Fanfic: Amnésia (ayd adaptada) finalizada | Tema: Portinon

Por Dulce

Eu simplesmente não consigo parar de sorrir ao ver as diversas fotos penduradas ali. São tantas fotos, lugares diferentes, posições diferentes, roupas diferentes. Milhares e milhares de situações, fotos de quando éramos mais novas e até mesmo algumas que pareciam ter sido tiradas a pouco tempo. Duas coisas que as fotos ali tinham em comum: ou Anahí e eu estávamos agarradas, ou sorrindo uma para a outra. 

— Gostou de alguma?

Ouço a voz de Anahí e olho por cima do ombro esquerdo, ela adentra a casa sorrindo, sorrio de volta. Volto a olhar para o mural de fotos.

— Todas. 

— Sério?

Sinto suas mãos em minha cintura e mordo o lábio, Anahí cola seu corpo ao meu e coloca o queixo em meu ombro. Fecho os olhos para sentir melhor o cheiro do perfume dela. Não é um aroma desconhecido, lembro dele vagamente e é tão bom. Hipnotizante. 

— Sério, embora minhas preferidas sejam as do tempo no colégio. — Confesso, a respiração dela bate em minha orelha. — Elas foram tiradas em qual época? 

Aponto para três fotos em especial, nela estamos todos com jaquetas do antigo time de basquete da escola. Em duas delas eu estou sentada no colo de Anahí, os braços levantados, eu parecia estar gritando algo. Na última estou em suas costas, assim como maite está nas costas de ucher, Cláudia na de Troy e Angelique nas costas de Liam, seu namorado na época do colégio. Nós estamos em uma festa, parece ser comemoração de algo. 

— Último ano da escola, depois que todos nós nos formamos, o pessoal do time de basquete decidiu dar uma grande festa, para reunir o pessoal.

— Nessa época já estávamos namorando?

Viro a cabeça para olhar seu rosto, Anahí sorri para mim e nega com a cabeça. Franzo o cenho, parecemos namoradas nas fotos.

— Estávamos só ficando, a alguns meses na verdade. — Ela diz, seu olho se torna nostálgico. — Eu disse que demorei pra conseguir você por completo. 

— Eu fui tão difícil assim? 

— Muito. — Umedece seus lábios e solta minha cintura, me viro totalmente para ela e a observo sentar no colchão. Faço o mesmo. — Eu acabava com toda a minha mesada te comprando chocolates. 

— Queria me engordar, é? 

Brinco com ela, cruzando as pernas e fico sentada em forma de índio. Anahí ri e nega com a cabeça, joga sua franja para trás e a mesma caí de volta, ficando perfeitamente alinhada em sua testa. 

— Não, mas digamos que você não gostava muito de flores. 

— Eu gosto, não?

— Na verdade sim, mas se for só as flores você não gosta. Lembra? 

— Oh... Flores não são comestíveis, é verdade. — Sorrio sem jeito e abaixo a cabeça. Por um momento ficamos apenas em silêncio. Sabe uma coisa interessante? Anahí me deixa confortável, mesmo quando está quieta como agora. — Anie... Eu queria saber mais sobre a gente, tipo... Como tudo começou. 

— Lá do início? 

— Eu já sei do nosso primeiro beijo, também sei que te dei um gelo depois disso e Maitê ameaçou cortar meu cabelo para eu te dar uma chance de conversar comigo, certo? — Ela concorda com a cabeça. — Então... E depois? 

Anahí respira fundo, encosta a cabeça na parede e fecha os olhos. Como se estivesse lembrando daquela época. 

— Depois da nossa conversa eu te pedi uma chance para mostrar quem eu era de verdade. — Abre os olhos, mas não me olha, fica olhando para o teto. Um sorriso enfeita seus lábios, belos lábios pintados de uma cor bem vermelho. Anahí é uma das poucas mulheres que eu conheço, que fica bem com batons vermelhos. — Você disse para mim que eu precisaria muito mais do apenas palavras, eu tinha que... Conquistar sua confiança. 

Forço minha mente, tento buscar lá no fundo das minhas memórias perdidas alguma coisa daquele momento. Mas não consigo lembrar, não fico totalmente frustrada porque poderei entender tudo depois que Anahí me contar.

— Então eu mudei completamente a minha atitude, parei de pegar no seu pé, parei de ficar saindo todos os fins de semanas com os meus amigos e encher a cara. 

— Parou de ser a pegadora da escola também? 

Só me dou conta que perguntei em voz alfa quando ela me olha, surpresa. Pressiono meus lábios, repreendendo-me por não saber controlar a boca. 

— Na verdade esse título que me deram era completamente mentira. 

Franzo o cenho. Eu lembro dos comentários que rolavam quando nós ainda estudávamos. Anahí passava pelos corredores da escola e sempre tinha alguém para comentar que ela tinha ficado com alguma garota no vestiário. Eu sempre acreditei porque anabi vivia rodeada delas. 

— Como assim?

— Candy... — Ela suspira. — Eu só fiquei com cinco garotas na minha vida, contando com você, seis. Eu namorei duas, embora o primeiro não possa nem ser considerado namoro já que eu mal beijava a Maia, eu só dormi com uma garota além de você. O que falavam sobre mim eram apenas boatos porque eu vivia rodeada de garotas. 

Okay... Isso é realmente chocante. Se vocês vissem como Anahí era na escola pensariam o mesmo que eu. Porque... Ela é bonita, sempre foi, era extremamente popular, tanto na nossa escola quanto nas escolas próximas a nossa. Sempre tinha alguma garota agarrada no pescoço dela. Sem contar que na escola qualquer boato e aumentado.

— Então você nunca foi uma heartbreaker?

— Não, amor. Eu nunca fui. — Sorri de lado. — Na verdade quebraram meu coração uma vez. 

— Sério? Quem? 

Quem seria capaz de quebrar o coração dela? 

— Você... — Olha para baixo e meu queixo caí. Pu*ta merda! Eu sempre fui uma babaca. — No dia que você beijou a Alexandra na frente de toda a escola depois de dizer que eu era digna de pena e não de amor. 

Pelo tom de sua voz posso notar que ela ainda guarda mágoa dessa época. Engulo seco e abaixo a cabeça por vergonha. Como eu pude ser tão babaca com ela? Quer dizer, Anahí não era nada do que eu pensava. Meu problema com ela era o fato dela pegar no meu pé e ser uma completa babaca que se achava dona de tudo. Mas a verdade era que eu acreditava nos boatos que ouvia dela. Eu sempre a vi como uma pessoa péssima. E me arrependo, porque ela é alguém totalmente diferente do que eu pensei. 

— Anie... E-eu...

— Tudo bem, Candy... — Levanta a cabeça e sorri, mas seus olhos não brilham e muito menos aparecem as ruguinhas fofas de toda vez que ela sorri de verdade. — Mas voltando a parte que importa...

— Por que você insistiu em mim depois do que eu fiz? 

Ela se cala e fica me olhando durante alguns segundos, parece pensar no que dizer. E antes de falar, abre um enorme sorriso, e esse sim chega em seus olhos, deixando as ruguinhas aparentes.

— Você era o amor da minha vida, Angelique disse que eu tinha que provar a você que eu não era nada do que você pensava. Ela me encorajou tanto, ela sempre foi meu ponto de paz. Sendo sincera eu obedecia mais ela do que minha própria mãe. — Ela ri, acabo rindo também. — Eu lembro que eu estava chorando por sua causa, eu não queria que você me odiasse. Ela me segurou pelos ombros, enxugou meu rosto e falou: "Eu acho bom você parar de ficar choramingando e ir atrás da sua garota, ou eu vou chutar essa sua bu*nda  até você tomar vergonha na cara.", eu parei de chorar na hora e comecei a rir. 

— Você gosta muito dela, não é?

— Eu amo ela, ela é tudo pra mim. Muito mais do que uma melhor amiga... Ela é minha irmã. 

Diz emocionada, é impossível não sorrir ao ouvir aquilo. Eu conheço essa sensação porque sou assim com Maitê, apesar de ser uma bruta as vezes, ela significa o mundo para mim. Ela esteve ao meu lado em todos os momentos difíceis, eu nem precisava pedir ajuda que ela adivinhava quando eu precisava de colo. Eu sou capaz de levar um tiro por ela, porque sei que ela faria o mesmo. 

— Mas vamos mudar de assunto antes que eu comece a chorar, meus hormônios estão uma loucura. — solta uma risadinha sem jeito. — Eu insisti em você e nós nos beijamos, depois disso conversamos e você decidiu me dar uma chance para conquistar sua confiança. 

— Nós tivemos encontros?

— Vários. — Me aproximo dela e sento ao seu lado. — Uma vez eu fui na sua casa, de madrugada. Escalei até seu quarto, você quase teve um surto quando me viu ali, ainda porque eu estava de pijama. 

— Meu Deus...

— É, você me fez entrar e me agasalhar, eu gostei tanto daquilo, sabe? Te ver cuidando de mim, foi uma das melhores coisas. — Enquanto falava o sorriso estava ali, enorme. — Só pra frisar que eu gosto quando você cuida de mim. 

— Bom saber disso. — Ela me olha e eu pisco para ela, suas bochechas ruborizam um pouco. — Mas você tinha ido lá para fazer o que? 

— Sexo. — arregalo os olhos e Anahí gargalha, jogando a cabeça para trás. — Você p-preci-cisava ter vi-visto sua cara. 

— Idiota. 

Resmungo emburrada e cruzo os braços. Ela ainda está rindo, babaca.

— Estou brincando. — Ela se recompõe, continuo emburrada. — Fui ver as estrelas com você, era lua cheia. Eu estava no meu quarto, ai quando eu vi a lua logo lembrei de você. Então saí de casa sem te avisar. 

— Você era louca. 

— Ainda sou. — Em segundos ela está bem próxima a mim, acaricia meu rosto e beija meus lábios de leve. Suspiro, quase escorregando para baixo. — Completamente louca por você. 

— Anie-

Seus lábios colidem com os meus outra vez, meu corpo parece uma gelatina gigante. Retribuo o beijo delicado que ela me dá, sentindo-a suspirar em meio ao nossos beijo. Sinto meu coração bater em meus ouvidos, todo meu corpo parece formigar. Como explicar a sensação incrível que é beijar Anahí? 

— Não precisa falar nada, eu irei me controlar porque quero ir com calma. — Beija a ponta de meu nariz. — Quer saber mais de alguma coisa?

— Quem pediu quem em namoro? 

Lauren abre um enorme sorriso, seus olhos ganham mais vida do que antes.

— Você... Aqui nessa casinha. 

— Esse sítio é bem antigo, sempre foi seu?

— Sim, ele realmente é. Não, não exatamente. Era para ser nosso e de Ucher, mas ele deu a parte dele para mim porque sabe o quão importante é esse lugar para nós duas. 

— Herança? — Ela assente, afastando-se um pouco de mim. — Eu queria tanto me lembrar de tudo isso, é uma merda.

Admito cabisbaixa, meus ombros caem em desanimação. Anahi se aproxima de mim outra vez e beija minha testa, logo me puxa para seus braços, dando-me apoio. Ela não diz nada, apenas fica ali agarrada comigo, fazendo carinho em meus cabelos. Inalo seu perfume, sinto-me protegida em seus braços. Mesmo que não lembre de nada, Anahí me passa uma sensação, uma ótima sensação. 

Se a pessoa estiver destinada a você, independente de tudo vocês irão se encontrar, mesmo que precisem se reconhecer mil vezes.

Lembro que minha avó disse isso para mim uma vez, nunca esqueci disso. Essa frase nunca fez tanto sentido quanto naquela hora. Anahi e eu, será que estamos destinadas uma a outra? 

— Melhor? — Ouço sua pergunta em meu ouvido, afirmo com a cabeça, arrasto meu rosto em seu colo, inalando o perfume em sua blusa. — Acho que já podemos descer, não está com fome não? 

— Um pouco. — Mas não quero sair dos seus braços, apenas penso, não me sinto corajosa o suficiente para dizer em voz alta. — Ainda quero saber mais sobre você.

— Sobre mim ou sobre nós duas?

— Os dois. — Ela solta uma risadinha. — Tem alguma coisa sobre você que ainda não tenha me dito? 

Ela toma fôlego, seu tórax infla, fazendo com que eu me mova. Fico brincando com uma linha solta no canto da blusa dela.

— Eu tenho outra tatuagem, acho que você não lembra dela. 

— Outra além da do pulso e da nuca? — Me afasto, Anahí me olha e acena que sim. — Me mostra.

Solto-me de seus braços, sento em forma de índio.

— Tem certeza? 

— Claro!

— Okay...

Ela concorda por fim, Anahí fica de joelhos e segura no botão de seu short, arregalo os olhos e encaro seu rosto, Anahí me sorri debochada. 

— O-onde que e-ela está? 

Gaguejo nervosa, Anahí joga a cabeça para trás e ri.

— No quadril, amor. — Diz calma e desabotoa o short, evito olhar para baixo, mas ouço o zíper ser puxado. — É seguro olhar. 

Relutante eu olho para baixo, com os olhos semicerrados. Olho primeiro no lado esquerdo e não vejo nada, mas ao olhar no direito.

— Uma fada? — Prendo a risada, Anahí está com as bochechas coradas. — Uau, que rebelde. 

Brinco e ela fecha a cara, abotoa o short e volta a se sentar de frente para mim, ainda emburrada. 

— Foi uma homenagem para você, okay? 

A risada some ao ouvir aquilo, me derreto. Meu Deus essa carinha dela emburrada, porque ela é tão adorável? Sorrio grande, me aproximando dela, que até tenta evitar que eu encoste nela, mas é impossível.

— Sério? — Ela assente, descruzo seus braços e subo em seu colo, com os joelhos um de cada lado no seu corpo. — Isso é fofo. 

— Vou apagar ela. 

— Não vai não. — Sento em seu colo, mais precisamente em suas coxas, bem perto do joelho. — Só isso? Nenhuma outra perdida por aí? 

— Não... — Responde e nega com a cabeça para frisar a resposta. — Mas tem uma coisa, não sei se você já percebeu. 

Junto as sobrancelhas, não faço ideia do que ela está falando. Até tento pensar em alguma coisa, mas não penso em nada. 

— O que?

— Eu tenho um piercing no mamilo direito. 

— Não tem não. 

Duvido dela e Anahí levanta uma sobrancelha. Espera... Ela está falando sério?

— Tenho sim. 

— Me mostra então. 

Peço e me levando de seu colo, ficando de pé no colchão com ela sentada no meio das minhas pernas. Anahí fica me olhando como se estivesse confirmando que estou falando sério. 

— Certeza? 

— Sim?

Foi uma pergunta, mas eu perguntei mais a mim mesma. Quer dizer, ela vai me mostrar o peito dela, eu não quero ver. Embora exista a possibilidade dela não ter, certo? Mas de qualquer forma eu terei que ver o seio dela. 

— Vamos ver se você acredita então... — Oh, Jesus ela vai realmente fazer. Anahí levanta a blusa até a altura de seu pescoço, deixando seus seios expostos, não totalmente por causa do sutiã roxo que ela está usando. Engulo seco, travo no lugar e forço meu cérebro para sair dali. — E agora? Satisfeita? 

Meu queixo caí, se fosse possível acho que ele teria batido no chão com tudo. Sinto meu rosto começar a esquentar, Anahí sorri de lábios cerrados, como se dissesse "Toma essa.", mordo o lábio por puro reflexo. Ela está com o seio direito para fora do sutiã, e posso ver que em seu mamilo tem realmente um piercing. 

Pu*ta merda! 

— Me-meu Deus...

Engulo seco, sinto algo dentro de mim começar a crescer, como uma faísca em folhas secas. Meu olhar cruza com o de Anahí, ela separa os lábios para sorrir e pisca para mim. Engulo seco, minha respiração arrisca falhar e antes que eu cometa alguma loucura, me viro e saio dali praticamente correndo. Ainda ouço a risada divertida de Anahí lá dentro da casa na árvore. 

Maldita! 

Ela é louca... E vai me deixar louca também.