Fanfic: Procura-se uma Amante(Rendezvous with Revenge) - (VONDY - ADAPATADA) | Tema: VONDY

Christopher estava no chuveiro quando o telefone tocou. Sem pensar, Dulce atendeu com a mesma formalidade que costumava usar no trabalho no consultório.

— Quarto do Dr. Uckermann.

Houve um pesado silêncio na linha.

— Quarto do Dr. Uckermann? — a pessoa do outro lado repetiu. — Alô? Dulce? É você, não é?

Dulce levou a mão à boca, desesperada. Era Maite.

O que fazer? Podia mudar de voz e tentar fingir ser outra pessoa...

— Dulce, fale comigo. Sei que é você, não adianta fingir.

Ela suspirou. Christopher tinha garantido que não contaria nada sobre a viagem para a irmã, mas eles deveriam ter pensado que Maite podia ligar.

— Sim, Maite, sou eu — murmurou, resignada.

— O que está fazendo aí... em Bungarla... no quarto de Christopher?!

— Comportando-me como uma boa funcionária.

— Sinto muito, mas eu... não entendo.

— A culpa é sua, Maite. Você colocou essa idéia na cabeça dele.

— Que idéia?

— Contratar uma acompanhante para a conferência. Na sexta-feira, depois que você partiu, o Dr. Uckermann fez uma oferta irrecusável, e eu acabei aceitando.

— Ele fez? Você aceitou?

Dulce sorriu, desanimada.

— Não fique tão chocada, Maite. É apenas um acordo de trabalho. Nada além disso.

— Mas você está no quarto dele!

— Vamos dormir em camas separadas. Estamos juntos apenas para manter as aparências.

— Entendo... Sim, posso entender. Pelo menos, acho que sim.

— Nada imoral está acontecendo por aqui, se é isso o que está pensando.

— É uma pena....

Dulce ficou abismada com o comentário.

— O que você quer dizer com isso, Maite?

— Ele está com você agora?

— Está no chuveiro. Teremos de comparecer a um coquetel daqui a pouco. — Faltavam apenas trinta minutos, por isso Dulce estava apressada.

— Então terei de ser breve. Christopher nunca demora muito no banho, e me mataria se descobrisse que toquei nesse assunto, mas fiquei muito preocupada quando encontrei uma carta amassada no escritório dele.

Dulce já sabia qual era o assunto, mas estava curiosa demais sobre o envolvimento entre Christopher e a Sra. Ballistrat, por isso permaneceu calada.

— Deus, é difícil dizer isso — Maite murmurou. — Mas tenho de lhe contar. Veja bem, dez anos atrás, Christopher foi completamente apaixonado por uma mulher, uma enfermeira chamada Natália. Estavam prestes a se casar. Na verdade, o casamento já estava marcado quando ela fugiu com outro médico, um famoso neurocirurgião chamado Philip Ballistrat. Você deve ter ouvido algo sobre isso. Foi um verdadeiro escândalo... O homem era casado, e a esposa contou tudo nos jornais.

— Sim, lembro-me de ter lido alguma coisa a respeito — Dulce murmurou, sentindo uma súbita simpatia pelo jovem Christopher. Mas não perdoaria o homem que estava no chuveiro, pois acreditava que as pessoas deviam aprender a deixar o passado para trás.

— Ninguém prestou muita atenção ao jovem noivo que foi abandonado, mas Christopher ficou arrasado — Maite explicou com ternura. — Ele era louco por Natália, e ela parecia corresponder. Cheguei a ficar muito preocupada com ele quando tudo aconteceu. Pensei que Christopher pudesse fazer algo... bem... alguma tolice.

Houve uma pausa constrangida do outro lado da linha.

— Mas, graças a Deus, nada aconteceu — Maite continuou, um momento depois. — O Dr. Ballistrat retornou à sua clínica na América, e nunca mais voltou para a Austrália, até agora. Ele vai estar na conferência, Dulce. O que significa que Natália também estará aí. Acho que foi isso o que fez Christopher mudar de idéia, e estou preocupada com o que ele possa vir a fazer.

— Christopher não é um homem violento, Maite — Dulce assegurou à amiga.

— Não, sei que ele não é.

— E tudo isso aconteceu anos atrás! —Dulce murmurou, exasperada.

— Pode ser, mas ele nunca esqueceu, nem perdoou. Sempre desconfiei que devia existir algum detalhe que desconheço, alguma coisa que Natália tenha feito e que ele considera imperdoável.

— Por exemplo?

— Não sei. Mas ele estava enfeitiçado por aquela mulher... e talvez ainda esteja.

Dulce podia notar o pânico na voz de Maite.

— Explique-me por que ele me convidaria para vir se planejasse fazer algo errado. Não, Maite, não creio que Christopher faça nada errado. Com certeza, tudo o que ele quer é ser visto por Natália ao lado de uma mulher jovem e atraente. Seu irmão é muito orgulhoso, você sabe. Além disso, não é nenhum tolo. Talvez queira apenas enfrentar os fantasmas do passado.

— Oh, espero que você esteja certa. É que tive essa intuição. Sei que está com ele apenas profissionalmente, mas por favor, Dulce, faça o máximo para afastá-lo daquela mulher, sim? Ela é venenosa. Talvez queira brincar com meu irmão. Acho que seria uma grande lição se ela fosse desprezada por sua causa, não concorda?

— O que você está querendo me propor, Maite?

— Você já entendeu muito bem, Dulce — foi a resposta decidida. — Não é tão ingênua. Na verdade, quando a contratei, cheguei a desconfiar que algo aconteceria entre você e Christopher. E acho que ele também sentiu o mesmo. O que mais explicaria seu comportamento petulante, chamando-a o tempo todo de "Srta. Savinon"?

Fez uma pausa, mas voltou a falar antes que Dulce pudesse reagir.

— E você também não me engana. Sei que se sente atraída por ele, não adianta negar. Tudo o que peço é que... dê uma mãozinha para a natureza, se é que me entende.

— Christopher não gosta de mulheres audaciosas.

— Então não seja audaciosa, mas flerte com ele.

— Flertar?

— Sim. Acredite em mim, Natália fará isso. A mulher é uma especialista nesse tipo de assunto. Espere até vê-la em ação.

Dulce não tinha nenhuma vontade de conhecer Natália, ainda mais se ela flertasse com Christopher. A mera possibilidade já aguçava seus instintos. Na certa, ele não ia querer nada com uma mulher como aquela. Claro que não!

O chuveiro foi desligado, o que a fez saltar de susto.

— Christopher terminou o banho, Maite — Dulce sussurrou, preocupada. — Acho melhor desligarmos. Eu não mencionarei seu telefonema.

— Então, vai fazer o que pedi?

Dulce engoliu em seco.

— Eu... farei o possível.

— Oh, muito obrigada. Assim fico menos preocupada.

— Não vou dormir com ele, Maite. Isso seria pedir demais.

— Faça apenas o que sua consciência mandar, querida. — Então, depois de despedir-se, desligou.

Que confusão! Dulce tido sido contratada por Christopher para participar de uma farsa... e agora a irmã dele lhe propunha uma farsa ainda maior!

A porta do banheiro abriu-se, e seu saiu por ela. Estava apenas com a toalha enrolada na cintura. Os cabelos castanhos e molhados brilhavam, assim como os olhos, provocando uma impressão muito sexy em Dulce.

— Estava falando ao telefone? — Christopher perguntou à queima- roupa.

Ela engoliu em seco e evitou encará-lo, rezando para que ele não pudesse ler seus pensamentos.

— Não — mentiu.

— Deve ter sido no apartamento ao lado, então. — Ele murmurou, secando os cabelos com outra toalha. Os gestos deixavam nítida a poderosa musculatura de seu peito.

"Meu Deus, esse homem é mais lindo do que eu podia imaginar!", Dulce pensou, corando.

— Não se demore — Christopher emendou, voltando para o banheiro, sem olhar para trás.

Dulce deixou escapar um suspiro desanimado.

— Pode ficar tranqüilo, Christopher. Já estou quase pronta.

Apesar disso, ele se apressou, e cinco minutos depois saiu outra vez do banheiro. Agora, porém, vestido. A calça preta e a camisa de seda vinho que usava eram muito elegantes. Estava acabando de se pentear.

— Acho que devia ter cortado os cabelos antes de viajar — ele resmungou.

Dulce discordava. Naquele comprimento, estavam perfeitos, emprestando ao rosto forte um ar selvagem. Além disso, a combinação de cores da roupa salientava a sensualidade de Christopher. Sua figura lembrava a Dulce o retrato de um cigano que vira certa vez. Muito másculo.

— Na verdade, acho que seus cabelos estão impecáveis — ela comentou, cuidadosa.

— Tem certeza de que ficará pronta a tempo? — Christopher perguntou, desconfiado, olhando-a de cima a baixo, analisando-lhe o roupão.

— Só preciso colocar o vestido.

"E as jóias, além de algumas gotas de perfume..."

— Então, faça isso. Prometi a Henry que passaríamos no quarto deles às seis em ponto.

Dulce  pôde notar que Christopher estava tenso. Sem dúvida por causa de Natália. Seria quase impossível deixar de encontrá-la no coquetel.

Dulce demorou apenas dois minutos para colocar o vestido azul de seda, e mais alguns segundos para retocar o batom. Depois, aplicou com carinho algumas gotas do Chanel 5 que a Sra. Blanchford lhe dera, nas têmporas e atrás das orelhas. Por fim, colocou o conjunto de brincos e colar de pérolas, e foi examinar-se ao espelho.

Maite teria ficado orgulhosa, concluiu, satisfeita. Pelo que se lembrava, o vestido caía-lhe melhor do que cinco anos atrás. Seu corpo agora era o de uma mulher plena.

Depois disso, vestiu o bolero, também azul, de veludo.

Antes de sair, porém, Dulce decidiu soltar os cabelos. Sabia que Christopher achava cabelos soltos mais sedutores. Não perderia essa chance.

— Estou pronta. O que acha? — ela perguntou, segurando, nervosa, a maçaneta da porta.

Os olhos dele, com um brilho intenso, passearam sem pudor algum por todo o corpo dela.

— Impressionante... Acho que teve de gastar todo aquele dinheiro em roupas. Isso sem contar esse perfume delicioso que está usando, mas não consigo entender como conseguiu essas jóias. Diga-me, Dulce, o que uma garota que precisa trabalhar para seu sustento faz para comprar coisas tão caras?

— Posso assegurar que não foi com o mísero salário que você me paga — ela rebateu com amargura. Não gostara nem um pouco da ironia contida naquele comentário. — Foram presentes.

— De homens?

— Não. Apenas de um homem.

Não era mentira. O pai dela comprara quase todas aquelas roupas. E, mesmo as jóias dadas pela mãe, tinham sido compradas com o dinheiro dele.

— Ah, isso explica o que você fazia antes de começar a trabalhar no consultório. Tinha um "papai" rico para sustentá-la. Maite me disse que você viajou muito nos últimos anos. Foi ele quem pagou isso também?

— Exatamente.

— Qual a idade dele?

— Idade?

— É uma pergunta simples, Dulce. Qual a idade dele?

Mais uma vez ela engoliu em seco. Não esperava que aquela brincadeira fosse tão longe.

— Não é da sua conta — ela respondeu com indiferença, passando diante de Christopher sem olhá-lo.

Sua mão poderosa, porém, a deteve, segurando-a pelo ombro.

— Qual era a idade? — Christopher insistiu com um toque selvagem na voz.

A dor da desconfiança era maior do que aquela causada pela forte pressão dos dedos dele.

— Muito mais velho do que você. E muito mais rico!

Ele soltou-a, e os olhos castanhos pareciam frios como gelo.

— Nem imagina como estou desapontado. Esperava mais de você.

— Verdade? Bem, eu nunca me desapontei com você, Christopher — ela devolveu, com frieza. — Afinal, nunca o julguei!

— O que quer dizer?

— Não tenho tempo para explicações. Mas posso assegurar que o relacionamento que tive com esse homem era baseado em amor, não em luxúria.

— Você o amava? — Christopher perguntou, sério.

— Eu ainda o amo. Apesar de ele não me amar mais.

Os olhos de Christopher demonstravam sua grande surpresa.

— Nesse caso, não pode amá-lo.

— Gostaria que isso fosse verdade.

— Mas é uma estupidez! O homem está usando você.

"Assim como Natália está usando você, seu bobo." Mas não havia tempo para mais explicações. E os homens costumavam ser hipócritas quando o assunto era amor e desejo. Melhor deixá-lo na dúvida.

— Fico feliz por você se importar comigo, Christopher. Mas chega de falar sobre o passado. Precisamos aprender a deixá-lo para trás, não é mesmo? Mas... já são quase seis horas. Henry e Ann nos esperam. Podemos ir?

Boa resposta Dulce!! 👏😏👏

PS. Postei hj mais cedo pois minha internet tava caindo muito e fiquei com receio de mais tarde ela nao entrar. Ah essa fic é curtinha gente. então ela acaba se nao me engano no capítulo 17 ou 18. que pena né? Mas já estou avisando pra vcs ficarem cientes de que ela é curtinha. Até amanha,por hj é só! Um bjo pra todas!!!