Fanfic: Procura-se uma Amante(Rendezvous with Revenge) - (VONDY - ADAPATADA) | Tema: VONDY

Na manhã seguinte, Dulce e Christopher se atrasaram para o desjejum. Ann e Henry estavam saindo do salão quando eles chegaram.

— Não parece ter dormido muito na noite passada, meu velho — Henry provocou Christopher. — Suas olheiras estão enormes.

Dulce também não dormira bem, mas tinha de concordar com Henry. A aparência de Christopher era horrível.

Não fazia idéia da hora em que ele voltara para o quarto, mas lembrava-se de ter acordado no meio da noite, notando a presença dele, sentado na escuridão com um drinque na mão. Quando acordara naquela manhã, o encontrara estirado no sofá, ainda vestido.

— Sabe como é, Henry — Christopher desculpou-se. — Sempre estranho camas de hotéis.

Henry sorriu, malicioso.

— Claro, claro. Essa é sua versão, e devo concordar com ela. É melhor se apressar para o café ou vai perder a primeira palestra.

— Que acha de jogar de tênis, Dulce? — Ann sugeriu. — Henry me desafiou para uma partida à tarde, e preciso treinar um pouco.

— Eu adoraria — Dulce concordou.

Aquilo poderia ajudá-la a descarregar um pouco de agressividade, pensou.

Christopher tomara banho e se vestira em completo silêncio naquela manhã, mas, antes de saírem do quarto, disparara a falar, dizendo que não pediria a ela nada que estivesse fora do acordo inicial durante o resto do final de semana.

Depois daquilo, a mente de Dulce ficara em um estado de profunda confusão. Os apelos de Maite pareciam ecoar em sua cabeça. Mas, depois da experiência da noite anterior, ela achava impossível manter Christopher longe de Natália, ainda mais porque o desejo dele estava bem claro.

— Encontre-me na quadra às dez, então — Ann murmurou sobre o ombro enquanto se afastava de mãos dadas com o marido.

— Estarei lá — Dulce confirmou, seguindo Christopher até uma mesa de canto. Tinham acabado de se servir quando ela ouviu um burburinho de vozes masculinas excitadas.

Natália acabara de entrar no salão, de braços dados com seu marido, pálido e grisalho. Era ela a causa daquela comoção.

Seus cabelos longos estavam soltos, causando uma impressão muito sexy. Além disso, a nítida saliência dos mamilos enrijecidos sob a fina blusa de seda revelava que ela não usava sutiã.

Dulce notou que Christopher reagiu como os outros homens, virando-se para olhar quando Natália passou. Ela tentou não sentir ciúme nem raiva. Mas falhou.

— Ela pode ser casada com um neurocirurgião — Dulce murmurou —, mas com certeza visitou algum cirurgião plástico.

Christopher encarou-a com um olhar surpreso.

— Algo que você não vai precisar fazer, minha querida Dulce, por isso não aja como uma gata selvagem.

Ela até gostara do cumprimento, mas não do cinismo.

— E você me disse que não era um galanteador.

— E não sou. Você é uma mulher perfeita, querida, e sabe disso.

Seus olhares se encontraram e, por um momento, Dulce chegou a acreditar que Christopher também sentira uma forte emoção quando a beijara na noite anterior. Talvez tivesse sentido o mesmo que ela...

— Não fique aí me olhando desse jeito, Dulce. Sabe muito bem que eu sempre achei você atraente. Que homem não acharia? Agora vamos nos apressar, estamos muito atrasados.

Dulce ficou calada e pensativa. Sentiu uma estranha vertigem. Mal conseguiu tomar o desjejum que pedira, um simples suco de laranja com torradas e café.

Natália ficou numa mesa muito próxima da deles, e vez por outra lançava olhares na direção de Christopher, que não parecia se importar com isso.

— Não está comendo muito — ele comentou ao servir-se de um prato de ovos com bacon.

— Não estou com fome.

Christopher colocou de lado os talheres e encarou-a.

— Está zangada comigo por causa de ontem, ou porque eu disse que é bonita?

Quando Dulce negou-se a responder, ele deu de ombros.

— Veja bem, acho que me comportei como um idiota. Queria poder explicar...

— Por que não pode?

Ele encarou-a outra vez, depois meneou a cabeça, desanimado.

— Não posso arriscar.

— Arriscar o que?

— Minha sanidade.

— Eu não entendo, Christopher.

— É melhor assim, na minha opinião — ele disse, sombrio.

— Diga-me uma coisa: ainda ama Natália Ballistrat?

O olhar dele desviou-se na direção da mulher morena, depois voltou-se para Dulce.

— Você deve estar brincando — ele afirmou sem muita convicção.

Diz-se que o ódio é o outro lado do amor. Ou será que Christopher era apenas vítima de uma obsessão sexual?

— Então o que existe entre vocês? Que tipo de jogo estão fazendo?

— Um jogo velho como o mundo, minha querida.

— E qual é?

— Beba seu café, Dulce. E pare de se preocupar com o que não lhe diz respeito.

— Mas isso me diz respeito, Christopher.

— Por quê? Não tem nada a ver com você.

— Está enganado, não pode ver? Você me envolveu mais nisso do que pensa. Por exemplo, Henry e Ann acham que estamos noivos de verdade. Já lhe passou pela cabeça o que Maite vai pensar quando ficar sabendo? E pode acreditar que ela vai ficar sabendo. Ann é uma fofoqueira inveterada.

Christopher franziu as sobrancelhas.

— Eu não tinha pensado nisso.

— Acho que não pensou em muitas coisas, Christopher.

Ele ergueu os ombros, desanimado. Dulce daria tudo para saber em que ele pensava.

— Sim, Dulce, começo a enxergar isso...

— Você... você não vai fazer nada violento, não é, Christopher?

— Contra quem?

O tom da voz dele era muito sensual, provocando em Dulce uma vertigem.

— Contra Natália, claro — ela disse com voz trêmula. — Ou contra o marido dela.

— Por que eu faria isso?

— Não sou nenhuma tola, Christopher. Posso ler nas entrelinhas. Vocês foram amantes, não é? E ela deve tê-lo abandonado para se casar com Ballistrat.

O rosto dele contraiu-se, e seus olhos traíam seu tormento interior. Notando isso, o coração dela se acelerou.

— Esqueça essa mulher, Christopher — Dulce implorou. — Ela não merece esse sofrimento.

O olhar dele desviou-se devagar para a mulher que causava aquela obsessão, depois voltou para Dulce.

— Não é tão simples — ele disse, frio.

— Mas deve ser.

— Não. Não deve. Agora, acabe seu café, Dulce, não se atrase para sua partida de tênis.

Ela queria gritar para que ele não fosse tão estúpido... ou tão cego. Havia muitas mulheres no mundo que mereciam ser amadas, mas Natália Ballistrat não era uma delas.

Entretanto, Christopher não podia se desviar da vingança planejada contra a mulher que o desprezara.

O que mais preocupava Dulce era a possibilidade de ele vir a se apaixonar por Natália outra vez. A feminilidade e a capacidade de sedução dela eram enormes, Dulce tinha notado. Poucos homens teriam alguma chance contra uma mulher como aquela.

O que poderia fazer? Como persuadir Christopher a esquecer qualquer vingança, fazê-lo entender que aquilo apenas o jogaria numa situação autodestrutiva? Pior: como poderia enfrentar o poder daquela mulher? Não podia sequer suportar a possibilidade de que Natália o beijasse de novo, ou o tocasse. Ou... que fizessem amor.

Talvez devesse seguir os conselhos de Maite. Devia seduzir Christopher!

Mas sabia que, para seu próprio bem, precisava afastar-se de toda aquela situação. Não era mesmo problema seu, como Christopher dissera mais de uma vez.

O tênis era a resposta. E a piscina. Ou qualquer outra atividade que a mantivesse ocupada e longe dos problemas de Christopher.

Subiu logo depois para o quarto para trocar de roupa. Vestiu-se e foi até o espelho conferir o resultado. Sentia-se muito pequena em relação à grande e perfeita Natália, mas a roupa esportiva lhe caía muito bem.

Havia quatro quadras de tênis, cercadas estrategicamente por uma barreira natural de pinheiros, que fora plantada para impedir a ação do vento. Ao lado das quadras havia um quiosque que fornecia raquetes extras, bem como toalhas e refrescos.

— É o bastante para mim — Dulce disse depois do terceiro set. Ela perdera os dois primeiros antes de entrar no ritmo do jogo e vencer Ann. — Estou fora de forma — disse, jogando-se sobre uma cadeira e apanhando uma garrafa de água mineral.

— Não foi o que pareceu — Ann a olhava com admiração. — Você tem um corpo fantástico.

Era tudo o que Dulce precisava ouvir. Sabia por experiência própria que mulheres quase nunca faziam elogios umas às outras.

— É muita gentileza de sua parte, Ann, mas estou precisando perder um pouco de peso. Algumas roupas começam a ficar apertadas.

— Eu não me preocuparia se fosse você. Os homens não ligam para roupas apertadas. Nem para um pequeno excesso de peso, ainda mais se for bem distribuído, como no seu caso.

E se aproximando mais, Ann assumiu um tom cúmplice.

— Sei que não é de minha conta, mas sabe se Christopher e Natália tiveram algo no passado?

— Talvez... — Dulce esforçava-se por manter um tom casual. — Para ser franca, não me importo com isso. Acho que uma mulher não deve questionar um homem sobre o passado dele.

— Concordo, mas é melhor se precaver quando a mulher em questão é daquele tipo. Eu ficaria de olho nela, se fosse você. Acho que Natália está atrás de Christopher.

Dulce não pôde esconder a nuvem de preocupação que nublou seu rosto.

— Oh, querida! Talvez eu não devesse ter dito nada. É óbvio que você adora Christopher. A maneira como o olhou ontem à noite, depois que ele a beijou...

Os lábios de Dulce abriram-se, mas ela não conseguiu pronunciar sequer uma palavra.

— Os homens podem ser muito tolos às vezes — Ann continuou. — E mulheres como Natália costumam ser inescrupulosas. Se o Dr. Ballistrat está com problemas financeiros, na certa ela o abandonará. É assim que aquele tipo funciona. Se ela e Christopher tiveram algo no passado, Natália pode tentar alguns truques com ele. E, vamos encarar os fatos, ela parece ter muitos ases na manga...

Mas não era isso o que preocupava Dulce no momento. Ela só conseguia se lembrar das palavras que Ann dissera um pouco antes: "E óbvio que você adora Christopher".

"É verdade!", ela dizia a si mesma. "Eu o adoro. E o desejo como uma louca."

— Oh, pobre querida, não fique assim! Eu não queria preocupá-la, Dulce. Estou muito arrependida. Esqueça o que eu disse. Nenhum homem em seu juízo perfeito abandonaria você.

"Não posso arriscar minha sanidade."

As palavras de Christopher ecoavam como um tambor na mente de Dulce.

— Desculpem-nos, mas será que uma de vocês poderia nos ajudar? Gostaríamos de jogar um set em duplas, mas estamos apenas em três.

Dulce olhou para o grupo de mulheres e meneou a cabeça.

— Eu não posso — murmurou, sentindo-se ainda abalada. — Você joga, Ann.

Ann resmungou.

— Por favor! — As três mulheres pediram em coro.

— Oh, está bem — Ann suspirou. — Mas apenas um set — avisou, se dirigindo para a quadra e deixando Dulce sozinha.

Ela cruzou os braços sobre a mesa e recostou neles a cabeça.

Como tudo aquilo podia ter acontecido? Será que Dillon não lhe ensinara nada? Deus, quando ela pararia de se apaixonar pelo homem errado?

— Não está se sentindo bem?

Dulce ergueu a cabeça, vendo Natália se sentar na cadeira que Ann deixara vaga. A bela morena vestia um conjunto de seda. Estava claro não fora até lá para jogar tênis.

— Estou, sim — Dulce respondeu, fria. — Apenas sinto-me cansada. Acho que joguei demais.

— Eu percebi isso enquanto passeava pelos jardins. Quando vi sua amiga voltar para a quadra decidi vir até aqui, para falar com a querida Srta. Savinon.

— Verdade? Por quê?

— Não precisa ser rude.

— Acho que tenho todos os motivos do mundo para ser rude. — Dulce não estava disposta a prolongar aquela conversa. Descobrira na prisão que modos refinados costumavam esconder as piores intenções. — Não gosto de você, e a recíproca é verdadeira. Também desconfio que veio até aqui para tentar me manipular com algum tipo de truque sujo. Diga o que tem a dizer, e rápido, depois desapareça da minha frente!

— Minha nossa! Onde foi parar aquela linda e refinada dama que eu conheci?

— Esse é meu lado esportivo — Dulce disse com escárnio. — E acontece que não gosto de perder.

— O que quer dizer?

— Quero dizer que se você continuar olhando para Christopher como vem fazendo, posso fazê-la engolir esta raquete!

Natália engoliu em seco e levantou-se.

— Vou dizer a Christopher que você me ameaçou!

— Vá em frente. Ele vai rir na sua cara.

Os grandes olhos castanhos brilhavam, e ela respirava com dificuldade.

— Não sabe com quem você está se metendo...

— Sei muito bem com o que estou me metendo: uma mulher sem escrúpulos e sem moral.

— Vai se arrepender por ter dito isso.

— Duvido muito.

O olhar de Dulce não titubeou enquanto elas se encararam. Natália estava ruborizada, surpresa com a reação violenta da rival. Enfim, para satisfação de Dulce, foi Natália quem primeiro desviou o olhar, caminhando apressada para longe dali em seguida.

— Você não vai vencer — Dulce murmurou tentando conter a fúria. — Não me importa o que eu tenha de fazer. O homem que amo não vai acabar de novo em suas garras. Não, senhora!

"O homem que amo"? Uuuuaaaalllll ela pensou antes de dizer isso? Acredito que sim!! 😍😍