Fanfic: Sangue Dourado | Tema: A Rainha Vermelha
Pego-me observando pela manhã, através de uma janela com o dobro do meu tamanho e inigualáveis detalhes em ouro, uma família de pássaros, calmos, em seu ninho.
É apenas mais um dia. Um dia normal, com as mesmas pessoas de sempre; no palácio de Whitefire, que já não me encanta mais. Eu nasci e cresci aqui. Conheço cada detalhe, cada escultura, cada aposento. Nada nunca mudou muito, a não ser as pessoas. Até agora.
Eu podia sentir que algo de diferente estava acontecendo comigo. Uma ansiedade que crescia a cada pensamento, a cada instante eu a sentia e via o que fazia comigo. Apenas desconhecia o motivo.
Poderia ser pela chegada do meu 18° aniversário, ou por em breve ter que levar comigo o peso de uma coroa e as necessidades de meu país. Poderia ser até, pela falta de um amor.
Mas, eu não queria enganar a mim mesmo com este último pensamento. Jurei ao meu coração que nunca mais amaria alguém como a amei. Talvez, por medo de causar a mesma dor a mim e a outra pessoa.
Depois daquele dia no front, o dia em que perdi a pessoa que mudara a minha vida, a pessoa que me fez enxergar o mundo de um jeito melhor e me deu ideias para mudá-lo, o dia em que perdi o amor da minha vida para a eletricidade, minha eletricidade. Eu esqueci a felicidade, esqueci o amor. Esses sentimentos já não faziam mais parte de mim.
Minha mãe, como sempre fez comigo e minha irmã, entrou em minha mente com seus sussurros para tentar fazer com que eu esquecesse tudo aquilo, tentou apagar todo aquele dia da minha mente, os dias em que passei com ela, as emoções fortes que se formaram, emoções que eu nunca havia tido, mas de nada adiantou.
Bastava apenas esperar que o tempo curasse e salvasse o eu que se perdeu.
"Desde pequenos eu sempre disse a você e sua irmã para que tolerassem, respeitassem e principalmente amassem apenas aos seus semelhantes. Pessoas do seu sangue, primos do seu sangue - referindo-se aos prateados, a ela mesma -, apenas pessoas do nosso nível."
Ela disse a mim, minha mãe, Elara da casa Merandus, como uma espécie de bronca, desdenhando dos vermelhos.
A divisão de sangue sempre esteve presente em nossas vidas, principalmente em minha família, que possui um sangue tanto quanto peculiar.
Nosso sangue não é vermelho, nem prateado. É um tom de dourado forte e suave, como muitos objetos que a nobreza possui. Meu avô, Regan III Vianna, costumava brincar, dizendo: Um rei dourado sabe de tudo que seus nobres fazem, pois seu sangue está presente em cada roupa, escultura e casa em Norta.
Ele foi um bom rei, um ótimo pai e um maravilhoso avô. Sua morte foi trágica, tendo seu coração esfaqueado por um criado vermelho enquanto dormia; mas, seu funeral foi honroso e deslumbrante, tendo uma estátua feita com todo o seu sangue, em um estado sólido, com detalhes perfeitos.
Os prateados mais fanáticos ficam até hoje tocando e meditando em frente ao memorial, pois alegam que seu poder irá se fortalecer com as energias ainda existentes e presentes no sangue.
Mas, não é apenas a cor do nosso sangue que nos diferencia dos outros. Diferente dos prateados, nós não possuímos apenas um poder, podendo cada membro Vianna possuir até mais de três poderes.
Ainda assim, o que mais me fascina é o fato de que a cada geração, um membro surge com a capacidade de ter e controlar toda forma de poder existente e conhecido. E, até, criar um novo poder, sendo este o seu ponto mais forte. Ou, o mais fraco.
Para a minha infelicidade, eu Regan V da casa Vianna, sou um desses da minha geração. Acabei descobrindo isso há três anos, naquele dia em que terminou em lágrimas ferventes descendo por meu rosto. Descobri que a eletricidade é meu ponto mais forte e o mais fraco.
Autor(a): rrafaelvianna
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Volto a observar os pássaros e o deslumbrante jardim a minha frente. Minha mente está mais uma vez, vazia e ao mesmo tempo, repleta de pensamentos. Escuto a grande porta de madeira maciça, entalhada com símbolos de nossa Casa, em ouro, abrir-se. Fico pensando na árvore derrubada para fazê-la, nos vermelhos que perderam seus dedos par ...
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