Fanfic: Não Pare Vondy Adaptado | Tema: Romance+Suspense
Como minha mãe poderia achar normal viver entre cidades e países diferentes num curto intervalo de dezessete anos? Por que tinha que ser assim?
-Dulce, se eu recusar esse trabalho, uma serie de portas vão se fechar para mim. Lembre-se que eu sou referência em minha área. O mercado está muito competitivo e vem engolindo os que nao se adaptam.
Claro! A desculpa que sempre ne fez calar, mas que não me convencia mais. Minha mãe especializou-se em um ramo da indústria de produção de lentes de contato. Sei que fez isto por amor a mim. Nasci com um defeito em ambas as córneas. Apesar de ter visão perfeita, a anatomia de minhas pupilas é estranhamente incomum, fina e vertical, assemelhando-se à de uma cobra, lagarto ou de um felino, como prefiro imaginar. Assustador, eu sei, mas graças a Blanca nunca me foi constrangedor. Ela percebeu que a aquela poderia influenciar o modo como as pessoas me tratariam. Como sempre foi uma mae protetora e uma mulher inteligentíssima, arregaçou as mangas e começou a estudar por conta própria os meios de confecção das lentes de contato existentes no mercado. Especializou-se nos diversos tipos de materiais, modelos e matizes das lentes que existiam no mundo, de maneira que seu grau de conhecimento se tornou tão singular nessa área, que ela do rapidamente absorvida pela industria de produtos oftalmológicos. Costumava me sentir culpada por nossa solitária vida de nômades porque, sempre Blanca ouvia falar de algum avanço cientifico na área, lá estávamos nós de novo fazendo as malas e partindo para outra cidade ou país. Mas hoje não acredito mais nisso. Sei que sua experiência nesse ramo de atividade é a desculpa perfeita para as costumeiras mudanças bruscas de vida e lugar, e a válvula de escape ideal para as suas habituais inconstâncias de temperamento. Para piorar a situação, nasci de mãos dadas com o azar e a minha segurança se transformou na maior das suas paranoias. Para uma mãe solitária e neurótica isso já seria um prato feito. Agora imagine se essa mãe fosse também tremendamente supersticiosa do tipo paranoica elevada à decima potencial... Imaginou?
Então chegou quase perto. Quase.
Dessa forma, sempre que algum fato estranho acontecia, já era motivo para mamãe pensar em mudar de cidade. Como sempre fui muito azarada, aprendi a omitir acontecimento nada convencionais que, vez ou outra, insistiam em ocorrer comigo. Cheguei a pensar que talvez fosse algum problema com a minha visão ou com as lentes de contato especiais que ela confeccionava para mim, mas compreendi que era apenas falta de sorte.
-Por que eu não posso ser como todas as garotas da minha idade, hein? Sempre que começo a fazer amigos você parece que fica aborrecida. Eu quero uma vida normal, mãe!
-Que conversa é essa, Dulce? Sempre tivemos uma normal e, bem... eu nunca me importei com as suas novas amizades. - mas o semblante culpado de Blanca evidenciava o contrário.
-É claro que não se importa, afinal de contas eu não tenho amigos mesmo! Eu não tenho tempo sequer de conhecê-los! Mal consigo gravar os nomes dos meus colegas! Isso é normal pra você? -Indaguei com as sobrancelhas cerradas, o sangue bombeando forte dentro das veias. - Ah, já sei! -acrescentei sarcástica: - Normal para você é começar o ano letivo em Varsóvia, mudar logo em seguida para Viena e terminá-lo em Copenhague, reiniciar o outro ano em Oslo, mudar para Amsterdã, para então ir não sei lá onde. Aliás, Blanca, deve ser por isso sou tão boa em Geografia, não é?
-Não me chame de Blanca! Você sabe que eu não gosto! -retrucou soltando o ar com dificuldade, em sua vã tentativa de disfarçar os nervos à flor da pele. - Filha, eu menos. As coisas só precisam se acalmar... Aí a gente se estabelece na cidade que você escolher.
- O que precisa se acalmar?
-Na hora certa você saberá. - Ela esfregou o rosto, deixando transparecer o tremor em suas mãos, e sepultou o assunto com a enervante resposta de sempre. No fundo eu sabia que ela não responderia. Nunca respondeu e agora não seria diferente.
Abaixei a cabeça e segurei na marra as lagrimas de impotência que forçavam passagem. Por que ela não me contava o que a afligia? Por que fazia questão de manter essa muralha entre nós?
-Não tive tempo de dizer para onde vamos nos mudar. É um local de que gosto muito e você adorou quando criança. Quer uma pista? - esboçou um sorriso triste e continuou, estudando minhas reações e ansiedade. -Nova York!
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Autor(a): lalita_vondy
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 10
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candy1896 Postado em 26/07/2018 - 10:48:09
Continuaa
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candy1896 Postado em 19/07/2018 - 20:15:27
Continuaa, que bom que voltou a postar a fic.
lalita_vondy Postado em 19/07/2018 - 21:36:35
Olaaa amore 💓 Já tava na hora de eu voltar neh? Kkk Perdoe-me pela demora Bjs
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raylane06 Postado em 16/01/2018 - 13:15:02
Continua...
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vondy_sienpre Postado em 27/08/2017 - 12:01:10
Continua
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candy1896 Postado em 18/08/2017 - 22:56:25
Continua
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vondy_sienpre Postado em 16/08/2017 - 15:13:34
Leitora novaaa...continua ta otm
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candy1896 Postado em 14/08/2017 - 18:45:32
Continua
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candy1896 Postado em 02/08/2017 - 09:32:11
Começa
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bbranca12 Postado em 02/08/2017 - 07:27:05
Bom dia!!! To anciosa pra começar.