Fanfics Brasil - Constelações O garoto do cachecol vermelho - Vondy

Fanfic: O garoto do cachecol vermelho - Vondy | Tema: Vondy


Capítulo: Constelações

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            Constelações


 Na garagem, saímos da picape antes que Marcia desligasse o carro dela, que parou logo atrás. Christopher foi ajudar Helena a tirar seu pai do carro. Observei de longe enquanto o colocavam na cadeira de rodas. Depois, Chris pediu que eu me juntasse a eles enquanto entravam pela porta dos fundos. Resisti ao impulso de assobiar quando acenderam as luzes do lado de dentro, depois de fechar a porta. A casa parecia de filme. Uma escada de mármore com o corrimão todo trabalhado se erguia do centro do primeiro andar, delimitando o espaço da sala de estar, à direita, e o da de jantar, à esquerda. Os móveis eram sofisticados, de madeira escura ou tecido vermelho e dourado. As paredes, quase completamente cobertas por cortinas ou reproduções de pintores famosos, eram brancas; o chão, do mesmo mármore amarelado que a escada.


 Estava frio ali, e não só por causa do ar-condicionado, mas também por causa do clima pesado. Eu sentia como se aquele lugar não tivesse sido cenário de coisas muito boas.


— Boa noite, crianças — disse a voz metálica do aparelho do pai de Christopher, de repente passando atrás de mim.


— Boa noite — disse Marcia, seguindo o marido na direção da sala de estar.


 Christopher me puxou para a escada e pude ver, enquanto subíamos, que em um dos cantos da enorme sala de estar, perto das janelas que se estendiam do chão ao teto, havia um enorme piano de cauda preto. No lado oposto do cômodo tinha um elevador escondido entre as cortinas. Era para lá que Marcia estava levando George, junto de Helena, que acenou em nossa direção.


 A sala de jantar, do outro lado, tinha uma mesa de madeira escura no centro, com uns vinte lugares, e arcos enormes que davam passagem à cozinha. Quando chegamos ao segundo andar, Christopher me guiou para o lado esquerdo da casa. Só aí notei que havia um terceiro andar, mas nenhuma escada levava até ele. Apenas um elevador. Provavelmente era lá que ficava o quarto dos pais dele.


 A porta do quarto de Christopher era a única daquele lado da casa, o que me surpreendeu um pouco. Uma casa tão grande com apenas três quartos? A minha tinha mais do que precisávamos, e dois deles ficavam permanentemente trancados. Nós os usávamos para guardar tralhas. Assim que ele deu passagem para que eu fosse a primeira a entrar, meu queixo caiu. Era... enorme. Maior até do que o sótão da minha casa, que eu usava para ensaiar. O pé-direito era tão alto que devia ter, no mínimo, uns seis metros. Mas essa não era a parte mais impressionante. O que me surpreendeu de verdade foram as paredes, que não tinham um espaço sequer que não estivesse coberto por algum desenho. No teto havia uma pintura gigante: um céu estrelado, cujas constelações criavam formas que pareciam se mover. Era a coisa mais incrível que eu já tinha visto.


— Foi você que pintou tudo isso? — perguntei.


— Cada um deles. Cada centímetro. E eu fiz uma coisa pra você.


— Pra mim?!


 Em resposta, ele me puxou até uma das enormes janelas, a única que se projetava para fora, dando a ele um espaço para colocar um cavalete. Na parede, que se erguia em forma de arco e tinha mais ou menos um metro e meio de profundidade, ele tinha pintado um campo, disposto como naquelas fotos de panorama que os celulares mais modernos fazem. No ponto mais alto havia uma raposa correndo em direção às árvores do fundo. Christopher nem se deu o trabalho de acender as lâmpadas do quarto. A luz da lua cheia clareava o suficiente cada canto do cômodo. No cavalete de madeira negra havia um quadro, coberto por um pano branco todo sujo de tinta. Algo me dizia que o que havia ali embaixo era o que ele disse ter feito para mim.


 Christopher colocou as mãos nos meus ombros para me posicionar de frente para o cavalete e pediu que eu fechasse os olhos. Obedeci. Quando pediu que eu os abrisse, a primeira coisa que vi foi a paisagem de uma praia, ao pôr do sol. O céu alaranjado estava repleto de nuvens rosadas, amarelas e arroxeadas. Igual àquele primeiro fim de semana que passamos em Ilhabela. Dei alguns passos para perto do quadro, vendo que no canto direito havia uma garota, sentada de pernas cruzadas na areia, com os olhos fechados e um sorriso quase imperceptível nos lábios. O cabelo estava preso em um coque malfeito, e algumas mechas escapavam dele. Era... era eu.


— É tão lindo... — sussurrei, com as mãos na frente da boca.


 Foi o máximo que consegui fazer. Era tão perfeito, tão bonito... Como era possível que alguém conseguisse pintar uma coisa daquelas de forma tão realista, com tantas cores? Ele passou os braços ao redor da minha cintura, apoiando o queixo em meu ombro. Sussurrou de volta:


— Não tanto quanto você. Nem chega aos seus pés.


 Sorri, baixando o rosto, enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas. Ninguém jamais tinha feito algo tão bonito para mim. Eu não merecia, e nunca iria merecer. Não vindo das mãos dele, um garoto tão bom, que não esperava nada em troca. Me virei para Christopher , ignorando o fato de as lágrimas terem começado a correr pelas minhas bochechas. Ele colocou as mãos no meu rosto, secando-as com os dedos.


— Obrigada. Por isso aqui, por ter esperança em mim quando nem eu mesma tinha... e por tudo o que você fez por mim. Eu nem sei como...


 Christopher me interrompeu com um beijo. Era tão delicado que parecia ter medo de que eu quebrasse, como se fosse uma peça de porcelana que poderia se desfazer entre seus dedos. Porém, a cada segundo que se passava, menor parecia o medo de me machucar. Desceu as mãos pelo meu pescoço, ombros e braços, até chegar à cintura. Passou os braços ao meu redor e me puxou mais para perto e para cima, me tirando do chão. Enlacei as pernas ao redor de seu quadril enquanto me apertava ainda mais. Ele me levou até a cama, me deitou e ficou em cima de mim, sem se afastar, se apoiando no colchão pelos antebraços. Minha respiração acelerava cada vez mais, assim como nossos corações. Eu os sentia batendo juntos, quase ao mesmo tempo, enquanto ele me pressionava contra o colchão com cada vez mais força. Mas Christopher manteve as mãos imóveis. Eu sabia que ele apertava o edredom abaixo de nós com toda a força que tinha, como se estivesse se segurando para não me tocar.


 Ouvi Christopher gemer quando enfiei as unhas em suas costas, por baixo da camisa. Como que por reflexo, ele saiu de cima de mim, levantando com um salto e ficando de costas, colocando as mãos na cabeça. Sentei no colchão, tentando recuperar o ritmo da respiração. Eu sabia muito bem qual era o problema.


— Não posso fazer isso, Dul — ele disse, finalmente, voltando a olhar para mim. — Você sabe que não vou conseguir me segurar se ficar aqui com você.


— Eu sei — falei, suspirando.


 Ele sabia que, apesar de ter permitido que se aproximasse, eu ainda tinha o meu limite, e o meu medo. Observei-o abrir o armário apressadamente, pegando uma porção de lençóis e cobertores. Enquanto colocava tudo debaixo do braço e vasculhava uma gaveta, ele avisou:


— Vou dormir na sala. Se precisar de alguma coisa, é só chamar.


 Assenti, pegando no ar a camiseta e a calça de moletom que ele jogou em minha direção. Deixei tudo em cima de um dos sofás azuis que ficavam em frente à porta, como uma pequena sala de estar dentro do quarto, e acendi a luminária em cima da mesa de centro. Acompanhei Christopher até a porta e ganhei um beijo de boa-noite antes de ele começar a ir em direção às escadas. Foi quando o vi hesitar, parado bem em frente ao primeiro degrau, que alguma coisa se agitou dentro de mim, como se algo estivesse mudando. Eu não queria deixá-lo ir. Não queria deixá-lo descer um degrau sequer.


— Chris... — chamei, e ele se virou para mim.


  Nós nos entreolhamos por alguns segundos. Christopher esperava que eu continuasse a falar, e eu esperava a coragem para fazê-lo. Sentia que, se o deixasse descer aquelas escadas, estaria partindo seu coração uma segunda vez. E o meu também. Queria que ficasse comigo naquela noite, e em todas as outras, assim como ele tinha pedido que eu ficasse com ele, porque eu o amava. Mais do que já tinha amado qualquer pessoa na vida. Se o deixasse ir, seria como se estivesse negando aquilo para mim mesma. Só que eu não queria mais negar nada. Não queria mentir mais uma vez, nem omitir. Queria que ele soubesse que o amava e confiava nele de uma forma que jamais tinha confiado em alguém, e não permitiria que nenhum fantasma do passado tirasse aquele momento de nós. Eu queria... não, eu precisava deixar esse amor transbordar. Só depois de admitir aquilo para mim mesma, senti a coragem necessária. Pedi, depois de alguns segundos:


— Fica comigo esta noite.


 Ele sorriu. O sorriso mais lindo de todo o mundo. Abriu a boca para dizer alguma coisa, mas parecia que, pela primeira vez, eu tinha conseguido deixá-lo sem palavras. Eu não precisava de uma resposta. Precisava dele, e sabia muito bem disso.


 Christopher veio em minha direção, me puxando para um beijo antes mesmo de passar pela porta. Ele a fechou sem se afastar, batendo-a com força enquanto largava no chão tudo o que segurava e entrelaçava os dedos em meu cabelo. Sussurrou, se afastando apenas por um segundo antes de me pegar no colo mais uma vez naquela noite, me levando em direção à sua cama:


— Eu te amo. Eu te amo mais do que qualquer coisa, Dulce Maria. E sempre vou amar.



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Autor(a): GrazihUckermann

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 21



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  • candy1896 Postado em 01/09/2017 - 18:11:49

    CONTINUAA

  • candy1896 Postado em 23/08/2017 - 19:55:54

    Continuaa

  • candy1896 Postado em 22/08/2017 - 10:12:11

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 14/08/2017 - 18:55:10

    Continuaa

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 03/08/2017 - 22:25:16

    Pelo menos ela disse obrigada depois dele ter ajudado ela! Continua!

    • GrazihUckermann Postado em 07/08/2017 - 18:52:42

      Um grande passo para ela kkkk

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 02/08/2017 - 18:39:44

    Dulce ñ baixa essa guarda, Christopher tenta ser legal mas ela ñ coopera. Adorei quando ela viu a 'lata velha' kkkkkk. Continua!!

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 01/08/2017 - 19:12:50

    Fernanda ta de olho no Christopher *0* Dulce elogiando o Pedro só pq ele é um playboyzinho mas la no fundo ela preferia ta comendo um cachorro quente com o vadalo, nossa viajei aqui kkkk. Continua!

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 28/07/2017 - 19:45:51

    Huum Dulce pensando no delinquente pichador amo *-* Pedro ñ desiste né, espero que ele ñ faça nd errado! Continua!!

    • GrazihUckermann Postado em 01/08/2017 - 20:14:28

      Tenho uma raiva muito grande por esse Pedro, queria muito que ele não fizesse nada de errado...

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 26/07/2017 - 18:49:20

    Dulce tem que ser mais querida, ela ta muito insensível, acho que o Christopher vai fazer uma grande mudança na vida dela *-* Continua!!

    • GrazihUckermann Postado em 01/08/2017 - 20:15:31

      Ele vai ter que ter muita calma e paciência para mudar a Dulce kkk

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 24/07/2017 - 18:56:39

    Dulce ñ foi mesmo com a cara do Christopher, mas eu adoro esse jeito dele *-* Continua!!

    • GrazihUckermann Postado em 24/07/2017 - 19:01:52

      Christopher é um amor, já me apaixonei por ele s2 Como ele consegue ser tão calmo com uma Dulce dessa? kkkkk


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