Fanfics Brasil - Capítulo 27 Amnésia (ayd adaptada) finalizada

Fanfic: Amnésia (ayd adaptada) finalizada | Tema: Portinon


Capítulo: Capítulo 27

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Por Dulce





Tem alguns minutos que levaram Anahi para a emergência, ainda estou assustada e preocupada. Tinha muito sangue na cama, aquela imagem nunca vai sair da minha cabeça. Nada de ruim pode acontecer com ela, eu não permito isso. Eu não quero que alguma coisa aconteça, não agora que me acostumei em tê-la na minha vida. 



Não agora que estou gostando de tudo isso, nossa casa, nossa vida juntas, nossa filha...



Não agora que estou começando a gostar dela. 



— Dul, você não quer comer alguma coisa ou descansar em casa? – Cristopher volta para a sala de espera, onde estou encolhida em um dos sofás dali. Apenas nego com a cabeça, meu olhar fixo em um ponto qualquer do chão. — Tem certeza? Qualquer coisa fala comigo.



— Eu estou bem. – Minto, porque não estou nada bem, mas ele deve saber disso. — Será que ninguém vai nos contar se ela está bem?



— Daqui a pouco deve vir alguém aqui. – Ele diz, é perceptível em sua voz o quão apavorado ele também está. — Maitê está vindo para cá com as crianças, eu disse que não precisava, mas você sabe como ela é teimosa.



Sorrio sem muita vontade, é verdade. Maitê é mais teimosa do que Anahi... Ah, não. Só de pensar nela sinto vontade de chorar, meu coração volta a apertar no peito, o medo imenso de algo acontecer a ela simplesmente me sufoca. Cristopher percebe minha mudança e me puxa para seus braços, amparando-me.



— Parentes de Anahí Savinon Portilla ?



Uma voz grossa ressoa pela sala, me afasto de Ucher e levanto do sofá, caminhando na direção do médico. Minhas mãos começam a suar.



— Co-como minha esposa está? 



Pergunto aflita, olhando para o médico com aquela prancheta enorme nas mãos. Ucher para ao meu lado e me segura pelos ombros.



— Nós estamos tentando controlar a situação, mas a Srta. Savinon perdeu muito sangue, ela precisa de uma transfusão urgente. Infelizmente não temos o tipo sanguíneo dela disponível no momento, qual de vocês dois é compatível com ela? 



— Merda, só meu pai é compatível com ela.



— E-eu sou A positivo, serve? 



— Não. – O Dr. suspira a coça a cabeça, a calma que ele estava exalando parece se esvair aos poucos. — Onde seu pai está? Precisamos dele aqui, agora!



— Meu pai está em Miami, ele mora lá, ele... Vocês precisam salvar a minha irmã, doutor, por favor. Eu não posso perder ela.



— Fique calmo, Sr. Portilla, nós estamos fazendo o possível.



— O possível? Vocês estão fazendo o possível?! – Explodo de uma vez, estou incrédula que enquanto minha esposa está nesse hospital correndo risco de vida, esse filho de uma... Respira, Dulce. — Vocês precisam fazer mais do que o possível, eu quero ela bem, eu preciso dela, e-eu... Não quero perdê-la. 



Minha voz começa a falhar e Ucher me puxa outra vez para seus braços, agarro-me em sua cintura e me permito chorar. Sinto-me como a criança amedrontada, apavorada. 



— Amor! – Ouço a voz de Maitê, mas não me solto de Ucher para olha-la. — O que houve? Já tiveram alguma notícia? Dr? O que aconteceu com Anahí 



— Fica calma, amor. 



— Como eu vou ficar calma, Ucher?! Onde ela está?



— Srta. mantenha a calma, a paciente está na ala de emergência, nós precisamos fazer uma transfusão de sangue o mais rápido possível porque ela perdeu muito sangue durante a hemorragia. 



— Eu posso doar meu sangue. – Tiro meu rosto do peito de Ucher e olho para os lados em busca de Maitê, a encontro de pé com Diego em seu colo, segurando a mão de Eduarda. Eles parecem confusos sem entender o que está acontecendo. — Nós somos compatíveis, onde eu posso ir? 



— A Srta. é O negativo? 



— Sou. 



Uma chama de esperança se acende em meu peito e um sorriso nasce em meus lábios. No momento estou amando Maitê mais do que nunca em toda a minha vida. Ucher  me solta e pega Diego do colo de Maitê, sinto alguém agarrar minhas pernas e vejo uma Duda sonolenta me segurando. 



— Agora sim, vai dar tudo certo.



Ucher diz para mim antes de se encaminhar para um sofá. Me abaixo para pegar Eduarda no colo e a pequena logo se agarra em meu pescoço, vou até onde Ucher está com Diego e sento ao lado deles. Me agarro com força a minha filha, tento me manter firme por ela e por ela. Vai dar tudo certo, eu sei que vai. Eu estava repetindo aquilo para mim mesma enquanto ninava minha pequena, alguns minutos depois notei que ela dormia.



Não posso dizer o mesmo sobre mim já que tenho certeza que não conseguirei descansar até saber notícias de Anahí.



Até vê-la bem, eu preciso vê-la bem outra vez. Nem que seja me tirando o juízo, ou me irritando ao extremo, aceito até que ela fique me chamando de gatinha, como fazia antigamente, e eu odiava. Céus! Como eu odiava ela quando me chamava dessa forma. Mas eu sinceramente não me importaria que ela me chamasse assim, ao menos ela estaria bem e em pé na minha frente, sorrindo e não toda mole e quase apagando como eu a vi.



• • 



Já não tenho noção do tempo, nem do que acontece ao meu redor. Ucher está tão inquieto quanto eu, não para quieto no sofá, toda hora levanta, vai até a recepção e procura saber alguma notícia. Mas até agora nada, e nem Maitê saiu lá de dentro ainda. 



Nunca na vida pensei que seria tão assustador passar por isso, quero dizer, a sensação de impotência é horrível, e não saber o que tem de errado com Anahí, é pior ainda. Se a Dulce do passado soubesse que a Dulce do futuro estaria nesse desespero todo por causa de  Anahí Portilla, ela cometeria suicídio. Minha antipatia por Anahí era enorme e veja só, aqui estou eu, treze anos depois, completamente apavorada e com medo de perder ela. E por que? 



Eu não consigo viver sem ela agora, não há outra pessoa melhor nesse mundo para eu dividir uma vida junto. Ela é a minha pessoa. 



Só me sinto bem estúpida por ter demorado todo aquele tempo à anos atrás, nós poderíamos ter aproveitado melhor. Bem... Pelo menos estamos aproveitando agora.



Ou estávamos aproveitando melhor... 



— Dr. Dr! 



Ucher exclama ao ver o médico ultrapassar pela porta que leva a emergência. Levanto no mesmo instante, minha pequena está deitada no sofá ao lado de Diego. Vamos até o médico, ele está com uma expressão cansada no rosto.



Será que alguma coisa deu errado? 



— Como ela está?



Pergunto aflita, meu coração acelerado outra vez, as mãos suando tanto que eu tenho que passar a mão na minha calça do pijama para seca-las. O Dr. olha algo em sua prancheta e suspira. 





Oh não! 



— A paciente está instável no momento, mas infelizmente não conseguimos reverter a situação. 



— Espera aí! Que situação?



— Srta. Portilla, sinto informar que sua esposa perdeu o filho de vocês, nós tentamos reverter a situação de todas as formas possíveis, mas infelizmente não foi possível. 



Dou dois passos para trás, como se cada palavra dele fosse um soco em meu peito. Como infernos ela perdeu o "nosso filho?", Anahí estava grávida? Por que ela não me contou? 



Então era isso que Maitê e ela escondiam de mim. 



— Você sabia disso?



— Dulce, eu... – Ucher passa as mãos no rosto e acena que sim com a cabeça. — Sim, eu sabia. 



— Eu também sabia disso?



— Como assim? – O médico nos interrompe, totalmente alheio a nossa conversa. — A senhorita não sabia que sua esposa estava grávida? 



— Não, Dr. É uma longa história. – Ele continua nos olhando sem entender nada. — Ela queria fazer uma surpresa a Dulce... Será que posso ver minha irmã? 



Meu Deus, ela queria me provar que era sim capaz me dar um filho. 



— No momento ela está dormindo em um quarto no segundo andar, as visitas serão liberadas somente pela manhã. A Srta. Portilla precisa descansar. 



Sinto vontade de gritar com esse médico e exigir ver Anahi, preciso disso. Preciso confirmar com meus próprios olhos que ela está realmente bem. Não irei conseguir descansar sem antes verificar ela.



— Dr. onde está minha esposa? 



— A senhorita Maitê? Ela está repousando em minha sala, tivemos que seda-la porque ela ficou muito agitada quando soube que a Srta. Portilla perdeu o bebê. 



Céus! Por que ele tinha que lembrar disso? 



•• 



Estou sentada agora no banco de espera no corredor de quartos, onde Anahi está em um deles. Ucher optou por levar Maitê para descansar em casa depois que ela acordou, e também levou com ele as crianças. Acho que é até melhor assim, Maitê não pode ficar tão agitada por causa da gravidez, e não creio que o hospital seja o ambiente adequado para crianças. 



Olhando fixamente para a parede a minha frente, é assim que estou desde o momento em que subi para o segundo andar. Tento não pensar em todos os acontecimentos dessa noite, mas é impossível. Parece que quanto menos eu tento pensar, mais eu penso. Se alguém perguntar como me sinto, irei responder que não sei, porque sinceramente... Não faço ideia de como me sinto nesse momento. 



É difícil explicar, entende? Estou meio anestesiada ainda, não sei se Anahi e eu tínhamos planejado aqui em algum momento, ou se ela já tinha me contado antes. E ela nem me contou depois que eu perdi a memória. Tenho certeza absoluta que o que Maitê e ela escondiam de mim era isso. Mas por que esconder? Acho que... Gostaria de saber. 



Céus! 



Eu gostaria de ser mãe outra vez, independente de não lembrar da primeira vez. E dói, dói porque estou imaginando se Anahi estava animada, se estava ansiosa e agora... Tudo estava acabado. Não iríamos mais ver o rostinho, nem ser acordada durante as madrugadas. E eu faria questão de levantar para dar colo a ele... Céus! Eu não consigo acreditar que ela sofreu um aborto, talvez se eu tivesse chegado mais cedo... Talvez. 



É culpa minha. 



— Dulce? – Ouço alguém me chamar e viro a cabeça para o lado, as lágrimas escorrendo por minha bochecha e eu nem tinha me dado conta. — Está tudo bem? O que faz aqui essa hora?





Dr. Charlie caminha em minha direção, ele parece ter chegado aqui agora, já que não está vestindo seu jaleco. Fecho meus olhos e abaixo a cabeça, ele senta ao meu lado e toca meu ombro, como se pudesse me confortar apenas com aquele toque. 



— Eu... Anahí, ela....



— Ela sofreu algum acidente?



— Não. – Respiro fundo, esfrego as mãos em meus olhos. — Quer dizer, sim.



— Onde ela está? O que aconteceu?



Lembrar do que houve me dói de uma forma indescritível. As imagens daquele sangue todo, a forma como ela estava toda mole... Sinto meu coração apertar no peito e um soluço escapa de meus lábios. Quando dou por mim estou chorando compulsivamente, sinto minha garganta queimar pela força que estou chorando. Levo uma mão até o lado esquerdo do meu peito e pressiono a região, tentando em vão aplacar a dor ali. 



Mas é impossível.



— Aqui, Dulce, bebe essa água e tenta ficar calma. – Dr. Charlie me estende um copo de água, o pego e bebo quase tudo de uma vez. — Respira fundo e me conta o que aconteceu com ela.



Faço o que ele pediu e tento me acalmar, aos poucos vou seguindo seus conselhos e me acalmo aos poucos. Dr. Charlie está ajoelhado em minha frente, uma mão em meu joelho me dando conforto. 



— Ela perdeu o bebê... – Minha voz quase não saí. — Ela perdeu ele... 



O nosso pequeno. 



— Oh não... – Abaixo a cabeça e volto a chorar, com menos intensidade dessa vez, mas com a mesma dor. — Eu vou conseguir sua liberação para entrar no quarto, acho que ela vai precisar de você lá quando acordar. 



Minutos depois Dr. Charlie volta, ele já está vestido como médico. Ele me pede para acompanha-lo e vamos em direção ao final do corredor, ele fala alguma coisa com uma enfermeira que passa por ali e em seguida faz sinal com a cabeça para entrarmos na sala. O ar gélido bate contra meu corpo, causando um pequeno arrepio, que pareceu ficar pior ao ver Anahí deitada naquela cama, imóvel. 



Pelo menos ela não está mais com aquela expressão de dor.



— Ela vai demorar a acordar? 



Pergunto a Dr. Charlie que está lendo algo em uma prancheta que estava em cima da cama, aos pés de Anahí. Hesitante chego perto da cama, podendo ver melhor a minha Narry.



— Provavelmente, ela perdeu uma boa quantidade de sangue pelo que estou vendo aqui. – Toco seu braço e seguro a mão dela, acariciando seu polegar com o meu. — Ela só poderá ser liberada a noite, Anahi vai precisar de um bom descanso.



— Estou com medo.



— Do que?



Suspiro e aperto a mão dela. Anahí parece tão frágil assim, não sei como será quando ela acordar e receber a notícia que perdeu nosso bebê... Outra vez. 



— Da reação dela quando acordar... Nós tivemos uma conversa ontem, ela me contou sobre as outras vezes que tentou engravidar.



— Pode ser que ela fique meio depressiva outra vez.



— Outra vez? – Olho para ele.



— Sim, ela já sofreu um aborto, na primeira tentativa de engravidar. Ela não conseguiu segurar o feto e acabou o perdendo antes de completar um mês. 



— Você acompanhou todas as inseminações dela? 



— Sim, as suas também. – Dr. Charlie coloca a prancheta em cima do pequeno móvel no canto da parede. — Quando aconteceu a primeira vez, eu tive que receitar alguns antidepressivos para ela, Anahí é uma pessoa muito emotiva, você já deve ter percebido. 



— Sim... Já percebi. – volto a olhar para minha esposa, que continua parada, dormindo serenamente. — Por que ela não consegue ter filhos?



— Não é que ela não consiga, Anahí tem um.



— Sem termos médicos, por favor, eu não entendo nada disso. 



— Tudo bem... Ela é saudável, se alimenta bem e pratica bastante exercício. Porém ela tem um pequeno problema que não permite que ela tenha uma gravidez normal e tranquila, ela precisa ser extremamente cuidadosa.



— Como assim?



— Ela não pode se esforçar muito, eu disse a ela para evitar ficar subindo e descendo escadas muitas vezes, ela não poderia praticar esporte algum e muito menos pegar peso. Cumprir o repouso, tomar os remédios que eu receitei e não ingerir bebidas alcoólicas. – Engulo seco, minha mente voa para todas as coisas erradas que Anahí fez durante esse tempo, que eu perdi a memória — Ela deve ter feito algum esforço ou... 



— Nós ficamos brincando com a nossa filha ontem. – Fecho os olhos me praguejando por ter permitido aquilo. — Ela ficava toda hora me pegando no colo e jogando na piscina.



— Oh... Então foi isso. – Pressiono os lábios, sinto uma mão em meu ombro, Dr. Charlie dá um aperto amigável na região. — Eu tenho que ir ver alguns pacientes agora, quando Anahí acordar chame a enfermeira, depois eu venho aqui ver ela e... Dulce, eu sinto muito por vocês. 



Quando ouço a porta ser fechada, solto o ar de meus pulmões e olho para o rosto de Anahí. O que vamos fazer agora? Sei que nossa vida não vai parar por causa disso, mas sinto que você não irá reagir bem quando souber o que houve. Mas irei estar aqui, prometi ontem e irei cumprir enquanto eu puder.



— Não sairei do teu lado, amor, eu vou estar aqui por você. 



Sussurro, sentindo a garganta começar a arder e a vontade de chorar voltando com força. Uma lágrima escorre de meu olho esquerdo, pinga em algum lugar do lençol branco que cobre Anahí da cintura para baixo. Passo a mão em meu olho para seca-lo, não posso ficar tão frágil. Preciso estar forte o suficiente para quando ela acordar. 



•••• 



O som do meu celular tocando foi o que me despertou, eu nem notei que tinha pegado no sono. Abro os olhos e saco o celular do bolso, uma chamada perdida de Maitê. Ela deve estar querendo notícias. São 10am, olho para a cama e vejo Anahí ainda dormindo. Levanto-me e me aproximo da cama, sua expressão ainda é suave. Ela franze o nariz um pouco quando eu toco seu braço, puxo minha mão e vejo ela abrir os olhos. 



— Bom dia, dorminhoca. – Sorrio para ela quando seus olhos focam em meu rosto, Anahí parece perdida. Olha em volta tentando descobrir onde está. — Não levante, você precisa descansar.



— Onde eu estou? 



Sua voz está baixa, fraquinha. Ela leva uma mão até o olho e o coça, é impossível não associar esse gesto ao da Eduarda. Elas  se parecem até nisso. 



— No hospital, vou chamar a enfermeira.



— Candy... – Ela segura meu pulso, mesmo seu aperto sendo bem fraco. Paraliso no lugar, me mantendo de costas para ela. — O que aconteceu? 



— E-eu... – Corto minha tentativa de fala ao ver a porta ser aberta, quase comemoro aliviada al ver Dr. Charlie adentrar o quarto. — Ela acabou de acordar. 



— Bom dia, Dulce. – Ele sorri para mim e sinto Anahí soltar meu pulso, dou espaço o Dr. passar e ir até minha esposa. — Bom dia, Anahí. Como se sente?



— Meio tonta, e com sede. – Resmunga, tentando ficar sentada. — O que estou fazendo aqui?



Nesse momento o quarto fica em silêncio, Anahí olha do Dr. Charlie para mim, confusa. Olho para o médico, sem saber o que fazer. Ele suspira, ajeita o óculos em seu rosto. É agora...



— Você foi trazida para cá durante a madrugada, não se lembra?



Ele diz e ajusta a cama para que Anahí fique sentada.



— Não exatamente. Por que me trouxeram para o hospital? O que aconteceu?



— Anahí, eu preciso que você fique calma para eu poder falar. – Anahí busca meus olhos ao ouvir aquilo, vou até o lado dela e entrelaço nossos dedos. — Não existe uma maneira mais fácil de dizer isso, então... Infelizmente, você sofreu um aborto espontâneo. Nós tentamos reverter a situação a tempo mas, já era tarde. 



Meus dedos começam a ser esmagados pelos dela, tento não grunhir de dor e puxar minha mão de volta. Anahí está com a boca um pouco aberta, assim como seus olhos, que começam a ficar úmidos.



— Não pode ser. Não! Não! Não! Você está mentindo para mim. 



— Anahí... 



— Não! Candy, me diz que ele está mentindo, me diz, amor, por favor. – Ela implora, seus olhos começam a demonstrar seu desespero. Ela nega com a cabeça, duas lágrimas escorrem por suas bochechas. — Eu não acredito nisso! É mentira! Meu filho ainda está aqui, eu sei, eu sinto ele. 



Ela começa a chorar e solta minha mão, alisa sua barriga enquanto o choro toma conta de seu ser. Não consigo me manter calma, logo estou chorando também enquanto a observo se debulhar em lágrimas e murmurar que estávamos mentindo. 



Mesmo desconhecendo a dor de sofrer um aborto, estou sentindo a dor da perda. Não lembro de ter planejado esse filho, nem ao menos sabia de sua existência até essa madrugada. Mas ele poderia vir ao mundo, ele teria olhos lindos assim como os dela. O mais importante, ele seria amado, por nós duas. Sim, nós duas. Afinal, ele era nosso bebê... Nosso filho. 



E vê-la tão abalada dessa forma, sofrendo e não acreditando que mais uma vez fora impedida de realizar um de seus sonhos. Quero dizer, ela planejou isso, ela devia realmente querer esse filho, e o perdeu. Nem pôde pega-lo no colo, ou ver seu rosto, chama-lo de filho. Ou ama-lo.



A dor de Anahí, dói muito mais em mim. 



Dr. Charlie teve que mandar sedarem ela para que ela pudesse se acalmar, mas até voltar a apagar, ela ainda chorou mais e insistia em dizer que estávamos mentindo. Pouco tempo depois disso ela adormeceu em meus braços.



— Dulce, tem gente aqui fora querendo falar com você.



— Já estou indo.



Fungo algumas vezes, ainda estou chorando. Solto devagar minha mão de Anahí, nossos dedos estavam entrelaçados. Dou uma última olhada para ela antes de sair do quarto. Ao chegar lá fora, logo vejo Maitê parada do outro lado do corredor, seus olhos estão vermelhos, o que denuncia que ela estava chorando.



— Vem cá, Dul... — Corro em direção a minha melhor amiga e sou recebida por aquele abraça que sempre me confortou, em todos os nossos anos de amizade. Me deixo chorar nos braços dela, sentindo ela afagar meus cabelos e sussurrar coisas carinhosas. — Tudo vai ficar bem, pequena, tudo vai ficar bem. 



Eu espero que fique mesmo. 



(...)



Já está no final da tarde, praticamente todo mundo está aqui, menos meus pais e os de Anahí. O pessoal está na sala de espera, e eu continuo aqui parada ao lado da cama de dela, esperando ela acordar. Poucos segundos depois ela começa a se remexer, um suspiro suave saí de sua boca e ela logo abre os olhos. Abro um sorriso para ela, Anahí pisca algumas vezes e me olha. 



— Não era mentira, não é? 



Apenas nego com a cabeça, já sentindo vontade de chorar outra vez ao vê-la me olhar de uma forma tão triste. Anahí pressiona os olhos, leva as mãos até boca para sufocar um som que iria escapar de sua garganta. Logo vejo seus ombros tremerem e o som de choro toma conta do quarto, não perco tempo e seguro os braços dela, com certo cuidado a puxo para cima e faço com que ela me abrace. Anahí aperta os braços em volta do meu pescoço e deixa que seu choro venha com toda força. 



— Eu estou aqui com você, eu estou aqui. 



Sussurro em seu ouvido, ou tento, minha voz está meio embolada por conta do choro.



— Você tinha razão, você sempre tem. – Ela murmura em meio ao choro contra o meu pescoço. — E-eu sou uma inútil. Não sirvo para na- 



Coloco a mão sobre a boca dela para cala-la. Ouvi-la dizer aquelas coisas além de doer, está me fazendo ficar remoendo minha culpa. E eu nem ao menos lembro de ter dito tais coisas para ela. Eu sou uma estúpida, quer dizer, a antiga Dulce se tornou uma estúpida.



Como fui capaz de ser tão idiota com ela? 



— Você não é, não é inútil. – Me afasto um pouco dela, com um pouco de dificuldade já que Anahí não soltava meu pescoço. — Olha para mim, olha nos meus olhos. – Seguro sua cabeça a faço olhar em meus olhos. Os dela estão vermelhos, com lágrimas nos cantos, seus lábios tremem um pouco por ela estar controlando o choro. Ela parece tão frágil. — Eu não sei por qual razão aquela Dulce disse esse tipo de idiotice, mas eu, essa Dulce aqui, não te acha uma inútil. Você é incrível, cuida da nossa Duda tão bem, e cuida de mim também. Eu estou te conhecendo melhor todos os dias, e só posso dizer, você é uma das melhores pessoas que já conheci. 



— Eu nunca vou poder te dar um filho. 



— Shhhhh. – Nego com a cabeça, com meus polegares seco um pouco das lágrimas em suas bochechas. — Você pode, você pode sim. – Sorrio para ela, Anahí não está chorando mais, apenas me olha com atenção. — Mas não vamos pensar nisso agora, tenho que zelar pelo seu bem estar.



— Mas...



— Não fala mais nada, só fica aqui comigo, vem cá. – Puxo-a para mim outra vez, deito sua cabeça em meu colo. — Tudo vai ficar bem, nós vamos passar por isso, juntas meu amor.



Se antes ela cuidava de mim, estava na hora de eu passar a cuidar dela.




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Por Dulce Estou de volta ao quarto onde Anahí está dormindo, ainda. Eu acabei de assinar a alta dela e assim que ela acordar já poderemos ir para casa. Aliso seus cabelos, os detalhes de seu rosto. Com o polegar contorno suas sobrancelhas, desço pelo lado esquerdo de seu rosto até chegar em sua boca.  Linda.... E tão fr& ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 112



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  • aline_andreza Postado em 31/01/2023 - 01:59:34

    Eitaa

  • tryciarg89 Postado em 20/09/2022 - 17:43:42

    Simplesmente perfeita essa fic,ameiiii

  • aleayd Postado em 08/09/2021 - 21:48:50

    Tenho uma grande paixão por essa fic. Foi simplesmente perfeita. Já li e reli tantas vezes que perdi as contas kkkk

  • Kakimoto Postado em 28/08/2017 - 21:28:13

    AAAAAAAA, Vou sentir sddss, amo tanto essa ficc <3 <3 <3. Ai, elas são mt fofas veii, amo mt mt

  • siempreportinon Postado em 25/08/2017 - 18:47:39

    Amei do início ao fim, viciante! Espero que escreva muitas outras Portinon, acompanharei todas kkkk Parabéns e continue a nos presentear com histórias maravilhosas!!!

  • belvondy Postado em 25/08/2017 - 12:28:38

    Muito top a Web,você já postou outras website portinon?se sim quero saber quais!....postaais webs!

  • Postado em 24/08/2017 - 00:43:09

    Meu Deus olha a hora e aqui comentando rs,Deus do céu Emilly que história maravilhosa que linda, foi,foi,nossa nem consigo descrever oque eu tô sentindo sei que apenas uma história mas me envolvi tanto lendo acho que com todos que leram aconteceu o mesmo,eu chorei de emoção foi lindo de verdade, como muita coisa aconteceu eu não vou conseguir falar de tudo nesse comentário mas saiba que eu amei,muito obg por ter nos dado o privilegio de conhecer essa história, foi uma adaptação espetacular aiiiiii meu Deus eu amei demais,fiquei triste que acabou mas tudo que é bom dura pouco ne,amei elas duas com os filhos,Benjamim, Duda os netos ai foi tudo lindo ameiii, bjs querida! !!

    • Gabiih Postado em 24/08/2017 - 00:45:07

      Meu nome não apareceu trágico kkkk,amei linda bjs

  • ester_cardoso Postado em 23/08/2017 - 19:35:17

    Ahhhhh não acredito que acabou, uma das melhores fanfics que já li. Ameiiiii muito a história, foi perfeita. Amei o casamento delas, o nascimento do Benjamin, as lembranças, os filhos da Duda, o Ben namorando a Demi, e com certeza meu amor maior ver elas juntas e felizes com uma família linda e maravilhosa. E pra mim esse amor é eterno, mesmo que seja fictício, mesmo q não seja real, é muito bom ter uma historia com q se envolver e apaixonar. Obrigado gatinha por proporcionar essa história maravicherry para gente, vc é demais sério. Porque além de nos dar a oportunidade de ler fics perfeitas, vc se envolve com as leitoras de uma forma q ganha o nosso coração. Um enorme beijo pra ti e obrigado por tudo mesmo, Te amo bebê <3

    • Emily Fernandes Postado em 23/08/2017 - 19:58:32

      Sim minha linda, acabou e você não sabe como eu estou triste por isso. Mas satisfeita por saber que a história agradou muito. Confesso que fiquei meia na dúvida em adaptar a história, Pois achei que não ia conseguir mas... O resultado foi bom, acho que mesmo Portinon só existindo em nosso mundo, creio que o amor e amizade que ambas sente uma pela outra, Mesmo que com menos intensidade que na época do RBD, o carinho continua o mesmo. Já vale a pena sonhar com esse trauma que além de tudo e vida e superação. Enfim muito obrigada mesmo... Eu adoro mesmo vocês. Fazer o que!!! vocês são simplesmente :MARAVILHOSAS. Amo todas e tenho um carinho.sem igual por cada uma que se prende os poucos minutos lendo as histórias que posto. Enfim gata. Te amo de coração...

  • laine Postado em 23/08/2017 - 14:53:22

    Muito bom, foi perfeito Que pena que acabou &#128550;

    • Emily Fernandes Postado em 23/08/2017 - 19:42:29

      Sim a fic é maravilhosa, mesmo eu mudando algumas coisa. O foco foi o mesmo da história verdadeira. Que bom que te prendeu assim como me prendeu. E bem infelizmente tudo que é bom tem um fim. Né Mas beijos e até a próxima.

  • Gabiih Postado em 21/08/2017 - 20:29:55

    ai eu estou amandooooo,muito essa história o amor delas é tão lindo,tão magico,tao cativante tão forte,acho que deve ser coisas de vidas passadas eu acredito nessas coisas sabe rs,mas eu espero que esse procedimento novoi de certo,annie quer tanto um filho as duas querem na verdade,e ela merecem,adorei os momentos hoy delas,duas pervertidas kkk adoro posta mais linda,desculpe a comenta mas aqui estou e ansiosa para novos capítulos posta mais!&quot;!!

    • Emily Fernandes Postado em 21/08/2017 - 20:59:27

      Eu também creio em vidas passadas. Acho que o nosso mundo é além do que vemos. E estamos predestinados a o nosso amor. Eu sei, sou uma tola apaixonada. E sonho com isso. Sorte de quem encontra um amor assim....


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