Fanfics Brasil - Capítulo 46 Amnésia (ayd adaptada) finalizada

Fanfic: Amnésia (ayd adaptada) finalizada | Tema: Portinon


Capítulo: Capítulo 46

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17 amnésia



Eu provavelmente terei que pagar algumas multas de trânsito depois dessa noite, pois não parei em sinal algum, e também nem me dei ao trabalho de ver se tinha estacionado em local adequado. Mas óbvio que eu não vim correndo igual uma louca desvairada. Afinal, meus três amores estavam comigo, jamais faria algo que colocasse a vida deles em risco. Olho em volta assim que adentro o hospital, o ar gélido colidindo contra meu corpo, fazendo-me estremecer um pouco e abraçar a mim mesma em busca de me aquecer. Nem peguei um casaco. Droga, será que minha esposa e meu filho estão com frio? Eu deveria ter me preparado melhor para esse momento, sou uma péssima mãe e esposa.



— Por favor, eu preciso de ajuda, minha esposa está entrando em trabalho de parto e ela está me esperando no carro, preciso que alguém busque-a. 



Começo a falar sem parar assim que chego até a recepcionista no balcão, ela demora alguns segundos para assimilar o que eu disse. Estou tão nervosa que nem consigo falar direito, devo estar parecendo uma psicopata. Olho por cima do ombro em direção a porta, sentindo vontade de correr e voltar para perto de Anahí. Será que ela sentindo alguma dor? 



— Um enfermeiro irá lhe ajudar, senhora. Peço que fique calma, sua esposa precisará de você. 



— Obrigada. – agradeço a loira, que nem ao menos me dei o trabalho de perguntar o nome, para logo acompanhar o rapaz asiático que se aproximou de mim com uma cadeira de rodas. — Você acha que o bebê pode escorregar para fora quando ela levantar? 



Pergunto ao rapaz, que sem nem ao menos parar, olha-me como se eu tivesse três cabeças. Mantenho minha expressão apavorada, ouvindo-o soltar uma baixa risada. Qual é a graça, idiota? 



— Mamãe, a mamã está chorando! 



Ouço a voz de Eduarda e arregalo os olhos, acelero os passos e vou na direção do carro. Mesmo de longe vejo minha esposa curvada para frente, com a cabeça apoiada no painel do carro. Meu coração dispara dentro do peito, apenas o fato de saber que ela pode estar sofrendo com as dores me deixa mal. Queria poder sentir essa dor em seu lugar. Abro a porta do carona, o som desperta a atenção de Anahi e ela olha para mim. Seus olhos azuis cheios de água, as bochechas vermelhas e os lábios retorcidos, formando um pequeno bico. 



Essa cena seria adorável de se admirar, se ela não estivesse prestes a dar à luz. 



— Está sentindo alguma dor, amor? – Ela concorda com a cabeça. O enfermeiro se aproxima e eu dou espaço para que ele possa pegar Anahi. Fico apreensiva, controlando a vontade de colocar a mão por debaixo de seu vestido. Nunca se sabe, né? E se nossa filha resolver sair antes da hora? — Eu vou ficar ao seu lado, não vou sair daqui. 



— Não me deixe, por favor. 



— Eu não vou. – Garanto e seguro suas mãos, entrelaçando nossos dedos. — Amor... – Mordo o lábio ao senti-la apertando meus dedos, aumentando gradativamente a força. Meu rosto se contorce em uma careta de dor. Pu*ta merda, ela é forte! — Você vai quebrar meus dedos. 



— Está doendo. – Ela diz sob um sussurro, choramingando. Olho para o enfermeiro e aceno com a cabeça, lhe dando permissão para levá-la. — Você não vem? Eu não quero ficar sozinha. Por favor, Dul. 



Sorrio para ela, apoiando as mãos em seus joelhos antes de me inclinar para frente e selar nossos lábios. Anahí agarra meu rosto e aprofunda o beijo, parecendo desesperada. 



— Eu já vou, tenho que fechar o carro e avisar o pessoal. – Seco suas lágrimas com meus polegares, depositando um beijo na ponta de seu nariz. — Não comece sem mim. 



— Idiota. 



Afasto-me dela, observando-a enquanto o enfermeiro a leva para longe de mim. Meu olhar se volta para Eduarda, ela está parada abraçando seu próprio corpo, os olhinhos brilham confusos. Suspiro, aproximando-me dela. Abaixo em sua frente, soltando seus braços para poder segurar suas mãos. Ela prontamente agarra meu pescoço, sinto-a erguendo a perna e levanto-a  do chão, pegando-a no colo e fazendo-a envolver suas pernas em minha cintura. 



— Vamos pegar as coisas da sua mamã e depois avisar nossa família. Seu irmão está vindo nos conhecer. 



— Ele vai nascer agora? 



— Bem... – Fecho a porta do carro, dou a volta para pegar a chave na ignição e após isso ativo o alarme, vendo as janelas subirem. — Pode ser que demore algumas horas, mas ele nasce hoje. Animada para conhecer seu irmãozinho? 



Solto-a no chão para pegar as bolsas com as coisas de Anahi e depois seguro sua mão, guiando-a em direção ao hospital. 



— Muito, muito. Mal posso esperar. Mamã disse que eu terei que proteger ele. – Ela começa a falar sem parar, gesticulando freneticamente com a mão livre. — Mamãe você acha que ele vai gostar de mim? 



— Ele vai amar você, filha. – Digo sincera, sorrindo para minha pequena. Paramos em frente ao balcão, preciso fazer a ficha de Anahi antes de ir até o quarto onde ela provavelmente já está sendo instalada. — É impossível não gostar de você. 



(...)



Depois de todo o processo concluído, liguei para os meus amigos, meus pais e meus sogros. Avisei Maitê, e ela ficou de acordar Ucher para que eles pudessem vir até aqui. Eu não sei se seria uma boa ideia, já que ela tem o pequeno Harry, mas ela estava animada demais com o "bebê portinon'', como ela mesmo o nominou. Eu estava com receio de que ela fosse sequestrar meu filho assim que ele nascesse apenas para tirar fotos dele de todos os jeitos possíveis. 



E acredite, Maitê era capaz de fazer isso mesmo. 



Após ter conversado rapidamente com o médico, voltei para a sala de espera, não queria deixar minha filha sozinha, mas também queria minha esposa logo. Por sorte Angélique foi a primeira a chegar, ela estava acompanhada do noivo, Theo. Os dois me parabenizaram diversas vezes, os cumprimentei e pedi quase desesperadamente para que eles cuidassem de Eduarda enquanto eu ficava com Anahí no quarto. Despedi-me dos dois e da minha filha, garantindo a ela que em breve voltaria com seu  irmão. No caminho conversei rapidamente com o nosso obstetra substituto, ele já tinha me garantido que os partos geralmente são demorados. E exaustivos, alguns demoram horas para terminar. Por isso estou usando todo esse tempo de sobra para me manter calma. Dra. Chelsea tinha ido visitar os pais em New York, não sei se ela conseguirá chegar a tempo de meu filho nascer.

Eu estou tão ansiosa e desesperada, sinto que posso explodir a qualquer momento. 



— Sua estúpida! Por que me deixou aqui sozinha? 



Anahí grita assim que adentro o quarto onde ela está internada. Aliso a nuca, sorrindo sem jeito e fecho a porta, aproximando-me com extremo receio de sua cama. Ela está com o rosto vermelho, não sei dizer se é pelo calor que deve estar sentindo ou por sua raiva. Bem, o quarto está com um clima agradável, então ela provavelmente quer me matar. Hesitante, chego perto o suficiente dela, arregalando os olhos ao vê-la erguer a mão e tentar me acertar um tapa. 



— Calma, amor. – Peço quase em desespero, ela bufa e cruza os braços. Um enorme bico em seus lábios e as narinas infladas, soltando ruidosamente o ar por elas. — Você não pode ficar tão estressada assim. Lembra o que o médico disse? Inspira e expira. 



— Cala essa boca antes que eu quebre todos os seus dentes, sua idiota. Eu não estaria com raiva se você estivesse ao meu lado como prometeu. – Logo que ela termina de falar, seu rosto se contorce de dor e ela descruza os braços, agarrando o colchão e grunhindo. — Pu*ta merda. 



— Uma contração? – Ela apenas assente, mordendo com extrema força seu lábio inferior, tanto que ele começa a perder a cor aos poucos, tornando-se pálido. Seguro em sua mão, fazendo-a me olhar por alguns instantes. — Pode apertar minha mão se quiser. 



— Eu vou acabar... – Pausa para buscar fôlego, engolindo a saliva em sua boca. — Machucando você. 1/



— Eu não me importo. 



E realmente não estava me importando. A provável dor que eu sentiria, não seria nada comparada a que Anahí deveria estar sentindo. Seu rosto finalmente suaviza, ela solta uma lufada de ar e relaxa, recostando-se no travesseiro debaixo de sua cabeça. Continuo segurando sua mão e levo a outra até sua testa, retirando alguns fios de cabelo que estão grudado em sua pele. Nos livros em que eu li, estava escrito que o primeiro parto é sempre mais demorado e pode variar entre 8 e 24 horas. Imagina passar um dia todo em trabalho de parto? Anahí me disse uma vez, que o nascimento de Eduarda demorou nove horas e meia. 



Será que nosso bebê vai demorar tanto para nascer? Quero ver seu rostinho logo. Olhar nos olhos de Anahí e ver o brilho de amor refletido, sentir meu peito expandindo-se aos poucos ao ver o quão belo nosso pequeno deve ser. Só quero colocá-lo em meu colo e sentir aquele amor incondicional, protegê-lo do mundo, nina-lo. Quero olhar para seu rosto e sussurrar "Oi bebê, aqui é a Mamãe.



— Você está chorando? 



A voz de Anahí me traz de volta a realidade e só então noto meus olhos marejados, uma lágrima escorre por minha bochecha e eu prontamente a seco. Sorrio para minha esposa, ela está me olhando confusa e com preocupação em seu olhar.



— Só estava imaginando algumas coisas. – Mordo o lábio, tomando sua mão com as minhas, acariciando-a. — Estou ansiosa para ver nosso bebê.



— Eu também estou. – Ela soa mais nervosa do que eu. Anahí usa a outra mão para alisar sua barriga por cima do roupão do hospital. Solto uma de minhas mãos e levo até sua barriga, acariciando-a. — É meio assustador pensar que tem uma pessoinha aqui dentro. – Solto uma risada e ela me acompanha. — Você acha que ele vai parecer com nós duas? 



— Eu espero que ele puxe mais o seu lado. – aproximo-me mais da cama. — E que ele tenha olhos azuis lindos, assim como os da mãe dele.



Os olhos de Anahí se enchem de água, seus lábios vão sendo torcidos aos poucos, até ter um bico na ponta deles. Lágrimas começam a escorrer por seus olhos, ela ainda está muito emotiva, e acredito que hoje ainda mais. Sua ansiedade misturada com a minha está afetando seu humor diretamente. Sorrio para ela antes de levar minhas mãos até seu rosto e secar suas lágrimas com meu polegar.

— Você é incrível, sabia? – Ela segura minha mão, virando-a para depositar um beijo na palma da mesma. Deita o rosto sobre minha mão, fechando os olhos enquanto acaricia meu braço. — Nosso filho vai ter lindos olhos castanhos, que nem os seus. 





Quando faço menção de respondê-la, outra contração se inicia. Anahí solta um grunhido de dor e aperta meu braço, acabando por cravar as unhas em minha pele mesmo que sem intenção. Uma careta de dor surge em meu rosto ao sentir a pele sendo rasgada. Droga, eu não achei que doeria tanto assim. 



— Senhoritas... – Olho quase em desespero para a porta ao ouvir a voz do médico, ele estava olhando para a prancheta em sua mão, mas ao ouvir minha esposa grunhir de dor, levantou o rosto, ajeitando o óculos de grau. — As contrações estão muito frequentes?



— Um pouco. – Giro o braço, finalmente fazendo Anahí parar de cravar as unhas em minha pele. Arfo de dor ao sentir o vento gelado bater no local ferido, que merda. — Será que falta muito tempo para nosso pequeno nascer? 



Ele aproximou-se da cama e verificou algo na tela da máquina a qual estava monitorando os batimentos cardíacos de Anahí e outras coisas. O doutor leu algo no papel que saía da mesma, fez alguns sons, quais eu não soube identificar os significados. Minha esposa finalmente pôde respirar aliviada, assim como eu, que não estava mais quase tendo os ossos quebrados. Que mulher forte, nossa senhora. 



— Está quase na hora, creio que em uns 90 minutos já possamos trazer o filho de vocês ao mundo. – Ele sorri para nós duas, olho para Anahí e ela faz o mesmo, sorrindo animada. — Volto em alguns instantes para conferir como as coisas estão. 



— Obrigada, Dr. Duncan. – Agradeço-o e aproximo-me de minha esposa, levando a mão até seu rosto para acaricia-lo. — Você é linda. 



— Dul, eu devo estar parecendo uma doida com o rosto amassado e os cabelos bagunçados. 



— Continua sendo a mulher mais linda do mundo. – Sorrio toda apaixonada, é impossível não sentir-me assim quando falo sobre Anahí. — Estar apaixonada por você foi a melhor coisa que já me aconteceu. Gostaria de lembrar-me como chegamos até esse ponto, mas estou feliz que você não desistiu de mim e hoje estamos aqui. Vamos ter mais um filho, nosso principezinho. Não existe pessoa melhor para se construir uma família do que você. 



— Está tentando me fazer chorar mais? – Sua voz está embargada, os lábios tremendo e seus olhos enchem-se de água. — Você precisa parar de fazer com que eu me apaixone mais por você, sabia?



— Eu sou apaixonante demais, amor. É meu charme latino. – Anahí acaba rindo e revirando os olhos, levando as mãos até seu rosto para enxugar suas lágrimas. — Mas é só porque eu tive a sorte de casar-me com a mulher mais espetacular desse mundo. 



— Não, a sortuda sou eu. Sempre será eu, porque você é mais do que eu mereço. – Ela envolve minhas mãos com as suas, puxando-me para mais perto. — Acredite em mim. Existem diversas maneiras de se salvar um ser humano, e você me salvou de todas elas quando disse que me amava pela primeira vez. Quando deixou eu entrar na sua vida. Tudo fez sentido quando eu finalmente consegui ter você para mim. E eu passaria por tudo aquilo de novo só para no final poder sorrir e saber que você é minha, que me ama e que quer passar o resto dos seus dias comigo. 



..

Flashback On 



Estou ansiosa, muito. Chego estar apavorada. Mas isso já se tornou comum. Claro que a culpa disso tudo tem nome, sobrenome, olhos lindos e um sorriso encantador. 



Céus! 



Eu estou tão perdidamente apaixonada por  Anahí Portilla. Não sei explicar em qual momento exatamente isso aconteceu. Talvez seja pelo fato dela fazer com que eu me sinta segura, ou o seu jeito romântico e apaixonante. Talvez seja o cuidado que ela tem comigo, a forma que ela me respeita, ou o simples fato dela ser uma perfeita namorada. Sempre se importando comigo, sendo atenciosa e compreensiva. Eu descobri que ela é completamente o contrário do que eu pensei que fosse. Anahí se mostrou ser a pessoa que você deseja casar-se no futuro, sabe? 



E... eu quero isso. Nossa! Como eu quero poder chegar daqui alguns anos e falar: Eu tenho sorte de ter uma esposa como Anahí. Eu sou a mulher mais feliz do mundo. 



Como foi que todo o ódio que eu sentia por ela se converteu em amor? Essa é uma pergunta que acho ser incapaz de responder, e acho que nunca saberei como respondê-la. Anahi tem o dom de cativar, ela sabe como ganhar as pessoas. E ela nem precisa se esforçar. Quando você dá uma chance para conhecê-la de verdade, é fato, você se apaixona.



E foi isso que aconteceu comigo. 



Faz um ano e oito meses desde o nosso primeiro beijo, doze meses desde o momento em que dei um voto de confiança para que ela pudesse me conquistar. Nove meses desde que comecei a ceder e três semanas desde que começamos a namorar oficialmente. 



E durante todo esse tempo, eu sempre fui apaixonada por ela. 



Não é tão surpreendente isso, mas acredite, eu surtei um pouco ao finalmente me dar conta disso. Acho que no fundo, todos sempre souberam, inclusive eu mesma. Somente Anahí não percebia, ela disse que a única forma de conseguir falar comigo sem travar era me provocando. Ela abusava de seu jeito arrogante para se aproximar de mim sem parecer patética. Algo incomum de se fazer com a garota que você supostamente gosta, mas eu acho que a entendo. Provavelmente eu faria o mesmo se estivesse em seu lugar.



Oh... Você deve estar se perguntando o motivo do meu nervosismo. Eu costumo divagar muito quando estou nervosa ou ansiosa, isso é a coisa mais comum que existe. Porém, como eu disse antes, o motivo é ela, sempre é. Anahí tem o dom de me deixar nervosa mesmo de longe. 



Ouço a campainha tocar, levanto-me da cama, onde só agora noto que estava sentada. Meus pais não estão em casa, saíram para visitar meus avós. Roberta foi com eles e claudia provavelmente deve estar com o Troy, se agarrando por aí. Eu não sei como eles conseguem ficar tanto nesse grude todo.  Olho-me no espelho mais uma vez antes de finalmente tomar coragem e sair do quarto. Meu coração está disparado dentro do peito, eu o ouço batendo em meus ouvidos. 



Cristo! Eu só vou finalmente dizer a ela que a amo, não deveria ser tão complicado assim. Deveria? 



O sorriso em meu rosto se abre ainda mais ao vê-la, linda e encantadora como sempre. Hoje ela está com o cabelo preso, apesar de eu gostar deles soltos, também gosto de poder admirar sua nuca, é tão bonita. O dia está quente, então Anahí não está com sua habitual jaqueta preta, optou por uma blusa branca de mangas curtas. Meus olhos param sobre o buquê de tamanho médio em suas mãos, diversas flores coloridas o compõem. Sorrio para minha namorada, sentindo meu coração bater ainda mais rápido.



Anahí irá me causar um ataque cardíaco qualquer dia desses. 



— Boa tarde, linda. – Ela deseja, abrindo um sorriso. Suspiro, sentindo-me toda derretida por aquela garota. Estar apaixonada nos deixa tão bobas. — Estava à caminho daqui e encontrei essas flores, também trouxe algumas sementes. 



— Sementes? – Questiono, confusa. Ela me estende as flores e eu prontamente as pego, abraçando-as e inclinando a cabeça para o lado, com um sorriso tímido em meus lábios. — Vamos plantar alguma coisa? 



— Sim. – Ela retira uma caixinha retangular branca do bolso de trás do short, mostrando-me em seguida. — Quando essas flores morrerem, você vai pode ver as plantar novas e lembrar sempre de mim toda vez que regá-las. 



Ugh! Existia alguma maneira dela parar de ser tão perfeita? 



— Você não existe, Portilla. – Seguro em seu queixo e puxo-a para perto, beijando seus lábios superficialmente. Ela sorri, colocando as mãos em minha cintura antes de pressionar mais nossas bocas. — Hm... – Ela separa os lábios, começando a movê-los sobre os meus. — Não faça isso.



Murmuro em meio ao beijo ao senti-la arranhar minhas costas por debaixo da blusa larga que estou usando. Anahí solta uma risadinha, volta a segurar minha cintura e sela nossos lábios diversas vezes. Eu sei que agora estamos namorando, e que já temos um pouco mais de intimidade. Porém, não estou pronta para o segundo passo. Sei que não preciso me preocupar com Anahí porque ela me respeita. Além do mais, às vezes nós fazemos algumas coisas mais íntimas. Embora eu saiba que uma hora isso vai acontecer, e provavelmente será com ela que eu darei o próximo passo.



— Está sozinha?



Dou espaço para que ela entre, fecho a porta e depois caminho em direção a cozinha para pegar um jarro e colocar as flores na água. Anahí me acompanha, o cheiro do cabelo dela toma conta do ambiente. Ela é sempre tão cheirosa, quando ela vai embora o cheiro dela fica grudado por onde ela passa, principalmente em minhas roupas e eu amo isso. 



— Meus pais foram visitar meus avós, como eu te disse antes, Roberta foi com eles e a Cláudia, bem...



— Com o Troy. – Ela completa rindo e eu concordo com a cabeça. — Aqueles dois não se desgrudam, Maitê e Ucher  estão da mesma forma. Eles entram para o quarto do meu irmão e não saem de lá nunca mais. Nem gosto de pensar no que os dois tanto fazem lá. 



— Não é muito difícil de se imaginar. – Viro-me para Anahí, ela faz uma careta de nojo e eu acabo gargalhando de sua expressão. Coloco as flores no jarro e caminho em direção a mesa, para colocá-las no centro da mesma. — Embora eu saiba que a Maitê ainda não perdeu a virgindade dela com seu irmão. 



— Como você sabe?



— Ela teria me contado, duh. – Anahí me puxa para seus braços, de costas para ela. Recostada em seu peito, inclino a cabeça para trás enquanto caminhamos em direção a sala. — Maitê não me esconde nada. 



— Eu imagino que sim. – Anahí cola a boca em minha bochecha, sorrio instantaneamente. Ela passa os lábios sobre minha pele, como se estivesse me fazendo um carinho com a boca. — O que vamos fazer primeiro? 



— Não sei. – Paramos no meio da sala, sem nos separarmos. Ela continua com a boca grudada em minha bochecha, alisando minha cintura. Suas mãos quentes e macias, fazendo-me morder o lábio inferior e fechar os olhos. — Podíamos plantar as sementes. O que acha? 



— Essa é um ótima ideia. – Anahí me solta, afastando-se rapidamente de mim. Suspiro frustrada pela falta repentina do seu calor, gostaria de passar o dia grudada nela. É uma necessidade, estar cercada por ela o tempo todo. Que irônico eu querer que ela viva grudada comigo sendo que antes eu só gostaria que ela sumisse para o mais longe possível. — Eu trouxe semente de girassol, lembra? 



— Foi a primeira flor que você me deu no nosso primeiro encontro. – Sorrio nostálgica, lembrando-me do girassol que Anahí havia pegado em algum lugar enquanto íamos para o lago. Ela me deu a flor e colocou em minha orelha. Gosto daquele dia, ficamos ensopadas, mas foi um dos melhores até hoje ao lado dela. — Eu ainda tenho ela, sabia? 



— Guardada no diário? – Ela pergunta quando eu abro a porta de trás, dando passagem para ela. Faço um som nasal concordando, a claridade do lado de fora faz com que eu pisque os olhos algumas vezes como reflexo. — Deve estar seca já. 



— Ela está mesmo. – Seguro a mão que ela me estende para me auxiliar enquanto descemos os degraus da escada que leva ao quintal. — Mas gosto de olhar para ela e lembrar de você.



— Agora você terá vários lindos girassóis para lembrar da sua namorada maravilhosa. 



— Ugh! – Dou um soquinho em seu braço, empurrando-a para o lado. Anahi gargalha, o som fazendo meu coração voltar a disparar. — Você é uma idiota egocêntrica. 



— Se eu bem me lembro, foi você mesma quem me chamou de namorada maravilhosa. Lembra? Semana passada no meu carro, quando eu estava pegando nos seus peitos. 



— Anahí! – Exclamo incrédula, meu rosto começando a esquentar com o tom cheio de malícia e a lembrança daquele dia. Nós estávamos trocando beijos, quentes. Ela se empolgou e cismou de apalpar meus seios, não tive como negar, eu estava adorando. Mas isso não significa que ela precisa ficar lembrando disso. — Foi um momento de loucura.



— Oh, eu imagino que sim. – Reviro os olhos, desviando o olhar dela. Anahí aproxima-se de mim, sinto sua respiração colidir com minha orelha esquerda e me encolho automaticamente. — Eu causo esse efeito nas pessoas. 



— Pode tirando esse plural, idiota. – Empurro-a pelos ombros, completamente sem jeito. 



— Desculpe-me, mas não precisa se preocupar, sou toda sua.



— Eu sei disso.



— Quem está sendo egocêntrica agora, hein?



— Deixe-me, sua idiota. – Chegamos no único lugar do quintal que estava sem grama, Anahí se abaixa, ficando agachada enquanto abre a caixinha com as sementes. — Do que vamos precisar?



— De alguma coisa para cavar, não quero ficar toda suja de areia. E acho que um pouco de água também. 



— Okay, já volto.



— Não demore. – Pede me olhando, sorrio para ela e me abaixo para selar nossos lábios rapidamente. Viro-me para sair dali, mas ouço-a me chamar. Faço um sinal para ela que diga o que quer. — Eu adorei seu vestido, amor. Use-o mais vezes.



— Você... – A insinuação em sua voz era nítida, eu odeio quando ela faz isso. — Idiota.



— Amo você também.



Quase tropeço em meus próprios pés ao ouvi-la dizer aquilo. Mesmo sendo em um momento de brincadeira, sei que ela está falando sério porque eu a ouvi confessar seu amor por diversas vezes ao longo do tempo em que estamos namorando.



É boa a sensação de amar e ser amada. 



(...)



Estamos plantando as sementes, melhor dizendo, Anahí está. Eu estou apenas agachada ao seu lado, lhe observando. Vejo seus lábios se moverem enquanto ela cantarola alguma música que nem me dou ao trabalho de descobrir qual é. Deve ser alguma do Maroon 5, ela é simplesmente viciada neles. Rosados, tão cheios e convidativos. Essa boca da minha namorada é um pecado, deveria ser proibido alguém ter a boca linda assim. Ela balança a cabeça para um lado e para o outro, a veia em seu pescoço está saltada, parte de sua clavícula aparecendo por conta da posição meio inclinada dela enquanto planta as sementes. Ela franze o nariz algumas vezes, o pequeno piercing a deixa ainda mais bela.



— Candy? – Ela estala os dedos em frente ao meu rosto, fazendo-me saltar pelo susto. — Você ouviu alguma coisa do que eu disse?



— Sim! – Respondo rapidamente, quase sem pensar. Ainda estou vidrada em seu rosto, os olhos azuis tao claros que beirava a o verde tão lindos por causa do reflexo dos raios solares. 



— Então o que eu disse?



— Eu amo você. – Digo sem pensar. Vejo-a meio confusa. 9l



— Uh, eu não disse isso, na verdade...



— Não, eu amo você. Eu, Anahí.  – Ela abre e fecha a boca sem parar, parece completamente perdida. Sorrio sem jeito, aproximando-me dela. — Eu descobri que sempre fui apaixonada por você, e que te amo, cada dia mais. Não aguento guardar isso somente para mim. Preciso de você, todos os dias, da sua voz, do seu carinho, dos seus cuidados, seus beijos. Preciso de você e do seu amor. – Seguro seu rosto, observando seus olhos cheios de água. Ela está emocionada, eu a entendo, ela esperava por isso a tanto tempo. — Eu amo você, Anahí Giovanna Puente Portilla...





— Vo-você o que? 



— Eu amo você.



— Diz de novo, diz de novo. Se for um sonho eu quero pelo menos acordar e lembrar da sua voz. – Ela está afobada, gesticulando quase em desespero. Duas lágrimas escorrem por seus olhos, inclino-me para frente, beijando suas bochechas para secá-las. — Diz outra vez. 



Levo minha boca até seu ouvido para sussurrar bem baixinho:



— Eu amo você, minha menina. – Anahí agarra minha cintura com força, apertando-me contra seu corpo. Ela coloca o rosto na curva entre meu pescoço e o ombro esquerdo, seu corpo começa a tremer com força. O som de seu choro é baixo, mas a intensidade é imensa. — Eu queria poder conseguir explicar como você me faz bem, e como eu me sinto feliz ao seu lado. Queria mesmo, te falar tudo, contar daquele detalhe, sabe? – Vou dizendo baixo em seu ouvido ouvidos enquanto afago suas costas, tentando acalmá-la. — Falar de como eu gosto da forma que meu coração dispara quando você me abraça, como eu sempre fico ansiosa quando vamos nos ver e como meu estômago parece criar um furacão toda vez que você me beija. O meu mundo desaba toda vez que nós brigamos, eu morro de medo de perder você para alguém melhor do que eu. – Pisco diversas vezes para espantar as lágrimas em meus olhos. Vê-la tão vulnerável e estar abrindo meu coração para ela, estava me deixando abalada. — Eu sei que os meus ciúmes são excessivos às vezes, mas eu queria dizer que ele tem explicação. Tem tantas coisas que eu gostaria que você entendesse, mas a única coisa que posso dizer para mostrar tudo isso, é que amo você, mais do que tudo. 



— Vo-você não sabe quanto tempo eu esperei ouvir isso. – Ela levanta o rosto, fungando algumas vezes. Um enorme sorriso em seus lábios, os olhos vermelhos e as bochechas marcadas pelas lágrimas. Sei que seu choro foi de felicidade, no seu lugar eu teria a mesma reação. Eu sei reconhecer o quanto ela lutou por mim, outras pessoas teriam desistido. Mas Anahi não, ela acreditou, ela colocou em sua cabeça que era capaz de me conquistar. E eu não poderia agradecê-la mais por ter feito isso. — Eu amo tanto você, Dul, tanto, tanto. 



— Eu também amo você, meu amor. E eu ainda vou te amar mesmo nos piores momentos. 



..

 Flashback Off 

..

— Dra. Chelsea conseguiu chegar na cidade a tempo. Ela está a caminho do hospital. 



Aviso minha esposa ao voltar para o quarto, Anahi estava fazendo um exercício de respiração. Inspirando e expirando com rapidez. Seu rosto está vermelho, suado mesmo o quarto estando em temperatura ambiente.



— Ela deve... – Ofegou. — Estar cansada.



— É provável que sim. – Seguro sua mão e levo minha mão livre até seu rosto. — Elas estão mais frequentes, não estão?



— Muito-oh... merda. 



Ela pragueja ao sentir as dores outra vez. Está cada vez mais próximo de vermos nosso pequeno, estou ansiosa demais.



Olho de relance para o relógio na parede e arregalo os olhos ao ver que ele já marca 07am. O tempo passou voando, o médico não estava brincando quando isso que partos podem ser demorados.



— Quer um pouco de água? – Anahi apenas assente. Sua expressão mostra todo o cansaço acumulado presente nela. Sinto pena por ela não poder nem ao menos dormir um pouco, ela provavelmente acordaria morrendo de dor em segundos. — Está sentindo alguma coisa? Precisa de algo?



— Só da minha esposa linda. – abre um meio sorriso, os olhos caídos, demonstrando o quão sonolenta ela está. — Não pensei que fosse tão cansativo ter um bebê. Eu sempre acreditei nos filmes e livros onde as crianças nascem rápido e o máximo que as personagens sentem é uma pequena dor. 





— Você estava presente no nascimento da Duda.



— Sim, foi ali que eu pude ver que não é nada rápido. Mas você não sentiu tantas dores, eu achei que aconteceria o mesmo comigo.



Ela mal acaba de falar e alguém bate duas vezes na porta antes de abri-la, olho por cima do ombro e abro um enorme sorriso ao ver Chelsea adentrar o quarto. Ela acena para nós duas, fechando a porta atrás dela. 



— Bom dia, senhoritas. Estão animadas para a chegada do pequeno? 



— Bastante. – Anahi e eu respondemos juntas, provocando uma risada na nossa médica.



— E eu tenho que dizer que não somente vocês estão  animadas, ele também está animada para conhecer vocês já que esse pequeno decidiu vir antes da hora. 



E era verdade, o nascimento do nosso filho estava marcado para amanhã, no máximo dia seis. Parece que ele sentiu nossa ansiedade e resolveu vir dias antes para nos alegrar com sua presença.



— Eu acho que ele puxou você, amor. – Brinco com Anahi, por causa do fato dela estar sempre com pressa. Minha esposa faz um falso bico de indignação. Nesse momento a máquina ao lado dela começa a apitar, meu coração disparada no peito. — O que está acontecendo?



Pergunto quase em desespero, Anahi começa a gritar de dor, agarrando o colchão ao seu lado. Sinto minhas mãos começarem a tremer, não sei como agir nesse momento. Quero correr, ajudá-la, fazer qualquer coisa, mas tudo que faço é ficar parada, amedrontada olhando para aquela cena da minha esposa se contorcendo de dor na cama.



— Parece que o filho de vocês finalmente está pronto para conhecer as mães dele. 



Chelsea fala animada, e eu começo a ofegar, um enorme sorriso em meu rosto. Mesmo sentindo dores, Anahi também sorri, aproximo-me dela e seguro sua mão. Dois enfermeiros adentram o quarto com os objetos que poderão ser necessários. Chelsea vai até a pia para higienizar suas mãos e fazer o parto de Anahi.



— Ca-candy... – Ouço Anahí me chamar em meio a respiração descompassada. Olho para seu rosto, ela parece estar prestes a chorar. — Me-me...



— O que foi amor? Está sentindo alguma coisa? 



— Promete... – Anahi pressiona os lábios, grunhindo de dor e torcendo o rosto em uma careta. — Promete uma coisa para mim. 



— Claro, claro, amor. Qualquer coisa. 



— Promete que vai cuidar do nosso Benjamin e da Eduarda – Franzo o cenho ao ouvir seu pedido, ao longe escuto a movimentação dentro do quarto e as vozes da médica e dos enfermeiros. — Era o nosso destino, chegar até aqui depois de tudo. O nome da nossa filho vai ser Benjamin. Que significa guiado por Deus. Porque nosso destino nos guiou até esse momento, tão especial pra nós duas.



— Eu amei... Mas amor...



— Antes, me prometa que vai cuidar dos nossos filhos, para sempre. – Sua fala está ofegante, Chelsea ordena para que Anahi faça força e minha esposa prontamente atende. Soltando um grito de dor enquanto faz força para empurrar nosso filho para fora. — Me prometa, Dulce! 



— Eu vou cuidar deles, e de você. Eu prometo. – Minha voz é puro desespero, não sei se estou mais nervosa por toda essa situação ou pelo fato dela estar falando sobre essas coisas. Por que Anahi está assim? — Força, amor. Você consegue.

Incentivo-a, segurando firme sua mão. Nem me importo que ela esteja quase quebrando meus dedos, só quero que ela consiga logo trazer nosso filho ao mundo. Anahí joga a cabeça para trás, gritando alto, fazendo com que as veias de seu pescoço fiquem aparentes. 

— Ah! – Ela arfa, tomando fôlego rapidamente antes de empurrar outra vez. — Eu amo você, eu sempre amei e-ah! Eu sempre vou amar. 



— Pare de falar assim, não ouse usar esse tom de despedida! – Exijo, nem me importando com o meu tom de voz. Minha visão fica embaçada pelas lágrimas. Anahí não tem o direito de fazer isso comigo, ela não pode fazer esse tipo de coisa e me deixar apavorada. — Nosso pequeno vai nascer, e nós vamos criar ele juntas.

— Eu amo você. 





Ela sussurra antes de voltar a fazer força, apertando minha mão com mais força do que antes. Tudo em volta parece em câmera lenta, eu ouço ao fundo as vozes, os sons e sinto os toques de Anahi, mas eu pareço estar saindo do meu corpo. Daquela situação apavorante, do futuro desconhecido. Do que as palavras de Anahi significavam, o motivo dela estar dizendo isso. Que inferno, ela não tem o direito de me deixar assim, a beira de um colapso.



Ela não pode me deixar, não agora. Nem nunca. Quero envelhecer ao seu lado. 



Pisco algumas vezes para espantar as lágrimas, balanço a cabeça e peço aos céus para que tudo dê certo. Eu preciso estar fisicamente e emocionalmente bem para minha esposa e nossos filhos.



Tudo ficaria bem. 



(...)



 Flashback On 





O silêncio que pairava pela casa me deixou curiosa, e um tanto triste apenas por pensar na possibilidade de minha esposa ter saído e me deixado aqui. É claro que Anahí às vezes tem que ir até o estúdio, ou comprar algumas coisas. Mas gosto de tê-la por perto, estou milhões de vezes mais dependente dela.



— Droga. Que bosta, car*alho. Isso é uma merda grande. 



Ouço Anahí resmungar e alguns sons de coisas caindo no chão. Sorrio, colocando a mão direita em minha lombar como apoio enquanto caminho em direção ao quarto da nossa futura bebê. Que está cada vez mais próximo de vir ao mundo. Giro a maçaneta da porta e a claridade do quarto atinge em cheio meu rosto, fazendo-me fechar os olhos durante breves segundos. Olho para minha esposa, sentada no chão debaixo da janela no canto esquerdo do quarto. Ela tem a expressão frustrada em seu rosto enquanto lê algo no papel em suas mãos.



— O que está te deixando tão irritada ao ponto de fazê-la xingar esses nomes feios? 



Anahí levanta o olhar, sua expressão suavizando quase que instantaneamente ao me ver ali. Um sorriso nasce em seus lábios enquanto aproximo-me dela, posso ver o brilho em seu olhar conforme chego mais perto. Minha esposa retira tudo que está em seu colo e fica de joelhos, suas mãos agarram minha cintura e puxam-me para perto de seu rosto, onde ela logo deposita um longo beijo sobre minha barriga. Coloco a mão esquerda sobre sua cabeça, acariciando seus longos cabelos caramelos.



— Desculpe-me por isso. Eu só não estou sendo muito bem sucedida com o berço da nossa pequena. – Confessa, sorrindo sem jeito para mim enquanto apóia sua bochecha em minha barriga. — Não achei que fosse tão difícil. 



— Eu te disse que você não conseguiria. – Um bico surge em seus lábios, fazendo-me sorrir para o quão fofa minha esposa consegue ser quando faz coisas desse tipo. — Que tal contratar alguém para montá-lo do jeito certo? 



— Porque eu queria que fizéssemos isso juntas, igual nos filmes, sabe? 



— Você precisa parar de assistir comédias românticas, amor. É sério. 



— Não fale como se você também não gostasse delas, okay? – Levanta-se do chão, suas mãos nunca abandonando minha barriga. Eu simplesmente amo o fato dela sempre acariciá-la, beijá-la e tocá-la. É uma das coisas mais fofas, o fato dela estar orgulhosa por eu estar carregando a nossa filha simplesmente me deixa explodindo de felicidade. — Eu vou conseguir montar o berço, depois irei terminar de pintar as paredes também. Estava pensando em uma coisa.



— Pensando em que?



— O que você diria se eu dissesse que quero fazer uma pintura aqui? – Ela se afasta de mim, indo em direção a parede no canto direito, onde ficaria o berço da nossa pequena Eduarda e estava completamente vazia. Anahí já tinha terminado a pintura naquele lado, um tom claro de azul, mesclando com o escuro e alguns desenhos de nuvens, que ela mesma fez. — Posso? 





— Depende... – Caminho em sua direção, parando ao seu lado para analisar a parede à nossa frente. Olho para Anahí e ela sorri, antes de chegar mais perto e parar atrás de mim, abraçando-me pela cintura e repousando as mãos sobre minha barriga. Seu queixo apoiado em meu ombro, a respiração calma batendo em minha orelha. Suspiro, relaxando em seus braços e inclinando minha cabeça um pouco para trás. — O que você iria pintar se eu dissesse que concordo?



— Você. – responde de imediato, suas mãos acariciando minha barriga por debaixo da blusa. — Você e nossa filha, ou melhor, você esperando nossa Eduarda.



Eduarda, ela escolheu o nome da nossa pequena filha ao descobrir o significado dele. Significa "guardiã ou protetora".



Eu concordei prontamente quando ela chegou toda feliz contando-me que tinha escolhido o nome da nossa primeira filha. Eu aceitaria de qualquer forma apenas para deixá-la feliz. Mas ela acertou em cheio, Eduarda é um nome lindo. 



— Eu adoraria ver como essa pintura vai ficar.



— Então eu tenho permissão? – Faço um som nasal de concordância, viro o rosto e a olho sorrindo, apenas para confirmar totalmente que concordo com a pintura. — Eu já te disse hoje o quão bela você é? E o quanto eu sou sortuda por você ter me escolhido?



— Hm... – Finjo pensar, colocando uma mão em meu queixo. — Não que eu lembre.



— Pois saiba que você está mais bela do que ontem, eu amo você e sou muito sortuda por ser sua mulher. 



— Eu que tirei a sorte grande. – Levo minha mão esquerda até seu rosto, acariciando sua bochecha com as pontas dos meus dedos, fazendo-a fechar os olhos para aproveitar os carinhos. — Você é a melhor esposa do mundo. 



Os lábios de Anahí se curvam em um enorme sorriso, as maçãs de seu rosto ficam em um leve tom rosado. Ela abre os olhos lentamente, o tom claro dos azuis me hipnotizando. Eu simplesmente amo quando ela me olha dessa forma, transmitindo todo o seu amor, carinho e cuidado. Anahí tem um jeito de me olhar como se quisesse sempre deixar claro o quanto ela me ama e que eu sou o mundo dela. É impossível não ser clichê ao falar disso, até porque, estamos cercadas de clichês. E isso, de forma alguma será ruim algum dia, contanto que ela e eu permaneçamos juntas até o fim de nossas vidas, nos amando, cuidando e respeitando, eu realmente não me importo de viver em um eterno clichê.



Para mim basta uma vida ao lado dessa mulher maravilhosa.



 Flashback Off 



(...)

Tudo pareceu em câmera lenta quando eu vi, mesmo de longe, o rosto de meu  filho. Sua boca estava aberta, provavelmente devia estar chorando alto, mas eu não ouvia nada. Parece que tudo ao meu redor sumiu, restando apenas ele, e somente ele.



— Parabéns, mamães, é um belo garotinho.



Ouço alguém nos parabenizar, mas nem ao menos me viro para saber quem foi. Meus olhos estão ardendo, nublados pelas lágrimas grossas que escorrem por minhas bochechas. Meu coração está disparado dentro do peito, e minhas mãos tremem. Pareço estar prestes a ter algum ataque, mas é apenas a emoção tomando conta de todo o meu ser. É ainda maior do que eu pensei que seria, muito mais do que imaginei sentir.



— Candy... – O sussurro de Anahí em meio a todo aquele barulho foi o que despertou minha atenção, fazendo-me voltar a realidade. Nossas mãos ainda estavam entrelaçadas, e eu estou surpresa que ela não quebrou nenhum osso meu. — Com quem ele se parece? 



— Eu ainda não sei, amor. – Sorrio para ela e olho em direção a uma mesa no canto, onde os médicos terminam de limpar nosso filho e envolvê-lo em um pequeno cobertor rosa. — Mas vamos poder ver isso agora. 





Minha voz saí um tanto afobada, estou ansiosa para ver o rosto do meu filho. Espero que ele tenha puxado a minha esposa, quero toda beleza dela concentrada nessa criança. Dra. Chelsea nos parabeniza antes de finalmente colocar Benjamin nos braços de Anahí, ajudo minha esposa a sentar-se e observo com os olhos marejados, pela primeira vez, o rosto do nosso filho. Ele tem bastante cabelo em sua cabeça, não sei definir se eles são negros como os meus ou dourados como os da minha mulher. 



— Oi, meu amor. – Anahí fala com a voz embargada, segurando os dedinhos de nosso pequeno. Meus lábios tremem, sinto vontade de chorar como uma criança que perde o brinquedo favorito. Quero gritar, correr por aí e contar para todos que eu ver pelo caminho que meu bebê nasceu, que ele é saudável e lindo. Sua boca é idêntica a de Anahí, o nariz parece um pouco com o meu. Os olhos ainda não posso dizer, ele não os abriu em momento algum, mas está calmo nos braços da Anahí. — Eu estava tão ansiosa para te conhecer. Você é lindo, eu amo tanto você. 



— Ele se parece com nós duas. – Anahí finalmente desviar o olhar de Benjamin e olha para mim. Não é necessário dizer nada, apenas nossos olhares transmitem tudo que estamos sentindo. — Eu amo você, obrigada por me dar outro amor da minha vida. 



— Você é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, e nossos filhos são os melhores presentes que eu já poderia ter ganho. Eu que agradeço por fazer todos os meus dias valerem a pena.



— Eu amo você, e eu amo a nossa família. 



Anahí abre um enorme sorriso antes de puxar-me para um beijo. O gosto de nossas lágrimas se misturam, mas eu não poderia me importar menos. Eu gosto da sensação de ter sua boca sobre a minha, o coração acelerado e o frio na barriga. A paz e o conforto que só ela me traz. Gosto de tudo sobre Anahí. Sem dúvida alguma, ter me apaixonado por ela, permitido tê-la em minha vida, foi o maior acerto de todos. Não existe alguém nesse mundo que seria capaz de me fazer feliz como só ela consegue fazer. 



Eu gosto do fato dela conseguir me tirar sorrisos verdadeiros com facilidades, aqueles tão intensos que evoluem para uma gargalhada escandalosa, aqueles que me tiram o ar. Gosto de como ela cuida de mim e da nossa família. E agora temos mais um pequeno para cuidar, mas sei que com Anahí ao meu lado, tudo ficaria bem. Ela é minha fortaleza, onde busco as forças que pareço esquecer que tenho, meu ponto de paz e a fonte de segurança da minha vida. Anahí é minha base.



Uma vez li em algum lugar que todo mundo vai te ferir nessa vida, você só precisa descobrir por quem vale a pena sofrer. 



E eu sofreria por Anahí, passaria o inferno, se no final ela estivesse feliz, teria valido a pena. Porque agora, junto dos nossos filhos, ela é minha prioridade.



Sou capaz de morrer por Anahí, porque ela é minha pessoa. E não existe alguém no mundo que possa mudar isso. 



..

20 anos depois. 

Miami – Flórida. 



**



Sorrio ao deslizar o dedo sobre a foto de Benjamin e Eduarda, Era o aniversário de sete anos da minha pequena, e ela sempre foi apaixonada pelo irmão. Lembro que da primeira vez que Eduarda o viu, ficou tão animada que acabou torcendo o pé. Foi uma preocupação enorme, mas ela nem pareceu ligar para dor ou alguma coisa assim, estava animada demais para conhecer seu irmãozinho. Eles sempre foram grudados, desde a infância. Anahí e eu não poderíamos estar mais felizes por nossos filhos se darem tão bem. 



Ouço passos apressados na escada, coloco a foto de volta sobre a cômoda e afasto-me dali, indo em direção a sala. Estava no extenso corredor que liga a cozinha e o escritório a sala. Faz dez anos que voltamos para Miami, foi um desejo de minha esposa, após um enorme susto que tivemos quando Enrique teve algumas complicações cardíacas. Ela não queria estar longe caso algo pior acontecesse, e eu sempre estive disposta a fazer tudo pela minha esposa. Não vendemos nossa antiga casa, tem muita história e lembranças naquele lugar. Sempre passamos alguns finais de semana lá quando possível. Meu centro cultural continua aberto, fazendo sucesso. Hoje em dia não dou mais aulas de dança, mas estou sempre indo lá visitar e ver como andam as coisas. Anahí abriu outro estúdio de fotografia, eu optei por me arriscar abrindo um restaurante. 



No geral, toda nossa vida continua boa. Bem, algumas brigas acontecem, mas o amor e a paixão prevaleceram. E nós duas pretendemos manter dessa forma. Não me vejo sem Anahí, e sei que ela se sente da mesma forma.



— Dul? – Ouço sua voz me chamar ela parece desesperada. Como vem estado desde a segunda-feira. Nossos filhos estão vindo passar alguns dias conosco, os dois conseguiram um tempo livre para ficarem a semana toda, e Anahí ficou super feliz. Ela está surtando, literalmente. Não que eu esteja diferente, mas minha esposa sempre foi mais ansiosa. — Dulce.



— Oi, meu amor.



Ela salta ao ouvir minha voz atrás de si, virando-se com as mãos sobre seu peito e uma expressão horrorizada no rosto. Sorrio, umedecendo os labios.



— Você precisa parar de fazer essas coisas, está querendo ficar viúva? 



— Não seja tão dramática, sua saúde é perfeita.



— Nunca se sabe. – Rebate em tom de birra, fazendo-me sorrir ainda mais. Anahí ajeita sua franja. Os cabelos, um pouco mais curtos que o normal e de volta ao tom claro de castanho, estão presos em uma rabo de cavalo firme. Eu amo quando ela prende os cabelos, fica tão jovial. — Você conseguiu falar com o Ben? Estou ligando e a ligação nunca completa. 



— Nos falamos hoje pela manhã. – Aproximo-me de Anahí segurando em sua cintura e acariciando a região para deixá-la mais relaxada. — Você precisa se acalmar, ou acabará mesmo tendo um ataque cardíaco.



— Eu estou ansiosa, fazem dois meses, Candy!



Ela exclama, arregalando um pouco os olhos e bufando frustrada em seguida. Nossos filhos não viviam mais debaixo de nossas asas. Benjamin optou por fazer faculdade de medicina em Harvard. Nem preciso dizer que minha esposa quase morreu ao saber disso, certo? Porque ela literalmente surtou, lembro-me bem dela chorando desesperada quando Ben nos contou que iria para Massachusetts. 



.. Flashback On 

.. 

— Você vai o que?! 



Eu tenho quase certeza que o grito de Anahí pôde ser ouvido por metade da nossa vizinhança. Seu rosto está vermelho,  os olhos arregalados e incrédulos, sua boca escancarada enquanto ela parece tentar assimilar o que nosso filho acabou de nos revelar. Bem, eu já sabia disso, somente minha esposa não fazia ideia. 



— Eu vou para Harvard, mamã. – Benjamin já não tinha mais o tom feliz em sua voz, parecia receoso agora. Os olhos castanhos esverdeados brilhavam em medo enquanto ele brincava com os dedos, da mesma forma que Anahí faz quando está ansiosa ou nervosa. — Eu fui aceita e mal pude acreditar, eu pensei que a senhora ficaria feliz por mim. 



— Não, eu... – Anahí volta a sentar-se na cadeira. Estávamos em meio a um jantar quando Des resolveu contar a novidade para a mãe. Como eu já esperava, minha esposa não reagiu bem. — Massachusetts? Sério? Não poderia ter escolhido uma por aqui mesmo? 



— Mamã...



— Deixa comigo. – Peço para meu filho, erguendo uma mão antes de virar-me para Anahí. Ela está de cabeça baixo ao meu lado, parece perdida em seus pensamentos. Estico a mão esquerda e coloco uma mecha de seus cabelos atrás de sua orelha, atraindo sua atenção. — Nós conversamos sobre isso, lembra? Nosso filho está feliz, sabemos o quanto ele queria ser aceita em Harvard.



— Eu sei, Dul, mas...



— Sem essa, Anahí, por favor. – Seguro sua mão, acariciando o dorso da mesma com o polegar. Abro um sorriso, tentando deixá-la mais tranquila. — Você prometeu que não gritaria caso ele fosse para uma faculdade longe. 



— Sim, mas eu não pensei que seria tão longe assim. – Ela resmungou, formando um bico quase infantil em seus lábios pintados de vermelho escuro. — Desculpe por ter gritado, Ben. É só que, você me pegou de surpresa. 



— Eu não vou abandonar as senhoras. Eu juro, irei sempre me comunicar e visitá-las quando possível. – Benjamin levanta-se de seu lugar e vem para perto de nós duas. — Mas é meu sonho, e meus amigos também estão indo para lá. 



— Só seus amigos? – Anahí ergue uma sobrancelha.



— Uh, sim...



— Eu espero não ouvir sobre uma Demétria Devine Lovato indo para o mesmo lugar que você. 



— Então... – Benjamin cora instantaneamente em suas bochechas, afastando-se de nós duas. Eu pressiono os olhos ao ouvir Anahí segurar um rosnado em sua garganta. Eu sabia que ela iria surtar quando soubesse disso. — Mamãe...



— Não, não. Fiquei quieta. – Anahí levanta da cadeira com um salto, fazendo a mesma arrastar-se para trás, o som da madeira do piso sendo riscada ressoa pela sala de jantar. — Vou ligar para a Angélique agora e mandar ela impedir isso, já que a senhorita Demétria e filha dela. A não ser que ela queira ter netos agora.



Esbraveja enquanto saí da sala de jantar com passos largos e pesados, mesmo de longe ainda é possível ouvi-la resmungar e praguejar a  filha de sua melhor amiga. Olho para Benjamin e o vejo praticamente mastigando seu lábio inferior, o olhar amedrontado de quem melhor que ninguém sabe o quão assustadora Anahí pode ser quando está irritada.

— Venha aqui. — O chamo, batendo em minhas pernas enquanto afasto a cadeira. Benjamin prontamente dá a volta na mesa e senta-se em meu colo, envolvendo meu pescoço com seus braços. — Não fique com medo, sua mãe vai acabar se acostumando.

— Não, mãe, ela não vai. Eu sei que ela irá surtar quando descobrir que a Demi e eu estamos namorando. 



— O que? – Meu tom surpreso é nítido, estou realmente surpresa pelo fato de Benjamin e Demi estarem namorando. Eu pensei que eles ainda estavam na fase de terem encontros não oficiais. — Desde quando vocês estão namorando?



— Eu fiz o pedido ontem de manhã. – Confessa, com a voz transparecendo toda sua timidez. Benjamin afasta a cabeça do meu pescoço e me olha, sorrindo sem jeito. O brilho em olhar revela o quão apaixonado ele  está, e eu acabo sorrindo. — Ela ficou tão fofa, mãe. Ela ficou corada depois que eu fiz o pedido com uma caixa de  e bombons. Bem você sabe que eu não gosto do cheiro de flores.



— Porque flores não são comestíveis. É bem... os chocolates ela pode comer.



— Exato! – Concorda e nós dois rimos. É nítido que ele é meu  filho. — E então nós fomos dar uma volta de bicicleta e ela simplesmente adorou, e eu a pedi quando estávamos adimirando o por do sol.



— Você a ama?



— Muito. 



— Então tem todo o meu apoio, e pode deixar que com sua mãe eu me entendo. – Benjamin fibra baixinho em comemoração e agarra meu pescoço. — Mas eu espero que o senhor tenha juízo. Você não vai querer ter outra conversa sobre sexo e doenças transmissíveis com a Maitê, vai? 



— Não! – Ele grita, saltando do meu colo. Seus olhos estão arregalados e as bochechas vermelhas. — Não! Por favor, mãe, não. Eu ainda estou traumatizado com as fotos que a Tia Mai me mostrou.



Solto uma gargalhada da expressão horrorizada de meu filho. Lembro-me bem, quando Benjamin completou quinze anos, Maitê o intimou a ter uma conversa sobre sexo. Nunca tinha visto meu  filho tão horrorizada quanto naquele dia. Maitê podia ser bem assustadora quando queria. 



— Então já sabe, se cuide. Além do mais, não quero outro neto tão cedo, okay?



Benjamin acena com a cabeça e depois de mais algum tempo conversando, ele se despede e vai para seu quarto. Fico um tempo sozinha olhando em volta, essa casa não será a mesma sem meu  filho. Mas eu irei acostumar, assim como me acostumei quando Eduarda saiu de casa e se casou. 





Eu mal posso acreditar que meus pequenos já estão tão grandes. Logo só restará Anahí e eu nessa casa enorme. 



 Flashback Off 

..

Isso foi há dois anos atrás e ainda parece tão fresco em minha memória. Naquela noite, eu tive que ouvir Anahí resmungar sem parar sobre Benjamin ir para tão longe de nós duas. É claro que eu tive que dar meu jeito de calar sua boca. O bom é que mesmo depois de tantos anos de casadas, trinta anos, para ser mais exata, nosso amor adolescente continua vivo. Mesmo que não tenhamos a vida sexual tão ativa quanto antes, afinal, já chegamos aos cinqüenta, porém, ainda nos entendemos bem na cama. 



E como nos entendemos. 



— Anie... – Anahí está falando sem parar e gesticulando para um lado e para o outro. Ela se moveu tanto que seus cabelos curtos já estão até soltos. — Anahí!



— Uh, oi?



— Você vestiu a roupa do lado contrário? – Questiono curiosa ao ver a costura do vestido sobre seus ombros. Ela se afasta e olha para baixo, abrindo a boca em descrença ao se dar conta do que realmente tinha vestido a roupa ao contrário. — Você é muita lerda, amor. 



— Não me chame de lerda. – Ela resmunga, começando a puxa a peça verde para cima. Mesmo em seus cinqüenta e um anos quase completos, Anahí ainda assim me faz suspirar. Ela continua sexy como ninguém aos meus olhos, e não existe nenhuma outra mulher no mundo que me atraía mais do que ela. — Você é uma chata rabugenta. 



— Essa fala é minha, mocinha. – Aproximo-me dela para ajustar o vestido em seu corpo. Anahí bufa e mesmo sem olhar para o seu rosto, tenho certeza que ela revirou os olhos. — Pronto, lerdinha. 



— Olha aqui sua...



O som da porta da frente sendo aberta faz com que Anahí se cale. Viro-me para olhar quem acabou de chegar e abro um enorme sorriso ao ver Eduarda, seguido de seu marido, Daniel e o pequeno John em seu colo. Estava prestes a perguntar onde Angel estava, quando vejo a mesma adentrar a casa correndo e vindo em minha direção com os braços abertos.

— Angie! 

Exclamo ao agarrar o corpo da minha pequena neta. Bem, não tão pequena assim. Angel já estava para completar seus nove anos. Sim, Eduarda foi mãe cedo demais. Quando Anahí e eu descobrimos foi um surto duplo, ainda mais da minha parte. Ela tinha apenas dezessete anos quando ela é Daniel descobriram que iriam ser pais. Os pais dela quase surtaram e Anahí queria castrar o pobre menino, foi uma loucura total. Maitê e Ucher foram nossos anjos, pois tanto Anahí quanto eu, não fazíamos ideia de como agirmos no primeiro instante. Eles nos ajudaram muito, principalmente Ucher, que foi quem conversou com Daniel e o ajudou a seguir o caminho certo. Óbvio que de qualquer forma ele assumiria o filho dele, pois se foi homem o suficiente para fazê-lo, teria de ser ainda mais homem para assumir suas responsabilidades. E minhá filha.



E ele o fez, e como fez. Tenho orgulho de olhar para minha filha. E ver que ela soube escolher seu marido e o ama com todo seu coração. Daniel  conseguiu se desdobrar em mil para cursar sua faculdade e trabalhar para criar seus filhos e dar do bom e do melhor para minha filha. E quando Eduarda finalmente pôde ter uma chance de entrar na faculdade, ele lhe deu todo o apoio e fez o possível para cuidar de seu filho junto dela. Claro que Daniel teve ajuda minha, de Anahí e de seus pais, mas eles se saíram muito bem criando Angel. E hoje temos ela e o pequeno John, que acabou de completar dois anos. 



— Saudades, vovó. – Ela diz abafado contra meus cabelos. Sorrio e afasto a cabeça para enchê-la de beijos. Angel é a cópia fiel de Daniel apenas com os olhos e os cabelos de Eduarda — Eu trouxe um presente. 



— Oh, você trouxe? – Ela assentiu freneticamente, afastando-se de mim para ir até Anahí para cumprimentá-la. Levanto-me para cumprimentar Daniel, que aprendi a gostar depois de tantos anos de convivência. Hoje em dia arrisco até dizer que o amo. — Que prazer revê-lo, Dani. 



— Digo o mesmo, Dulce. Angie estava ansiosa para o final de semana.

— Mamãe – Eduarda diz  ao passar John para Daniel. Sorrio, emocionada. Fazia tanto tempo que ela não me chamava assim de mamãe, o dia parece nostálgico hoje. — Está linda. 

— São seus olhos, Duda. – Ela solta uma gargalhada e me abraça com seus braços cheirando meu cabelo.



 Sorrio sentindo o cheiro de minha filha, que parece não ter mudado em nada, ela ainda tem o mesmo cheiro de quando era pequena.



— Solte sua mãe, princesa. – Eduarda prontamente a obedeceu, Anahí com um sorriso. — Será que eu posso ganhar um abraço agora? 



Em segundos minha filha estava agarrada em minha esposa, era uma cena adorável e engraçada de se ver. Lindo ver o amor entre uma mãe e uma filha, mas tinha graça pelo fato de que nossa filha se tornou um pouco mais alta que Anahí.



— Vovó Camsy... – Ouço a voz de Angel, desviando a atenção do abraço repleto de afeto que Anahí e Eduarda trocam. Olho para baixo e vejo minha bela neta com os olhos brilhando, as bochechas um pouco rosadas enquanto ela segura um coisa retangular embrulhada em um papel de presente. — Seu presente. 



— Oh, sim... muito obrigada, anjo. – Seguro em sua mão e vou andando em direção ao sofá. — Vamos ver o que essa bela moça fez para a vovó. – Com todo cuidado desfaço o laço, abrindo o papel devagar para não rasgar. Angie parece ansiosa, sorrio para ela antes de retirar um quadro lá de dentro. Viro o objeto em minha mão e minha boca se abre ao ver uma pintura feita a dedo, mas não é uma pintura qualquer. Sou eu. — Oh meu Deus, Angie...



— Gostou, vovó? Mommy disse que eu estou melhorando. 



— Angie, ficou... perfeita. – Estou completamente apaixonada pela pintura que minha neta fez, e abismada com o talento dela. Em sua idade tudo que eu conseguia fazer era desenhar bonequinhos de palito. — Você é uma versão pequena e feminina do Pablo Picasso. 



— Obrigada, vovó, mas eu ainda estou longe de ser comparada com ele.



— O que as duas mocinhas tanto conversam aí? – Anahí surge ao nosso lado, olho para ela e lhe mostro o quadro. — Pu*ta merda. Desculpe, saiu sem querer.



— Não repita isso, okay? – Angel apenas concorda com a cabeça, sorrindo para Anahí — Foi você quem fez? Está cada vez melhor nisso, puxou o dom da sua vovó aqui. 



Reviro os olhos, estendendo o quadro para Anahí e pegando John de seus braços. O pequeno se agita assim que me reconhece, sorrio para o mesmo e o encho de beijos. Por sorte esqueci-me de passar batom, ou ele provavelmente estaria cheio de marcas de beijo agora.



— Pendure na parede da lareira, amor. Quero que todos vejam o quão talentosa minha neta é. 



— Ela puxou a mommy dela.— Eduarda  surge na sala, gabando-se. 



— Ela puxou a mim, todos sabem disso.



— Não.



— Sim! – Anahí rebate, trocando olhares com Eduarda. Olho para Daniel e ele apenas nega com a cabeça, fazendo sinal de rendição. Céus! Essas duas nunca mudam. — Diga para ela, Angie. 



— Eu puxei o talento da vovó Anie. 



— Isso é injusto. – Eduarda resmunga emburrada, Daniel se aproxima da mesmo e beija sua bochecha. E minha filha abraça Daniel de lado encostando sua cabeça em sua ombro.



Desvio minha atenção deles e, coloco John sentado sobre minhas coxas, brincando com suas mãozinhas e sorrindo para ele.



— Eu falei com meu irmão durante o caminho para cá, ele disse que ele e Demi passariam na casa da Angelique e do Theo antes de virem. 



— Oh meu Deus, ele virá com a Demétria? – Olho para Eduarda, que assente, demorando um pouco a entender minha careta. — Sua mãe vai surtar. 



— Provavelmente. Mas eu posso distraí-la se a senhora quiser. Pelo menos até que a mamã tenha falado com a Ben, eu sei que ela sente falta da minha irmã.



— Foram dois meses. – Beijo o topo da cabeça de John, segurando-o com as mãos entrelaçadas sobre sua barriga. — Perdi as contas de quantas vezes tive que convencê-la a não ir até Massachusetts atrás de seu irmão.



— Mamã nunca perde esse jeito protetor dela.



— E ela nunca irá perder. Principalmente agora que temos dois netos lindos para cuidar, não é meu bebê? – Seguro John no ar, fazendo-o gargalhar e se contorcer em meus braços. — Quem é a coisa mais gostosa da vovó? 



— Benjamin chegou, Candy! Ele chegou! 



Ouço a voz a afobada de minha esposa e em segundos a vejo surgir na sala quase correndo enquanto ajeitava as roupas. Ela passou por nós como um furacão e abriu a porta. Levanto-me do sofá, segurando John contra meu peito. Logo posso ver meu filho, ainda mais belo do que nunca. A primeira coisa que noto é o tom de seus cabelos, que estão mais escuros.



— Deixe que eu o seguro. – Daniel pede esticando as mãos, passo John para ele, mas lhe dou um beijo na testa antes de soltá-lo.



Olho para a porta e vejo Anahí agarrada no pescoço de nosso filho, apertando-o contra si. Sorrio, meus olhos enchendo-se de lágrimas. Estou emocionada, estava morrendo de saudade do meu filho, mal podia esperar pela hora de vê-lo outra vez. Aproximo-me dos dois, tocando a lombar de minha esposa. Benjamin olha para mim e sorri, seus olhos também estão marejados.



— Eu senti muitas saudades, Ben.Tantas saudades. – Anahí murmura contra seus cabelos. Ouço passos se aproximando e olho por cima do ombro dos dois, vendo um Demi se aproximar com uma mala de rodinhas em suas mãos. — Você cresceu tanto, meu amor. 



— Quem me dera, mamãe. – Ben solta uma risadinha, afastando-se um pouco de Anahí. Minha esposa segura o rosto dele suas mãos, analisando nosso filho. — Eu amo você.



— Eu também amo você, pequeno. – Anahí murmurou com a voz embargada, enchendo Benjamin de beijos. — Meu Deus, que saudade.



— Será que tem um pouco disso para mim também?



Anahí  e Benjamin quebram o momento reencontro e olham para mim, ambos com lágrimas nos olhos. Olhar os dois assim, lado a lado, é como se eu estivesse vendo Anahí e eu no passado em nosso filho. Incrível como ele herdou os nossos traços, ficou a cópia perfeita de minha esposa e eu. Lindo, perfeito. Sorrio para meu filho, abrindo os braços para recebê-lo. Ben se joga em meus braços, não posso controlar as lágrimas ao senti-lo me apertando contra seu corpo com força. Eu senti tantas saudades dele.



Finalmente minha família está toda reunida outra vez.



(...)



Observo Angie e Eduarda brincando em volta da piscina. O dia amanheceu ensolarado, está um calor razoável e todos resolveram aproveitar a piscina. Daniel e John estão dentro da água, ele está o ajudando a nadar. Meu neto é super esperto para sua idade e está se saindo super bem nas aulas de natação. Minha esposa está conversando com Angélique perto da churrasqueira, onde Theo  preparava as carnes para o nosso almoço. Ontem foi um sacrifício para que Anahí não matasse a Demi. Anahí não estava muito satisfeita com o namoro do nosso filho com Demi, e hoje ela encheu os ouvidos de Angelique com a mesma falação de sempre. Minha esposa esquece que Benjamin já não é mais nosso pequeno garotinho, agora ele é um homem. Um belo e maduro homem.



O tempo passa tão rápido, mal posso acreditar que meus filhos já estão com suas próprias vidas, longe das minhas asas. Parece que foi ontem que Anahí e eu estávamos ensinando Benjamin a andar sozinho. Lembro-me bem daquele dia. 



.. Flashback On 

.. 

Seguro a câmera com firmeza, ajustando o zoom para pegar perfeitamente o momento. Anahí está sentada no chão, nosso pequeno filho sobre suas coxas brincando de morder suas mãozinhas. Minha esposa tem os olhos fixos em mim enquanto eu me posiciono no melhor lugar para gravar os dois.



— Acene para mim, amor. – Anahí prontamente acena com a mão, abrindo um enorme sorriso. — Eu estava falando com o Ben.



— Ouch, perdão. – Faz sinal de rendição, acabo rindo de seu biquinho. Anahí retira as mãos de Benjamin de sua boca e faz com que ele acene em minha direção. — Diz olá para a Mamãe filho.



— Ela parece mais entretido com as mãos dele.



— Verdade. – Anahí concorda, parando de balançar as mãozinhas de nosso filho. Ela levanta-se do chão, ficando de joelhos. — Está pronta, Candy.



— Sim, vamos a primeira tentativa.



Anahí segura Benjamin pelos pulsos, auxiliando-o a ficar de pé. Tem alguns dias que nosso filho aprendeu a levantar-se sozinho, claro que ele usou alguns objetos para se escorar, mas falta pouco para que ele consiga sozinho. Minha esposa segura nosso pequeno e diz algumas palavras de incentivo. Benjamin fica alguns segundos de pé, antes de jogar-se para frente, agarrando o pescoço de Anahí.



— É um pequeno coala mesmo esse carinha da mamãe. – Anahí o enche de beijos, sorrindo para mim. Ela afasta nosso filho e faz com que ele fique de pé. — Vem filho, dá um passinho. 



Anahí usa seu tom infantil para incentivar nosso filho. Benjamin fica alguns segundos olhando para minha esposa, ele abre um sorriso, mostrando seu único dente nascido. Não demora muito para que ele se jogue nos braços de minha esposa outra vez, fazendo-me rir. 



— Parece que alguém está mais interessada em abraçar do que aprender a andar.



— É verdade. – Anahí levanta-se do chão com nosso filho nos braços, desligo a câmera e vou em direção a os dois. — Mas temos todo o tempo do mundo para ensiná-lo.



(...) 2 semanas depois.



Tinha acabado de chegar do trabalho, estava terminando de tirar meus sapatos e o casaco quando deparei-me com Anahí e sua câmera agachada no chão.



— O que está fazendo?



Perguntei curiosa, aproximando-me dela enquanto amarrava meus cabelos.



— Shh, não fale nada. – Ela pede, desviando o olhar do que está gravando e me olha. — Eduarda está conseguindo fazer nosso filho ficar de pé sozinho.



Só então noto Duda sentada no chão da sala, chamando Benjamin com as mãos. Meu filho usa a mesinha de centro como apoio e fica de pé, aos poucos solta a mesa, conseguindo manter-se de pé sem problemas. Minha boca se abre em surpresa, agacho ao lado de Anahí para ver melhor aquela cena. 



— Vem, Ben. – Eduarda a chama e Benjamin o obedece, dando um passo para frente. Seu corpo bambeia um pouco, mas ele consegue se manter de pé. Sorrio emocionada. — Isso, irmãzinho. Vem com a sua irmã, vem. 



Foi questão de segundos para  conseguir correr de pé em Benjamin ir em direção a Eduarda, agarrando seu pescoço e balbuciando algumas coisas que não conseguimos entender ainda. 



— Isso, filha, muito bem!



— Parabéns, Ben! 



Anahí e eu comemoramos, indo em direção aos nossos filhos para abraçá-los.



Foi um dos dias mais felizes da minha vida. 



..

 Flashback Off 

..

Lembrar-me daquele dia me faz tão feliz. Foi bom ter vivido aquilo, de alguma forma fez com que eu lembrasse de como foi na época em que Eduarda era uma bebê pequena e estava aprendendo todas aquelas coisas. Tivemos tantos momentos felizes, que as memórias perdidas acabaram sendo substituídas por novas e não deixaram um vazio dentro de mim. 



O amor que minha família transmitiu e ainda transmite, é o sentimento mais puro e o maior maravilhoso que já senti em toda minha vida. Tudo o que passei, ter perdido a memória para poder valorizar a mulher que me casei, reaprender a amá-la e respeitá-la. Desejar casar-me com ela outra vez, querer aumentar nossa família e amar tudo o que conquistamos. Tudo, absolutamente tudo valeu a pena. Porque mesmo que eu pudesse voltar ao passado agora, eu não mudaria nada. Todos os acontecimentos, mesmo os piores, nos trouxeram até aqui.



E eu não poderia estar mais feliz e orgulhosa de ver onde chegamos.



(..)



O dia passou voando, brinquei com meus netos, me diverti com minha família e os meus amigos. Foi tudo maravilhoso. No final da tarde, Angie e John acabaram adormecendo, restando apenas os adultos. Ficamos bebendo e jogando conversa fora na varanda do lado de fora, mas de repente o tempo virou, anunciando uma chuva de verão. Coisa comum de se acontecer. 



— Onde está Anahí?



Pergunto a Angélique após guardamos as coisas dentro de casa. 



— Ela disse que iria lá fora observar o céu. 



— Ela deve estar doida para pegar um resfriado nessa chuva. – Resmungo, soltando os pratos sujos na pia. Angélique solta uma risada e diz que ficará encarregada de limpar as coisas enquanto eu vou buscar minha esposa desnaturada. Chego no quintal e olho em volta, abraço meu corpo ao sentir uma leve brisa bater contra mim, fazendo-me estremecer de frio. — Anahí Giovanna, saía dessa chuva agora! 



Ordeno, deixando transparecer em minha voz o quão brava eu estou. Anahí está parada de costas na beira da piscina, a cabeça jogada para trás e os braços abertos. Ela parece estar sentindo a chuva, e adorando aquilo. Grito seu nome outra vez, finalmente atraindo sua atenção. Foi como se tudo estivesse em câmera lenta, mesmo com os cabelos curtos e mais velha, quando Anahí virou-se, foi como se estivéssemos de volta ao passado. Em nossa adolescência, quando gostávamos de brincar na chuva. 



— Está chovendo. 



— Eu percebi. – Reviro os olhos, aproximando-me dela. Anahí abre um enorme sorriso. — Vamos entrar, você precisa tomar um banho quente e tirar essas roupas. Eu preparo um chocolate para nós duas. 



— Espera... – Ela pede ao me ver fazer menção de voltar para casa. Olha para Anahí e por alguns segundos, vejo-a mais jovem, com os cabelos longos outra vez, o rosto sem ruga alguma e ainda mais bela do que nunca. — Você me concede essa dança, senhora Savinon.



Meu coração dispara dentro do peito. O amor que sinto por ela parece transbordar e é como se tudo o que vivemos, passasse em frente aos meus olhos. Todos os momentos, sorrisos, choros, brigas, carinhos e o amor que sentimos uma pela outra. Lembro de cada detalhe, como se tudo estivesse voltando com força. 



E é pensando nos anos que estou casada com Anahí, por tudo o que passamos juntas e tudo que ainda iremos passar, confirmo apenas uma coisa:



Eu não sou a esposa estúpida de Anahí Portilla... Eu sou a esposa sortuda de Anahí Portilla. 



Ou melhor, Anahí Giovanna Savinon-Portilla.



Isso é muito mais do que eu poderia desejar para a minha vida.





********



Por Anahí





Dulce está com a cabeça encostada em meu ombro esquerdo, uma de nossas mãos entrelaçadas e minha outra mão pressionando seu corpo contra o meu. O sorriso não some de meu rosto, estar com ela sempre me traz essa sensação de paz. Nossas roupas estão grudadas por causa da chuva que caí sobre nós, mas eu não poderia me importar menos. 



— Você está feliz com tudo o que conquistou ao meu lado? 



Dulce pergunta de repente, levantando a cabeça para olhar em meus olhos. Seus cabelos estão com alguns fios grudados em seu rosto, livre de qualquer maquiagem. Linda demais!



— Eu estou plenamente feliz com tudo o que conquistei com você.



Mal termino de falar e alguns gritos são ouvidos no quintal. Olho por cima do ombro, deparando-me com todos saindo de casa para aproveitarem a chuva. Solto uma risada, observando minha filha colocar meu neto em seus ombros e correr com ele pelo quintal. Em seguida Benjamin e Demi saem. De mãos dadas.



O sorriso some do meu rosto ao ver aquela cena. 



— Por que está apertando minha mão tão forte? 



Dulce resmunga e só então me dou conta do que estava fazendo, rapidamente afrouxando o aperto em sua mão.



— Perdão, eu acabei me distraindo.



— Sei, eu percebi. – Dulce retira sua mão que estava em meu ombro e segura em meu queixo, virando meu rosto em sua direção. — Ele é um rapaz adulto agora, precisa conviver com isso.



— Eu ainda o vejo como aquele garotinho desengonçado correndo pela casa fugindo de nós duas porque não queria colocar roupas. 



Dulce gargalha, provavelmente se lembrando das tantas cenas em que nós duas tínhamos que correr atrás de Benjamin para fazê-lo colocar roupas. Nosso filho simplesmente amava correr pelado pela casa.



— Era engraçado, Ben odiava ter que usar fralda.



— Verdade. Mamãe dizia que eu tinha o mesmo costume.



— É eu lembro. Você adorava desfilar essa bunda pôr aí.



— E agora eu só a desfilo para você. 



— Ainda bem.



Sorrio para ela antes de selar nossos lábios. Seguro nas duas mãos de Dulce, afastando nossos corpos para girá-la, logo voltando a posição anterior. Não era necessário ter uma música, bastava apenas estar ao lado dela.



Relembrando os velhos tempos.



— Nós criamos uma bela família. Dois filhos lindos e responsáveis, uma vida estável e esse amor entre nós que não acaba.



— Só fica mais forte. Eu fico feliz por você ter sido a única na minha vida.



— E você pode não ter sido a minha primeira, mas é a única que realmente importa. 



Minha declaração fez minha esposa sorrir abertamente antes de puxar-me para um beijo apaixonado. Suspirei, soltando sua mão para envolvê-la em meus braços.



— Pare! Estúpida, pervertida.



Dulce repreendeu-me quando eu coloquei as mãos em sua bunda. Eu apenas gargalhei de sua reação, principalmente por ela estar com as bochechas vermelhas. 



— Sabe que eu até gosto quando você me chama dessa forma?



— Que forma? Estúpida? – Concordo com a cabeça. — É porque você é uma estúpida, combina com você.



Selei nossos lábios diversas vezes. Eu sempre fui tão estupidamente apaixonada por essa mulher. Tenho certeza que desde que o início foi assim, e continuará sendo em outras vidas. Grudei nossas testas e olhei em seus olhos para sussurrar:



— Eu sempre serei sua esposa estúpida.





*********



FIM....





Chegou ao fim meninas...

      Mais satisfeita em concluir está fanfic.

Que me emocionou, e me deixou um misto de sentimentos...

      E espero que pra vocês também....

Muito obrigada a quem comentou...aos favoritos, ou simplesmente acompanhou.

Bjs meus amores amo cada uma...

E até breve.




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Comentários do Capítulo:

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  • aline_andreza Postado em 31/01/2023 - 01:59:34

    Eitaa

  • tryciarg89 Postado em 20/09/2022 - 17:43:42

    Simplesmente perfeita essa fic,ameiiii

  • aleayd Postado em 08/09/2021 - 21:48:50

    Tenho uma grande paixão por essa fic. Foi simplesmente perfeita. Já li e reli tantas vezes que perdi as contas kkkk

  • Kakimoto Postado em 28/08/2017 - 21:28:13

    AAAAAAAA, Vou sentir sddss, amo tanto essa ficc <3 <3 <3. Ai, elas são mt fofas veii, amo mt mt

  • siempreportinon Postado em 25/08/2017 - 18:47:39

    Amei do início ao fim, viciante! Espero que escreva muitas outras Portinon, acompanharei todas kkkk Parabéns e continue a nos presentear com histórias maravilhosas!!!

  • belvondy Postado em 25/08/2017 - 12:28:38

    Muito top a Web,você já postou outras website portinon?se sim quero saber quais!....postaais webs!

  • Postado em 24/08/2017 - 00:43:09

    Meu Deus olha a hora e aqui comentando rs,Deus do céu Emilly que história maravilhosa que linda, foi,foi,nossa nem consigo descrever oque eu tô sentindo sei que apenas uma história mas me envolvi tanto lendo acho que com todos que leram aconteceu o mesmo,eu chorei de emoção foi lindo de verdade, como muita coisa aconteceu eu não vou conseguir falar de tudo nesse comentário mas saiba que eu amei,muito obg por ter nos dado o privilegio de conhecer essa história, foi uma adaptação espetacular aiiiiii meu Deus eu amei demais,fiquei triste que acabou mas tudo que é bom dura pouco ne,amei elas duas com os filhos,Benjamim, Duda os netos ai foi tudo lindo ameiii, bjs querida! !!

    • Gabiih Postado em 24/08/2017 - 00:45:07

      Meu nome não apareceu trágico kkkk,amei linda bjs

  • ester_cardoso Postado em 23/08/2017 - 19:35:17

    Ahhhhh não acredito que acabou, uma das melhores fanfics que já li. Ameiiiii muito a história, foi perfeita. Amei o casamento delas, o nascimento do Benjamin, as lembranças, os filhos da Duda, o Ben namorando a Demi, e com certeza meu amor maior ver elas juntas e felizes com uma família linda e maravilhosa. E pra mim esse amor é eterno, mesmo que seja fictício, mesmo q não seja real, é muito bom ter uma historia com q se envolver e apaixonar. Obrigado gatinha por proporcionar essa história maravicherry para gente, vc é demais sério. Porque além de nos dar a oportunidade de ler fics perfeitas, vc se envolve com as leitoras de uma forma q ganha o nosso coração. Um enorme beijo pra ti e obrigado por tudo mesmo, Te amo bebê <3

    • Emily Fernandes Postado em 23/08/2017 - 19:58:32

      Sim minha linda, acabou e você não sabe como eu estou triste por isso. Mas satisfeita por saber que a história agradou muito. Confesso que fiquei meia na dúvida em adaptar a história, Pois achei que não ia conseguir mas... O resultado foi bom, acho que mesmo Portinon só existindo em nosso mundo, creio que o amor e amizade que ambas sente uma pela outra, Mesmo que com menos intensidade que na época do RBD, o carinho continua o mesmo. Já vale a pena sonhar com esse trauma que além de tudo e vida e superação. Enfim muito obrigada mesmo... Eu adoro mesmo vocês. Fazer o que!!! vocês são simplesmente :MARAVILHOSAS. Amo todas e tenho um carinho.sem igual por cada uma que se prende os poucos minutos lendo as histórias que posto. Enfim gata. Te amo de coração...

  • laine Postado em 23/08/2017 - 14:53:22

    Muito bom, foi perfeito Que pena que acabou &#128550;

    • Emily Fernandes Postado em 23/08/2017 - 19:42:29

      Sim a fic é maravilhosa, mesmo eu mudando algumas coisa. O foco foi o mesmo da história verdadeira. Que bom que te prendeu assim como me prendeu. E bem infelizmente tudo que é bom tem um fim. Né Mas beijos e até a próxima.

  • Gabiih Postado em 21/08/2017 - 20:29:55

    ai eu estou amandooooo,muito essa história o amor delas é tão lindo,tão magico,tao cativante tão forte,acho que deve ser coisas de vidas passadas eu acredito nessas coisas sabe rs,mas eu espero que esse procedimento novoi de certo,annie quer tanto um filho as duas querem na verdade,e ela merecem,adorei os momentos hoy delas,duas pervertidas kkk adoro posta mais linda,desculpe a comenta mas aqui estou e ansiosa para novos capítulos posta mais!&quot;!!

    • Emily Fernandes Postado em 21/08/2017 - 20:59:27

      Eu também creio em vidas passadas. Acho que o nosso mundo é além do que vemos. E estamos predestinados a o nosso amor. Eu sei, sou uma tola apaixonada. E sonho com isso. Sorte de quem encontra um amor assim....


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