Fanfics Brasil - Capítulo 14 Amnésia (ayd adaptada) finalizada

Fanfic: Amnésia (ayd adaptada) finalizada | Tema: Portinon


Capítulo: Capítulo 14

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Por Dulce





— Me diz que isso é alguma piadinha, Maitê, por favor. 



Imploro já sentindo meus ombros pesados, como se o mundo tivesse sobre eles. Maitê suspira e nega com a cabeça, fecho os olhos e levo as mãos até meu rosto.



— Nós sabíamos que você não lembraria... — Ouço minha irmã comentar, mas estou muito ocupada com minha preocupação. Para onde a Anahí foi? — Por isso Maitê e eu viemos pra cá. 



— Achamos que Anahí estaria aqui também.



— Não. — Esfrego as mãos no rosto e suspiro. — Ela saiu daqui tem alguns minutos.



— Ei, Dul, não precisa ficar com essa carinha não. — Maitê me puxa para seus braços e eu automaticamente agarro sua cintura, deitando minha cabeça perto de seus seios. — Não é culpa sua não se lembrar da data de hoje, Anahí sabe disso. 



— Eu sei, é só que... — Um nó se forma em minha garganta. — Vocês precisavam ter visto como ela estava, nunca vi Anahí tão desnorteada quanto hoje. Ela saiu daqui chorando, desde ontem ela está pra baixo. Eu não sabia, eu... 



— Ow, maninha.



Sinto Cláudia me abraçar junto de Maitê e choro no colo das duas, outra vez estou chorando por causa da Anahí  Não sei explicar, não existe mais aquele ódio que eu sentia antes, eu diria que tenho algum tipo de carinho por ela, e vê-la tão triste por minha causa, me deixa realmente mal. Já não sei mais o que fazer, tento fazer as coisas certas mas, de uma forma ou de outra tudo acaba dando errado. 



Por que tudo tinha que ser tão complicado assim? 



Maitê faz carinho em meus cabelos enquanto Cláudia diz frases de efeito para me acalmar, é importante ter minha melhor amiga e minha irmã ao meu lado, acho que não aguentaria tudo isso sem elas duas. 



Minutos mais tarde eu consegui me acalmar, Maitê e Cláudia mandaram que eu tomasse banho enquanto elas iam preparar algo para eu comer. Apenas obedeci e fui me despindo até chegar no banheiro, quando entrei debaixo da água quase cai no chão, senti meu corpo tão mais leve.



— Dul?



— No closet.



Grito de volta e logo Cláudia adentra o closet, olho para ela que me sorri de volta, aquele sorriso disfarçado de pergunta. Conheço minha irmã, sei que quer me perguntar se estou melhor, mas sei que não irá fazer isso sem minha permissão.



— Vem comer, os sanduíches estão prontos. — Avisa e eu termino de me vestir, prendo os cabelos em rabo de cavalo com uma fita e faço um laço, sorrio para minha própria imagem refletida no espelho. Estou usando o moletom preto do Real Madrid, um dos que Anahí mais usa, tem seu cheiro nele e é grande, do jeito que eu gosto de moletons. — Hm, eu conheço esse casaco. 



Viro de frente para minha irmã, sorrio sem jeito e ela semicerra os olhos.



— É meu. 



— Não é não, o seu é branco. — Levanto as sobrancelhas surpresa, nem sabia que tinha um moletom desses. — Mas esse é como se fosse seu de qualquer forma.



— Por quê?



— Você sempre teve mania de pegar as roupas da Anahí principalmente os casacos. 



— Ela tem bom gosto pra roupa. — Dou de ombros, numa falha tentativa de me justificar. — Não me olhe assim, fiz errado em pegar o casaco dela sem permissão? 



— Óbvio que não, Anahí com certeza iria ficar super feliz em te ver usando as roupas dela. — Cláudia cruza os braços abaixo de seus seios e me analisa, me olha da cabeça aos pés e então fixa o olhar em meu rosto. — Eu entendi errado ou você está tentando fazer as coisas melhorarem? 

Solto um longo suspiro o mordisco o canto esquerdo de meu lábio.



— Estou. — Admito e ela sorri grande. — Será que estou fazendo certo? 



Ela solta uma risadinha e se vira para sair do closet, mas para na porta e me olha.



— Bem, esse já é um começo. Continue assim.



Diz e saí do closet, fico ali parada sorrindo como se tivesse tirado uma nota dez em uma prova super difícil. 



Estou no caminho certo, quem sabe aos poucos Anahí e eu possamos iniciar uma boa amizade. 



Eu espero que sim, quero mesmo fazer isso dar certo. Por ela, meus pais, Ucher, Eduarda e por mim também. Essa é a minha vida, irei me adaptar a ela. 



Sento a mesa com Cláudia ao meu lado, Maitê está na área conversando com alguém no celular. Pego a leiteira e despejo um pouco de leite quente em minha caneca. 



— Liguei pro Ucher , ele disse que Anahí está com eles no boliche perto do centro. — Olho curiosa para ela, eles seriam quem exatamente? — Diego e Eduarda, os quatro estão no boliche. 



Esclarece ao notar meu olhar questionador, suspiro e balanço a cabeça. Maitê se junta a minha irmã e eu, tomamos nosso lanche da tarde em meio a muitas risadas e brincadeiras.



Eu sou sortuda por ter elas comigo. Muito sortuda. 



..



Agora estamos na sala, as meninas falam de alguns momentos que tivemos juntas e em família, feriados e viagens que fizemos em grupo. Estou calada apenas ouvindo as duas falando sem parar, sinto-me melhor em saber melhor das coisas. Embora minha mente esteja vagando bem longe.



— Acho que alguém viajou para longe.



— Também acho, estamos falando com as paredes. Dulce!



Salto sobre o sofá ao ouvir o grito de Maitê! olho assustada para ela.



— Você ainda vai me matar do coração um dia. 



Resmungo cruzando os braços e me jogando contra o encosto do sofá. Maitê estala a língua e Cláudia gargalha da minha cara fechada.



— Quanto drama. — Desdenha e eu reviro os olhos. — No que você tanto pensava?



Paro para analisar e desencosto do sofá, um sorriso enorme surge em meus lábios ao me dar conta. É exatamente o que preciso.



— É isso! — Exclamo ainda sorridente e olho para as duas, que me encaravam sem entender nada. — Vou precisar muito da ajuda de vocês duas. 



Maitê e Cláudia se entreolharam e voltaram a me olhar, curiosas. Eu ainda mantinha meu sorriso.



Essa foi a melhor ideia que tive. 



(...)



Ir ao supermercado com Maitê e Cláudia é uma missão quase impossível, elas queriam levar tudo e ao mesmo tempo nada. E olha que elas são as mulheres maduras, com filhos e casadas, deveriam ter a noção do que comprar. Mas não, conseguem ser mais indecisas que eu, que ainda tenho maturidade de adolescente. 



Porém graças a tudo que é mais sagrado conseguimos comprar tudo o que eu queria, optei por coisas simples, mas refinadas. Estou disposta a fazer o melhor jantar na minha vida.



— Já decidi o que iremos fazer, Mai será que você pode limpar os camarões para mim? Por favor. 



Ela me olha incrédula e coloca as sacolas do mercado em cima do balcão.



— Por que justo eu? Manda a Cláudia.



Minha irmã a olha boquiaberta e prontamente nega com a cabeça.



— Não, não mesmo. Eu vou fazer a sobremesa, você fica com os camarões.



— Por favor, Maitê eu preciso de ajuda.



— Ugh! Eu odeio você, odeio as duas na verdade. — Enquanto resmungava pegou a sacola com os camarões e jogou dentro da pia, revoltada. — Não nasci para fazer esse tipo de coisa. 



— Larga de ser rabugenta. — Vou até ela e lhe dou um beijo no rosto. — Você é a melhor, eu te amo.



— Me bajula mesmo, sonsa. Sua coisa interesseira. 



Me fuzila com o olhar e eu jogo a cabeça para trás, rindo bastante.



Mãos a massa agora, preciso ajeitar tudo logo antes que Anahí volte para casa. 



(...)



Com a ajuda das duas tudo ficou pronto em quase duas horas. Optei por fazer um Carpaccio de salmão como entrada, Risoto de camarão com creme de leite e salada grega (a Maitê contou que a Anahí ama essa salada e gosta de comer ela com qualquer tipo de comida), claudia preparou arroz con leche que segundo ela e Maitê é a sobremesa preferida de Anahi. 



— Ficou perfeito. 



Maitê diz ao terminar de arrumar a mesa de jantar, ela havia pegado as louças que estavam guardadas, comprou também velas. Estou achando isso tudo meio exagerado, eu só queria um jantar amigável para conversar com a Anahi, isso está mais parecendo um jantar romântico. 



— Não sei, vocês não acham que está tudo muito...



— Exagerado? — Cláudia completa e eu aceno que sim com a cabeça, olho para ela que para ao meu lado e analisa a mesa. — Não, afinal estaria exagerado se você tivesse comprado uma roupa nova para usar hoje, além do mais Anahí adora esse tipo de coisa.



— Jantar à luz de vela? 



— Jantar à luz de vela com você, Dulce. 



Maitê comenta risonha e por alguma razão acabo corando. Terminamos de arrumar as coisas e Cláudia praticamente ordena que eu vá me vestir. 



Duda não virá para casa hoje, Maitê já havia conversado com Ucher para levar minha princesa direto para casa deles, não me opus, acho que Anahi e eu precisamos mesmo estar sozinhas para conversamos melhor. Espero que tudo dê certo, quero pelo menos ter diálogo com ela. 



É tudo ou nada. 



(...)



Saio do banho e vou direto para o closet, Maitê e Cláudia já tinham ido embora, elas me avisaram que estava indo quando eu ainda estava no banho. Me sinto nervosa, ao extremo. Opto por uma saia branca e um top cropped xadrez. Pego uma lingerie aleatória, vermelha, me visto e logo coloco a roupa que separei. Sorrio para minha imagem refletida e penso no que fazer com meu cabelo, depois de um tempo decido prendê-lo em rabo de cavalo, deixando duas mechas soltas na frente. 



Me olhando assim pareço uma adolescente outra vez. 



Vou até minha parte no closet e busco pelo meu estojo de maquiagem, Anahi havia me mostrado onde ele fica. Embora não seja necessário ter tanta maquiagem já que me lembro apenas de saber usar base, lápis de olho e muito pouco o rímel. Preciso aprender a me maquiar sozinha, não sou mais garotinha. 





Faço uma maquiagem leve, apenas destaco meus olhos. Termino de me arrumar e borrifo apenas um pouco do Dolce Gabbana The One, desconfio que tenha sido presente de Anahi, pois estava fechado na caixa quando o encontrei na semana passada, e eu não tinha visto esse perfume por aqui antes. 



De qualquer forma eu amei, esse perfume é maravilhoso.



...



Quando estou prestes a descer o último degrau da escada, ouço o barulho da maçaneta da porta, em segundos a porta é aberta e por ela uma Anahi hesitante entra. 



Ela não me notou aqui ainda. 



Estou parada próxima a ela, Anahí retira seu sobretudo cor de creme e fecha a porta, quando ela se vira para pendurar o sobretudo, leva um susto ao me ver ali.



— Que susto, mulher. Parece um fantasma. 



Ela leva uma mão até seu peito, no lado esquerdo, e massageia a região. Esboço um sorriso sem jeito e coloco as mãos para trás.



— Na verdade é você que se parece mais com um fantasma. — Resmungo sem pensar e arregalo os olhos ao me dar contar, porém relaxo ao ouvir Anahí rir. — Foi sem querer.



— Eu sei, você nunca soube controlar muito bem seu impulso de falar sem pensar. — Dá de ombros e se abaixa para desamarrar seus coturnos. — a propósito a Eduarda vai dormir na casa do Ucher, espero que não se importe. 



— Tudo bem. 



Eu já sabia mesmo. 



Ela então desamarra os dois coturnos e os tira, empurrando-os para o canto da porta. Quando ela volta a ficar de pé, pausa no lugar e me olha surpresa? Admirada? Espantada? Não sei distinguir esse olhar.



Anahí me olha quatro vezes de cima a baixo, sinto-me corar até o pescoço. Seu olhar intenso sob mim me deixa sem graça.



— Pu*ta merda. — Ela sussurra, sei disso pois leio seus lábios. — Wow você está... Maravilhosa, Dulce, meu Deus. 



Nesse momento ela meio que parece, abobalhada, não sei qual palavra usar ao certo para descrevê-la, mas seu queixo caído demonstra o quão impressionada ela está. Arrisco dizer que me sinto feliz sob o olhar dela. 



— O-obrigada. 



Agradeço estranhamente tímida e desvio o olhar, abaixando a cabeça. Ouço Anahi murmurar algo inaudível e depois suspirar.



— É...



Levanto a cabeça e a olho, Anahí está coçando a cabeça sem jeito. Ela parece sem saber o que dizer ou fazer agora.



— Você pode vir comigo?



Pergunto hesitante, anahi me encara surpresa e parece travar uma batalha consigo mesma.



— Para onde? 



— Ali na cozinha. — Respondo e passo por ela, ganho a sala e olho para trás, Anahí está parada no mesmo lugar, quase bufo.— Não precisa ficar hesitando, eu não irei te assassinar ou coisa assim, apenas preparei nosso jantar. — Explico e ela parece aliviada. — Você não jantou ainda, jantou? 



— Uh, não, não. — Responde prontamente e depois pressiona os lábios, quase sorrio de sua timidez. — Agora que você falou percebi que estou com bastante fome. 



Admite, mordiscando de leve seu lábio inferior. Lanço um sorriso a ela e faço sinal com a cabeça para que ela me acompanhe. Caminho controlando a respiração, a cozinha parece mais distante. 

— Eu-



Tento dizer algo, mas antes que eu possa, ela me interrompe.



— O que significa isso?! 



Parece exasperada, viro-me para olha-la e encontro seu rosto numa expressão incrédula. Engulo seco, de repente toda atmosfera pouca amigável se desfaz.



— Hm, um jantar? 



Devolvo a pergunta e desvio o olhar dela, não quero ter que encara-la.



— Eu sei que é um jantar, Dulce, quer dizer... A mesa está posta e, velas? — Pelo canto do olho vejo ela se mover para próximo da mesa. — Eu não acredito, você não está fazendo isso por pena, está? Porque se for eu não quero. Dulce, não tem necessidade alguma de fazer tudo isso apenas porque você se sente... 



Não conclui sua frase, atrevo-me a olhar para ela e noto o quão exasperada e nervosa ela está. Não parece com raiva, parece magoada. Não é possível que não consigo fazer nada certo. 



— Anahí, n-não é nada disso, você entendeu errado. — Começo a tentar explicar. Ela umedece seus lábios e me fita. — Não fiz isso por pena, céus! Não mesmo, só queria, eu queria, é... 



— Me recompensar pela sua falta de memória? Por eu estar sofrendo? Dulce, não precisa fazer isso. 



— Me deixa falar, merda! — Esbravejo, e Anahí levanta as sobrancelhas surpresa. Suspiro e passo as mãos em meus cabelos. — Não fiz isso por pena, mas quero te recompensar sim. — Ela abre a boca para falar algo, mas faço sinal para que ela se cale. — Eu tenho sido uma péssima pessoa com você, por idiotices do passado, quero me entender contigo, quero me redimir por ter sido rude durante essas duas semanas. 



Sua expressão suaviza e de magoada ela passa para surpresa.



— Isso é tipo o que? Jantar de que? 



Paro um pouco para pensar, nos encaramos durante alguns segundos em silêncio.



— Recomeço? Sim, isso, um jantar de recomeço. 



— Recomeço tipo... 



Faz alguns sinais com as mãos, movimentos em círculos e aponta entre nós duas. 



— Recomeço tipo... Duas pessoas se reconhecerem. — Ela cruza os braços. — Eu quero saber mais de mim, de tudo...



— Entendo. — Enfim ela parece estar mais tranquila, Anahí olha para a mesa posta e depois me encara. — Podemos comer então? Eu realmente estou com fome. 



Confessa sem jeito e coça a cabeça, Duda faz a mesma coisa quando está com vergonha. Paro para pensar e penso que para Anahí estar com fome assim deve estar desde cedo sem comer nada, sinto vontade de repreendê-la, mas fico na minha. 



— Vamos, vamos sim. Você pode sentar que eu vou...



— Eu te ajudo.



Me interrompe e sorri amigável, acabo por retribuir o sorriso e apenas viro as costas e vou buscar o Carpaccio. 



— Parece delicioso. — Ouço ela comentar e olho para ela, que está observando o risoto. — Maitê e Cláudia estavam aqui? 



— Sim.



Respondo sem jeito e ouço ela soltar uma risadinha nasal. Levamos as comidas para a mesa, volto e pego o vinho que Maitê havia comprado. 



— Deixa eu ver... Carpaccio de... Salmão? — Arrisca e eu sorrio acenando com a cabeça que sim. — Risoto de camarão porque sinto o cheiro daqui.



— Bom olfato. 



Elogio e ela abre um tímido sorriso. Pego a garrafa de vinho e franzo o cenho. Como se abre isso?



— Com problemas aí? — Ouço ela perguntar, é nítido o sorriso em sua voz. — Me dê aqui, deixe que eu faça isso. 



Pede educadamente e eu entrego a garrafa a ela. Com maestria Anahí retira o lacre e estoura o vinho, sorri orgulhosa de suas habilidades. Acabo rindo de sua carinha de felicidade. 



— Não estou acostumada com essas garrafas, nunca bebi na vida. — Pauso e me corrijo — Não me lembro de ter bebido na vida antes. 



— Você não é muito de beber, na verdade. — Anahí comenta enquanto serve o vinho nas duas taças em cima da mesa. — Só bebe em casos necessários ou quando saímos com o pessoal. — Me estende uma taça e eu sorrio em agradecimento. — E você odeia qualquer tipo de garrafa que tenha que sacar a rolha. 



— É muito difícil.



Resmungo frustrada e ela ri. Anahí está tão melhor agora, o sorriso dela vem fácil e... Gosto do som de sua risada. É fofo, parece um bebê, e me acalma. Estranho, porém legal.



— Beba devagar. 



Me aconselha e como se quisesse me mostrar o modo correto, ela leva a taça até seus lábios — livres de qualquer batom e dá uma pequena golada, suspirando em seguida. Memorizo seus movimentos e faço o mesmo. O gosto é doce, um pouco amargo no final. Eu gostei disso. 



— Muito bom.



— Realmente. — Anahí concorda e dá outro gole em seu vinho. — Maitê que escolheu? — aceno que sim. — Tinha que ser, ela é a melhor.



Depois de mais um gole em seu vinho, Anahí e eu começamos a comer o Carpaccio. Ela elogiou diversas vezes meus dotes culinários, senti-me muito satisfeita com isso. 



— Seu dom continua intacto. — Ela comenta após limpar os cantos de seus lábios com o guardanapo. — Estava maravilhoso.



— Obrigada.



Agradeço sem conseguir parar de sorrir. Anahí pega a tigela com a salada e põe uma quantidade considerável em seu prato. Passo o azeite para ela, que me oferece salada, mas apenas recuso. 



— Não vai querer? Tem certeza? — Nego com a cabeça e ela parece chocada. Pega um pouco da salada com o garfo e leva até sua boca, gemendo em seguida ao se deliciar com a salada. — Uma delícia. 



...



Estamos quase terminando o jantar, faz alguns minutos que notei Anahí mais solta. Talvez ela esteja começando a ficar bêbada. 



— ... Aquele dia foi muito engraçado. Maitê queria assassinar todo mundo que tentava acalmar ela, Cristopher conseguiu deixar a família e nossos amigos mais nervosos do que ela.



Ela está falando sobre o dia que Diego nasceu. Não consigo parar de rir ao imaginar Maitê em trabalho de parto querendo matar todo mundo e Ucher rodando pelo hospital porque estava com medo de entrar na sala de cirurgia e ser assassinado por sua esposa. 



— ... Mas fora isso foi um dia muito feliz, eu nunca tinha visto meu irmão chorar e sorrir tanto quanto naquele dia.



— Eu imagino.



Dou um pequeno gole em meu vinho e coloco a taça sobre a mesa. Anahí pega a garrafa e volta a encher sua taça com vinho. 



— Já passamos por muitas coisas.



— Eu quero saber de tudo, qualquer coisa.



— Hm. — Anahí engole o vinho em sua boca e apoia os cotovelos na mesa. — Depois podemos assistir os vídeos da Duda o dia do nascimento, a primeira fala dela, os primeiros passinhos... O primeiro tombo de bicicleta. 



Sugere e dá de ombros, bebendo mais vinho. Acho que deveria para-la, Anahí já parece bem fora de si, mas ela aparenta estar tão alegre. Não quero cortar seu momento, não agora. 



— Eu queria tanto me lembrar de tudo isso sem ter que ver vídeos. — Comento cabisbaixa, ela me olha penalizada e solta sua taça na mesa. — Odeio toda essa merda de amnésia, odeio. 





— Isso é recíproco. — Olho para Anahí que está outra vez com a garrafa na mão. — Amnésia é uma merda. 



— Sim. — Suspiro. — Uma merda.



Voltamos a conversar sobre momentos do passado, Anahí contava momentos engraçados e outros um pouco tensos. Por exemplo quando o Ucher  quase sofreu um acidente de carro na estrada quando viajava para outra cidade, Anahí disse que estava chovendo muito e o carro rodou na pista. 



—. Anahí, sei que esse não é o melhor momento para perguntar isso. — Atraio sua atenção. — Mas... Como foi nosso primeiro beijo? 



Pergunto meio insegura, ela dá uma última pequena golada em seu vinho e pigarreia, ajeitando-se na cadeira.



— Foi uma situação bem engraçada. — Solta uma risadinha e olha para um ponto fixo atrás de mim, seu olhar é nostálgico. — Tínhamos acabado de sair da aula de educação física, minha turma tinha jogado vôlei contra a sua. — Dá mais um gelo em seu vinho, aproveito a deixa e faço o mesmo no meu. — Na hora que todas foram tomar banho, fiquei escondida num canto para poder fazer outra pegadinha com você. Mas o engraçado é que você estava com a mesma intenção que eu, fiquei horas te esperando aparecer e nada. Quando decidi sair do meu esconderijo, acabei batendo de frente com você. — Ela pausa para gargalhar, alto, pendendo a cabeça para trás. Acabo por rir, mesmo não lembrando de nada desse dia. — Você quase teve um surto, ficou perguntou o que eu estava fazendo ali escondida, ai te fiz a mesma pergunta e começamos a discutir. — Molha os lábios e volta a apoiar os cotovelos na mesa. — Estávamos tão distraídas na nossa discussão que nem percebemos o tempo passar. 



— Ficamos trancadas lá dentro?



Arrisco pois tenho uma ideia do que tenha acontecido, Anahí sorri e assente.



— Exato. Você começou a gritar comigo que a culpa era minha, mas não tinha percebido que eu estava quieta no canto. Então apagaram as luzes do vestiário, quando mais jovem eu tinha sérios problemas com o escuro. 



Confidencia e eu levanto as sobrancelhas, surpresa ao ouvir isso.



— ... Enquanto você gritava e me xingava, eu estava encolhida contra os armários tendo um ataque de pânico. Demorou pelo menos uns vinte minutos para você me notar no chão, o vestiário estava pouco iluminado, mas o uniforme branco nos destacava na escuridão. — Recosta-se no encosto da cadeira e rodeia a borda da taça com seu dedo indicador. — Você começou a me chamar e eu não respondia, não conseguia fazer nada que não fosse ficar encolhida no canto. Então comecei a entrar em desespero, ai você percebeu que eu não estava fingindo e tinha algo errado. Tentou me acalmar de muitas maneiras, numa dessas tentativas você acabou me puxando com força pela cintura e nos fez cair no chão, eu por baixo e você por cima. 



— Não te machuquei? 



— Um pouco. — Dá de ombros. — Eu ficava me remexendo debaixo de você e você estava impaciente, então você fez a coisa que nenhuma de nós esperava. 



— Eu te beijei?



Ela assente. — Praticamente molestou minha boca com a sua. 



— Oh meu Deus.



Encolho-me na cadeira e sinto meu rosto esquentar, não me lembro de ser tão descarada assim no tempo do colégio. 



— É, oh meu Deus mesmo. — Ela ri da minha vergonha, reviro os olhos, escondendo o rosto com minhas mãos. — Mas funcionou, eu fiquei mais tranquila. E bem, tentei te dizer isso, você se afastou um pouco de mim apenas para me olhar e depois voltar a me beijar. — Ela abre um enorme sorriso, como se estivesse lembrando daquele dia. — Foi o melhor beijo da minha vida. 



— E... — pigarreio. — E depois? O que aconteceu?



— Bem. — Ela se remexe na cadeira. — O zelador da escola abriu o vestiário, perguntou se estávamos bem e você apenas saiu correndo sem olhar para trás. Expliquei a ele o que tinha acontecido, tive que mentir para ele e dizer que você tinha passado mal. — Dá uma risadinha. — Depois disso você começou a me ignorar, eu fazia de tudo para falar com você, mas você sempre fugia. Foi nessa época que me aproximei de Anahí, ela estava saindo com meu irmão, então acabamos virando amigas. Com a ajuda dela consegui conversar com você. 



— O que ela fez pra me convencer a falar contigo?



— Ameaçou cortar seu cabelo.



— Bem a cara dela mesmo.



Ela solta uma risada nasal e pega outra vez a garrafa de vinho, percebo que já está no fim. Fico olhando para Anahí, confesso, estou a admirando. Nunca parei para notar corretamente o quão bela ela é, é impossível negar isso.



— Eu quero me lembrar.



Falo de supetão e ela para de encher sua taça e me olha, seus olhos estão meio vesgos. É, ela está bêbada. 



— Do que?



— De tudo. — Suspiro e coloco uma das mechas do meu cabelo atrás de minha orelha. — Quero me lembrar dos momentos engraçados, momentos em família, de ter engravidado da Duda , da emoção de senti-la crescer dentro de mim e da minha felicidade quando ela nasceu. Coisas assim. — Anahí abre um pouco a boca e cabisbaixa abaixa a cabeça, acho que ela esperava mais coisa. — E Anahí... — Atraio sua atenção e ela me olha antes de se servir de mais vinho. — Quero me lembrar de nós duas, de tudo que passamos, quero mesmo. 



A garrafa de vinho escorrega de sua mão e explode no chão, fazendo um alto som de vidro quebrando ressoar pela cozinha. Ela arregala os olhos e afasta a cadeira para trás, com isso acaba puxando a toalha da mesa e derrubando os pratos e travessas no chão. Por sorte consigo segurar a panela com o que sobrou do risoto. Olho para ela que parece sem saber o que fazer. 



— ... Okay, eu acho que já chega de vinho para você. 



Levanto da mesa e vou até a cozinha guardar a panela na geladeira, volto para onde Anahí ainda está paralisada e sem ligar para a bagunça que ela fez, toco seu ombro e digo para ela levantar. Anahí me obedece sem problemas, mas quase cai no chão, tenho que segurar em sua cintura.



Com muita dificuldade – já que Anahí está cambaleando, consigo leva-la para cima, vou até nosso quarto e agradeço pela porta estar aberta. Coloco ela na cama e aviso que já volto, abro a porta do banheiro e também a do box. Volto para o quarto e prendo o riso ao ver Anahí com as pernas para cima, fazendo algum tipo de dancinha enquanto canta uma música sobre shampoo.



— Anahí, sossega. — A repreendo por não parar quieta, ela faz beicinho e sossega. Levo-a para o banheiro e sento ela na tampa do vaso sanitário, me ajoelho a sua frente e seguro a barra de sua blusa de mangas longas. — Levanta os braços. — Ela prontamente obedece e eu jogo a peça na direção do cesto de roupas sujas. Fico de pé e puxo ela para cima. — Desabotoa sua calça, Anahí.



— Olha... Minha esposa não vai gostar de me ver quase nua na frente de outra.



Sussurra como se estivesse contando um segredo, reviro os olhos, embora esteja quase rindo. Com esforço ela tira sua calça, depois de eu implorar bastante. Agarro sua cintura e vou com ela para dentro do box. 



...



Minutos depois tiro ela debaixo da água fria, ela está encolhida encostada no mármore da pia e treme como um filhotinho de cachorro molhado. Vou rápido para o quarto e busco uma toalha para ela, volto para o banheiro e estendo a toalha em sua direção. 



— Toma aqui, roupas secas.



Entrego a ela e saio do banheiro para lhe dar privacidade. Preciso lembrar de nunca mais deixar Anahí beber tanto assim.



Ouço a porta do banheiro ser aberta e por ela passa uma Anahí meio sonolenta. Guio ela para a cama e puxo o cobertor para que ela deite debaixo das cobertas e não por cima.



— .Candy.. — Ouço aquela voz rouca me chamar e faço um som nasal. — Você vai deitar aqui comigo? 



Mordo o lábio e hesito, essa pergunta me pegou desprevenida. Não sei se devo ou não dormir com Anahí, da última vez que dormimos juntas foi bem estranho, apesar do abraço dela ser ótimo. Acabo por suspirar e apenas vou até o interruptor, apago as luzes do quarto e fecho a porta. 



Subo na cama de joelhos e engatinho, puxo o cobertor e me enfio debaixo dele. Fico indecisa sobre deitar de costas para ela ou de frente, opto por deitar de barriga para cima. 



O quarto está um silêncio total, isso me incomoda um pouco. Anahí parece ter dormido, ouço sua respiração calma. Paro para pensar no dia de hoje, considero abrir minha vida para Anahí outra vez. Se deu certo uma, pode dar certo outra vez, não pode? 



Vou deixar as coisas acontecerem, o amanhã só a Deus pertence. 



— Candy?



Quase salto de susto ao ouvir Anahí me chamar, viro a cabeça para o lado e olho para ela. Tinha esquecido de apagar a luz do banheiro então estava conseguindo ver o rosto dela. 



— Oi...



Ela respira fundo e se remexe na cama, se aproxima um pouco de mim, mas não muito.



— Você sabe qual foi o maior acerto da minha vida? 



Sua voz está sonolenta, Anahí parece estar prestes a apagar a qualquer momento.



— Qual? – questiono curiosa.



— Ter me casado com você. 



Responde vagamente, ela boceja e volta a fechar os olhos. Fico a olhando, sua respiração fica mais calma a cada segundo que se passa. Me dou conta de que estou sorrindo após ouvir o que ela disse.



E então percebo algo, eu já havia aberto minha vida para Anahí outra vez.




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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 112



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  • aline_andreza Postado em 31/01/2023 - 01:59:34

    Eitaa

  • tryciarg89 Postado em 20/09/2022 - 17:43:42

    Simplesmente perfeita essa fic,ameiiii

  • aleayd Postado em 08/09/2021 - 21:48:50

    Tenho uma grande paixão por essa fic. Foi simplesmente perfeita. Já li e reli tantas vezes que perdi as contas kkkk

  • Kakimoto Postado em 28/08/2017 - 21:28:13

    AAAAAAAA, Vou sentir sddss, amo tanto essa ficc <3 <3 <3. Ai, elas são mt fofas veii, amo mt mt

  • siempreportinon Postado em 25/08/2017 - 18:47:39

    Amei do início ao fim, viciante! Espero que escreva muitas outras Portinon, acompanharei todas kkkk Parabéns e continue a nos presentear com histórias maravilhosas!!!

  • belvondy Postado em 25/08/2017 - 12:28:38

    Muito top a Web,você já postou outras website portinon?se sim quero saber quais!....postaais webs!

  • Postado em 24/08/2017 - 00:43:09

    Meu Deus olha a hora e aqui comentando rs,Deus do céu Emilly que história maravilhosa que linda, foi,foi,nossa nem consigo descrever oque eu tô sentindo sei que apenas uma história mas me envolvi tanto lendo acho que com todos que leram aconteceu o mesmo,eu chorei de emoção foi lindo de verdade, como muita coisa aconteceu eu não vou conseguir falar de tudo nesse comentário mas saiba que eu amei,muito obg por ter nos dado o privilegio de conhecer essa história, foi uma adaptação espetacular aiiiiii meu Deus eu amei demais,fiquei triste que acabou mas tudo que é bom dura pouco ne,amei elas duas com os filhos,Benjamim, Duda os netos ai foi tudo lindo ameiii, bjs querida! !!

    • Gabiih Postado em 24/08/2017 - 00:45:07

      Meu nome não apareceu trágico kkkk,amei linda bjs

  • ester_cardoso Postado em 23/08/2017 - 19:35:17

    Ahhhhh não acredito que acabou, uma das melhores fanfics que já li. Ameiiiii muito a história, foi perfeita. Amei o casamento delas, o nascimento do Benjamin, as lembranças, os filhos da Duda, o Ben namorando a Demi, e com certeza meu amor maior ver elas juntas e felizes com uma família linda e maravilhosa. E pra mim esse amor é eterno, mesmo que seja fictício, mesmo q não seja real, é muito bom ter uma historia com q se envolver e apaixonar. Obrigado gatinha por proporcionar essa história maravicherry para gente, vc é demais sério. Porque além de nos dar a oportunidade de ler fics perfeitas, vc se envolve com as leitoras de uma forma q ganha o nosso coração. Um enorme beijo pra ti e obrigado por tudo mesmo, Te amo bebê <3

    • Emily Fernandes Postado em 23/08/2017 - 19:58:32

      Sim minha linda, acabou e você não sabe como eu estou triste por isso. Mas satisfeita por saber que a história agradou muito. Confesso que fiquei meia na dúvida em adaptar a história, Pois achei que não ia conseguir mas... O resultado foi bom, acho que mesmo Portinon só existindo em nosso mundo, creio que o amor e amizade que ambas sente uma pela outra, Mesmo que com menos intensidade que na época do RBD, o carinho continua o mesmo. Já vale a pena sonhar com esse trauma que além de tudo e vida e superação. Enfim muito obrigada mesmo... Eu adoro mesmo vocês. Fazer o que!!! vocês são simplesmente :MARAVILHOSAS. Amo todas e tenho um carinho.sem igual por cada uma que se prende os poucos minutos lendo as histórias que posto. Enfim gata. Te amo de coração...

  • laine Postado em 23/08/2017 - 14:53:22

    Muito bom, foi perfeito Que pena que acabou &#128550;

    • Emily Fernandes Postado em 23/08/2017 - 19:42:29

      Sim a fic é maravilhosa, mesmo eu mudando algumas coisa. O foco foi o mesmo da história verdadeira. Que bom que te prendeu assim como me prendeu. E bem infelizmente tudo que é bom tem um fim. Né Mas beijos e até a próxima.

  • Gabiih Postado em 21/08/2017 - 20:29:55

    ai eu estou amandooooo,muito essa história o amor delas é tão lindo,tão magico,tao cativante tão forte,acho que deve ser coisas de vidas passadas eu acredito nessas coisas sabe rs,mas eu espero que esse procedimento novoi de certo,annie quer tanto um filho as duas querem na verdade,e ela merecem,adorei os momentos hoy delas,duas pervertidas kkk adoro posta mais linda,desculpe a comenta mas aqui estou e ansiosa para novos capítulos posta mais!&quot;!!

    • Emily Fernandes Postado em 21/08/2017 - 20:59:27

      Eu também creio em vidas passadas. Acho que o nosso mundo é além do que vemos. E estamos predestinados a o nosso amor. Eu sei, sou uma tola apaixonada. E sonho com isso. Sorte de quem encontra um amor assim....


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