Fanfic: Não Pare Vondy Adaptado | Tema: Romance+Suspense

Apesar de não querer dar o braço a torcer, minhas expressões se suavizaram. Se havia um local de que eu tinha boas recordações, embora poucas, esse local era Manhattan. Não que eu não gostasse de Amsterdã, seus lindos canais, passear de bicicleta pela cidade, a vida tranquila. Mas algo dentro de mim borbulhava. Agora eu queria mais. Queria mais gente, mais agitação, e até mesmo mais buxinas, sirenes, fumaça, escadas rolantes em minha vida. É isso mesmo: eu quero mais minha vida na minha vida!  

-Partiremos amanhã à tarde - completou, percebendo a melhora em meu semblante. 

-Peraí, você já tinha decidido? 

-Não tinha nada decidido. A oferta apareceu e ponto. Fim de papo! - A voz grave confirmava que seu delicado humor rolava ribanceira abaixo e que de nada adiantaria estender aquela conversa: Blanca havia se fechado em seu casulo particular. 

Dois assuntos costumavam encaminhá-la diretamente para o maldito casulo: O primeiro era discutir algo que ela ja havia decidido, como mudar repentinamente de cidade; o segundo, que também me incomodava cada vez mais, era falar sobre nossa família, principalmente sobre meu pai. Blanca nunca falou. Nos últimos dois anos as nossas brigas aumentaram de forma exponencial. Queria saber algo sobre ele. Ele não teria uma foto sequer? Eu deveria ter muitas semelhanças com ele. Blanca é morena, baixa, corpulenta, seus cabelos são negros assim como seus miúdos olhos. Completamente diferente de mim! Minha pele muita branca, meu biótipo longilíneo, meus fartos cabelos castanhos-claros assim como meus arredondado olhos dessa mesma cor são a prova viva da herança genética herdada de meu pai. Dela herdei minha incapacidade de aceitar um não como resposta e meu gênio indomável... Por que não podia me dizer alguma coisa sobre? Ele havia nos abandonado ou estava morto?

-Estou indo acertar os detalhes da mudança. Aproveite para arrumar as malas - finalizou ela com um olhar distante enquanto abria a porta.  Eu conhecia aquele olhar.

O mesmo olhar que confirmava que minha mãe estava com os pensamentos que nos fizeram mudar constantemente, as mesmas neuras que insistiam em me afastar de todos ao meu redor, em me isolar. Já deveria ter me acostumado, mas a cada dia tal situação ficava insuportável. Queria outras pessoas para dividir as minhas dúvidas e contar meus segredos. Queria amigos de verdade! Os poucos que fiz se perderam no caminho, ficaram para trás. Amizade exige presença, e eu não ficava muito tempo em lugar algum.