela era um latejar forte e constante, mas suportável.


— Você se saiu muito bem para um garoto certinho, sr. Christopher Uckermann— comentei, quando ele finalmente recuperou o fôlego.


— Garoto certinho? De onde você tirou isso? Onde acha que eu arranjei as minhas cicatrizes e esse dente lascado?


 Não pude deixar de encará-lo com surpresa. Quer dizer, ele não tinha cara de quem se mete em brigas desse tipo. Fernanda socou o braço dele de leve, chamando-o de Garoto do Cachecol Rebelde, o que o fez rir mais uma vez. Não pude negar que senti um pouquinho de ciúme naquele momento. Pensei que fosse a única que conseguia provocar aquele sorriso nele. Era injusto que ele se permitisse rir com ela também.


— Foi uma boa briga, tenho que admitir — ele comentou. — Foi quase... difícil.


— Quase difícil?! — perguntei. — Eu pensei que você fosse perder! Acredite, sei do que ele é capaz. — Apontei para meu próprio rosto.


— Assim você me ofende, Dulce— murmurou, com um sorriso discreto. — Ele é só um covarde que bate em mulheres porque não aguenta uma briga com um cara do mesmo tamanho.


 Parecia estranho eu achar a fala dele meio sexy? Não era culpa minha! Ele tinha acabado de sair de uma briga, com cara de quem havia ganhado, tinha brigado por mim e estava me olhando como se eu fosse a coisa mais fascinante da face da Terra, ainda que eu estivesse com aquele roxo horrível, os pontos e o corte no lábio. O que mais você quer?! Hã?!


— Acho melhor eu voltar — Fernanda anunciou, depois de nós dois ficarmos nos encarando por algum tempo.


— Ok. Tudo bem. Eu também preciso ir — falei, já me despedindo dela com um abraço.


 Em seguida, Christopher a cumprimentou com um aceno de cabeça e a garota praticamente correu para dentro da faculdade. Alguns segundos de “encaração mútua” depois, comecei a me despedir dele também, mas Christopher recuou um pouco.


— Ainda não, mocinha. Temos um acordo, lembra? E ainda temos... seis horas e meia.


— Mas hoje é um dia incomum — argumentei.


— Tem razão. E é mais um motivo para nós ficarmos... — Fez uma pausa, provavelmente recalculando as palavras. — Para fazermos alguma coisa diferente.


— Do tipo?


— Do tipo um boletim de ocorrência contra aquele idiota. O que eu tenho certeza que você ainda não fez.


 Revirei os olhos, prestes a me virar para ir embora, mas ele colocou uma das mãos no meu queixo, me fazendo olhar para ele, e se aproximou. Incrível como ele gostava de ficar perto de mim. Parecia uma necessidade para aquele vândalo. Mas eu não tinha nada contra isso.


Sussurrou: — Não precisa ter medo. Vou ficar com você, e não vou deixar ele te tocar nunca mais.


— Como é que você pode prometer isso? Não é algo que você pode controlar.


— Eu posso impedir. Assim como podia ter impedido quando ele te machucou ontem, se você tivesse me convidado pra ir junto.


 Peguei sua mão, afastando-a do meu rosto, e recuei um passo. Não era um assunto no qual ele poderia simplesmente usar argumentos fofos para me convencer. Tinha a ver com o medo de Pedro ir atrás de mim se algo desse errado. Tinha a ver com minha segurança, que era algo que a polícia não tinha sob seu controle, e muito menos Christopher.


— Você precisa confiar em mim — ele disse.


— Eu confio em você. Não confio nele. E pra falar a verdade nem sei se isso é certo — respondi, e era verdade.


Ele olhou para mim, metade confuso, metade irritado.


— Caso você ainda não tenha notado, a minha sorte com os homens não é muito grande. Primeiro o meu professor de matemática do primeiro ano do ensino médio, depois aquele cara que me assaltou e agora o Pedro. — Fiz uma pausa, sentindo os olhos se encherem de lágrimas. Baixei a cabeça, tentando evitar que ele visse que eu estava chorando. — Eu mal te conheço! Quem garante que você não vai ser o próximo erro? Você acha que eu não tenho motivos pra deixar de confiar nas pessoas?


 Sequei as lágrimas com a manga do moletom, ainda evitando olhar para ele. Não queria ver o pesar e a pena em seus olhos. Aquilo era a última coisa da qual eu precisava, e eu duvidava de que Christopher entenderia.


— Não posso te garantir nada — ele disse, finalmente. — Não sou vidente, não sou santo, nem a melhor pessoa que você vai conhecer na vida.


Esperei que ele continuasse, mas, quando não o fez, precisei de alguns segundos para decidir se ficava irritada por ele não ter me consolado e nem ao menos tentado conseguir minha confiança, ou se ficava feliz pelo fato de não ter falado qualquer coisa da boca para fora só para me fazer sentir melhor.


— Obrigada pelo apoio moral — falei, agora chorando livremente.


— É disso que todos nós precisamos às vezes, não é?


 A pergunta dele me fez rir. Christopher me puxou pela manga da jaqueta, passando os braços ao meu redor e me apertando com força contra o seu corpo. Quase doeu, mas preferi não falar nada sobre minhas costelas naquele momento. Era muito melhor apenas retribuir o abraço. Enterrei a cabeça em seu ombro e fechei os olhos.


— Como eu disse antes — sussurrou, sem se afastar —, não posso garantir nada. Mas posso prometer que, enquanto eu estiver no controle das coisas, e enquanto você quiser a minha ajuda, vou fazer tudo o que eu puder pra te deixar feliz. Afinal, foi pra isso que nós fizemos aquele acordo, não foi? — Apenas assenti.


 Seu abraço era tão reconfortante. Naquele momento, senti que não importava onde estivéssemos: podíamos estar no meio de uma guerra, ou em uma jaula de leões famintos... Para mim não fazia diferença. Não havia lugar mais seguro que os braços de Christopher. E ele continuou:


— Então, você precisa permitir que eu faça isso, porque, apesar de ser eu a pessoa que vai dar duro, não posso fazer nada sem a sua permissão e colaboração. Ele se afastou um pouco, apenas para ver meu rosto.


— Você entende isso?


— Sim — respondi, revirando os olhos.


— Ótimo. Então nós temos que ir à delegacia.


 Bufei enquanto me deixava praticamente ser arrastada até seu carro. Ok. Ele tinha me convencido, mas, se no final as coisas dessem errado, era a cabeça dele que eu acabaria arrancando.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): GrazihUckermann

Este autor(a) escreve mais 3 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

                           Confiança    A delegacia de defesa da mulher mais próxima ficava a mais ou menos trinta minutos da faculdade. Eu nunca tinha entrado em um lugar como aquele, e confesso que por um momento pensei em desistir, mas Christopher me empurrou delicadamente, me e ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 21



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • candy1896 Postado em 01/09/2017 - 18:11:49

    CONTINUAA

  • candy1896 Postado em 23/08/2017 - 19:55:54

    Continuaa

  • candy1896 Postado em 22/08/2017 - 10:12:11

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 14/08/2017 - 18:55:10

    Continuaa

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 03/08/2017 - 22:25:16

    Pelo menos ela disse obrigada depois dele ter ajudado ela! Continua!

    • GrazihUckermann Postado em 07/08/2017 - 18:52:42

      Um grande passo para ela kkkk

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 02/08/2017 - 18:39:44

    Dulce ñ baixa essa guarda, Christopher tenta ser legal mas ela ñ coopera. Adorei quando ela viu a 'lata velha' kkkkkk. Continua!!

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 01/08/2017 - 19:12:50

    Fernanda ta de olho no Christopher *0* Dulce elogiando o Pedro só pq ele é um playboyzinho mas la no fundo ela preferia ta comendo um cachorro quente com o vadalo, nossa viajei aqui kkkk. Continua!

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 28/07/2017 - 19:45:51

    Huum Dulce pensando no delinquente pichador amo *-* Pedro ñ desiste né, espero que ele ñ faça nd errado! Continua!!

    • GrazihUckermann Postado em 01/08/2017 - 20:14:28

      Tenho uma raiva muito grande por esse Pedro, queria muito que ele não fizesse nada de errado...

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 26/07/2017 - 18:49:20

    Dulce tem que ser mais querida, ela ta muito insensível, acho que o Christopher vai fazer uma grande mudança na vida dela *-* Continua!!

    • GrazihUckermann Postado em 01/08/2017 - 20:15:31

      Ele vai ter que ter muita calma e paciência para mudar a Dulce kkk

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 24/07/2017 - 18:56:39

    Dulce ñ foi mesmo com a cara do Christopher, mas eu adoro esse jeito dele *-* Continua!!

    • GrazihUckermann Postado em 24/07/2017 - 19:01:52

      Christopher é um amor, já me apaixonei por ele s2 Como ele consegue ser tão calmo com uma Dulce dessa? kkkkk


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais