O campo de golfe era lindo, de um verde luxuriante. A exemplo das quadras de tênis, também era cercado por fileiras de pinheiros, mas tinha a vantagem de oferecer uma paisagem magnífica.

— Como vamos dividir as duplas? — Henry perguntou quando chegaram ao primeiro buraco.

— Estou livre — Christopher disse, sorrindo para Dulce.

Ela sorriu também, sentindo-se nas nuvens. Até aquele momento o dia fora maravilhoso. Depois dos acontecimentos da noite anterior, Dulce parecia ter tirado um peso enorme dos ombros. Nunca experimentara tamanha felicidade antes.

Também fora ótimo ver Christopher ignorar as investidas de Natália; primeiro no café, depois no churrasco que aconteceu no começo da tarde. A bela morena reagira com perplexidade ao notar a reação fria de Christopher. Depois lançara um olhar letal na direção de Dulce.

Na quadra de tênis, pela manhã, Dulce chegara a ficar tensa, imaginando que Natália poderia aparecer para arrumar uma discussão, mas nada disso acontecera. Com sorte, talvez ela tivesse desistido de Christopher e decidido pôr suas garras sobre um tolo desavisado.

— Se Dulce joga golfe tão bem quanto joga tênis, acho que vamos ter um jogo de meninas contra meninos.

— Acho que prefiro tê-la a meu lado. O que acha, meu amor?

— Bem, eu estou um pouco fora de forma.

— Não importa — Christopher murmurou, sorrindo. — Nada de preocupação, Dulce. Não vou ligar se não jogar muito bem.

Ela não queria prejudicá-lo na partida, já que não entrava num campo de golfe havia anos, apesar de ter sido muito boa no passado. Seu pai a mandara para uma colônia de férias quando era pequena, e lá Dulce conhecera um instrutor ótimo, que lhe ensinara muitos truques.

A bola de Christopher viajou pelo ar por cerca de duzentos metros, e o arremesso de Henry foi um pouco mais curto. Dulce sentiu-se nervosa depois da jogada de Ann, que também conseguiu atingir uma distancia considerável.

— É tudo uma questão de balanço — Christopher explicou, calmo, quando chegou a vez dela. — Vou lhe mostrar. Mantenha suas pernas separadas... assim.

A situação era muito engraçada, por isso Dulce teve de se esforçar para não começar a rir. Até mesmo Henry e Ann levaram as mãos à boca quando Christopher enlaçou-a pela cintura, a pretexto de mostrar a melhor forma de segurar o taco. Ele escolhera com cuidado um de metal, e naquele momento explicava a Dulce os fundamentos do jogo.

— Não devia se aproveitar assim da moça — Henry caçoou, sorridente. — Você é mesmo um velhaco, Dr. Christopher Uckermann.

Todos começaram a rir. Até mesmo Christopher, percebendo o duplo sentido da situação.

— Você tem uma mente suja, Dr. Henry Maclean!

— Acho que consigo lembrar de alguns truques — Dulce murmurou, ansiosa. Ela era a única que não participava da brincadeira.

— Deixe-me tentar...

Depois de concentrar-se por um instante, Dulce prendeu o ar e ergueu o taco, que descreveu uma parábola perfeita ao longo do eixo de gravidade de seu corpo. O impacto da tacada foi grande, e a pequena bola branca descreveu uma curva longa pelo ar, caindo cerca de cinqüenta metros à frente da bola de Christopher.

— Droga! — Henry murmurou.

— Céus! — Ann deixou escapar.

— O que achou, querido? — Dulce perguntou, num tom fingidamente despretensioso. — Seu taco deve ter me dado sorte...

Christopher permaneceu em silêncio, e sua expressão demonstrava que estava atônito.

— Muito engraçado, não é? — ele murmurou com os dentes cerrados, esforçando-se para não rir. — Espero que todos tenham se divertido muito à minha custa.

— Na verdade, eu me diverti — Dulce confessou com um sorriso.

Ele lançou um olhar selvagem na direção dela, mas logo sua expressão transformou-se num sorriso.

— O que vou fazer com você? — disse, meneando a cabeça.

— Pode me beijar, se quiser.

— Você é incorrigível — Christopher sussurrou antes de tomá-la nos braços, beijando-a em seguida com paixão.

Dessa vez não foi um beijo curto. Pelo contrário, a sucessão de beijos foi longa e demorada, como se eles tivessem perdido toda a inibição que antes os separava.

— Pombinhos, o que acham de jogar um pouco? — Henry convidou-os, brincalhão, depois de apanhar a sacola de tacos e colocá-la no carrinho.

— Vamos lá! — Dulce respondeu, exultante.

— Certo — Christopher fingiu estar descontente, mas todos sabiam que o homem frio e rude que existira no passado não existia mais. Ele seguiu Dulce, abraçando-a enquanto caminhavam na direção das bolas.

— Sabe, Dulce — ele murmurou, olhando para o carrinho que se afastava com Henry ao volante —, acho que estou ficando mal-acostumado.

"Espero que sim", ela pensou, desejando com todo o coração que ele estivesse dizendo a verdade.

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A noite foi tão alegre e bem-sucedida quanto o restante do dia, e dessa vez o coquetel precedeu um jantar formal. Dulce e Christopher estavam vestidos com elegância impecável, atraindo a atenção de vários casais no salão de jantar.

Ele parecia gostar de colocá-la em situações difíceis, pois passou todo o jantar sussurrando o que pretendia fazer no quarto mais tarde. E quantas vezes.

Dulce ria com as provocações dele, mas foi Christopher quem riu por último quando, já no quarto, cumpriu todas as promessas, levando-a a um estado de absoluta exaustão.

— Chega, por favor — Dulce murmurou, ofegante, pouco depois da meia-noite.

— Covarde...

— Covarde, não... vencida. Estou morta. Você ganhou.

— Não pensei que isso fosse uma competição.

— Sabe do que estou falando. Está me punindo porque fiz você de bobo no campo de golfe.

— Já está me conhecendo bem, Srta. Savinon.

— Muito bem, senhor médico, pode voltar. Acho que chega do monstro por essa noite.

— Do que está falando?

Ela contou o motivo da brincadeira, e Christopher riu.

— Sempre gostei daquela história. E o curioso é que eu preferia o senhor Hyde em vez do bom Dr. Jenkyll. Qual deles prefere, o médico ou o monstro?

— Quero dormir! — Dulce bocejou. — Você acabou comigo...

Christopher riu de sua reação. Parecia outro homem, a felicidade transpirava de seu rosto.

— Pretende ir amanhã com Ann até Bowral?

— Sim — Dulce murmurou. — Ela pediu que eu a acompanhasse nas compras.

— Precisa de algum dinheiro?

— Não. Não pretendo fazer nenhuma compra.

— Mas pode querer parar em um daqueles adoráveis cafés, não é?

— Tenho dinheiro suficiente para isso.

— Calma, eu estava apenas perguntando. Não precisa ficar na defensiva.

— Não quero que pense nem por um minuto que me interessei por seu dinheiro, porque não é verdade!

— Essa idéia nunca me passou pela cabeça — Christopher murmurou, continuando a sorrir. — Sei que se interessou por mim apenas por causa... do meu corpo.

Dulce notou o brilho malicioso nos olhos castanhos e suspirou.

— Oh, Christopher... De novo, não!

Mas o apelo foi inútil, pois logo depois rolavam pela cama delirantemente...

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— Você parece estar em outro planeta, Dulce — Ann comentou, fazendo-a erguer a cabeça e encará-la com uma expressão confusa.

— Fazendo planos para o casamento?

— De certa forma — Dulce confessou, ainda um pouco insegura quanto à declaração de amor de Christopher. Não podia acreditar que tudo corresse tão bem. Talvez o choque e a desilusão causados por Dillon tivessem acentuado seu ceticismo.

— E quando será? Logo, eu aposto. Se conheço bem Christopher, sei que ele não vai agüentar muito, depois de esperar tantos anos por alguém como você.

— Casaria com ele amanhã, se pudesse — Dulce murmurou, com sinceridade.

— Como eu gostaria de estar apaixonada desse jeito! — Ann suspirou, de forma afetada. — A loucura, o delírio, o desejo incontrolável... Embora eu saiba que esses arroubos pouco a pouco vão sendo substituídos por uma ligação mais forte, duradoura, onde o companheirismo é o mais importante.

Ela fez uma pausa, sorvendo um gole de chá.

— Nada se compara a essa sensação de segurança... em especial hoje em dia. Saber que pode confiar em seu companheiro, de corpo e alma. Henry pode até olhar para outras mulheres, mas sei que ele nunca passará desse limite. Ele é meu melhor amigo... Meu Henry... Vou amar esse homem até o dia de minha morte.

— Isso é tão lindo! — Dulce gemeu, sentindo lágrimas nos olhos. — Era isso o que eu queria de Christopher, do fundo do coração. Mas temo que ele não... que ele prefira... — Calou-se, estendeu a mão para apanhar a bolsa em busca dos lenços de papel.

— Acha que Christopher pode estar pensando em outra mulher? — Ann arriscou ao notar que Dulce já estava recuperada.

Meneando a cabeça, ela respondeu.

— Na verdade, não... — Ela se lembrara de Christopher ter feito um comentário qualquer sobre não confiar nas mulheres, e isso a afligia. Como poderiam ser amigos se não existisse confiança?

— Você vai conseguir — Ann murmurou, segurando-lhe a mão. — Confie em mim. Já vi muitos casais em minha vida, mas nunca um tão perfeito quanto o que vocês formam. Deixe-me apenas lhe dar um conselho: não se preocupe demais com os homens. Quando eles param de olhar para outras mulheres, é um sinal de que não funcionam muito bem da cintura para baixo, pode acreditar.

— Vou tentar me lembrar disso.

— Claro que isso não se aplica a devoradoras de homens como Natália Ballistrat. Se ele olhar para alguém igual a ela... bem, então você terá de usar a artilharia pesada.

— Artilharia?

— Sim, você pode atirar nela, a menos que consiga manter seu homem a quilômetros de distância. Fique esperta.

— Ainda bem que voltaremos para Sydney hoje à tarde — Dulce murmurou, pensativa.+

— Já estava mesmo na hora, eu ousaria dizer — foi o comentário final de Ann sobre o assunto.

Mas, em menos de uma hora, Dulce iria descobrir isso. Tarde demais...

Dulce e Christopher estão no puro love... Ou hot... ❤🔥😂

Amanha capitulo final