Fanfics Brasil - Capitulo 12 Amnésia (ayd adaptada) finalizada

Fanfic: Amnésia (ayd adaptada) finalizada | Tema: Portinon


Capítulo: Capitulo 12

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Por Dulce





Na saída do hospital caminhei ao lado de papai em silêncio total, ainda estou tentando digerir e entender tudo o que o Dr. Charlie me disse. Não é fácil saber que você pode nunca lembrar de metade da sua vida. Anahí e minha mãe estão a nossa frente, elas conversam baixo uma com a outra, quer dizer, minha mãe está falando e anahi apenas a ouve. 



É muito curioso ver as duas dessa forma, parecem tão intimas, como grandes amigas de anos. Me pergunto em qual momento Anahi conseguiu a proeza de conquistar minha mãe dessa forma, eu consigo me lembrar bem do quão protetora ela era na minha adolescência em relação as garotas que tentavam se aproximar de mim para terem um relacionamento. E agora dona Blanca parece amar Anahi de uma forma tão verdadeira. 



Como se fossem mãe e filha.



— Dul. — Papai me chamou antes de nos despedirmos. Olho para ele esperando que continue. — Pelo menos hoje, por favor, tente ser mais amigável com sua esposa.



Sinto vontade de fazer uma careta pela forma que ele se referiu a ela, mas ainda estou atordoada demais com as notícias de hoje para ter alguma objeção. Sorrio para meu pai e o abraço. 



— Eu prometo que me esforçarei. 



Digo em seu ouvido e o ouço suspirar, alisando a base de minhas costas. Ele me aperta mais contra si e deposita um beijo no topo de minha cabeça.



— Vai dar tudo certo, princesa. 



Ele tenta soar confiante, embora sua expressão facial entregue o quão receoso ele está. Abro um sorriso amarelo e apenas aceno com a cabeça. 



Espero mesmo que dê tudo certo, papai... E como espero. 



(...)



Anahí passou o caminho inteiro calada,  em frente à casa que dividimos e eu estou esperando que ela diga algo ou que ao menos destrave as portas logo. Ela respira fundo, suas mãos apertam o volante com força. Entorto os lábios, minhas mãos inquietas em meu colo, não sei o que dizer, muito menos se devo dizer algo ou apenas fique calada.



— Está com fome? — Sua pergunta me pega desprevenida, Anahi olha para mim e sorri. Olhos tristes e apagados, ela está forçando o sorriso. Já consigo identificar algumas coisas. — Posso ir buscar algo se quiser. 



Sugere e então paro para pensar, não estou com tanta fome assim, porém acho que ela só precisa de uma desculpa para dar uma volta e espairecer as coisas. Eu sei que temos comida em casa.



— Sim.



— Pizza e cupcakes.



Ela não perguntou, pareceu mais uma afirmação. Estou meio boquiaberta por ela já saber o que eu iria pedir. Bem, ela é sua esposa, Dulce, óbvio que te conhece. Eu queria a conhecer um pouco mais também, saber suas vontades e gostos, coisas assim. 



Sem dizer mais nada, solto meu cinto e abro a porta, olho para Anahi e esboço um sorriso antes de finalmente sair do carro e fechar a porta. Lá dentro vejo ela acenar para mim e então o carro é ligado outra vez. Vejo-o sumir na esquina e solto um longo suspiro.



Então vamos lá né, viver minha vida. 



Ou tentar. 



30 minutos depois e ela ainda não voltou, não que eu esteja controlando o tempo que ela fica na rua, mas confesso que estou preocupada. Anahí nunca foi uma pessoa muito instável, nunca soube lidar com suas emoções e isso é uma coisa que não parece ter mudado com o passar dos anos. Tenho receio de que ela faça algo errado ou que aconteça algo a ela. Ando de um lado para o outro na sala, vejo meu celular em cima da mesinha de centro e vou até ele o pegar. Acendo a tela e logo vejo uma mensagem, mensagem dela. 



"Candy desculpe não poder voltar agora, Ucher me ligou e pediu que eu o encontrasse, mas irei levar sua pizza e seus cupcakes mais tarde"



Me sinto chateada com isso, e com raiva, raiva por estar aqui esperando ela e preocupada enquanto a imbecil está com o irmão. Poderia pelo menos ter ligado. Mantenha a calma, Dulce. 



O que fazer agora? 



Me sento no sofá com o celular em minhas mãos, não faço ideia do que irei fazer agora, com Anahi por aqui eu teria uma companhia pelo menos. Olho para a tela da televisão desligada, suspiro e rodo o aparelho em minhas mãos. Decido desbloquear ele, não tenho nada melhor para fazer mesmo. 



Já me sinto mais familiarizada com a alta tecnologia desse celular, os de antigamente eram menos complicados para mexer, mas não tinham tantas possibilidades quanto os de hoje em dia. E eles parecem maiores também, e finos, mas isso é bom. Eu gosto pelo menos.



O que eu vou olhar mesmo? A galeria, sim! 



Clico na galeria de fotos e vejo diferentes pastas espalhadas por ali. Clico na primeira, são fotos só minhas. 





Nessa eu estou gata. 



Opa, nessa aqui também. 



Pu*ta merda! Que maravilhosa,  Dulce María. 



— Os anos me fizeram bem. 



Acabei comentando alto sem perceber, continuei vendo minhas fotos e se possível consegui me amar um pouco mais. Era como se eu não pudesse controlar, minha autoestima estava no máximo sempre, assim como meu egocentrismo. 



Deve ter sido algo que eu adquiri com o tempo, até porque me casei com uma mulher assim. Antigamente se tinha uma coisa que Anahi tinha de sobra era seu ego, nossa! Era irritante.



Abro a segunda pasta e me derreto ao ver que são fotos da minha Duda. 



Ela fantasiada  de coelhinha. Sorri com a imagem.



Vestida de motoqueira, ao seu lado está Ucher vestido da mesma forma e anahi do outro lado também toda de couro. 



Acabo rindo dessa foto. 



Em outra Eduarda está de olhos fechados, sua língua presa entre seus dentes e Anahi e eu estamos beijando sua bochecha. 



Sorrio com isso, ela é tão parecido comigo. 



Na próxima Eduarda está deitado em cima de Anahi, as duas estão numa das poltronas aqui da sala e parecem dormir profundamente, suas mãos estão entrelaçadas. 



Continuei vendo as fotos que tinha ali e cada vez mais me sentia mais apaixonada por Eduarda.



Vi uma pasta com fotos minhas e das meninas, tinha algumas pessoas que eu não fazia ideia de quem eram também. E por último, mas não menos importante, uma pasta isolada me chamou a atenção. Diferente das outras essa tinha nome "Mi suerte", o mesmo nome de contato que Anahi tem no meu celular. 



Ver ou não ver? 



Estou dividida, não tenho certeza se quero ver essas fotos. Me sinto ansiosa e curiosa, sinto vontade de simplesmente abrir a pasta e olhar todas as fotos. 



Mas me falta coragem.



Vamos lá, Dulce! Você sabe que não vai sossegar até ver essas fotos. 



Respiro fundo, 5 segundos de coragem, clico na pasta e então clico na primeira foto.



Não tem nada de especial, apenas estou sentada ao lado de Anahi no que parece ser uma praia e estamos sorrindo. 



Na foto seguinte eu estou com os braços envoltos no pescoço dela, meu rosto está escondido em seu pescoço e ela sorri largamente para a câmera. 



Na terceira Anahi está sozinha, deitada na cama e concentrada em seu livro. 





Nota mental: Anahi fica sexy com óculos de leitura. 



Mas o que?! 



Surpreendo-me com esse tipo de pensamento, eu com certeza não deveria estar pensando essas coisas. 



Então chega as fotos que eu tanto temia que tivesse. Nessa agora Anahí e eu estamos nos beijando, ela está por cima e nós parecemos estar apenas de lingerie. 



Quem bateu essa foto?! É tudo que consigo pensar. 



E as fotos seguintes são praticamente as mesmas: nós duas nos beijando, tinha uma que estávamos no banho juntas. 



Ainda estou corada por conta dessa foto. Quero parar de vê-las, mas minha curiosidade é maior. Estou tão concentrada na tela do celular que de repente me assusto e deixo cair o aparelho no chão. 



Não pode ser. 



Não, de forma alguma. 



Não, não, não. 



Repito mentalmente ao pegar o celular de novo, ainda incrédula viro o aparelho e um grito fica preso em minha garganta ao ver uma Anahí nua e sorridente em uma das fotos, ela está deitada em uma cama, seus cabelos volumosos jogados em seus ombros, as pernas bem separadas, ela sorri com um dedo em sua boca e olha para a câmera de um jeito que... 



— Pu*ta merda! 



Exclamo e saio fechando a galeria do celular, bloqueio a tela e jogo o aparelho no sofá ao meu lado. Cristo! Essa mulher adora ficar nua, ela não tem pudor algum. E eu sou algum tipo de pervertida? Por que tenho tantas coisas de Anahí nua por aí? Já não bastava os vídeos, agora também tem as.... Oh deus! 



Será que ela também tem fotos minhas assim? Vídeos? Não acredito que eu tenha coragem para esse tipo de coisa. 



Quer dizer... Eu acho que não.



Que tipo de pessoa eu me tornei? 



(...)



São quatro horas da tarde e anahi ainda não voltou, queria que ao menos a minha menina estivesse aqui, mas ela ainda está no colégio. Ensino integral é uma bosta, fica roubando minha filha de mim. Sorrio para o pensamento, não é tão assustador pensar que ela é minha filha, porque eu sinto isso, e que ela nasceu de mim, me sinto ligada a ela de uma forma que não sou capaz de explicar com palavras. 



Já comi biscoito, consegui ligar essa televisão e por sorte estava no canal de desenhos, mas agora já enjoei de assisti-los. Até porque acabou Bob Esponja, quero chorar. Brincadeira. 



Me deixe pensar... Piscina está fora de cogitação, com o frio que está lá fora é capaz de eu pegar uma pneumonia. Comer também está porque já me enchi de biscoitos, espero ter fome ainda quando Anahí trouxer minha pizza e os cupcakes. Só de pensar minha boca enche de água. 



Suspiro alto, desligo a televisão e olho em volta. O que fazer? Me sinto tão solitária nessa casa tão grande. Já pensei em ligar para Cláudia, mas ela deve estar no trabalho, pensei em ligar para Maitê, mas minha melhor amiga está cuidando de Diego que amanheceu ardendo em febre. Que saco! Queria ir no centro cultural, mas nem ao menos sei chegar lá. 



"Seria bom que ela tentasse ver algumas fotos ou vídeos, isso poderia ajuda-la no processo de recuperação da memória.", de repente a voz de Dr. Charlie ressoa em minha cabeça. É isso! Eu posso assistir os vídeos... 



Quer dizer... Será que Anahí e eu só temos os vídeos indecentes? Eu realmente não estou afim de vê-la nua outra vez, já deu minha cota hoje. 



Subo as escadas correndo, chego em meu quarto e vou direto no closet. Pego um banco e coloco próximo a prateleira onde está a caixa, pego-a e com cuidado a deposito no chão, me ajoelho em frente a caixa e a abro. Ué... Não estava assim da última vez em que vi.



Antes os cds estavam todos desorganizados, agora estão empilhados corretamente. Agora me dou conta que eles tem algum tipo de etiqueta colorida, eles estão divididos em amarelo, azuis, brancos e vermelhos. Vou escolher os azuis. 



Aleatoriamente pego um dos muitos cds na pilha de etiquetas azuis, retiro-o da caixa e a fecho, levanto-me e volto para o quarto. Ligo o dvd e coloco o cd nele, volto para perto da cama e me sento na beirada, ligo a televisão e espero que o vídeo comece.



Tudo está escuro e de repente a tela fica branca, é Anahí que está aparecendo. Ela parece estar ajustando algo na câmera, de repente começa a fazer caretas e sorri. Nem percebo que estou sorrindo, mas estou. 



— Agora foi. – Anahí fala olhando para a lente da câmera e depois olha para trás, parece conferir algo. Ela muda o lugar onde está sentada e só então tenho visão de onde ela está, na sala sentada na poltrona. — Eu preciso desabafar... – sua expressão é de uma falsa tristeza. — Minha esposa não quer saber mais de mim, ela está me trocando. – estou curiosa, Anahí vira a câmera mais para o lado e por cima de seu ombro lá estou eu, praticamente jogada no sofá e concentrada em alguma coisa. — Ela não quer saber mais de mim, me trocou pelo videogame. 



A câmera volta a focar no rosto de Anahi e ela faz um beicinho. Fofo, ugh! Ela olha para trás e nega com a cabeça.



— Dulce reclama de mim, mas agora é pior do que eu. Se eu deixar ela passa o dia inteiro nesse videogame. – ela suspira como se estivesse exausta. — Vou tentar me comunicar com ela outra vez.



Diz e levanta da poltrona, ela vai até onde estou sentada jogando videogame e senta ao meu lado, eu nem pareço notar sua presença, continuo focada na televisão. Anahí aperta os lábios e sussurra "ela não me nota mais" para a câmera, faz uma carinha triste e eu acabo rindo quando ela começa a fazer um monte de caretas para mim, que nem ao menos noto. Anahí se curva e ajeita a câmera sobre – o que eu julgo ser, a mesinha de centro da sala. Ela mexe em alguma coisa e volta a sentar ao meu lado, eu continuo focada no jogo. 





— Amor? – cola seu corpo ao meu e beija minha bochecha, eu fecho a cara e olho ela pelo canto do olho, mas não paro de jogar para lhe dar atenção.



— Candy...



— O que é, Anahí! 



Pareço irritada com sua interrupção, vejo Anahi curvar a boca e vira o rosto para fazer careta em direção a câmera. Ela deita a cabeça em meu ombro e fica olhando para o meu rosto.



— Quero carinho. 



Ela alisa minha coxa e depois joga sua perna esquerda sobre as minhas, eu olho para ela e depois para sua perna em meu colo. Volto a olhar para a televisão, bufo e empurro sua perna de cima de mim e mexo o ombro para que ela tire sua cabeça dali. Anahí se afasta e leva uma mão até seu peito, fingindo um drama básico. 



— Você quase me fez perder a corrida. 



Resmungo ainda irritada e Anahi bufa, ela olha para a câmera e balança as sobrancelhas como se dissesse "viu como ela me trata?" 



Anahí agora está sentada corretamente no sofá, com as mãos em seus joelhos e me olhando pelo canto do olho, ela revira os olhos algumas vezes por eu estar tão concentrada no jogo. Então ela sorri de um jeito sapeca para a câmera como se deixasse claro que iria aprontar, ela olha em direção ao meu quadril, estou vestida com uma enorme regata bem aberta dos lados, Anahi olha para a câmera outra vez e pisca antes de voltar a me olhar. Ela percebe o quão concentrada eu pareço estar e com cuidado puxa um lado da regata, deixando um enorme vácuo nela, Anahí então sorri e em segundos enfia sua cabeça e parte dos ombros por dentro da regata que estou vestida. Eu me assusto e salto, olho para baixo com os olhos arregalados e ouço ela gargalhar.



— Anahí! – minha voz é quase um rosnado, alertando-a que estou com raiva.



— Que merda você acha que está fazendo?



— Eu quero atenção, carinho, amor ! você me trocou pelo videogame. 



Faz manha, sua voz sai meio abafada, eu reviro os olhos e aperto um botão no joystick sem fio. Cara que parada maneira isso de joystick sem fio, penso por um segundo e volto a prestar atenção no vídeo. 



— Minha vontade é de dar uns tapas, não custava nada esperar eu terminar aquela corrida, era a última.



Resmungo ainda irritada, Anahi solta uma risadinha baixa, sei disso pois vejo seu corpo tremer um pouco. Eu solto um grunhido e dou um soquinho nas costelas dela, que se encolhe e dá um gritinho de dor.



— Violenta.



— Você ainda não viu meu lado violento. — Eu soo tão ameaçadora ali que até me assusto, Anahi rapidamente tira a cabeça de dentro da minha regata e me olha com os olhos arregalados. — Corre! 



Vocifero e os olhos dela parecem que vão saltar do rosto, aperto os dentes e em segundos Anahi salta do sofá e sai correndo, eu solto uma risadinha e levanto também para correr atrás dela. Não tem como eu saber o que estamos fazendo ao certo, mas ouço nossas vozes e passos apressados pela casa, Anahi implora para que eu não a pegue e eu rebato com ameaças. 



— Dulce! Não!



Ela grita parecendo apavorada, mas é perceptível o sorriso em sua voz, eu acabo por rir de nós duas. Então a tela fica toda escura outra vez e aparece "Estamos com problemas técnicos no momento, até a próxima na tela", e o vídeo acaba. Estou rindo, parecíamos duas crianças. E parecíamos tão felizes. 



Então sinto saudades desses momentos, momentos esses que nem ao menos lembro-me de ter vivido. 



O que Anahi está fazendo comigo? 



(...)



Estou terminando de me vestir quando ouço alguns gritos lá embaixo, "mamãe'' , sorrio automaticamente, minha pequenina já está em casa. Visto minha blusa e saio do closet, mal piso no quarto e já sinto um corpinho colidir com minhas pernas. 



— Ei, Pequena.



Alizo  seus cabelos e ela sorri para mim agarrada em minhas pernas, abraçando-me. Tão linda.



— Eu senti saudades, mamãe. — Faz beicinho e eu acabo me derretendo, abaixo-me e a pego no colo. — Muita saudade.



Agarra meu pescoço e me abraça com extrema força, meus olhos lacrimejam e eu a abraço de volta, também apertado. Esse abraço tão inocente é maravilhoso, me sinto tão protegida dentro dele.



— Muita saudade?



— Muita!



Grita animada, eu acabo por rir de sua animação e encho seu rosto de beijos.



— Eu também senti, muita, muita, muita mesmo. — Ela segura meu rosto e beija minha bochecha seguidas vezes. — Agora mocinha, vai tirar essa roupa da escola, tomar um banho e depois desce que vou preparar alguma coisa para você comer. 



A coloco no chão e Duda sai correndo, mas antes de sair me olha com a mochila em suas mãos.



— Brownies e chocolate quente? 



Pergunta com os olhinhos brilhando, como dizer não a essa coisinha fofa? 



— Com certeza.



Ela comemora e saí do quarto, fico ali parada com os braços cruzados e um enorme sorriso no rosto.



Estava terminando de preparar o lanche da tarde quando Eduarda surgiu na cozinha, com certa astúcia sentou-se em uma cadeira e apoiou os cotovelos na mesa, me olhando sorrindo. Sorri de volta.



— Duda, você não veio com sua mãe não?



Questiono intrigada, não tinha a visto em momento algum desde que Eduarda chegou da escola, e mesmo quando ela enfiava naquele escritório dela, uma hora saia para comer.





— Não. — Levanto a cabeça para olha-la, curiosa e intrigada. — Na verdade eu vim com a mãe do Daniel, mamãe ligou avisando a tia Lucy que não poderia me buscar, ai a mãe do Daniel me deu carona. 



Explicou e minha expressão fechou-se um pouco, olho para baixo e respiro fundo. Daniel, sempre esse garotinho. É ridículo que eu sinta ciúme da minha filha, mas eu simplesmente não consigo evitar, é mais forte do que eu. Termino de preparar as coisas e levo até a mesa, me sento com Eduarda e começamos a tomar nosso café enquanto ela me contava o que havia feito na escola.



É tão bom passar esses momentos com ela.



Nove e meia da noite, Eduarda até tentou ficar acordada para esperar Anahí chegar, mas acabou dormindo em meu colo. Ela ainda não voltou para a casa, mas me sinto menos preocupada em saber que Ucher está com ela. Inacreditavelmente ando zelando pelo bem estar dela. Talvez isso seja bom. 



Deito Eduarda em minha cama e a ajeito debaixo das cobertas, quero dormir com ela hoje. Fecho a porta do quarto e caminho em direção as escadas, estou prestes a descer quando ouço o barulho de chave na porta e algumas vozes, paraliso no lugar e discretamente espio para ver se é Anahí que está chegando, e é, ela e Ucher para ser exata. 



— Eduarda deve estar dormindo, a casa só fica silenciosa assim quando ela está dormindo.



Ucher comenta brincalhão ao adentrar a casa, Anahí também ri e concorda.



— Provavelmente Dulce deve ter  colocado ela para dormir.



Ela dá de ombros e retira o sobretudo que está vestindo, Ucher faz o mesmo com o dele e os dois caminham em direção a sala, desço mais alguns degraus para poder ouvir sobre o que eles irão conversar.



— Por falar em Dulce, me conte como estão as coisas.



Estou quase deitada na escada para poder conseguir ver os dois, mas estou conseguindo. Anahí está em silêncio e de cabeça baixa, ela alisa sua nuca e olha para seu irmão, ele sorri e afaga seu ombro.



— Difíceis, muito difíceis. 



Admite e Ucher o olha com certa tristeza, me sinto mal com o tom de voz dela, me incomoda.



— Como foi a consulta hoje? — Ele pergunta e se ajeita melhor no sofá, Anahí toma fôlego antes de começar a contar tudo que aconteceu na consulta de mais cedo. Sinto-me quebrar a cada vez que ela abre a boca, não estou vendo seu rosto, mas pela expressão desolada de Ucher enquanto Anahí vai falando, me dá certeza que ela está prestes a chorar. Não queria ser o motivo de sua dor. — Ah, minha pequena. — Ele diz e a puxa para seus braços e só então ouço o primeiro soluço alto dela, seguido de outro, outro e Anahí desaba nos braços de seu irmão. Ucher afaga seus cabelos e sussurra algo para ela. — Pode pôr para fora, desabafa. 



Sinto vontade de correr, entrar no quarto e não sair de lá até que ela tenha parado de chorar, Anahí parece tão frágil chorando porque ela exala confiança, quem vê de longe pensa até que ela é inabalável. Mas a realidade é que Anahí consegue ser mais frágil do que eu, ela apenas usa algum tipo de disfarce.



Nunca gostei de ver as pessoas chorarem, tudo bem que não me dou perfeitamente bem com ela, mas me dói de verdade vê-la tão desolada dessa forma. Seu sofrimento me deprime, vê-la triste me corrói, e me machuca também.



— E-eu juro que tento, sabe? — Ela se afasta um pouco dele, está ofegando e soluçando ainda. Ucher passa as mãos em seu rosto para secar suas lágrimas, ainda a mantendo em seus braços. — Mas é tão difícil, e-ela as vezes me olha daquela mesma forma que me olhava antigamente. Com desprezo, eu... — Ela respira fundo. — É horrível ver ela me olhar como se eu fosse uma desconhecida quando eu estava tão acostumada a vê-la me olhar com amor, mesmo com tudo que estávamos passando. 



Tudo que estávamos passando? Então estou certo, alguma coisa estava acontecendo de errado. E pelo que Dr. Charlie disse minha perda de memória foi causada por estresse, será que vínhamos nos desentendendo frequentemente? 



— Eu imagino que tudo está uma droga.



— Uma merda, ruim demais. 



Ela volta a ficar sentada e esfrega as mãos no rosto, ficando de cabeça baixa em seguida. Ucher bagunça seus próprios cabelos, desarrumando-os um pouco, senta da mesma forma que Anahí está e fica um tempo em silêncio.



— Vocês já conversaram?



— Ainda não.



Anahí agora está mais calma, porém sua voz ainda está embargada e sua cabeça baixa.



— Vocês precisam, sabe disso.



— Eu sei.



— O que você pretende fazer?



Anahí levanta a cabeça e olha para o teto, parece estar pensando no que dizer.



— Independente de tudo eu vou ficar do lado dela, mesmo que no final da noite eu me sinta uma merda por não conseguir nem ao menos um sorriso da mulher que amo com a minha vida. — Droga! Isso doeu. — Vou apoia-la e ter paciência, se ela me permitir irei acompanha-la em todas as sessões de terapia que ela for. Farei tudo que estiver ao meu alcance para ajudá-la a recuperar a memória. 



— Bem, você sabe que existe grandes possibilidades dela não lembrar de nada, não sabe?



Anahí acena com a cabeça e volta a ficar de cabeça baixa, droga Cristopher, não precisa lembrar disso agora.



— Eu sei que sim, e tenho medo.



— Que ela não lembre de você?



— Que ela não lembre de um dia ter me amado. 



Anahí é direta e sua frase me atinge de tal forma que meu corpo retrai sobre o chão, sinto sua dor, e mal por saber das possibilidades de eu nunca lembrar de nada. 



— Mas isso acontecer, você sabe que pode tentar reconquista-la. — Ele fala de repente e ela olha para ele. — Maninha, você já fez isso antes, pode tentar de novo.



— Não é tão fácil quanto parece.



— Eu sei que não, mas...



Ele fica sem saber o que falar, passa as mãos no rosto e solta um longo suspiro pesado.



— Hoje depois que voltamos do hospital eu estivesse pensando nisso, sabe? Nas possibilidades dela lembrar e não lembrar. — Ela dá uma pausa e respira. — Fiquei rodando por aí, lembrando das coisas, dos nossos momentos juntas, o nosso casamento, o nascimento da Duda. De como erámos felizes. Então parei também para pensar na nossa realidade, ela nem ao menos lembra da nossa filha. — Sua voz trêmula, sei que ela está prestes a chorar de novo. — E Dulce ama tanto a a nossa filha, sabe? Minha maior preocupação era que ela a rejeitasse, mas não aconteceu, e eu fico feliz com isso. Mas eu não vejo mais a minha Candy nela, eu nem a reconheço mais, Dulce perdeu todo o brilho que me encantava. Ela não parece feliz. 



— Eu conheço esse teu jeito de falar. — Ucher parece sério agora. — Você vai deixa-la ir caso essa seja a decisão dela? 



Então tudo parece sumir a nossa volta, apenas consigo ver ela, esperando por sua resposta. Anahí levanta a cabeça e antes de responder respira fundo.



— Se esse for o melhor para  ela então eu a deixarei ir. — Mesmo de longe vejo seus lábios tremerem, ela limpa o canto dos olhos. — Desde que ficamos juntas eu venho dando o máximo de mim para que ela sempre esteja feliz, e isso infelizmente não está acontecendo mais. Então se for o caso de eu ter que abrir mão da minha felicidade pela dela, então eu farei. — Vejo a luz da sala refletir em seu rosto que outra vez está banhado em lágrimas. — Minha prioridade é ela, que ela seja feliz, e sempre vai ser assim.... Eu não me importo comigo, não mais. 



Ucher a abraça outra vez e Anahí volta a chorar, com ainda mais força que antes. Estou com os olhos vidrados nela, ela chora tão violentamente que seu corpo treme como se ela estivesse tendo uma convulsão.



Como pode alguém desistir de si mesmo pela felicidade de outra pessoa? Ela me ama tanto ao ponto de talvez passar o resto de sua vida infeliz contanto que eu fique feliz, eu sou a prioridade dela, Anahí me põe em primeiro lugar sempre. 



Vejo Ucher tentando acalma-la e só então percebo que ele também está chorando, ela sempre foi a irmãzinha dele, Ucher sempre a protegeu de tudo. Vê-la assim deve estar acabando com ele, pois ele não pode fazer nada. 



Então percebo algo que me surpreendeu, minhas bochechas estavam úmidas e meus olhos ardiam. Eu também estou chorando por ela, por causa dela... 



Chorando pelo sofrimento dela.




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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 112



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  • aline_andreza Postado em 31/01/2023 - 01:59:34

    Eitaa

  • tryciarg89 Postado em 20/09/2022 - 17:43:42

    Simplesmente perfeita essa fic,ameiiii

  • aleayd Postado em 08/09/2021 - 21:48:50

    Tenho uma grande paixão por essa fic. Foi simplesmente perfeita. Já li e reli tantas vezes que perdi as contas kkkk

  • Kakimoto Postado em 28/08/2017 - 21:28:13

    AAAAAAAA, Vou sentir sddss, amo tanto essa ficc <3 <3 <3. Ai, elas são mt fofas veii, amo mt mt

  • siempreportinon Postado em 25/08/2017 - 18:47:39

    Amei do início ao fim, viciante! Espero que escreva muitas outras Portinon, acompanharei todas kkkk Parabéns e continue a nos presentear com histórias maravilhosas!!!

  • belvondy Postado em 25/08/2017 - 12:28:38

    Muito top a Web,você já postou outras website portinon?se sim quero saber quais!....postaais webs!

  • Postado em 24/08/2017 - 00:43:09

    Meu Deus olha a hora e aqui comentando rs,Deus do céu Emilly que história maravilhosa que linda, foi,foi,nossa nem consigo descrever oque eu tô sentindo sei que apenas uma história mas me envolvi tanto lendo acho que com todos que leram aconteceu o mesmo,eu chorei de emoção foi lindo de verdade, como muita coisa aconteceu eu não vou conseguir falar de tudo nesse comentário mas saiba que eu amei,muito obg por ter nos dado o privilegio de conhecer essa história, foi uma adaptação espetacular aiiiiii meu Deus eu amei demais,fiquei triste que acabou mas tudo que é bom dura pouco ne,amei elas duas com os filhos,Benjamim, Duda os netos ai foi tudo lindo ameiii, bjs querida! !!

    • Gabiih Postado em 24/08/2017 - 00:45:07

      Meu nome não apareceu trágico kkkk,amei linda bjs

  • ester_cardoso Postado em 23/08/2017 - 19:35:17

    Ahhhhh não acredito que acabou, uma das melhores fanfics que já li. Ameiiiii muito a história, foi perfeita. Amei o casamento delas, o nascimento do Benjamin, as lembranças, os filhos da Duda, o Ben namorando a Demi, e com certeza meu amor maior ver elas juntas e felizes com uma família linda e maravilhosa. E pra mim esse amor é eterno, mesmo que seja fictício, mesmo q não seja real, é muito bom ter uma historia com q se envolver e apaixonar. Obrigado gatinha por proporcionar essa história maravicherry para gente, vc é demais sério. Porque além de nos dar a oportunidade de ler fics perfeitas, vc se envolve com as leitoras de uma forma q ganha o nosso coração. Um enorme beijo pra ti e obrigado por tudo mesmo, Te amo bebê <3

    • Emily Fernandes Postado em 23/08/2017 - 19:58:32

      Sim minha linda, acabou e você não sabe como eu estou triste por isso. Mas satisfeita por saber que a história agradou muito. Confesso que fiquei meia na dúvida em adaptar a história, Pois achei que não ia conseguir mas... O resultado foi bom, acho que mesmo Portinon só existindo em nosso mundo, creio que o amor e amizade que ambas sente uma pela outra, Mesmo que com menos intensidade que na época do RBD, o carinho continua o mesmo. Já vale a pena sonhar com esse trauma que além de tudo e vida e superação. Enfim muito obrigada mesmo... Eu adoro mesmo vocês. Fazer o que!!! vocês são simplesmente :MARAVILHOSAS. Amo todas e tenho um carinho.sem igual por cada uma que se prende os poucos minutos lendo as histórias que posto. Enfim gata. Te amo de coração...

  • laine Postado em 23/08/2017 - 14:53:22

    Muito bom, foi perfeito Que pena que acabou &#128550;

    • Emily Fernandes Postado em 23/08/2017 - 19:42:29

      Sim a fic é maravilhosa, mesmo eu mudando algumas coisa. O foco foi o mesmo da história verdadeira. Que bom que te prendeu assim como me prendeu. E bem infelizmente tudo que é bom tem um fim. Né Mas beijos e até a próxima.

  • Gabiih Postado em 21/08/2017 - 20:29:55

    ai eu estou amandooooo,muito essa história o amor delas é tão lindo,tão magico,tao cativante tão forte,acho que deve ser coisas de vidas passadas eu acredito nessas coisas sabe rs,mas eu espero que esse procedimento novoi de certo,annie quer tanto um filho as duas querem na verdade,e ela merecem,adorei os momentos hoy delas,duas pervertidas kkk adoro posta mais linda,desculpe a comenta mas aqui estou e ansiosa para novos capítulos posta mais!&quot;!!

    • Emily Fernandes Postado em 21/08/2017 - 20:59:27

      Eu também creio em vidas passadas. Acho que o nosso mundo é além do que vemos. E estamos predestinados a o nosso amor. Eu sei, sou uma tola apaixonada. E sonho com isso. Sorte de quem encontra um amor assim....


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