Fanfics Brasil - Liberdade O garoto do cachecol vermelho - Vondy

Fanfic: O garoto do cachecol vermelho - Vondy | Tema: Vondy


Capítulo: Liberdade

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                   Liberdade 


 Aquele dia foi um dos piores, e eu me lembrava dele como se tivesse sido ontem. Foi como se tudo em que eu acreditava caísse no chão. Como se minha vida tivesse virado de cabeça para baixo por causa de três semanas. Eu tinha acabado de chegar da faculdade, e havia uma carta esperando por mim. Uma carta da Juilliard, dizendo que aceitariam que eu fizesse o teste pessoalmente lá. Tinha pensado que nunca a receberia, já que o prazo máximo para o envio tinha se esgotado muito tempo antes. Tinha até mesmo conversado com minha professora sobre o atraso, e ela havia tentado me tranquilizar, dizendo que às vezes acontecia de a carta chegar um pouco depois. E chegou. É claro que eu precisava comemorar, por isso chamei Fernanda e o resto dos meus amigos para uma festa. Nunca faria essa reunião na minha casa, então pedi que nos encontrássemos numa balada perto dali.


 Christopher? Obviamente não o convidei. Eu queria comemorar perdendo a linha e enchendo a cara, afinal eu bem que merecia, e ele com certeza me reprovaria ou tentaria me atrapalhar. Eu precisava me afastar dele pelo menos um pouco, me divertir como uma pessoa normal, sem todas aquelas regras e “obediência incontestável” ao acordo. Em alguns momentos até que tinha sido legal, como foi o caso da visita ao hospital, mas na maioria das vezes ele só me fazia acompanhá-lo e conviver com os amiguinhos-aberrações da faculdade.


 Christopher me levou para alguns lugares de gente pobre e me deixou entediada, mas nada daquilo importava mais. Em alguns meses eu estaria fora do Brasil, e nada daquilo faria parte da minha vida. Eu estaria livre e poderia fazer o que quisesse.


 Eu me arrumei, vesti as roupas mais brilhantes e curtas que encontrei no armário e chamei um táxi. Eram dez horas da noite de uma quarta-feira, e nós tínhamos aula no dia seguinte, mas quem ligava? Eles não, e eu tinha conseguido uma vaga na Juilliard. O mundo era meu mais uma vez. Dulce Maria estava de volta. Ok, talvez eu não tivesse conseguido a vaga propriamente, mas tinha ganhado a chance de fazer a audição. E eu era tão boa que seria impossível me recusarem.


 Quando cheguei, todos já me esperavam na porta. Fui recepcionada com garrafas de champanhe e vodca. Fazia duas semanas que eu não bebia quase nada por causa daquele idiota certinho. Praticamente me carregaram nos braços para o lado de dentro, como se eu fosse sua rainha. Até pediram ao DJ para anunciar que eu estava na casa, me despedindo do Brasil, e que era para todos os caras de lá fazerem a noite valer a pena.


 Se eu havia sentido algo por Christopher? Até podia ser, mas naquela noite queria e precisava esquecer dele, mesmo que tivesse de beijar todos os caras da balada.


 A marca roxa horrorosa já tinha sumido do meu rosto, e eu não sentia mais dor nas costelas. Então, qual era o problema? Nada me impediria de pegar o cara mais bonito de lá, tendo ele namorada ou não. Porque eu podia tudo.


 Eu cantava segurando uma garrafa de champanhe, me esfregando em um cara qualquer, com Fernanda ao meu lado dando em cima de um tampinha calouro da faculdade. O resto dos meus amigos estava ao redor, todos tão bêbados que nem sabiam o que estavam fazendo ali. Eu tinha certeza de que um ou dois tinham cheirado alguma coisa para complementar a diversão. Tinha bebido mais do que nunca, estava até molhada de vodca. Por algum motivo, achei que tomar um banho com a bebida seria uma boa ideia. Mas sempre chega aquele momento em que o bêbado fica emotivo, e toda a diversão acaba até que alguém o convença de que é tudo efeito da bebida. E eu só percebi que estava tudo errado quando aquele momento finalmente chegou para mim.


 Por que a única pessoa para qual eu queria ligar naquele momento era Christopher? Por que era o nome dele que eu chamava desesperadamente enquanto chorava no ombro de Fernanda, tão bêbada quanto eu? Bom... eu não tinha a resposta. Só sabia que queria ligar para ele e pedir que fosse até lá, para que eu pudesse chorar abraçada a ele.


— Alô? — gritei no celular. — Chris-Chris?!


— Dul? É você?! — ele perguntou do outro lado da linha, a voz rouca de quem estava dormindo.


— Chris-Chris, eu te amo! Você sabe disso, não sabe? — falei, em meio a mais uma onda de lágrimas. — Eu te amo, Christopher Uckermann! — gritei.


 Eu estava sentada em um dos sofás de couro negro no canto do salão, com dois ou três lenços de papel na mão, secando as lágrimas que caíam sem parar e borravam o meu rímel. Estava sem os sapatos de salto, perdidos em algum lugar desconhecido naquele momento.


— Você está bêbada, Dulce?


— Mas você não me ama. Ninguém me ama — continuei, ignorando a pergunta. Olhei para Fernanda, que havia começado a chorar comigo. — Fezinha, você me ama?


— Amo sim, Dul. Eu amo! Acredita em mim! — Ela chorou e me abraçou.


— A Fê me ama, então — informei a Christopher, ainda no telefone, empurrando o ombro dela. Eu não queria abraço nenhum. Eu queria o Chris-Chris. — Ela me ama, mas é só. É só ela que me ama, Chris-Chris.


— Onde você está? — perguntou, num tom sério, de repente. Por que ele estava bravo? Ele estava bravo? Ele não me amava? — Tem alguém aí que não esteja completamente bêbado?


— Eu não sei. — Solucei. — Eu só quero que alguém me ame. Por que ninguém me ama, Chris-Chris?


 Levantei, dando umas cinco voltas perto do sofá, discutindo com ele o fato de ninguém me amar. Por quê? Por quê?! Ele precisava vir me explicar pessoalmente o porquê daquilo.


— Chris-Chris, vem aqui. Vem me buscar. Me fala por que ninguém me ama!


— Eu vou. Juro que vou, mas você precisa me dizer onde está.


 Não sei como, tive um breve momento de sanidade e expliquei onde estava. Talvez aquilo tivesse realmente salvado minha dignidade, porque, antes que eu começasse a vomitar, ele chegou, feito um príncipe, para me salvar. Estava meio borrado em meio a todas aquelas luzes, mas eu o reconheci pelo cachecol vermelho. Me ajudou a levantar e me pegou no colo quando viu que eu estava tonta demais para me manter de pé. Parecia balançar mais do que o normal, e isso me deixou um pouco enjoada. Ele era tão fofo!


 Me agarrei ao seu pescoço, já conseguindo parar de chorar, e gritei, tentando falar mais alto que aquela música maldita:


— Você é um príncipe, Chris-Chris. Um super-herói. O M-E-U príncipe encantado!


— Eu vou te levar pra casa, Dulce.


— Mas você tem que ir comigo — falei, num tom marejado e malicioso. — E tem que me levar pro meu quarto também.


 Christopher se manteve em silêncio, me levando até o lado de fora. Ele me colocou dentro de sua “supernave espacial” e deu a partida antes que eu pudesse dizer alguma coisa. Me levou para casa e, sim, foi comigo até meu quarto. Mas o que fez foi segurar meu cabelo enquanto eu colocava tudo o que podia para fora, abraçada ao vaso sanitário. Me deu água, me colocou na cama e me enrolou com todos os edredons que encontrou. Depois, sentou numa das poltronas perto da janela. E aí eu dormi.


— Dul— ouvi alguém chamar ao longe. A voz era suave e carinhosa, como o ronronar de um gato. — Dul, eu preciso ir agora.


 Abri os olhos, apesar de senti-los pesados. Minha cabeça latejava, e o gosto metálico na boca era horrível. Meus pés e pernas estavam doloridos, e a garganta ardia. Christopher estava sentado na beirada da cama, passando os dedos pelo meu cabelo. Estava inclinado em minha direção, e me olhava de um jeito preocupado. Com a mão livre, segurava um copo de água e um analgésico. Só podia ser a visão de um anjo. Não era possível.


— Vamos, minha linda — sussurrou. — Eu preciso que você tome isso antes de eu sair. É para dor de cabeça. Você vai dormir melhor.


 Me sentei com a ajuda dele, fazendo muito esforço, e, como se estivesse no piloto automático, bebi a água e tomei o comprimido, apoiando a cabeça no ombro dele em seguida. Perguntei, colocando a mão na frente dos olhos por causa da claridade do quarto:


— O que aconteceu ontem?


— Você não lembra, né? — Suspirou, antes de continuar: — Você me ligou às quatro da manhã, completamente bêbada, me pedindo para te buscar e te explicar por que ninguém te ama. E eu fui. Te trouxe pra casa e fiquei aqui pra ter certeza de que você ficaria bem.


— Eu não devia estar tão mal assim — murmurei, pois era o máximo que eu conseguia fazer.


— Você disse que me amava — falou apressadamente, com um sorriso no rosto.


— Eu devo ter dito isso pra todo mundo.


 Levantei da cama, abaixando a barra do vestido de noite que eu ainda usava. Era preto e extremamente curto, cheio de franjas cintilantes e com uma gola alta de cetim que apertava o meu pescoço. Peguei algumas roupas na gaveta e fui em direção ao banheiro, fechando a porta.


— E você me chamou de Chris-Chris! — ouvi o garoto dizer por trás da porta.


 É. Eu devia estar muito mal. Tudo isso na frente dele, a única pessoa que tinha esperança em mim. Que ótimo. Vesti o moletom gigante cor-de-rosa que havia escolhido e o short do mesmo tecido preto e escovei os dentes, voltando ao quarto logo em seguida. Desabei na cama mais uma vez e perguntei, o rosto contra um dos meus milhares de travesseiros:


— Você me odeia?


— É claro que não. — Ele riu e passou a mão pelas minhas costas. — Você até demorou pra ter uma recaída! E ainda ligou pedindo que eu fosse te buscar! Eu teria ficado bravo se você tivesse voltado pra casa com outra pessoa, ou se tivesse visto você com algum cara lá.


— Ciúme, sr. Christopher? Que coisa feia. — Virei um pouco a cabeça, o suficiente para olhar para ele em meio aos cachos que caíam em meu rosto.


— Eu nunca teria ciúme de você, Dulce. Pelo menos não desse jeito. Eu só não queria que alguém se aproveitasse de você no estado em que estava. Nós somos só amigos.


— Bem que você gostaria que a gente fosse mais que isso.


 O garoto apenas sorriu, se inclinando na minha direção e me dando um demorado beijo na testa antes de levantar e anunciar que precisava ir. Era meio-dia, e ele tinha faltado à aula por mim. Suspirei. Mais uma semana e meia com aquele garoto e eu estaria acabada, com o coração em pedaços, porque a cada gesto gentil dele, e a cada palavra que dirigia a mim, mais eu gostava dele. Embora fosse apenas um vândalo imbecil que eu odiava. E sempre seria assim.


                                                                             S2



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Autor(a): GrazihUckermann

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 21



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  • candy1896 Postado em 01/09/2017 - 18:11:49

    CONTINUAA

  • candy1896 Postado em 23/08/2017 - 19:55:54

    Continuaa

  • candy1896 Postado em 22/08/2017 - 10:12:11

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 14/08/2017 - 18:55:10

    Continuaa

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 03/08/2017 - 22:25:16

    Pelo menos ela disse obrigada depois dele ter ajudado ela! Continua!

    • GrazihUckermann Postado em 07/08/2017 - 18:52:42

      Um grande passo para ela kkkk

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 02/08/2017 - 18:39:44

    Dulce ñ baixa essa guarda, Christopher tenta ser legal mas ela ñ coopera. Adorei quando ela viu a 'lata velha' kkkkkk. Continua!!

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 01/08/2017 - 19:12:50

    Fernanda ta de olho no Christopher *0* Dulce elogiando o Pedro só pq ele é um playboyzinho mas la no fundo ela preferia ta comendo um cachorro quente com o vadalo, nossa viajei aqui kkkk. Continua!

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 28/07/2017 - 19:45:51

    Huum Dulce pensando no delinquente pichador amo *-* Pedro ñ desiste né, espero que ele ñ faça nd errado! Continua!!

    • GrazihUckermann Postado em 01/08/2017 - 20:14:28

      Tenho uma raiva muito grande por esse Pedro, queria muito que ele não fizesse nada de errado...

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 26/07/2017 - 18:49:20

    Dulce tem que ser mais querida, ela ta muito insensível, acho que o Christopher vai fazer uma grande mudança na vida dela *-* Continua!!

    • GrazihUckermann Postado em 01/08/2017 - 20:15:31

      Ele vai ter que ter muita calma e paciência para mudar a Dulce kkk

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 24/07/2017 - 18:56:39

    Dulce ñ foi mesmo com a cara do Christopher, mas eu adoro esse jeito dele *-* Continua!!

    • GrazihUckermann Postado em 24/07/2017 - 19:01:52

      Christopher é um amor, já me apaixonei por ele s2 Como ele consegue ser tão calmo com uma Dulce dessa? kkkkk


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