Fanfic: O garoto do cachecol vermelho - Vondy | Tema: Vondy
O garoto do cachecol vermelho
O show de fogos havia terminado poucos minutos antes, e ainda assim ninguém tinha ido embora. Todos festejavam, inclusive eu, que ignorava o fato de estar começando a ficar mais bêbada do que pretendia. Quando Fernanda percebeu a confusão no fim da rua, enfiou na cabeça que queria ir até lá ver o que era. É óbvio que eu aderi à ideia. Estava de olho naquela aglomeração, imaginando o que acontecia, fazia tempo. Fernanda me puxou pela manga do blazer, e nós nos encaminhamos ao grupo de pessoas, seguidas por Cadu e Pedro. Os outros decidiram continuar ali, curtindo a bebedeira, sem socializar. Espichando o pescoço para descobrir o que acontecia sem ser notada, vi o tal garoto agora ajoelhado no chão, rodeado por latas de tinta. Ele verificava algumas delas, checava se ainda estavam cheias. As vazias eram jogadas longe, em direção à calçada. O cara pouco ligava se poderia acertar alguém. Tão concentrado estava que parecia não notar o tumulto em volta. Os seus companheiros recolhiam as latas e batucavam nelas, cantarolando sambinhas aleatórios enquanto andavam em círculos. Eles se abraçavam como se fossem as pessoas mais felizes do mundo. Na verdade, pareciam mais um bando de índios em um ritual qualquer, dançando ao redor de uma fogueira. Este último pensamento me fez sorrir por alguns segundos.
Prestei mais atenção ao garoto, que, todo sujo de tinta, continuava a desenhar no chão. Era uma mistura de amarelo, laranja, azul e roxo. Até que bem legal. Meu queixo caiu quando olhei para o asfalto onde ele estava ajoelhado. Algo parecido com uma enorme e complexa mandala ganhava vida ali. Era linda, mesmo ainda incompleta, alguns espaços apenas rascunhados com borrões de tinta. Dei mais alguns passos, desviando das pessoas, e o garoto ergueu o olhar até mim. Os olhos eram azuis da cor do céu do meio-dia. O rosto era indescritível, tão lindo quanto um daqueles modelos de revista, mas o que mais me chamou a atenção foi o cachecol enrolado em seu pescoço. Era grande e de um vermelho tão vivo e vibrante quanto o desenho que ele criava no asfalto. Parei perto dele, observando com mais atenção. Uma de suas latas de tinta veio quicando e rolou na minha direção, não sujando por um triz as sandálias Jimmy Choo novinhas que eu tinha comprado na última viagem a Nova York.
—O que é isso? — perguntei, irritada, chutando a lata para longe. Todo mundo parou o que estava fazendo e olhou para mim. Ele me encarou, inclinando um pouco a cabeça para o lado, como se não tivesse me entendido. Não moveu mais nenhum músculo. Pedro e Fernanda pararam ao meu lado. Eu não tinha certeza se eles estavam admirados ou chocados com a falta de vergonha na cara daquele garoto. Como não tive resposta, tentei mais uma vez:
— O que você está fazendo?!
— Estou criando arte — ele respondeu, se levantando e encarando o próprio trabalho. Pareceu satisfeito.
Seus amigos aplaudiram, com cara de impressionados. O garoto murmurou alguma coisa que eu não ouvi antes de pegar as latas ao seu redor e leválas até a parte da pintura que parecia incompleta. Tomou bastante cuidado para não pisar sobre a mandala que havia acabado de pintar. Se ajoelhou mais uma vez, abriu outra lata, enfiou as duas mãos lá dentro e começou a passá-las pelo chão, como uma criança. Parecia ignorar o fato de eu continuar ali, indignada. Me aproximei, agora não ligando mais se iria sujar meus sapatos ou atrapalhar o trabalho do carinha. Ser ignorada me tirava do sério! O garoto falou, sem olhar para mim, quando parei na sua frente:
— Você acabou de estragar metade do meu trabalho.
—Que se dane! Você não pode fazer isso!
— Nossa — ele começou, seu olhar de repente se tornando grave. Girou o pescoço para olhar em volta, para os amigos que nos observavam, parecendo ofendido ou talvez surpreso. — Você... Ah, meu Deus. Eu... eu não sabia! — Se levantou, colocando as mãos na frente da boca. — Me desculpe... senhorita autoridade máxima da rua! — concluiu, finalmente. Trinquei os dentes. Abusado. Continuou, abrindo um sorriso malicioso: — Que eu saiba, arte não é crime, e a rua ainda é pública.
— Isto aí não é arte, é vandalismo! — retruquei, sentindo crescer dentro de mim uma raiva inexplicável.
— Dul... não fala assim. Vem. Você tá ficando sóbria e chata. Vamos resolver isso com uma boa dose de felicidade líquida! — Fernanda segurou meu braço e o balançou de um lado para o outro.
—Me deixa em paz! — gritei, me livrando de seu aperto.
Ela deu alguns passos para trás, murmurando algo que não entendi, e se afastou. Agora todos nos encaravam. O garoto riu, balançando a cabeça, antes de voltar ao seu trabalho. Semicerrei os olhos. Ele estava rindo? Devia era estar com medo de eu chamar a polícia e mandar prendê-lo por vandalismo.
— Aí, Chris! — disse um dos amigos dele. — Vamos vazar! Precisa de carona pra casa? — Passando o olhar para mim. — Ou de um guarda-costas?
— Não. Tudo bem — respondeu o tal Chris, ainda ignorando minha presença. Só quando todos deram as costas o garoto voltou seus grandes olhos azuis para mim. — Dul, vamos embora! — Pedro chamou, um pouco atrás de mim, segurando meu braço. — É melhor a gente ir também.
— Isso, vá embora e me deixe terminar o meu trabalho em paz — disse o vândalo.
Chutei uma lata azul e ela tombou para o lado. Quando a tinta escorreu pelo asfalto, encobriu e manchou boa parte da pintura. Primeiro ele me desafiava, me tratando com sarcasmo, e depois me mandava embora?! Não, ninguém falava daquele jeito comigo. De jeito nenhum. Ele me encarou e perguntou, levemente indignado:
— Por que isso?!
— Porque eu quero — respondi, petulante. —Porque eu posso. — Sorri um pouco, me afastando alguns passos antes de continuar: — Boa sorte ao tentar consertar isso aí.
Ao contrário do que eu esperava, ele sorriu. Juntei as sobrancelhas, confusa, e dei as costas para ele, indo em direção a Pedro, que já começava a se afastar. Ouvi o cara gritar, atrás de mim:
— Obrigado! Se quer saber, ficou bem melhor assim!
Cerrei os punhos, não me dando o trabalho de virar. Não iria responder às provocações dele. Aquele garoto não sabia com quem estava falando. Aliás, eu não me daria o trabalho de conversar com aquele pobre idiota. Pedro se aproximou, me pegou pela mão e me puxou ainda mais para longe. Reclamou comigo:
—Você não precisava ter feito aquilo.
—Ah... que se dane — falei, dando de ombros. — É só um idiota... Preciso de mais uma bebida.
—Não, Dul. Você já bebeu demais. É melhor ir pra casa.
—Sai! — quase gritei, empurrando Pedro para longe. — Eu tô bem!
Eu sabia que havia bebido mais do que devia. Muito mais. Mas não me importava. Minha vida não era da conta de ninguém, e, desde que alguém me levasse para casa, estaria tudo certo. O resto era por minha conta.
—Vamos... — Pedro passou o braço ao redor da minha cintura, me levando para longe quase à força.
Ele anunciou aos meus amigos que me levaria de volta e praticamente me jogou dentro do carro, estacionado a algumas quadras dali. Em poucos minutos, eu estava na porta de casa. Esse foi o ponto alto das minhas férias.
Autor(a): GrazihUckermann
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Balé Meus pés doíam, a cabeça girava e as   ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 21
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candy1896 Postado em 01/09/2017 - 18:11:49
CONTINUAA
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candy1896 Postado em 23/08/2017 - 19:55:54
Continuaa
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candy1896 Postado em 22/08/2017 - 10:12:11
CONTINUA
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candy1896 Postado em 14/08/2017 - 18:55:10
Continuaa
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AnazinhaCandyS2 Postado em 03/08/2017 - 22:25:16
Pelo menos ela disse obrigada depois dele ter ajudado ela! Continua!
GrazihUckermann Postado em 07/08/2017 - 18:52:42
Um grande passo para ela kkkk
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AnazinhaCandyS2 Postado em 02/08/2017 - 18:39:44
Dulce ñ baixa essa guarda, Christopher tenta ser legal mas ela ñ coopera. Adorei quando ela viu a 'lata velha' kkkkkk. Continua!!
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AnazinhaCandyS2 Postado em 01/08/2017 - 19:12:50
Fernanda ta de olho no Christopher *0* Dulce elogiando o Pedro só pq ele é um playboyzinho mas la no fundo ela preferia ta comendo um cachorro quente com o vadalo, nossa viajei aqui kkkk. Continua!
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AnazinhaCandyS2 Postado em 28/07/2017 - 19:45:51
Huum Dulce pensando no delinquente pichador amo *-* Pedro ñ desiste né, espero que ele ñ faça nd errado! Continua!!
GrazihUckermann Postado em 01/08/2017 - 20:14:28
Tenho uma raiva muito grande por esse Pedro, queria muito que ele não fizesse nada de errado...
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AnazinhaCandyS2 Postado em 26/07/2017 - 18:49:20
Dulce tem que ser mais querida, ela ta muito insensível, acho que o Christopher vai fazer uma grande mudança na vida dela *-* Continua!!
GrazihUckermann Postado em 01/08/2017 - 20:15:31
Ele vai ter que ter muita calma e paciência para mudar a Dulce kkk
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AnazinhaCandyS2 Postado em 24/07/2017 - 18:56:39
Dulce ñ foi mesmo com a cara do Christopher, mas eu adoro esse jeito dele *-* Continua!!
GrazihUckermann Postado em 24/07/2017 - 19:01:52
Christopher é um amor, já me apaixonei por ele s2 Como ele consegue ser tão calmo com uma Dulce dessa? kkkkk