Fanfics Brasil - Azul da cor do céu O garoto do cachecol vermelho - Vondy

Fanfic: O garoto do cachecol vermelho - Vondy | Tema: Vondy


Capítulo: Azul da cor do céu

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          Azul da cor do céu


  Eu havia combinado me encontrar com Helena logo depois de sair do médico, para que nos arrumássemos juntas para ir ao baile. É claro que ela aceitou, já que vínhamos nos dando bem desde a primeira vez que nos vimos e tínhamos passado algum tempo juntas graças ao acordo. Ela era uma das garotas mais legais que eu conhecia, e tinha o grande talento, aprendido com Christopher, de saber exatamente o que e quando dizer. Como esperado, consegui minha autorização para fazer exercícios físicos, e tenho que confessar que fiquei extremamente feliz por isso. Agora sim poderia fazer qualquer coisa, principalmente o que eu mais amava: dançar.


 Quando finalmente cheguei ao Shopping Anália Franco, que ficava perto do lugar onde aconteceria a festa, encontrei Helena em frente ao Outback, no exterior do prédio, ao lado de uma das entradas. Ela usava jeans preto rasgado, camiseta e jaqueta de couro da mesma cor. Eu já havia entendido suas intenções de parecer uma roqueira punk durona, mas era difícil acreditar que ela conseguiria cumprir seu objetivo tão bem quanto Millah, a amiga esquisita de Christopher. A menina era sorridente demais e... gentil demais.


— Como ele está? — perguntei, enquanto subíamos a primeira escada rolante.


— Não muito bem — respondeu. — Mas, pelo que ele me disse, está arrependido por ter agido de forma tão agressiva e egoísta. Só está com vergonha de falar com você.


— Estamos falando dele ou de mim? — questionei, irônica, ao notar quanto os sentimentos dele eram um reflexo dos meus.


 Ela apenas deu de ombros em resposta. Nunca imaginei que iria ao shopping sozinha com uma garota mais nova que eu. Ok, eu tinha dezenove anos e ela dezesseis, mas antes aquilo me pareceria uma diferença grande demais para expor em público. Eu não queria ser babá de ninguém.


— Você sabe que o Chris gosta muito de você, não sabe? — disse de repente, quando entramos em uma loja qualquer.


 Ela ainda precisava comprar sua roupa e tinha pedido minha ajuda. Por isso havíamos ido até lá cinco horas mais cedo, às duas da tarde.


— Quer dizer... de verdade. Daquele jeito.


— Você está se saindo muito bem em expor os sentimentos do seu irmão, garotinha — brinquei, com um sorriso sem graça.


 Sim. Eu sabia que ele gostava de mim, e não era segredo para nenhum dos dois que o sentimento era recíproco. O amor é uma coisa estranha, é como areia movediça. Quanto mais lutamos para sair, mais profundamente nos vemos presos nela. Lutei com todas as forças para não me apaixonar por Christopher, e agora estava enterrada até o pescoço.


— É pra isso que servem as irmãs mais novas, não é mesmo? — ela brincou e me fez rir.


 Vasculhei alguns cabides antes de achar um vestido perfeito para Helena. Praticamente a arrastei até os provadores antes que ela tivesse a chance de fazer cara feia ao ver que era cor-de-rosa. Infelizmente, apesar de ter ficado lindo, ela preferiu a versão azul. Pelo menos destacou a cor de seus olhos.


— Pra falar a verdade, acho que você deveria usar isto — comentou, levantando a sacola ao lado do rosto quando saímos da loja. — É a cor preferida dele, sabia? Azul, da cor do céu. — E dos olhos dele, não pude deixar de pensar.


— Você realmente quer dar uma de cupido, né?


— Eu gosto de você, e sei que só quer o melhor pra ele, então por que não? O Chris precisa de um pouco de amor na vida. Já tem problemas demais, precisa de uma distração.


— Christopher Uckermann tem problemas? Jura? — Apesar do tom irônico, me surpreendi ao pensar que aquilo realmente poderia ser verdade.


 Todos tinham problemas, e eu sabia que Christopher também tinha, mas, com toda a sua alegria e vontade de viver, era impossível pensar que algo podia abalar o vândalo. Aquele sorriso que só podia ter sido criado por Deus quase nunca falhava. Era como um farol, que trazia luz para a vida de todos. Como poderia falhar? Era algo impensável para mim.


— Ele não te disse nada, não é mesmo? — murmurou para si mesma. — Ele por acaso contou para você que o nosso pai tem ELA?


— ELA? O que é isso?


— Esclerose lateral amiotrófica. É uma doença que afeta os neurônios motores e faz a pessoa perder todos os movimentos do corpo.


— Mas... ele ainda é lúcido? Isso também afeta a mente da pessoa? — Eu estava chocada.


 Como ele podia não ter me contado uma coisa daquelas?! Como assim, Christopher?! Nós nos conhecíamos havia meses, éramos quase melhores amigos! Isso é algo que se conta para os amigos, não é? Não. Não para uma amiga preconceituosa como eu fui, e ainda era. Idiota, idiota, idiota! Se eu não fosse uma pessoa tão burra, egoísta e má, é claro que ele teria me contado! Mas não! O que eu sabia sobre o pai deles?! Nada... Só sabia que o nome ele era George!


— Não, Dul — ela respondeu, num tom compreensivo e paciente. — É como se o corpo se tornasse a prisão da mente. Você continua pensando da mesma forma que sempre, mas não consegue se mexer nem falar. Como... como o Stephen Hawking! — Um ar animado e orgulhoso pareceu soprar em cima dela naquele momento, levando embora o olhar triste que tinha aparecido em seu rosto alguns segundos antes. — Ele é tipo... o pai da física moderna, e grande parte das suas descobertas aconteceu depois de ele ficar preso dentro de si mesmo!


— E como ele está? — perguntei, sobre o pai deles, me sentindo uma idiota por não saber de nada e nunca ter ouvido falar daquela doença.


— Papai já está na cadeira de rodas há anos. A velha Bessie, como ele costuma chamar. Este ano nós compramos um aparelho que permite que ele se comunique através de um computador — explicou.


 Estávamos indo para o salão de beleza do shopping. Tínhamos marcado hora para fazer cabelo, maquiagem, manicure e pedicure.


— Eu e o Chris somos muito ligados a ele. Nós sabemos que cada segundo é precioso. Ele já está em um estágio bem avançado da doença, e sabemos que não está longe do dia em que os seus órgãos vão parar de funcionar e nenhum aparelho vai poder trabalhar no lugar deles.


— Mas não tem cura? Tratamento? Nada?!


— Ainda não. O que existe hoje é um remédio que aumenta a expectativa de vida em seis meses só. Falaram alguma coisa esses dias sobre terem descoberto a causa da ELA, mas qualquer chance de tratamento só vai ser descoberta daqui a alguns anos. Entre a descoberta, a fase de testes e tudo o mais, qualquer tipo de tratamento com certeza só vai estar disponível daqui a muitos anos. — Ela baixou o olhar, voltando a ficar triste. — E o meu pai provavelmente não tem todo esse tempo.


 Me mantive em silêncio durante o resto do caminho, dando a ela um tempo para se recuperar. Não tinha ideia de como era amar alguém com uma doença incurável, mas sabia que devia ser difícil. Chegamos ao salão, e por sorte sentamos uma ao lado da outra. Assim poderíamos continuar conversando, se isso fosse fazê-la se sentir melhor.


— Eu não tinha ideia do que vocês estavam passando. Sinto muito — falei, quando finalmente me senti mais à vontade.


— Tudo bem, Dul — ela respondeu, colocando a mão em meu braço com um sorriso triste. — Esse nem é o maior dos problemas. Papai lida muito bem com sua doença, já que a tem desde os meus cinco anos, mas... a dona Marcia não.


— O que você quer dizer com isso?


— Ela criou algum tipo de fortaleza ao redor de si, e a única pessoa que consegue ultrapassar esse muro é o Chris. E ainda assim ele enfrenta dificuldades. — Lancei a ela um olhar confuso, querendo saber um pouco mais sobre o assunto. — Minha mãe nem sempre foi essa pessoa fria e severa. Ela mudou depois da descoberta da doença do papai, e piorou quando ele passou para a cadeira de rodas. Depois disso, a única pessoa que conseguia fazê-la sorrir era o Christopher, com todas as habilidades herdadas do papai e o seu talento de líder. Nós dois fomos praticamente criados no coral da igreja, já que o nosso pai era pastor. Aprendemos a cantar e tocar, mas o Chris sempre teve uma energia mais vibrante. Quando abria a boca, ninguém conseguia tirar os olhos dele. — Sorri ao ouvir aquilo, sabendo exatamente do que ela estava falando.


 Aquela habilidade ele ainda tinha, e provavelmente só a havia aperfeiçoado com o passar do tempo.


— Eu não. Preferia ouvir música a cantar, e para a minha mãe isso era um pecado. “Deus nos deu talento para mostrá-lo ao mundo. Ainda mais quando foi passado através de gerações, como a do seu pai e a dos seus avós”, era o que ela dizia. Quando finalmente ela se convenceu de que eu não a ouviria, passou a me considerar uma vergonha para a família — continuou, enquanto a manicure pintava suas unhas de preto. 


 A mesma cor de antes. Tá. Era bastante informação para assimilar. Em pouco tempo eu havia aprendido mais sobre eles do que um dia imaginava que iria aprender. E nem tinha sido Christopher a me contar, ao contrário do que pensei que aconteceria. Aquele era mesmo um sinal de quanto eu tinha me enganado. Ele não era um vândalo rebelde, aventureiro e alegre que não tinha problemas. Era o garoto do cachecol vermelho e olhos azuis, cheio de segredos e mistérios que talvez eu nunca fosse desvendar.


— Mas chega de falar de mim — ela disse de repente, assumindo a postura alegre de sempre. — Vamos falar sobre a cor do seu esmalte, que parece a cor dos olhos do meu irmão. Muito observadora você, hein!


— Meu Deus! Você está...


— Se não quer falar sobre ele, vamos falar sobre você, então.


 Realmente continuamos falando sobre mim pelo resto do tempo, até que o cabeleireiro terminasse de dar ainda mais forma aos meus cachos com seu babyliss e de alisar os dela com um secador e uma chapinha. Até que enchessem o rosto dela de maquiagem em tons de nude, e o meu em tons de azul, como o das minhas unhas e do laço de fita que tinham usado para prender duas mechas de cabelo juntas, uma vinda de cada lado da cabeça. E até que estivéssemos colocando os últimos detalhes no banheiro do shopping, como meus brincos de argola e as pequenas pérolas negras dela. Nos olhamos no espelho do banheiro, analisando o belo trabalho dos profissionais do salão e do meu maravilhoso senso de moda.


 O vestido dela tinha um tom de azul delicado e um decote tomara que caia em coração. Era um tubinho elegante que ficava maravilhoso nela. Seus sapatos de salto eram pretos, cheios de fitas enlaçando delicadamente os pés, como num abraço elegante. O cabelo dourado estava completamente liso, até a altura do quadril, com curvas discretas nas pontas, para incrementar um pouco. Eu usava um vestido preto de gola alta sem mangas, com as costas abertas até a cintura, onde havia um laço enorme da mesma cor. A partir daquele ponto, ele caía rodado até um palmo acima dos joelhos. Calçava um salto alto azul-celeste meia pata, da mesma cor que a sombra em meus olhos, o laço em meu cabelo e o esmalte em minhas unhas.


— Ele vai gostar — ela comentou.


 Pela primeira vez naquela noite eu não me senti sem graça ao ouvi-la dizer aquilo, porque aquele era o meu objetivo. Ele tinha que gostar. Não havia outra opção.


 Durante o percurso até a saída do shopping, as pessoas ficavam nos encarando. Eu já estava acostumada com aquilo, então mantive a cabeça erguida e o olhar atento, mas Helena baixou o olhar, sem graça, se encolhendo um pouco contra mim. Acho que teria que ensinar uns exercícios de confiança a ela mais tarde. A ideia me fez sorrir. Eu tinha pedido a Fernanda, que também ia ao baile porque estava de olho em Enzo, que nos buscasse para irmos todas juntas. Helena tinha até dado a ideia de pedir a Christopher que o fizesse, mas preferi dar um tempo a mim mesma para pensar no que diria ao encontrá-lo. Eu tinha que pensar muito bem naquilo. Ele não era o tipo de cara que acreditava em qualquer pedido de desculpas, assim como eu não era o tipo de garota que ganha um buquê de flores e fica toda felizinha.


— Eu tenho mesmo que entrar com vocês? — Fernanda perguntou, enquanto nos observava entrar em seu carro vermelho. — Porque isso vai ser uma humilhação.


— Pra quem? Pra nós ou pra você? — Levantei uma sobrancelha e sorri.


 Ela usava um vestido vermelho curto como o meu, com um corpete justo cheio de brilho. O cabelo loiro e liso estava preso em uma linda trança toda trabalhada, e a maquiagem estava impecável. A garota sorriu de volta.


— Pra mim, é claro!


 Ela deu a partida no carro depois de aumentar o volume do rádio, sintonizado na estação de que ela mais gostava, que só tocava música pop. Respirei fundo, voltando a olhar para a frente e sentindo algo revirar em meu estômago. Meu coração parecia estar fazendo polichinelos dentro do peito, e as mãos estavam geladas como as de um defunto. Helena colocou as mãos em meus ombros, sentada no banco de trás, e os apertou.


— Respira fundo e relaxa. O Chris não é nenhum estranho. Você o conhece melhor do que qualquer outra garota por aí.


— Não foi exatamente isso que eu descobri há alguns minutos, quando você me contou sobre o seu pai — falei, em tom de descrença.


— Mas você sabe o que ele sente, como sente e sempre sabe o que dizer — foi a vez de Fernanda se pronunciar. — Pense assim: você está indo para os braços do garoto de quem gosta, e não para a forca.


 Assenti, baixando o olhar e me segurando muito para não começar a roer as unhas. As duas tinham razão, mas não era tão fácil assim. Eu era orgulhosa demais para pedir desculpas, ainda mais quando Christopher estava envolvido. Eu sentia como se ele me avaliasse a cada passo que eu dava, apesar de não ser verdade. Eu só queria agradá-lo e, ao mesmo tempo, fazê-lo gostar de mim do jeito que eu era.



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Autor(a): GrazihUckermann

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 21



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  • candy1896 Postado em 01/09/2017 - 18:11:49

    CONTINUAA

  • candy1896 Postado em 23/08/2017 - 19:55:54

    Continuaa

  • candy1896 Postado em 22/08/2017 - 10:12:11

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 14/08/2017 - 18:55:10

    Continuaa

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 03/08/2017 - 22:25:16

    Pelo menos ela disse obrigada depois dele ter ajudado ela! Continua!

    • GrazihUckermann Postado em 07/08/2017 - 18:52:42

      Um grande passo para ela kkkk

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 02/08/2017 - 18:39:44

    Dulce ñ baixa essa guarda, Christopher tenta ser legal mas ela ñ coopera. Adorei quando ela viu a 'lata velha' kkkkkk. Continua!!

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 01/08/2017 - 19:12:50

    Fernanda ta de olho no Christopher *0* Dulce elogiando o Pedro só pq ele é um playboyzinho mas la no fundo ela preferia ta comendo um cachorro quente com o vadalo, nossa viajei aqui kkkk. Continua!

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 28/07/2017 - 19:45:51

    Huum Dulce pensando no delinquente pichador amo *-* Pedro ñ desiste né, espero que ele ñ faça nd errado! Continua!!

    • GrazihUckermann Postado em 01/08/2017 - 20:14:28

      Tenho uma raiva muito grande por esse Pedro, queria muito que ele não fizesse nada de errado...

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 26/07/2017 - 18:49:20

    Dulce tem que ser mais querida, ela ta muito insensível, acho que o Christopher vai fazer uma grande mudança na vida dela *-* Continua!!

    • GrazihUckermann Postado em 01/08/2017 - 20:15:31

      Ele vai ter que ter muita calma e paciência para mudar a Dulce kkk

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 24/07/2017 - 18:56:39

    Dulce ñ foi mesmo com a cara do Christopher, mas eu adoro esse jeito dele *-* Continua!!

    • GrazihUckermann Postado em 24/07/2017 - 19:01:52

      Christopher é um amor, já me apaixonei por ele s2 Como ele consegue ser tão calmo com uma Dulce dessa? kkkkk


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