Fanfic: Procura-se uma Amante(Rendezvous with Revenge) - (VONDY - ADAPATADA) | Tema: VONDY

Ann estava muito elegante, em um vestido de seda cor-de-rosa, e Henry também, vestindo um terno muito sóbrio. Os dois casais caminhavam para o setor de convenções do hotel, quando Christopher surpreendeu Dulce, abraçando-a pela cintura.

— Apenas para manter as aparências — ele sussurrou ao seu ouvido com uma entonação séria.

Dulce sentiu o corpo enrijecer com aquele toque. Podia sentir o calor da mão dele através do fino tecido do vestido. Os dedos apoiavam-se na curva de seu quadril, fazendo uma leve pressão que piorava ainda mais a situação.

Ela sempre admirara as mãos de Christopher, seus dedos longos e elegantes, de gestos sempre contidos e graciosos. Mas nunca desconfiara da força que elas possuíam.

— Por aqui — Henry os guiava. — A recepção me forneceu um mapa do hotel, para que nós, médicos idiotas, não nos perdêssemos. Deram um a você, Christopher?

— Acho que sim. Deram-me uma pilha de folhetos, mas nem tive tempo de olhar, apenas joguei tudo na mesa do quarto.

— Ora... o que andou fazendo nas últimas duas horas, amigão?

Dulce sentiu os dedos de Christopher ficarem gelados em suas costas.

— Não é da sua conta, Henry — ele disse, afinal.

— Henry! — Ann advertiu.

— Certo, certo. Vou me comportar. Verdade, tenho certeza de que Dulce não ficou ofendida. Não é, Dulce, querida?

— Claro que não mesmo — Dulce admitiu, apesar de sentir o rubor no rosto.

— Isso. Eu sabia que ela não era pedante. Pelo menos não como aquela que você levou para jantar tempos atrás, Christopher.

— Oh, meu Deus! — Ann exclamou exasperada. — Cale a boca, Henry, ou vou ser obrigada a vedá-la com esparadrapo!

Henry estava perplexo.

— O que eu disse de errado?

— Dulce não quer ouvi-lo falar sobre as antigas namoradas de Christopher, querido.

— Tudo bem, Henry, sei sobre as antigas namoradas de Christopher... inclusive Anahi. Nós conversamos sobre tudo, não é, querido?

A palavra "querido" escapou de forma irrefletida. No mesmo instante Christopher arqueou as sobrancelhas e sorriu, cínico.

— É verdade — concordou num tom de voz grave e gentil. — Não existe nada que eu não saiba sobre Dulce. Absolutamente nada.

Dulce entendia cada vez menos por que se sentia tão atraída por aquele iceberg.

— Ora, não vamos exagerar, Christopher. Toda mulher tem seus segredinhos. — E os de Dulce eram verdadeiras bombas...

Por um segundo ela tremeu, imaginando a reação de Christopher se ele descobrisse sobre sua passagem pela prisão. Não podia ter nenhuma esperança. Homens como ele nunca se casavam... nem mesmo namoravam ex-presidiárias.

— Segredos não são uma prerrogativa feminina — Henry anunciou com ênfase. — Conheço muitos médicos que levam vidas duplas! Vamos subir essas escadas, pessoal. O coquetel será servido no primeiro andar.

— Não olhe para mim, Ann — Christopher defendeu-se. — Sou ocupado demais para levar uma vida dupla. Uma mulher de cada vez é mais do que suficiente para mim. Em especial uma como Dulce. Ela já é adorável...

Quando Dulce ergueu a cabeça para reagir à zombaria, foi surpreendida pelo rápido beijo dele. Um mero roçar de lábios, mas bastou para que o coração dela se acelerasse violentamente. Encarou-o apreensiva, pois, no íntimo, sabia que, se aqueles lábios ficassem sobre os dela por mais de dois segundos, estaria em uma grande confusão.

A possibilidade era, em contrapartida, deliciosa, mas Dulce sabia que seria um desastre se virasse realidade.

— Chega, por enquanto — Ann interrompeu, sorrindo. — É paixão demais para suportar estando sóbria. Deixarei vocês continuarem depois que eu tomar alguns drinques.

— Vamos esperar sua permissão ansiosos — Christopher disse olhando com malícia para Dulce. — Apresse-se, Henry. Acho que também vou precisar de um drinque.

Dulce pensava o mesmo. O álcool fazia com que ficasse mais agressiva. Talvez assim conseguisse resistir aos avanços de Christopher. No passado, Dillon tivera experiências bem desagradáveis quando a deixara beber além da conta.

Dulce notou que, depois de entrarem no salão, o olhar de Christopher dirigia-se para todos os lados. Com certeza procurava por Natália, ela deduziu, num súbito ataque de ciúme.

Vários homens o saudaram pelo nome, e suas mulheres a examinavam de alto a baixo; todas com interesse, algumas com franca hostilidade. Dulce percebeu que respondia a esses olhares à altura. Chegou a tomar Christopher pelo braço, num gesto possessivo, o que provocou um olhar de advertência por parte dele.

— Não exagere, Dulce.

— Foi você quem começou. Não devia ter me beijado daquele jeito.

— Notei que você ficou muito quieta depois daquilo.

— "Chocada" é a palavra certa.

— Espero que na próxima vez que eu a beijar você não fique tão chocada.

— Próxima vez? — ela repetiu, sentindo um arrepio.

— Já que você tem essa natureza tão amorosa, nada mais natural.

— Parem de sussurrar, vocês dois — Ann disse, olhando por sobre o ombro. Ela parou de repente, puxando a manga de Henry. — É ela, Henry. Natália! Está entrando, e sozinha. Não se vire, Christopher. Finja que está conversando comigo para que eu possa observá-la.

Christopher não se virou, mas empertigou-se de imediato. Dulce sentiu a mão dele gelar de novo, e arriscou um olhar de relance. Natália Ballistrat estava estonteante em um vestido negro.

— Aquela é a Sra. Ballistrat?

— Não me diga que você a conhece, Dulce... Ora, bobagem. Você era jovem demais para se lembrar do escândalo.

— Na verdade eu me lembro bem. Muito bem. Estava no colégio, na época, e junto com minhas amigas costumava devorar revistas de mexericos. Natália não mudou muito, não é? — Olhou mais uma vez para a moça morena, que de imediato se transformara na atração principal para os homens do salão.

— Eu diria que ela está um pouco melhor — Ann comentou com amargura. — E, ao que parece, continua irresistível para o sexo oposto.

Christopher continuava parado como uma estátua, e sua expressão era muito séria. Dulce estava mais curiosa do que nunca para descobrir qual seria a reação dele.

— Você e Henry a conhecem, Ann? — Dulce estava determinada a não deixar o assunto morrer. — Christopher me disse que ela trabalhava no hospital quando ele era residente.

— É verdade? — Henry perguntou, interessado. — Não sei se foi sorte, mas eu trabalhava em Canberra naquele tempo. Como era ela, Christopher?

— Irresistível para o sexo oposto — Christopher respondeu, seco.

Henry sorriu.

— Você também, não, meu velho. Ouvi um médico americano dizer que ela faz um tremendo estrago por onde passa. Ann e eu estávamos curiosos para saber por quem Ballistrat havia arriscado a carreira. Devo dizer que, a essa distância, ela supera qualquer expectativa. E a reencarnação de Marilyn Monroe, com um toque de Marlene Dietrich. Sim... Muito bom.

Por fim, Christopher virou-se, tirando a mão das costas de Dulce. Ela devia ter ficado aliviada, mas, ao contrário, sentiu-se traída. Abandonada. Rejeitada.

Examinou o rosto de Christopher, detestando-o por continuar preso ao passado daquela forma.

Estranhamente, ele continuava impassível. Quando voltou-se para o grupo, Dulce prendeu a respiração.

— Você está certa, Ann — ele murmurou enfadado. — Ela está mais bonita. Mas duvido que tenha melhorado como pessoa. Vamos apanhar alguns drinques. Estou morrendo de sede.

Pegando o braço de Dulce, ele conduziu o grupo de amigos a uma mesa de canto no segundo salão, menor do que o principal.

O ambiente era confortável, e os garçons passavam servindo a cada minuto. Henry e Ann ficaram de costas para a entrada, e Christopher escolheu a cadeira que ficava mais próxima da pista. Dulce imaginou que ele preferira aquela posição para ficar de frente para a entrada, assim poderia manter-se de olho em Natália.

Quando todos se acomodaram, um garçom surgiu para servi-los com uma bandeja de prata. Dulce pediu uma taça de champanhe, e Ann, um cálice de cherry. Henry e Christopher preferiram uísque com soda.

— Estou imaginando onde pode estar o marido dela... — Henry comentou, querendo manter o foco da conversa em Natália.

Logo depois, como se respondesse a um chamado, ela apareceu, glamourosa, sob o arco de entrada, em meio a um grupo de pessoas.

Um grupo de homens, Dulce notou com desdém. Natália sorria para todos eles e, vez por outra, murmurava-lhes algo ao ouvido.

— Talvez ele não esteja se sentindo bem — Christopher disse, passando o braço pelo ombro de Dulce.

Ela ergueu a cabeça e encarou-o, surpresa. Faria qualquer coisa para que Christopher parasse de olhar para aquela mulher. Um sorriso estranho curvou os lábios dele.

— Vocês vão ver — Christopher murmurou, inclinando-se para beijar nos cabelos de Dulce.

— O que quer dizer, Christopher? O que você sabe sobre Ballistrat que nós não sabemos?

— Há um rumor, Henry, de que ele está com artrite e não vai poder operar mais. Foi por isso que aceitou dar palestras. Dizem que tem problemas de dinheiro e que anda bebendo além da conta...

Dulce absorveu aquelas informações com interesse. Maite podia estar certa sobre Christopher planejar algum tipo de vingança. Não violenta, mas talvez algo mais sutil. O objetivo não parecia ser Natália, mas o homem que a roubara dele.

— Eu não apostaria nesse casamento — Henry disse. — Mulheres como aquela morena gostam das coisas boas da vida. E ficar pobre não se encaixa nessa categoria. Bem, bem, acho que estamos com sorte. Ela está vindo nesta direção. Talvez Christopher possa apresentá-la a nós. Por que não a convida para um drinque?

A atenção de Dulce concentrou-se outra vez em Natália. Ela entendia muito bem o que a outra mulher estava fazendo. Natália representava uma farsa. Não estava interessada em nada do que os acompanhantes diziam, apenas concedia sorrisos e lançava olhares distantes por todo o salão. Dulce conhecia bem esse tipo: mulheres especialistas em prender a atenção dos homens. Sua própria mãe fora assim.

— Que atriz! — Ann murmurou com despeito. Na certa, havia pensado o mesmo que Dulce.

Henry caçoou.

— Quem se importa? Basta ela olhar para alguém com aqueles olhos castanhos e... pronto!

— Se ela tentar com você, mato os dois!

— Teria de fazer isso mesmo, Ann — Christopher interrompeu, com a voz rouca. — Mulheres como Natália nunca desistem, a não ser que você as detenha de uma vez por todas.

— Acredito em você.

— Vamos conferir isso agora — Henry comentou. — Ela está vindo para cá.

Era verdade. Depois de dispensar com charme a companhia do grupo de homens, que ficaram parados com expressões de perplexidade, ela caminhou como uma pantera através do salão na direção da mesa deles. Dulce olhou de relance para o lado, mas pareceu-lhe que Christopher não estava interessado no assunto.

Natália, entretanto, não tirava os olhos dele. Não parecia nem um pouco surpresa em vê-lo ali, mas, quando se aproximou da mesa, uma sombra de apreensão nublou seus lindos olhos castanhos, como se temesse não ser bem recebida.

O nervosismo dela ficou aparente quando parou diante deles e estendeu a mão direita com hesitação.

— Olá, Christopher. Faz muito tempo. Tempo demais — emendou. A voz melodiosa deixava transparecer um certo remorso.

— Você está muito bem, Natália — Christopher cumprimentou-a com um charme surpreendente. — Gostaria de juntar-se a nós para um drinque?

O olhar de Ann era de estupefação, mas Dulce notou que ele ignorava isso. Ela gostaria de matá-lo ali mesmo. Alheio à tensão reinante, Henry parecia deliciar-se com tudo aquilo. Levantou-se com um sorriso nos lábios e puxou uma cadeira.

— Sente-se aqui, por favor.

Natália olhou para ele.

— Oh, muito obrigada. Que homem gentil — ela adicionou, sorrindo. A cadeira que Henry oferecera fechava o círculo da mesa.

Ela sentou-se com graça, e o tecido de seu vestido farfalhou de leve quando ela cruzou as pernas. Seus olhos voltaram-se de imediato para Christopher, como se fosse atraída por um imã.

— Fiquei tão surpresa quando vi seu nome na relação de convidados, Christopher — ela disse com prazer. — Embora não tivesse motivos para isso. Você sempre disse que seria um grande cirurgião. Aposto que é um dos melhores.

— Gosto de pensar assim — Christopher respondeu com modéstia.

— Ele é mais do que bom — Henry interveio. — É o melhor ortopedista da Austrália, apesar de ser um bruto. Já que Christopher esqueceu as boas maneiras, vamos nos apresentar. Dr. Henry Maclean. Encantado, Sra. Ballistrat.

— Oh, pode me chamar de Natália. — Estendeu a mão para cumprimentá-lo. — Podemos dispensar as formalidades. — Ao inclinar-se para a frente, seus seios fartos e perfeitos insinuaram-se perigosamente pelo decote generoso do vestido.

Henry quase perdeu a fala ao perceber isso.

— Uma decisão muito sábia de sua parte — ele murmurou, corando.

— E eu sou Ann Maclean. A mulher de Henry.

— Como vai, Sra. Maclean? — Natália indagou com frieza. Estava claro que a formalidade restringia-se às esposas.

Dulce esperou até que os grandes olhos castanhos se voltassem para ela, o que aconteceu, mas só depois de passearem pelo rosto de Christopher por mais um instante. Dulce não notou nenhuma reação por parte dele.

— E posso apostar que essa moça encantadora é a Sra. Uckermann, estou certa? — ela arriscou.

Dulce sentiu a o sangue gelar diante do tom sarcástico e desafiador da mulher.

— Ainda não, Natália — Christopher respondeu, calmo, antes que Dulce pudesse ao menos pensar em uma resposta. — Mas isso não vai durar muito tempo.

Todos na mesa trocaram olhares surpresos, criando-se uma certa tensão no ar.

— Sei que tínhamos decidido manter isso em segredo por algum tempo, querida — ele murmurou, acariciando o rosto Dulce. — Mas por que esperar? Eu pedi Dulce em casamento hoje à tarde... e felizmente ela aceitou.

Uuuiiii que climão é esse!!!