Fanfic: A Janela - AyA | Tema: AyA/Ponny/Anahí e Alfonso

Capítulo 10 :  Lembranças de Você 

Anahí :

Fiquei tão desesperada depois do acontecido no quarto de Alfonso que não o encontrei durante 1 semana. Dona Luisa sempre me dizia para ir levar algo para ele ou limpar seu quarto, porém sempre inventava alguma desculpa. Toda vez que parava algus minutos a lembrança daquele beijo me vinha novamente e a vontade era de chorar por horas, mas tinha de o encarar em algum momento.

Na tarde do dia em que fez uma semana que não o via, Dona Nicole teve um problema no trabalho e chegaria tarde para o passeio diário que Alfonso precisava fazer por recomendação da Dra Maite. Respirei fundo e subi a fim de ajudá-lo nisso para acabar logo essa tortura.

Cheguei ao quarto o encontrando já pronto. Estava com uma calça de moleton, camisa branca básica e tentava a todo custo calçar seus tênis. Observei alguns segundos tentando segurar o riso com a maneira desajeitada dele  esquecendo da vergonha que havia passado. Não demorou para que me notasse ali. Nossos olhares se encontraram e eu simplesmente me aproximei pegando um dos tênis que havia caído no chão outra vez, o colocando em seu pé. Ficamos em silêncio até isso terminar. Então com grande agilidade, que ele adquiriu com muito custo, se levantou encaixando as muletas nos braços já andando em direção a porta. 

Uma parte do caminho no parque foi silencioso, apenas comigo o ajudando a se equilibrar uma vez ou outra porém mantínhamos um silêcio perturbador. Paramos para ele descansar um pouco e foi quando, ainda olhando o movimento do parque, Alfonso quebrou o silêncio.

ALFONSO: O que aconteceu ? - disse sério me fazendo sentir uma tensão horrível

Permaneci olhando para os lados fingindo que a pergunta não tinha sido feita, mas Alfonso se virou para mim esperando alguma explicação a qual eu evitaria se pudesse. Então fui obrigada a dizer qualquer coisa. Quem sabe ele desistia e deixava as coisas como estavam.

Me enganei.

- Não aconteceu nada. Está tudo normal. - menti pois sabia exatamente qual era o assunto

ALFONSO: Como sempre você não responde minhas perguntas, Anahi. Porque ? - voltou a olhar o parque

Minha vontade era contar tudo. Palavra por palavra. Algo dentro de mim despertou naquele momento porém permaneci calada e sabia pela expressão de Alfonso o quanto aquilo o incomodava. 

ALFONSO: Sabe, toda vez que meus pais queriam saber algo de mim ou me fazer contar algo fingiam me proibir de fazer algum dos meus esportes preferidos. Aquilo logo me causava indgnação então durante a conversa, voltávamos a ser pais e filho que se amam. Pèna que isso não funciona com qualquer um. - lamentou. Imaginei o quanto era ruim esconder algo

dos pais por vergonha ou pura insegurança. Me veio lembranças das conversas que tinha com minha mãe que sempre terminavam com nós duas indo dormir tarde depois de comer muito brigadeiro.

Voltei a ficar queta e isso durou mais alguns minutos até ele me lançar um olhar de "Ou fala ou vamos ficar aqui o dia todo". Não tive escolha.

- Fiquei com vergonha - falei baixo mas de modo que ele conseguiu ouvir. Novamente aquele olhar interrogativo se fixou nos olhos verdes aos quais meus pensamentos cismavam em me lembrar a todo tempo. 

ALFONSO: De que ? - quis saber e virei o rosto  para outro lado querendo sumir dali. O senti se aproximar e pegar no meu queixo me fazendo virar para ele. Minha tentativa de segurar as lágrimas foram falhas. - Me diz. - sua voz se suavizou um pouco mas meu nervosismo permaneceu.

O que eu iria dizer ? Como falar que o beijo despertou algo estranho e ao mesmo tempo tão fascinante dentro de mim ? Os segundos pareceram minutos e os minutos viraram horas. Ficamos sentados vendo o sol sumir aos poucos ao longe. Simplesmente levantamos voltando para casa.

Naquela noite tive medo das boas lembranças até aqui sumirem pois nunca me senti tão sozinha desde que minha mãe se foi. Fiquei deitada pouco tempo pois o sono não vinha e resolvi tomar um pouco de água. Estava tudo escuro na cozinha, somente a luz da rua entrava pela janela. Abri a geladeira distraidamente e ao fechar vi uma sombra na minha frente. Quase gritei de pânico mas logo percebi quem era. Alfonso.

- Me assustou. O que faz aqui ? - perguntei enquanto pegava o copo para poder beber água

ALFONSO: Não consigo dormir. Vim beber água. - falou e eu peguei outro copo colocando água para ele e o entreguei. Retornei a jarra para a geladeira e lavei os copos quando terminamos, guardando dentro do armário.

- Quer ajuda para voltar para cama ? - mesmo querendo saber como ele havia descido sem nenhuma ajuda, não poderia sair do quarto sozinho o tempo todo.

ALFONSO: Na verdade... - hesitou um pouco e voltou a dizer - quero falar com você. - acabei concordando, assim cada um voltaria para cama e poderíamos esquecer o clima ruim entre nós.

- Pode dizer. - falei esperando que ele começasse

ALFONSO: Vou ser direto sem nenhuma enrolação pois não aguento mais sua indiferença. Você se chateou com o beijo ? - ao ouvir aquilo tamanha foi minha surpresa que emudeci no mesmo instante.

Fingi nem me lembrar apenas para ver se ele desistia e voltaria logo para o quarto.

- Que beijo ? Não sei do que você está falando. 

ALFONSO: Como não sabe ? Para me mentir Anahí. Você sabe muito bem. - não sabia dizer o que estava pior se era a decepção dele ou minha mentira óbvia.

De qualquer forma as duas coisas criavam um muro entre nós que logo nos separaria caso não fizéssemos nada. O pouco tempo de conviência seria desfeito por conta de mal entedido ou coisas que não estávamos prontos para dizer ou sentir.

- Não estou chateada com nada, apenas muito atarefada. Desculpe se te fiz pensar algo contrário a isso. Me perdoe. - foi uma resposta bem ruim mas era a única que conseguia dar naquele momento. 

Alfonso de calmo passou a irritado e se fosse mais tarde teria dado um grito comigo, mas passou por mim sem dizer nada. Aquilo me feriu como se tivesse sido agredida fisicamente. Tentei correr atrás dele o encontrando do lado de fora da casa.

Caía uma chuva forte e mal dava para ver alguma coisa, sem perceber parei no meio da grande entrada olhando todos os lados sem  saber por onde procurar por ele. Gritava sem ser respondida o que me fez entrar em desespero. 

Alguma coisa aconteceu depois de alguns minutos. Me lembro apenas de estar sentada chorando no chão com a água da chuva se misturando as minhas lágrimas. Desmaiei.