Fanfics Brasil - Capitulo 11 Amnésia (ayd adaptada) finalizada

Fanfic: Amnésia (ayd adaptada) finalizada | Tema: Portinon


Capítulo: Capitulo 11

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Por Dulce



Sabe aquela sensação de estar dormindo e sentir tudo que acontece ao seu redor?



Assim eu estou me sentindo.



Ouço vozes e sinto meu corpo se mover, como estivesse saltando. Isso é efeito de alguma droga? Abro os olhos assustada, a possibilidade de eu estar drogada era alta já que minha vida deu uma volta sinistra. 



― Mamãe!!



Um gritinho e logo em seguido algo cai em cima de mim. Conheço essa voz, e conheço esse cheiro de bebê. Antes eu odiava que me acordassem, ainda mais assim, gritando e pulando em cima de mim. Porém agora estou sorrindo, mas também, é ela, a pequenina encantadora que me enche de alegria sem nem se esforçar. Não sei explicar mas, parece que a cada novo dia um sentimento maior por ela cresce dentro de mim, eu a amo, sei que sim, eu sinto isso. Cláudia disse que é meu instinto materno, mesmo eu não lembrando das coisas ainda assim a reconheço como filha. 



Talvez seja verdade. 



― Bom dia pra você também, Duda.



Finalmente abro os olhos por completo e olho para baixo, ela está com o queixo apoiado em minha barriga e seus joelhos apoiados ao lado de meu quadril. Ela sorri ao me ver acordada e se arrasta para cima, até que sua cabeça esteja em meu colo. 



― Bom dia, mamãe.



― Eduarda, Vem aqui. – Anahi aparece irritada, o corpo da minha filha enrijece sobre mim e segundos depois a porta é aberta bruscamente. É, ela parece mesmo irritada a julgar pela cara fechada e rosto vermelho. ― Por que você saiu correndo, mocinha? Eu te disse que não era para acordar sua mãe. 



Ela a repreende fazendo a Duda se esconder o rostinho na curva entre meu ombro e pescoço, sinto dó por ela, Anahi parece assustador falando assim. Acaricio as costas da pequena e beijo seus cabelos.



― Mas hoje é dia de dançar na chuva. 



Ela fala abafada pois sua boca está pressionada em meu pescoço, olho curiosa para Anahi, ela passa as mãos no rosto e nega com a cabeça.



― Dia do que?



Pergunto confusa, seria isso um tipo de código ou programa em família?



― Dia de dançar na chuva. – Anahi responde e vem até a Eduarda e eu, ela  segura pela cintura e a puxa para cima, Duda tenta em vão se segurar em mim. Penso em pega-la e deixá-la aqui, porém ela está rindo, parece estar gostando disso. Anahí a segura contra seu corpo e olho para a pequena só então noto que ela está vestindo apenas um pijama de algum desenho animado. ― Você senhorita vai tomar seu banho, e depois nós vamos conversar sobre você me desobedecer.



― Não precisa brigar com ela também, ela é só uma criança. 



Falo sem pensar e anahi me lança um olhar que faz com que eu deseje sumir dali naquele momento. Ela sustenta esse olhar sério durante alguns segundos e sem dizer nada apenas coloca Eduarda no chão, a pequenina acena para mim e depois sai correndo do quarto.

 



― Ela é uma criança sim, Dulce María, mas ela precisa saber que não pode desobedecer as pessoas. Então não me repreenda na frente dela outra vez, porque ela vai achar que está certo e vai fazer sempre, a não ser que você queira uma criança mimada que te responde. 



Ela está completamente séria, os braços cruzados abaixo de seus seios. Me sinto como uma criança levando uma bela bronca dos pais. Anahí consegue assustar as pessoas quando fica assim.



― Desculpa. 



Ela suspira e seu rosto suaviza a expressão, morde o lábio e depois nega rapidamente com a cabeça.



― Tudo bem, você ainda está se adaptando a tudo isso. – agora ela está compreensiva e mais calma, quase suspiro aliviada. Anahí mandona é assustadora demais. ― Aliás, seria bom a donzela levantar e tomar um banho também ou iremos nos atrasar. 



Abro a boca para perguntar onde iremos, mas Anahí é mais rápida e sai do quarto. Bufo frustrada e bato com as mãos abertas no colchão. 



Que ótimo, vou para sei lá onde com a louca e a minha pequena fofa. 



Pelo menos ela vai estar junto, posso ficar ao lado dela o tempo todo.



Mas espera... Que roupa eu devo usar? 



Levanto da cama e faço menção de sair do quarto, porém paro ao ver uma muda de roupas na ponta da cama. Anahí e sua mania de separar minhas roupas. Sem nem conferir eu pego as roupas e vou para o banheiro. Preciso de um longo banho quente para relaxar e me preparar para o dia de hoje. 



Depois que saio do banho, coloco a toalha no suporte e pego as roupas que a Anahí separou para mim, visto primeiro as roupas íntimas. Eu ainda acho super constrangedor ela separar minhas calcinhas. Preciso conversar com ela sobre isso o mais rápido possível. Quando vou vestir as roupas me surpreendo com a regata branca minúscula e aquela calça de academia.



Eu vou malhar?



― Dulce? Já está pronta? – a porta do banheiro é aberta e eu olho para Anahí que está me olhando de cima a baixo. ― O que houve?



Respiro fundo e olho para as roupas em minhas mãos, mostro a ela que levanta os ombros e me questiona com o olhar.



― Onde nós vamos? Por que eu tenho que vestir isso? Nós vamos malhar ou algo assim? 



Anahí faz uma careta e me olha como se eu tivesse dito a maior idiotice do mundo. A olho da mesma forma e de repente seu rosto suaviza, ela inclina a cabeça para trás e diz alguma coisa.



― Às vezes eu esqueço que você não lembra de nada. – entorta a boca e suspira, ela se distrai e foca o olhar em minhas pernas. Meu rosto esquenta ao me dar conta que estou seminua na frente dela. ― Vou te levar pra conhecer a outra parte da sua vida. 



― Mama!



Ela olha para a porta e faz sinal de espera com sua mão, Eduarda deve estar ali a esperando.



― Se veste rápido antes que ela entre em desespero.



Diz e sai do banheiro, eu suspiro e me encosto na parede.  Não faço ideia de onde vamos, ainda mais eu tendo que estar vestida dessa forma. Só de pensar em fazer algum exercício físico eu já me sinto exausta. 



Ninguém merece.



(...)



Terminei de me vestir e fui me olhar no espelho. Até que essa roupa me deixa gostosa. Dou uma volta, duas e sorrio para mim mesma pelo meu reflexo. Meus cabelos estão presos em um firme rabo de cavalo, estou usando tênis de cano médio, bem confortáveis por sinal. Só não estou usando maquiagem, não me lembro se usava – embora seja provável que sim, mas na minha cabeça eu somente sei usar o lápis de olho e arrisco com delineador de vez em quando. Mas não faço a mínima ideia de onde estão as coisas nessa casa. Isso é uma merda. 





― Uau! – salto ao ouvir uma voz, olho para trás e encontro Anahí paralisada na porta do closet, me medindo de cima a baixo. Pare com isso! ― Gosto mais de você sem maquiagem mesmo. 



Acho que Anahí falou aquilo por impulso já que pressionou seus lábios e olhou para baixo sem jeito, sinto meu rosto começar a esquentar com aquilo. Nunca soube como reagir a elogios, sempre fico sem jeito ou então começo a rir igual uma louca. 



― Eu estou com cara de velha. 



Brinco para quebrar o clima estranho que ficou ali e me viro para o espelho outra vez, através dele vejo ela levantar o rosto e olhar para mim. Seus olhos estão azuis e brilhantes, ela abre um pequeno sorriso e nega com a cabeça. 



― Então você é a velha mais jovem e bonita que eu já vi. 



Ela diz e antes que eu possa me virar e rebater, minhas vistas ficam meio turvas, ouço ela me chamar e seguro nas bordas do espelho para não cair no chão. Sinto os braços de Anahí me segurar pela cintura e me amparar contra seu corpo, aquela frase dela ecoa na minha mente e outra vez me sinto ser puxada para algum tipo de universo paralelo. 



De novo não! 



Olho em volta e sei que estou no mesmo lugar, reconheço o closet. Mas ali está vazio, olho para os lados e ouço a porta ser aberta, logo eu, sim, eu adentro aquele local e em seguida Anahí também. Dou um passo para trás e fico observando a cena, é estranho. Me sinto como uma telespectadora de reality show. 



― Eu já disse milhares de vezes que você fica linda sem maquiagem, não sei porque você é tão paranoica com isso, amor.



Anahí diz e cruza os braços, apoiando o ombro na parede e olhando para mim, que estou em frente ao espelho vendo algo em meu rosto. Eu me viro para ela e bufo, sinto vontade de rir. É engraçado me ver irritada.



― Você só fala isso pra me agradar, eu fico horrível sem maquiagem, pare de mentir. – Anahí nega com a cabeça e eu bato o pé esquerdo no chão, fechando a cara. Sério que eu fico assim quando estou sendo teimosa? ― Eu fico com cara de velha acabada, olha minhas olheiras. 



Completo e volto a me olhar no espelho, Anahí descruza os braços e bate duas vezes no ar, simulando que está me dando palmadas na bunda. Que sem vergonha, fazendo esse tipo de coisa pelas minhas costas! 



Ela se aproxima de mim e segura em minha cintura, me aproximo delas para ver e ouvir melhor. Vejo que ainda estou com a cara fechada, Anahí sorri para mim através do espelho e minha expressão suaviza. Ela joga meus cabelos por cima do ombro esquerdo e dá um singelo beijo na minha nuca e outro na curva entre meu ombro e pescoço. Eu fecho os olhos e suspiro.



― Você é linda. – outro beijo. ― Maravilhosa. – mais um. ― Sem maquiagem você consegue ficar ainda mais bela, e se você se acha velha assim, então você é a velha mais jovem e bonita que eu já vi. 



Tudo fica escuro e sinto uma pressão em meu corpo, ouço a voz de Anahí e abro os olhos. Estou em seus braços, ela me olha apavorada e diz alguma coisa que não entendo. Balanço a cabeça e deixo que ela me ajude a ficar em pé corretamente.



― Está tudo bem? Está sentindo alguma coisa?



― Não, eu só... – aliso minha nuca e respiro fundo. Essa parada é muito sinistra. ― Está tudo bem. 



Minto e sorrio para ela, Anahi suspira aliviada e dá um passo para trás. Me sinto mais segura com ela distante, sua presença me deixa ainda mais nervosa do que já estou. Estou prestes a dizer algo quando uma pequena linda entra no closet e começa a falar e pular sem parar.



― Vamos logo, mamães, eu quero ir logo. 



Duda  quase implora ao pegar nossas mãos e sair nos puxando para fora do closet, olho para Anahí que apenas ri e deixa ser levada pela pequena. Antes de descermos as escadas, Anahí  solta a mão da Eduarda e a pega no colo, me obrigando a soltar a mãozinha dela quando ela a joga em seu ombro. Apenas olho para as duas, elas estão rindo um para a outra. Um sorriso involuntário surge em meus lábios.



― Para o alto...



― ... E avante! 



As duas gritam juntas e então Anahí desce a escada correndo, meu coração quase para e sinto vontade de repreendê-la por fazer isso, mas me calo. Embora tenha vontade de estapear essa louca sem noção, será que ela não sabe o quão perigoso é descer uma escada correndo? 



Maluca.



― Mamãe, seu casaco!



Eduarda vem até mim e entrega um grosso casaco preto. Sorrio para ela e pego o casaco, logo me visto e ela vai até a anahi para que ela a agasalhe. Fecho o zíper do meu casaco e prendo mais forte meu cabelo. Anahí também veste um casaco grosso, só que verde. Duda está usando uma touca rosa e vestida com uma jaqueta do Chicago Bulls, solto uma risadinha nasal, ela é fanático mesmo por basquete. Tem uma touca preta em cima da mesinha de canto, porém estou de olho na branca que Anahí está usando, é linda e do jeito que eu gosto. Eu adoro toucas beanies. 



― Eu fico com essa. 



Vou até ela e pego a touca de sua cabeça, Anahí me olha boquiaberta e eu sorrio para ela enquanto ajeito a touca em minha cabeça. Ela nega com a cabeça sorrindo, depois pega a touca preta que deveria ter sido minha e coloca em sua cabeça.



― Vamos?



Nos chama e eu aceno com a cabeça, ela nem precisa chamar a Duda duas vezes pois a pequena abre a porta e sai correndo quintal a fora. Estou curiosa demais para saber onde vamos e o porquê dessa animação toda da minha  pequena. Lá fora está bastante frio, a brisa que bate em meu corpo me faz estremecer um pouco.



― Anahí. – a chamo e ela me olha depois de destravar o carro para que Eduarda  entre nele. ― O lugar que nós vamos é tão legal assim para ela ficar animado desse jeito?



Aponto para dentro do carro onde Eduarda está sentado no banco do motorista e buzinando sem parar, Anahí gargalha e faz sinal para que a pequena espere. Eu nunca a vi assim, a não ser no dia do jogo de basquete.



― É legal sim, mas animação dela é por outra coisa.



Não gosto nada do sorrisinho que está em seus lábios. Por que está sorrindo assim, estrupício? 



― Que coisa? 



Questiono intrigada, Anahí umedece seus lábios pintados de vermelho e coloca as mãos no bolso do casaco.



― Você vai ver. 



Pisca e depois vai em direção a seu carro, continuo ali parada com milhares de interrogações na cabeça. Sinto que não irei gostar disso, meu sexto sentido está me alertando. 



Mais essa agora...



(...)



Anahí estaciona em frente a um alto prédio, olho para ela sem entender nada depois volto a olhar lá fora. Tem uma placa no alto, mas não consigo ler direito. O carro volta a se movimentar e Anahí vai em direção a um portão branco de ferro, ele se abre e posso ver um pátio de estacionamento, tem alguns carros estacionados ali.



― Anahí, onde nós estamos?



― Você vai saber já já.



Reviro os olhos e me jogo de costas no banco do carona, lá atrás Eduarda está ainda mais animado que antes. Olho para trás e a vejo ansiosa com o rosto colado no vidro, ela saltita sobre o banco e implora que Anahí pare logo o carro e abra a porta.   





― Antes de sair, mocinha. – Anahí inicia após estacionar o carro, solto meu cinto de segurança e ela faz o mesmo. Eduarda para de saltitar no banco para dar atenção a ela. ― Nada de ficar correndo lá em cima, ok? Não esqueça o que combinamos na semana passada.



― Eu prometo, mama. Nada de ir para o segundo andar. 



Olho para Anahí, ela gira o copo e sorri para Duda, estica a mão e faz aquele mesmo toque delas. Solta o cinto da pequena e volta a sua posição inicial, destrava a porta e em segundos Eduarda abre a porta, salta do carro e sai em disparada para dentro daquele lugar que não faço a mínima ideia de onde é, e o mais importa, o que aquele lugar é.



― Vamos?



Anahí me chama e sorri antes de abrir a porta, sai do carro e eu demoro alguns segundos para reagir. Finalmente saio do carro e sinto a brisa gelada bater contra meu corpo mais uma vez, ajeito melhor a touca em minha cabeça e fecho a porta, logo depois coloco as mãos nos bolsos do casaco. O tempo hoje só está bom para passar o dia inteiro debaixo das cobertas comendo besteiras e assistindo desenhos. 



― É, acho que sim...



Digo meio vagamente e Anahí apenas sorri de lado, faz sinal para que eu a acompanhe e eu passo por ela andando a sua frente, quando adentro aquele local começo a olhar em volta. Tem um enorme salão, um balcão próximo a porta de entrada na frente e bancos de espera. Me viro em busca de Anahí e quase escorrego no chão ao me assustar com ela tão próxima a mim.



― Srta. Portilla, fico feliz que já está se sentindo melhor. 



Uma morena vem até onde Anahí e eu estamos paradas, ela sorri amigavelmente em minha direção, olho para trás apenas para conferir se é comigo mesmo e concluo que sim, é comigo mesmo que ela está falando. Senhorita Portilla? Sério mesmo isso? 



― Eu...



― ... Oi, Selena, ela ainda não está completamente bem, tudo ainda é meio confuso. – Anahí me interrompe e toma a frente, suspiro quase aliviada, a forma que ela me chamou ainda está me incomodando. ― Eu trouxe ela hoje apenas para conhecer o lugar. – a morena franze o cenho e Anahí murmura algo para ela, sua expressão passa de confusa para triste e ela me olha com pena? O que? ― Vem, Candy. 



Anahí me chama e sem nem ao menos me despedir da tal Selena, passo por ela e acompanho Anahí. No caminho ela vai dizendo algumas coisas, comentando que ali existem várias classes de diversos tipos de artes. 



― Aqui é tipo uma escola?



Pergunto curiosa quando Anahí se cala por alguns minutos, estamos paradas em frente a uma extensa porta de vidro. Lá dentro algumas crianças estão correndo, pulando e dançando.



― É um centro cultural. 



Ela responde e mesmo sem querer eu abro um enorme sorriso. Lembro-me que desde pequena eu sonhava em ter um, estou feliz que Anahí me trouxe aqui. Será que nosso programa familiar dos sábados é visitar esse centro cultural? Se for – e eu espero que seja, não me importarei de acorda cedo todos os sábados. 



― Que fo*da. – comento sem perceber e quando me dou conta tapo minha boca, olho em volta para conferir se não tem nenhuma criança por perto, felizmente não tem. Anahí ri. ― De quem é esse espaço?



Questiono realmente interessada, Anahí espalma as mãos na porta a sua frente e me olha por cima do ombro, ela sorri e eu faço uma careta.



― Como de quem é? – ela empurra a porta e adentra a sala. ― É seu, ora essa. 



Aponta em direção a uma parede e eu acompanho com o olhar, meus olhos não acreditam ao ver escrito na placa "Escola de Artes Savinon-Portilla" 



Meu queixo cai e hesitante eu adentro a mesma sala que Anahí, as crianças que estão ali ficam agitadas com a presença dela e algumas correm em sua direção. Meus olhos estão úmidos, esse lugar é meu, eu consegui realizar um dos meus sonhos da adolescência. Estou incrédula, tento assimilar que aquilo é mesmo verdade. Olho em volta ainda meio abobada, sinto alguém puxar a barra do meu casaco para baixo. 





― Tia Dulce. 



Tem uma pequena garotinha em pé ao meu lado, seus olhos castanhos brilham ao me ver enquanto ela acena freneticamente. Abro um enorme sorriso e faço carinho em seu rostinho.



― Ei mocinha linda.



A cumprimento e ela manda um beijo no ar antes de se virar e correr em direção a Anahí, que agora está caída no chão enquanto é atacada por cócegas dos pequenos. É impossível não rir daquela imagem, Anahí parece se dar bem com crianças instantaneamente, agora sei porque ela é uma ótima mãe. Aparentemente. Dois garotinhos vem até onde estou e seguram minhas mãos, eles também me chamam de tia Dulce e me incentivam a me juntar a eles na "guerra" de cócegas em Anahí. 



Por que não?



Concordei com os dois e fui correndo até onde Anahí estava, me enfiei da melhor forma que consegui entre os pequenos e começamos então a atacar Anahí com cócegas. 



(...)



Depois da sessão de cócegas em Anahí, ela conseguiu escapar e ficar de pé e começou a correr atrás das crianças, brincando de pega pega. Eu não conseguia parar de rir, aquela Anahí era bem espontânea. Parece outra pessoa olhando assim, alguém super amigável e suportável.



Mas ela é outra pessoa, Dulce María. Eu sei que ela não é mais aquela mesma imbecil prepotente do ensino médio, mas é tão estranho ver essa Anahí adulta responsável quando eu só consigo me lembrar dela como uma adolescente estúpida e inconsequente. 



O quão estranho é tudo isso?



― Anahí. – me aproximo dela, que está sentada próximo a porta com as mãos apoiadas no chão e a cabeça erguida enquanto recupera seu fôlego. Ela olha para mim e balança suas sobrancelhas. ― Cadê a Duda?



Pergunto e olho em volta, não encontrando sinal algum dela. Estou sentindo saudades da minha pequenina,  desde que chegamos aqui ela sumiu. Anahí fica sentada corretamente, estica as costas e pigarreia.



― Deve estar na sala de artes com o Daniel.



― Quem é esse? 



Anahí sorri com os lábios quase totalmente fechados e me olha de soslaio. Usa os joelhos como apoio e fica de pé, continuo agachada no chão olhando para ela sem entender nada.



― Vamos lá que eu te reapresento ela.



Estende as mãos para mim e eu prontamente as seguro, Anahí me puxa para cima e se afasta um pouco, mas sua mão continua na minha cintura. Sorrio amarelo para ela e com delicadeza retiro sua mão de mim, ela entorta a boca e suspira, desviando o olhar. Se despede das crianças que lamentam e imploram que ela volte ali depois, sorrio para eles aceno rapidamente antes de seguir Anahí para fora. 



Passamos por umas salas que estão com as portas fechadas, apenas uma quase no final do corredor que está aberta. Anahí para em frente a ela e aponta com a cabeça, eu aceno e entro junto dela na sala. Tem mais crianças aqui, mas também tem adultos, três mulheres. Elas estão auxiliando os pequenos com desenhos? Pelo menos é o que parece.



― Cadê ela?



Anahí o busca com o olhar e quando o acha, olha para mim e discretamente aponta para o final da sala. Dou um passo para o lado e tenho uma melhor visão da minha pequena ao lado de um garotinho loiro. Eles estão sorrindo e rabiscando algo juntos em uma folha. Fecho a cara na hora, não estou gostando disso. Quero dizer... Ela realmente saiu correndo mais cedo daquela forma, estava toda ansiosa e sumiu sem me dizer nada para ficar aqui com esse garoto? Sério?! 



― Incrível. – a voz e risada de Anahí me fazem desviar o olhar deles e focar nela. Ela está sorrindo e negando com a cabeça, levanto a sobrancelha curiosa. ― Mesmo não lembrando de nada você continua olhando assim para o Dani.



― Assim como? – pergunto por impulso.



― Com esse olhar de "saí de perto da minha filha seu pequeno usurpador", ciumenta toda vida. 



E continuou rindo. Eu não estou nada com esse olhar, só quero entender o que esse garotinho tem de tão legal assim para ela largar as próprias mães e ficar enfiada aqui nessa sala grudada nele. Por Deus! Eu estou com ciúme de uma criança. 



Mas que se dane, ela é minha filha, não é mesmo? Será que é tão errado eu querer a atenção dela só pra mim? 



― Eu não estou com ciúme, só queria que ela ficasse com a gente.



Resmungo e Anahí acaba por rir alto demais chamando a atenção das professoras e dos alunos. Eles nos olham e eu coro sem jeito com tantas pessoas me olhando. Uma das mulheres se levanta toda sorridente, até demais, e caminha em nossa direção.



― Srta. Portilla. – me cumprimenta e estende a mão, com a mandíbula trava eu aperto a mão dela com firmeza, que sorri sem jeito. ― Anahí.



E abre um sorriso maior ainda quando olhar para... Espera ai! Anahí? Por que eu sou a "Srta. Portilla" e ela é apenas a Anahí?! 



Estou indignada, olho para Anahí que parece uma estátua humana. Ela me olha e sorri amarelo, semicerro os olhos e ela desvia o olhar. 



― Oi, professora Emma. 



Sinto vontade de perguntar porque raios todo mundo me chama de Srta. Portilla nesse lugar, eu não quero minha pessoa ligada a esse sobrenome, mesmo que esteja na minha certidão agora. Quer dizer, deve estar, não deve? Afinal até onde sei Anahí e eu nos casamos de todas as maneiras possíveis.



― Mamãe. – Eduarda agarra minha perna direita e eu automaticamente sorrio, olho para baixo me deparando com seus brilhantes olhos acinzentados. ― Vamos dançar na chuva?



― Que? 



― Oh, não filha, hoje sua mãe não vai poder dançar na chuva. – olho para Anahí sem entender e ela apenas sussurra que depois me explica. Espero que explique mesmo. ― Vamos comer alguma coisa?



― Sim!



Ela grita e me solta, para logo depois correr para Anahí, que abaixa e a pega no colo. Duda agarra o pescoço dela e prende suas pernas em volta do corpo de Anahí, sorrio com a imagem. Eu costumava dar esse coala hug nos meus pais quando era pequena. 



― Está com fome? 



― Muita. 



Confesso e Anahí sorri, me chama e saímos juntas daquela sala. Mas quando estamos no corredor, Anahí pede para eu esperar e entra na sala de novo, voltando segundos depois com aquele garotinho que rouba minha filha de mim. Olho para ela fuzilando-a com o olhar, ela apenas dá de ombros e aponta para Eduarda que outra vez está toda animadinha com a presença do tal Daniel .



Mereço.



(...)



Depois de comermos alguma coisa, Anahí leva o Daniel de volta para a sala de artes e me avisa que podemos ir embora. Não queria ter que ir agora, ainda quero conhecer o outro andar, saber quem trabalha ali e quem estuda também. Estou tão feliz e animada por saber que aquele lugar é meu. 



― Ela dorme bastante, né? 



Já estamos dentro do carro, termino de prender meu cinto de segurança e Anahí faz o mesmo.





― Dorme sim, igual você. 



Ela comenta sorrindo, liga o carro e dá a ré. Sorrio e continuo olhando para a pequena encolhida no banco detrás. Sua feição é tão tranquila e ela tem um resquício de sorriso em seu rosto.



― Anahí quem é aquele garotinho?



― Daniel? – murmuro em concordância. ― É amigo da Duda. 



― Eles são um grude.



Resmungo cruzando os braços, Anahí gargalha e estala a língua depois. Já estamos na estrada, olho através da janela observando as pessoas do lado de fora morrendo de frio.



― Eles são crianças, Candy.



― E daí? – me viro para ela de novo, Anahí está concentrada na estrada porém não para de rir. ― Ela nos largou pra ficar com ele.



― Ela sempre fez isso desde que começou a falar com  Dani.



Deu de ombros como se não fosse nada demais, como ela podia ficar tão de boa em relação a isso?



― Você não entende.



Me encolho no banco com um bico enorme nos lábios, Anahí para em um semáforo e vira de lado para me olhar.



― Entendo sim, você está com ciúme. – conclui convicta e eu reviro os olhos. ― Mas relaxa, Candy, eles são só crianças e são amigos. Não é como se ela fosse fugir com o Dani para a China e sumisse de você. 



Brinca e eu acabo soltando uma risadinha. Acho que talvez esteja exagerando, meu corpo relaxa e eu me sento corretamente no banco. Mas algo me incomoda. Coço a nuca nervosa, aliso a região e olho para Anahí que está bem focada na rua a frente.



― Você acha que quando ela ficar mais velha ela vai arrumar um namoradinho e fugir para outro país? 



Anahí me olha uma, duas, três vezes tentando confirmar se o que estou falando é sério. E é bem sério.



― Dulce... Por Deus, ela só tem cinco anos de idade. 



Volto a fechar a cara e cruzo os braços de novo. E daí que ela é nova? Como vou saber que no futuro ela não vai fugir para outro país e ficar longe de mim?



Eu não quero ficar longe da minha pequenina. 



(...)



Chegamos em casa e Anahí foi colocar Eduarda na cama, me sento no sofá para esperar ela. Sei que temos que conversar, e quero fazer isso antes da consulta de terça. Minutos depois ouço Anahi descer as escadas, puxo os pés para cima e os coloco no sofá, ela joga algo no meu colo e vejo que é um cobertor. Eu estava mesmo com frio. 



― Queria falar comigo?



Ela se pronuncia ao sentar próxima a mim, abro o cobertor e jogo por cima das minhas pernas, me ajeito no sofá e sento de frente para ela, com as costas apoiada no braço do sofá.



― Quero te perguntar algumas coisas. 



― Tudo bem.



Ela concorda e senta da mesma forma que estou, mas ao invés de esticar as pernas ela apenas as cruza, sentando em forma de índio. Respiro fundo enquanto penso no que perguntar a ela.



― Você trabalha em que?



Ela parece surpresa com minha pergunta, eu mantenho minha expressão tranquila. Anahí ajeita o capuz e as mangas de seu moletom preto e umedece os lábios.



― Eu tenho um estúdio de fotografia.



Fico surpresa com sua resposta, tudo bem que já sabia que ela gostava de fotografar, aliás todos na escola sabiam disso já que ela vivia levando sua polaroid para Anahi gostava de fotografar paisagens e pessoas distraídas. Eu era um de seus maiores alvos e isso me irritava na época. 





― Sério?



― Muito.



Pressiono os lábios, mesmo sabendo de seu amor por fotografia jamais imaginei que ela cresceria e abriria um estúdio, seus pais sempre quiseram que ela e Ucher seguissem seus passos e virassem advogados.



― Jurava que você era advogada.



Confesso e ela solta uma risada nasal.



― Não, somente Ucher seguiu os passos dos nossos pais.



Dá de ombros e sorri de lado. Sinto vontade de perguntar sobre os pais delas, ela nunca fala deles e me lembro bem do quão grudada ela era com eles quando mais nova. Apenas me calo, deixarei para perguntar sobre eles em outra ocasião.



― Nós ganhamos tão bem assim para termos essa casa e aqueles carros na garagem?



― Ganhamos bem sim. – ela se remexe sobre o sofá e olha para o lado. ― Mas nossa renda não vem somente de nossos empregos.



Oh meu Deus! Eu sabia que ela tinha envolvimento com alguma coisa errada. 



― E-e do que mais? 



Não posso evitar gaguejar, Anahi me olha confusa por ver minha reação e com certeza nota o quão nervosa estou.



― Está sentindo alguma coisa? – nego com a cabeça e ela continua me olhando meio torto, não acreditando realmente na minha palavra. ― Eu tenho algumas casas alugadas em Miami e quiosques na praia também. E você além do seu salário também ganha uma renda vinda da empresa dos seus pais, você, claudia e Roberta  na verdade. 



― Oh... 



É única coisa que sai da minha boca. Anahí continua me olhando e esperando que eu pergunte mais alguma coisa, mas eu não penso em nada no momento.



― Era só isso?



― Não, eu... Você disse que eu tenho aquela escola de artes, certo? – ela acena com a cabeça. ― Eu sou somente a dona de lá ou...



― Você dá aulas também, de dança. 



― Sério?



― Muito. – ela concorda rapidamente e sorri largo. Certo, eu sou uma pequena empresária e professora de dança também. ― Você é uma excelente dançarina. 



Ela completa e não posso evitar meu sorriso orgulhoso, e até convencido. Tirando algumas coisas minha vida parece ser ótima, ainda quero conhecer mais sobre mim, sobre minha rotina corretamente e sobre ela...



― Você costuma me ver dançando? 



Minhas bochechas esquentam porque na verdade eu pensei outra coisa diferente que essa pergunta, eu quero saber se eu já dancei para ela alguma vez. Anahí abaixo o olhar e sorri daquela mesma forma que naquele vídeo que eu vi alguns dias atrás... Oh não. 



― Bastante. – encolho as pernas, estou sem jeito. ― Aliás eu adoro sua flexibilidade.



― O que? 



Pergunto apenas para confirmar se ela disse o que eu acho que ela disse.anahi  arregala os olhos, acho que falou aquilo por impulso, agora é ela que está sem jeito. 



― Nada não... Quer assistir algum filme? 



(...)



O fim de semana passou rápido, ficamos as três jogadas na cama assistindo desenhos e comendo diversas besteiras. Não sei se era tão saudável Eduarda comer tantas coisas não saudáveis, mas Anahi não pareceu se preocupar tanto, embora ela seja meio irresponsável no quesito alimentação dela já que vive a levando em lanchonetes depois da escola. Eu sei porque ela me conta. 





Segunda-feira foi um tédio maior ainda, Anahi e Eduarda passam o dia todo fora praticamente durante a semana, e segundo Anahi minha semana não tem nada de especial. Ela diz que eu gosto de ir no centro cultural e passar o dia lá, ou então visitar algum de nossos amigos. Basicamente: eu não faço nada. Quer dizer, eu trabalho nas quartas e sábados quando eu costumo dar aulas de dança, assim como Anahi me informou. Confesso que fiquei um pouco decepcionada comigo mesma, eu nunca achei que ficaria tão atoa na vida, mas pelo menos um sonho eu realizei. 



Acordamos cedo, dessa vez quem acordou primeiro e fez o café da manhã foi eu. Estou nervosa, mas não tanto quanto Anahi, ela parece que vai explodir a qualquer momento. Nem ir ao trabalho ela irá hoje, mas disso que já sabia, ela quer saber qual será o resultado dos exames e se eu irei me lembrar de alguma coisa.



― Vamos? Está na hora.



Anahí aparece na cozinha onde estou terminando de secar as louças sujas e me chama, apenas concordo com a cabeça e seco as mãos no pano de prato. Me viro para Anahi que está com um ombro apoiado no batente do arco que tem na cozinha. Ela sorri, embora seu sorriso não chegue até seus olhos, esses que estão ainda mais apagados que nos dias anteriores. Não conheço ela muito bem, mas já sei quando ela não está legal, e definitivamente ela não estava.



― Vamos.



Fecho o zíper da jaqueta preta que estou vestindo e a acompanho até a saída, ela está calada, desde manhã está assim. Incrivelmente temos nos dado bem ultimamente, embora eu ainda não goste dela, apenas estou suportando-a. Mas já é tão ruim quanto antes, estou evitando ao máximo ser grossa com ela. 



O caminho para o hospital foi bastante silencioso, Anahí ligou o rádio para que o silêncio não fosse tão melancólico quanto estava. Não olhei para ela em momento algum, mas senti seus olhares em mim. Quando chegamos no hospital, ela estacionou o carro e saiu rapidamente, suspirei e fiz o mesmo. Ao longe vi meus pais nos esperando na entrada lateral do hospital. 



― Filha.



Papai diz antes de me envolver em seus abraços, agarro sua cintura e escondo meu rosto em seu peito. Estou com medo, tanto medo que meus olhos se enchem de lágrima. Meu pai beija minha cabeça e eu me afasto dele, depois abraço minha mãe e eles nos avisam que Dr. Charlie já está nos esperando. 



Respiro fundo e olho para cima. Espero que dê tudo certo. 



Estamos na sala do Dr. Charlie, ele nos cumprimenta e pede para nos acomodarmos. Sento ao lado de meu pai e Anahí ao lado de minha mãe, olho para papai e ele sorri confiante enquanto afaga meu ombro. Vai dar tudo certo. 



― Então, Dulce, como anda sendo sua rotina de mãe e esposa? 



Ele pergunta simpático, me olha e sorri de maneira acolhedora, de alguma forma me sinto mais relaxada. Ele não está tenso, espero que tenha boas notícias.



― Eu ainda não me acostumei. – confesso e ele me olha com atenção. ― É tudo muito estranho para mim, não consigo me ver totalmente como mãe. – me lembro da pequena Eduarda e sorrio ao visualizar seu rosto. ― Mas eu me dou bem com a minha filha, ela é uma menina adorável.



― E com sua esposa? – meu corpo enrijece e eu arregalo brevemente os olhos, sinto meu pai pressionar com um pouco de força meu ombro onde sua mão repousa. Dr. Charlie percebe minha tensão e lança um breve olhar para Anahí. ― Tudo bem, você ainda está bastante confusa.



Aceno e ele sorri concordando com a cabeça, ele pega um envelope branco e o abre. Vejo sua boca movimentando-se, mas não consigo ouvir nada, meus olhos estão focados no envelope em suas mãos.



― E então, Dr. Charlie? 



O Dr. está com as sobrancelhas juntas, ele lê e relê várias e várias vezes as folhas em suas mãos.



― Seus exames estão todos excelentes. – ele fala e meu rosto se contorce em confusão. Se tudo está bem então porque eu não lembro de nada? ― Oh...



― O que?



É meu pai que pergunta, Dr. Charlie desvia o olhar das folhas e olha para todos nós, então seu olhar para em meu pai.



― Eu  vou explicar da melhor forma possível para que vocês entendam. ― ele diz e todos nós assentimos. ― Sres. Savinon e Srtas. Portilla, o caso de amnesia da Dulce é um caso raro, o trauma dela não foi causado por nenhuma pancada ou lesão, foi causado por estresse. – ele olhou diretamente para mim. ― Você sofreu um choque causado por estresse, seu cérebro se fechou e apagou metade da sua vida. 



Papai solta meu ombro e pelo canto do olho o vejo passar as mãos no rosto. Engulo seco e abaixo a cabeça. Ouço minha mãe perguntar algo ao Dr. porém estou muito ocupada tentando assimilar como algo assim pode ter acontecido justo comigo.



― Eu vou recuperar minha memória?



Minha voz sai alta, mas vacilante, estou tremendo um pouco. Apavorada, é assim que me sinto. Estou com medo de nunca conseguir lembrar de momentos importantes, tais como o nascimento de Eduarda e da época em que estava grávida dela. Sinto vontade de chorar, eu quero me lembrar disso, não é justo que eu não consiga. 



― Olha, Dulce, o seu caso é bem raro... 



― ... Eu vou ou não conseguir recuperar a memória?!



Interrompo ele e levanto o rosto, olhando bem em seus olhos. Dr. Charlie solta o ar de seus pulmões e bate o polegar contra a mesa, alisa a nuca e umedece os lábios.



― É possível que você consiga recuperar toda sua memória, ou pelo menos boa parte dela.



Ele diz e me sinto um pouco mais tranquila, porém ainda assim apavorada.



― Como ela poderá fazer isso?



Minha mãe pergunta, continuo olhando para o Dr.



― Existem tratamentos para esse tipo de caso, mas o aconselhável é que ela continue vivendo sua rotina, ver fotos, vídeos ou até mesmo ler diários pode ser de bastante ajuda para que faça ela ter flashes de memória. 



Então me lembrei daqueles sonhos estranhos, seriam esses os tais flashes de memória?



Meus pais e o Dr. Charlie continuam conversando. Respiro devagar, minha mente está meio confusa, porém estou confiante. Existem tratamentos, eu posso lembrar das coisas, isso é perfeito. Abro um enorme sorriso, agora sim, eu tinha certeza que tudo daria certo.



― E qual a probabilidade dela não lembrar de nada?



E então essa pergunta me trouxe de volta a realidade e me deixou receosa outra vez. Dr. Charlie apoia os cotovelos na mesa e coloca o queixo sobre suas mãos.



― São altas.



Sua resposta é quase como um soco no estômago, me sinto levemente enjoada. Acho que meu estômago não funciona legal quando eu fico com medo. 



― A-altas?



― Sim.



― Quanto? Altas quanto?



Minha voz é quase desesperada.



― Eu vou ser bem direto, Dulce, suas chances de nunca se lembrar de nada são de oitenta por cento. 



Então tudo em volta de mim desaba, a pequena esperança que eu tinha cai em queda livre direto para o fundo do poço. Dr. Charlie me olha penalizado, não consigo ter nenhuma outra reação a não ser a de ficar parada o olhando sem acreditar. 



Eu posso voltar a lembrar de tudo, mas é mais provável que eu não lembre de nada. E agora? 



Não irei lembrar de nada. Nenhuma data importante, nem de como tudo aconteceu na minha vida. 



Estou tão desesperada pensando no que eu jamais lembrarei, até que um soluço alto me traz de volta a realidade. Meu coração aperta no peito ao olhar para o lado e ver Anahí quase debruçada sobre a mesa, seu corpo treme com violência enquanto seus soluços fortes são ouvidos, ela chora com tanta força e dor que sinto-me rasgar ao vê-la daquela forma. Era a primeira vez que a via chorar dessa forma, não pensei que doeria tanto vê-la assim. Minha mãe tenta acalma-la e acaricia suas costas, mas nada adianta, ela continua ali, se acabando em lágrimas. 



Fecho os olhos, não quero ver ela dessa forma. Seu choro compulsivo ainda me incomoda, sinto vontade de levantar e coloca-la no colo da mesma forma que ela fez comigo quando eu chorei alguns dias atrás. Mas não consigo, meu corpo simplesmente não reage. 



Ela me ama, me ama tanto ao ponto de sofrer o inferno porque eu nunca lembrar de ama-la. Eu significo tanto para ela, e mesmo sem entender estou sofrendo porque eu vejo diariamente o quanto ela sofre por mim. 



Então pela primeira vez nesses dez dias eu desejo com todas forças poder me lembrar de tudo. 



Desejo conseguir me lembrar dela, lembrar de nós.




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Por Dulce Na saída do hospital caminhei ao lado de papai em silêncio total, ainda estou tentando digerir e entender tudo o que o Dr. Charlie me disse. Não é fácil saber que você pode nunca lembrar de metade da sua vida. Anahí e minha mãe estão a nossa frente, elas conversam baixo uma com a outra, quer dizer, m ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 112



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  • aline_andreza Postado em 31/01/2023 - 01:59:34

    Eitaa

  • tryciarg89 Postado em 20/09/2022 - 17:43:42

    Simplesmente perfeita essa fic,ameiiii

  • aleayd Postado em 08/09/2021 - 21:48:50

    Tenho uma grande paixão por essa fic. Foi simplesmente perfeita. Já li e reli tantas vezes que perdi as contas kkkk

  • Kakimoto Postado em 28/08/2017 - 21:28:13

    AAAAAAAA, Vou sentir sddss, amo tanto essa ficc <3 <3 <3. Ai, elas são mt fofas veii, amo mt mt

  • siempreportinon Postado em 25/08/2017 - 18:47:39

    Amei do início ao fim, viciante! Espero que escreva muitas outras Portinon, acompanharei todas kkkk Parabéns e continue a nos presentear com histórias maravilhosas!!!

  • belvondy Postado em 25/08/2017 - 12:28:38

    Muito top a Web,você já postou outras website portinon?se sim quero saber quais!....postaais webs!

  • Postado em 24/08/2017 - 00:43:09

    Meu Deus olha a hora e aqui comentando rs,Deus do céu Emilly que história maravilhosa que linda, foi,foi,nossa nem consigo descrever oque eu tô sentindo sei que apenas uma história mas me envolvi tanto lendo acho que com todos que leram aconteceu o mesmo,eu chorei de emoção foi lindo de verdade, como muita coisa aconteceu eu não vou conseguir falar de tudo nesse comentário mas saiba que eu amei,muito obg por ter nos dado o privilegio de conhecer essa história, foi uma adaptação espetacular aiiiiii meu Deus eu amei demais,fiquei triste que acabou mas tudo que é bom dura pouco ne,amei elas duas com os filhos,Benjamim, Duda os netos ai foi tudo lindo ameiii, bjs querida! !!

    • Gabiih Postado em 24/08/2017 - 00:45:07

      Meu nome não apareceu trágico kkkk,amei linda bjs

  • ester_cardoso Postado em 23/08/2017 - 19:35:17

    Ahhhhh não acredito que acabou, uma das melhores fanfics que já li. Ameiiiii muito a história, foi perfeita. Amei o casamento delas, o nascimento do Benjamin, as lembranças, os filhos da Duda, o Ben namorando a Demi, e com certeza meu amor maior ver elas juntas e felizes com uma família linda e maravilhosa. E pra mim esse amor é eterno, mesmo que seja fictício, mesmo q não seja real, é muito bom ter uma historia com q se envolver e apaixonar. Obrigado gatinha por proporcionar essa história maravicherry para gente, vc é demais sério. Porque além de nos dar a oportunidade de ler fics perfeitas, vc se envolve com as leitoras de uma forma q ganha o nosso coração. Um enorme beijo pra ti e obrigado por tudo mesmo, Te amo bebê <3

    • Emily Fernandes Postado em 23/08/2017 - 19:58:32

      Sim minha linda, acabou e você não sabe como eu estou triste por isso. Mas satisfeita por saber que a história agradou muito. Confesso que fiquei meia na dúvida em adaptar a história, Pois achei que não ia conseguir mas... O resultado foi bom, acho que mesmo Portinon só existindo em nosso mundo, creio que o amor e amizade que ambas sente uma pela outra, Mesmo que com menos intensidade que na época do RBD, o carinho continua o mesmo. Já vale a pena sonhar com esse trauma que além de tudo e vida e superação. Enfim muito obrigada mesmo... Eu adoro mesmo vocês. Fazer o que!!! vocês são simplesmente :MARAVILHOSAS. Amo todas e tenho um carinho.sem igual por cada uma que se prende os poucos minutos lendo as histórias que posto. Enfim gata. Te amo de coração...

  • laine Postado em 23/08/2017 - 14:53:22

    Muito bom, foi perfeito Que pena que acabou &#128550;

    • Emily Fernandes Postado em 23/08/2017 - 19:42:29

      Sim a fic é maravilhosa, mesmo eu mudando algumas coisa. O foco foi o mesmo da história verdadeira. Que bom que te prendeu assim como me prendeu. E bem infelizmente tudo que é bom tem um fim. Né Mas beijos e até a próxima.

  • Gabiih Postado em 21/08/2017 - 20:29:55

    ai eu estou amandooooo,muito essa história o amor delas é tão lindo,tão magico,tao cativante tão forte,acho que deve ser coisas de vidas passadas eu acredito nessas coisas sabe rs,mas eu espero que esse procedimento novoi de certo,annie quer tanto um filho as duas querem na verdade,e ela merecem,adorei os momentos hoy delas,duas pervertidas kkk adoro posta mais linda,desculpe a comenta mas aqui estou e ansiosa para novos capítulos posta mais!&quot;!!

    • Emily Fernandes Postado em 21/08/2017 - 20:59:27

      Eu também creio em vidas passadas. Acho que o nosso mundo é além do que vemos. E estamos predestinados a o nosso amor. Eu sei, sou uma tola apaixonada. E sonho com isso. Sorte de quem encontra um amor assim....


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