Fanfic: Procura-se uma Amante(Rendezvous with Revenge) - (VONDY - ADAPATADA) | Tema: VONDY

O motorista do táxi parou na frente do prédio em que ficava o consultório de Christopher, colocou a mala de Dulce na calçada e saiu apressado, para voltar ao trânsito agitado do centro da cidade. A corrida custara vinte e dois dólares, o que a deixava com exatos oito dólares e alguns centavos na carteira.

Dulce suspirou, depois olhou para o relógio. Uma e dez. Respirou fundo e entrou no edifício passando pelas portas de vidro fumê. Seu estômago começou a doer quando atingiu o saguão dos elevadores, colocando a pesada mala no chão e pressionando com força o botão de chamada.

As portas abriram-se de imediato, pois o elevador estava no térreo. Dulce apanhou a mala e já estava entrando quando ouviu alguém chamá-la.

Era uma voz dentro de sua própria mente.

E ela dizia: "Não vá. Fuja daqui!"

Fugir? Mas por quê? Ela já recebera o pagamento... e adiantado. Christopher conhecia seu endereço. Não havia como escapar.

Um medo irracional acometeu-a quando aproximou-se do segundo andar. Na verdade, não tinha nada a temer, a não ser a atração que sentia por aquele homem. Porém, como Christopher não se dignava ao menos a olhá-la direito, ficaria mais fácil controlar aquele sentimento nos próximos três dias, sentimento esse que existia havia seis meses e nem de longe era correspondido.

Claro, Dulce não podia deixar de ficar um pouco preocupada com o final de semana que estava para começar. Fazia muito tempo que ela não se misturava ao tipo de gente que freqüentaria aquela conferência. Mas, a despeito disso, tivera uma boa educação, e isso a manteria longe dos problemas. E Christopher também.

Sua família a criara segundo as mais requintadas normas de comportamento social. Nem mesmo uma passagem de quatro anos pela cadeia poderia apagar tudo aquilo de sua memória.

Entendia a desconfiança de Christopher a seu respeito. Na maior parte do tempo, Dulce se comportava como a garota que estudara nos melhores colégios e fora criada cercada por babás e governantas, mas de vez em quando deixava escapar a mulher selvagem que fora forçada a desenvolver nos duros anos da prisão.

Dulce até que não considerava esse lado de todo ruim. Podia sempre recorrer a ele quando precisava se proteger emocional e fisicamente. Aquele seu lado fazia com que ela enxergasse as coisas com clareza, pondo de lado as fantasias tolas e românticas que um dia haviam alimentado seus sonhos e que, afinal de contas, tinham sido o verdadeiro motivo de sua ida para a cadeia. E, claro, não podia esquecer o causador daquilo tudo: Dillon.

A mulher forte que nascera daquela experiência não acreditava mais que o sexo precisasse estar associado ao amor. Era uma coisa animal, involuntária e primitiva. Uma reação química que acontecia sempre que se confrontava com um belo espécime do sexo oposto.

Os cientistas chamavam aquilo de seleção natural. Uma fêmea saudável sempre era compelida a procurar o mais belo e forte exemplar da própria espécie, de forma a gerar filhotes bonitos e saudáveis, com chances maiores de sobrevivência.

Dulce sabia muito bem que o que sentia por Christopher Uckermann nada tinha a ver com amor, e sim com a seleção natural.

Saiu do elevador e caminhou devagar pelo corredor, repassando os pensamentos. Estava quinze minutos adiantada, por isso não precisava se apressar.

A porta do consultório de Christopher estava aberta, mas na sala de recepção não havia ninguém. Quando Dulce ouviu sons abafados vindos do consultório, colocou a mala no chão e atravessou em silêncio a sala, indo para o pequeno refeitório ao lado, na esperança de tomar um café. Encontrou a cafeteira elétrica e foi ela mesma fazê-lo.

Ainda havia um item em sua bagagem que a assustava: o minúsculo biquíni preto. Aquela era uma peça capaz de mexer com os hormônios de qualquer homem. Dulce havia engordado um pouco, o que tornava suas curvas ainda mais voluptuosas. Então, por via das dúvidas, resolvera comprar também um maiô mais discreto.

Terminou de preparar o café e sentou-se à mesa da recepção para tomá-lo, recordando-se do que acontecera naquela segunda-feira, quando passara pela casa paterna para apanhar as roupas.

Não encontrara seu pai. Mas quando ele parava em casa? A empregada era nova e Dulce teve de lutar bravamente até conseguir convencer a jovem que passara para apanhar suas próprias roupas, que, como era de esperar, ainda estavam em seu antigo quarto. Afinal, seu pai não se dera ao trabalho de jogar fora nem mesmo as roupas da esposa que o abandonara, por que se importaria com a filha? Ele nunca daria nenhuma mostra de que se importava com nenhuma das duas.

Dulce apanhara, apressada, duas malas de roupas, pois não queria ficar na casa nem mais um minuto além do necessário. Pegara também algumas jóias para usar naquele final de semana e, talvez, se precisasse, vender no futuro.

Tinha sido uma manhã bastante triste. A mera lembrança já lhe causava sofrimento.

Agora estava sentada ali, esperando, quando uma mulher saiu do consultório levando no colo uma linda criança. Ambas choravam: a criança, de irritação, a mulher, soltando suspiros abafados.

Comovida pelo desespero delas, Dulce estava prestes a levantar-se e oferecer ajuda quando Christopher surgiu a seu lado. Ele nem reparou em sua presença, pois estava concentrado na mulher e na criança.

— Pare com isso, Chrissie — ele murmurou, erguendo com cuidado a menina nos braços. — Você está deixando mamãe nervosa chorando assim. — Ele beijou a criança no rosto e colocou-a no chão. — Desculpe-me se meus dedos estão muito frios. Na próxima vez vou colocá-los no aquecedor. O que acha disso? E aqui está uma coisa por ter sido tão corajosa.

Dulce observou, fascinada, quando Christopher tirou um pirulito do bolso e mostrou-o para a criança.

— Aqui, deixe-me ajudá-la. — Ele retirou o papel e entregou-lhe o doce.

Chrissie parara de chorar e agora encarava o médico com atenção. O pirulito não sairia tão cedo de sua boca.

A cena toda deixou Dulce atônita. Aquele era o mesmo homem para quem ela trabalhava? Gentil daquele jeito? Parecia ser um autêntico caso de dupla personalidade.

— Por favor, não se preocupe, Sra. Willians. A situação não é tão séria no estágio em que está.

— Eu sei, doutor, mas não... não posso evitar.

Christopher segurou-lhe os ombros com gentileza.

— Sei disso. É a mãe de Chrissie e a ama muito.

A mulher virou o rosto, e Dulce pôde notar a intensidade da emoção que emanava dos olhos avermelhados pelo choro. Ela moveria montanhas pela filha. Lutaria com todas as forças. Uma mãe nunca abandona seus filhotes. Nunca.

Teve de se esforçar para não chorar também.

— Volte dentro de seis meses, Sra. Willians. Então faremos uma nova radiografia para comparar os resultados.

— Farei isso, doutor. E não se preocupe, não vou esquecer os exercícios que ensinou. Não deixarei de fazê-los um só dia.

— Tenho certeza de que não. Até logo, e tenha uma boa tarde.

Os olhos de Dulce ainda estavam semicerrados quando ela notou a calça preta diante de seus pés.

— Não sabia que já estava aí, Dulce. Não tinha visto você.

Ela tentou recobrar o controle. Christopher notou algo errado, pois inclinou-se diante dela, examinando-a com atenção.

— Você está bem?

— Apenas senti uma leve tontura — ela desculpou-se, evitando o olhar dele. Depois ergueu a caneca de café. — Ficarei bem logo que tomar isto.

Quando se levantou, ainda segurando a caneca, já estava recomposta, e o Christopher de sempre já estava de volta.

— Não se esqueça de me dizer quanto custou o táxi. — Virou-se e se afastou na direção do consultório sem olhar para trás.

— Foi-se o médico... voltou o monstro — ela murmurou, lembrando-se dos vinte e dois dólares enquanto levava a caneca para a cozinha.

Estava voltando para a recepção quando Christopher emergiu do consultório, ainda mais bonito que de costume, com um blazer cinzento e uma gravata azul.

Seu olhar frio examinou-a com minúcia, sem nenhum pudor.

— Vejo que melhorou muito sua maneira de se vestir. E gostei de seus cabelos também. Você está muito elegante.

— Fico feliz que tenha aprovado.

Dulce sabia que os reflexos avermelhado que fizera caíam-lhe muito bem. Ela vestia um conjunto branco com detalhes dourados, que combinavam com os brincos de ouro que decidira usar. Eles tinham sido presente de sua mãe, como a maior parte das jóias de Dulce. Na certa, ela sentia-se arrependida por ter abandonado a filha. Claro que os presentes não mudavam a situação em nada, mas pelo menos eram reais. Ouro verdadeiro. Pérolas verdadeiras. Diamantes verdadeiros. Christopher não poderia acusá-la de usar imitações.

— Como teve a idéia de mudar os cabelos assim? — ele murmurou, mexendo com delicadeza numa mecha avermelhada. — Eles já eram compridos?

— Claro. É que costumo mantê-los presos. Tenho muita prática em arrumar penteados.

Quando estivera na prisão, Dulce trabalhara muito tempo no salão de beleza.

— São bastante longos, não é? — Christopher comentou, franzindo a sobrancelha.

— Sim.

— Costuma usá-los assim fora do trabalho?

— Só para dormir.

Dulce não era tola. Sabia que os homens achavam cabelos longos uma coisa sexy.

— Nesse caso, vou ter o prazer de ver isso. — E então abaixou-se para apanhar a mala de Dulce.

Seu olhar era muito provocante. Parecia estar escrito em seu rosto que a imaginava deitada na cama com os cabelos soltos sobre o travesseiro.

O travesseiro dele, claro!

Dulce contou até dez antes de começar a imaginar coisas. O velho processo de seleção natural estava funcionando outra vez, provocando as mesmas fantasias sensuais dos últimos dias.

"Calma, Dulce..."

— Eu levo isso — ela afirmou, com rispidez, quando ele fez menção de apanhar a bolsa onde estavam todo o seu dinheiro e suas coisas íntimas.

— Tudo bem. Está pronta? Não quer ir ao toalete antes?

— É uma boa idéia. Espere um segundo.

Ao se ver só, Dulce olhou para seu reflexo no espelho antes de lavar o rosto. Parecia nervosa e excitada. Seu peito arfava, e seu rosto estava corado demais.

— Está nervosa, não é? — acusou-se. — Não... nervosa não. Excitada. Isso tudo é ilusão, sua tola. Oh, tenha cuidado, Dulce. Muito cuidado...

Sem pensar, retocou o batom vermelho antes de sair, deixando os lábios provocantes e delineados... e muito, muito mais convidativos do que imaginava.

Dulce usando bem suas armas, logo nos primeiros minutos... Danadinha... 😈🔥