Fanfics Brasil - Machine Angel Um Novo Mundo

Fanfic: Um Novo Mundo | Tema: Mega Man Zero, Crossover, Ação, Aventura, Épico


Capítulo: Machine Angel

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Capítulo I

Machine Angel



 



O som de passos nunca deixou de tomar sua atenção.



Ela não perguntou “Quem está aí?” como uma novata, porém. Em vez disso, ela se jogou contra o chão num rolar, suas mãos já prontas para a próxima ação. Era uma sequência de movimentos cuidadosa, precisa e treinada, que ela havia memorizado com seu corpo a ponto de se tornar instintiva.



Seu interlocutor só olhou para ela, sem achar graça. — Sério?



— …sabe, eu poderia ter te matado três vezes só agora. — ela sussurrou, guardando as duas pistolas. — Você tem sorte de eu estar esperando você.



— Você deixou as pistolas travadas de novo.



Ela empalideceu por um momento, antes do rosto ficar vermelho de novo. — É-é pros meus tiros de aviso! Não posso andar por aí matando civis que possam aparecer nas nossas amputadas!



— Primeiro, não é uma “amputada”, é uma emboscada. Segundo, “civis” não aparecem nos telhados de prédios bem diante de um complexo de armazéns da Sumeragi. E terceiro… — ele contou, tendo levantado um dedo por número, — as únicas formas de vida nas próximas três quadras são ou drones ou soldados da Sumeragi. E no momento que um “tiro de aviso” for disparado, eles vão atirar pra matar com certeza, mesmo se for só um das suas Balas Coração customizadas.



Ela bufou, ficando completamente de pé. — Fala sério, Colbor, você não tem senso nenhum de romance, né?



— É pra isso que você tá aqui, Rokoe.



As duas figuras não conseguiram deixar de rir um pouco após aquela conversa. Eles eram um par estranho, com certeza; seus uniformes mal eram iguais em estilo, sem falar a cor. Colbor, o homem, estava vestindo um traje de combate verde, preso com um cinto tamanho família onde uma pistola, munição e algumas granadas eram guardadas, em bolsos separados. O traje estava atualmente no modo ‘non-camo’, sendo um tom único de verde, e seus braços estavam atualmente descobertos, revelando uma skinsuit sob um par de manoplas negras e cibernéticas que combinavam com suas botas. Sua boina verde tinha apenas uma única marca vermelha, mas estava ligada a um visor com o formato de um par de óculos, que acabavam em dois aparelhos que cobriam suas orelhas, diretamente conectados ao crânio.



A moça, Rokoe, contrastava mais do que só com o sexo. Ela era talvez uma adolescente em aparência, com cabelo selvagem de cor d’água que ela mantinha numa trança longa que chegava até os quadris e franjas presas aos lados do rosto, revelando sua pele levemente bronzeada e olhos azuis como chamativo. Ela vestia um longo casaco azul que chegava até as botas, mas sob este ela tinha algum tipo de traje de combate que lembrava um uniforme escolar, dado a saia curta e a gravata repousando sobre seu peito. Até mesmo as manoplas e botas não estavam tão fora de lugar, apesar de sua natureza cibernética; eram simples versões que principalmente protegiam os antebraços e pernas por todos os ângulos, sendo a única parte de seu traje que parecia estar pronto para o combate por fora. O traje, porém, não podia fazer nada para ocultar seu belo físico.



Colbor não ignorava a beleza dela, mas a missão era de Prioridade Um: ele foi forçado a ignorar as curvas e manter os olhos no rosto dela. — Segundo a Jaune, nós temos aproximadamente seis minutos para entrar e sair. Dominar um teleporter da Sumeragi já faz parte dos planos, mas não há nenhum deles naquele prédio, então vamos ter de pegar a onda.



Rokoe assentiu. — Infiltrar, capturar, escapar. Até aí não tem problema. Eu posso conseguir fazer uma boa interferência fácil, fácil com os meus nenéns, afinal. — Ela indicou as pistolas duplas para enfatizar o ato.



Ele fechou o rosto, para a surpresa dela. — Na verdade… a Jaune deu ordens claras. Você ficou responsável pela extração.



— Ma-masein?! — Rokoe deixou escapar, após alguns momentos. — C-como assim, “eu”? Eu sou boa em distração e destruição, não extração! Tipo, se eu for lá, eles não estarão tão ocupados quanto se fosse o contrário!



— Ordens da chefe. Disse que nós precisamos garantir que a extração aconteça não importa como. E o seu dom é o que nos permitirá fazer isso. — Colbor pressionou um dos aparelhos no ouvido. — Colbor para todas as unidades. Vamos iniciar a distração assim que a Detonadora partir. Lembrem-se de não ferrar as coisas aqui, certo?



Isso não é com a gente eu você sabe disso, Capitão. uma das vozes no outro lado disse, mas ele nem se dignou a dar uma resposta a isso. Tudo o que ele fez foi dar um outro olhar para Rokoe, um mais sombrio desta vez. A moça de cabelo azul engoliu em seco, antes de assentir, desconfortável.



— T-tá bom! Eu posso fazer essa parte da extração, moleza! Só fiquem fora da zona de perigo, tudo bem? — ela disse, dando uma olhada no prédio de detenção adiante. Era muito grande, típico das construções da Sumeragi, e também altamente defendido; vários guardas humanos e soldados mecânicos estavam visivelmente estacionados próximos aos telhados e no interior, dando-lhes boa cobertura de seus arredores. A razão principal por não terem percebido ambos era, em parte, a distância, já que seu esconderijo ainda estava bem longe do prédio principal, e as alturas desiguais entre ambos lhes dava distância o bastante para ficar fora do olhar das patrulhas. O breu da noite também ajudava com a tentativa de se esconder.



— Tudo bem. Assim que entrar, tente manter rádio em silêncio; a última coisa que a gente precisa é ter a nossa comunicação hackeada de novo. — Rokoe não gostou do lembrete, mas felizmente não havia sido por culpa dela; uma de suas missões anteriores havia resultado na descoberta do seu esconderijo anterior devido a um contato infeliz feito por um dos soldados, e a retirada havia sido dureza.



— Entendido. Entrarei em contato apenas quando encontrá-lo. — Satisfeito com aquilo, ele assentiu em resposta, antes de descer pela escada para incêndio novamente. Ela se virou para calcular tanto suas rotas de entrada e fuga, antes de assentir para si mesma. Parecia ser fácil o bastante.



— Detonadora Celeste Rokoe, partindo! — ela declarou, iniciando a missão. Assim que o fez, uma van começou a dirigir rua abaixo, deslizando um pouco só para permitir que Colbor pousasse no topo, onde uma portinhola se abriu. Seis outros soldados estavam dentro do veículo, que havia sido reconstruído para ser um tipo de aríete, tendo o máximo de armadura e tecnologia que eles tinham acesso.



A van foi direto para a entrada principal das instalações, já tendo acelerado além de velocidades seguras para tráfego urbano e bateu de frente, passando pelos portões num golpe só e indo para dentro do pátio principal. O impacto fez com que os portões de metal voassem pelo ar, enquanto a van deslizou num drift para poder virar e seguir para o lado oeste das instalações. Os alarmes começaram a tocar por todos os prédios, logo quando ela começou seu salto em direção ao lado leste do pátio.



— Três, dois, um… — ela murmurou, antes de seu HUD registrar a variação do sistema. Detectores de ondas vitais eram aparelhos altamente complicados e, assim, propensos a curtos; parte da preparação desta missão havia sido garantir que os aparelhos deste lado tivessem dado curto. Não seria o bastante para impedir que ela não fosse detectada o tempo todo, mas os vinte segundos que esta ação disponibilizaria lhe dariam uma pequena vantagem na infiltração.



Ao concentrar seus pensamentos, um par de asas se formou por trás dela, feitas de energia rosada como penas, enquanto uma auréola rosa se formou sobre sua cabeça, ambas de mesma cor. As asas bateram enquanto ela flutuava, o rosa mudando de tom dentro do ar empoeirado ao seu redor. Ela chegou na parede de seu destino, pressionando os pés contra a superfície para prender-se por um momento; suas botas não tinham a força para executar um ‘salto contra a parede’, segundo o termo, mas elas podiam impedi-la de cair por ora, servindo-lhe de poste.



De lá, ela usou as mãos para pegar na janela que ela havia escolhido, se girando de forma incomum para alguém com seu porte, antes de jogar o corpo inteiro para dentro. Não haviam guardas ainda, embora ela achasse isso improvável num prédio baixo como esse, e assim Rokoe seguiu na direção do centro do prédio, onde ela achou que um elevador ou escadaria estivesse disponível.



Bem na hora, com o final dos vinte segundos, ela ouviu um impacto maior ainda. O sinal da van havia acabado, mas não morrido; eles haviam iniciado a fase dois da operação. Seu objetivo era criar o máximo de distração possível, e no momento, isto era esmagar seu veículo contra uma das entradas e manter os guardas do pátio fora do interior. Nem sempre seria fácil, mas lança-foguetes não eram algo comum mesmo entre os guardas da Sumeragi, e ainda que tivessem trazido um, aquela van havia sido equipada com armadura suficiente para resistir ao impacto.



Se não tivessem pego atenção o bastante ainda, eles certamente agora tinham todas as forças da Sumeragi atrás deles.



Ela se forçou a ir mais rápido, sua auréola e asas já tendo desaparecido. Ela não queria pensar no que aconteceria se não encontrasse seu alvo.



…%D



Ainda haviam algumas patrulhas dentro do prédio, o que não era uma surpresa devido à situação atual. Rokoe fez o seu melhor para ficar fora do seu caminho, mas as salas mais largas que levavam à área de armazenamento subterrânea onde o alvo deveria estar não ajudavam aquilo. A outra parte infeliz foi o fato de que, por razões de segurança, não havia um elevador levando direto para aquela área, e ela teve de ficar mudando entre subir e descer por cerca de dois minutos.



Mesmo assim, ainda não chegou o limite de tempo. As portas do último elevador se abriram por fim, dando-lhe uma visão plena do armazém. Centenas de Mechaniloids despedaçados estavam armazenados lá, muitos deles abertos de tal forma que suas peças internas haviam sido removidas e usadas para outras coisas.



Rokoe entrou devagar, sua respiração e passo quietos como só. Era uma coisa ela ter ouvido o apitar de seu alvo esse tempo todo, mas ele não serviu de guia real dada a quietude dele. Ela teve de ouvir com seus ouvidos além do sinal que havia detectado antes, para poder perceber sua distância e onde estava.



Era meio estressante, mas ela não deixou que isso interrompesse sua concentração. Ela prosseguiu mais adentro, respirando com cuidado, andando silenciosa.



De repente, seu HUD começou a brilhar em alerta. Apenas um minuto restante. Ela não tinha tanto tempo a gastar afinal.



O alarme foi tão repentino que ela escorregou, um de seus pés pegando numa placa de metal no processo e chutando-a longe. Ela congelou de imediato, esperando o pior; um sensor detectando o movimento, o ruído, ou mesmo o impacto surdo que ela fez contra um objeto metálico.



Nada daquilo aconteceu, porém; o que chegou a acontecer foi o som de outro objeto se mexendo, empurrado pela placa pesada que ela havia chutado. Seus olhos se abriram mais quando o som do apito ficou mais forte, como se o impacto o tivesse perturbado.



Aproximar-se confirmou aquilo, apesar da falta de luz.



— Eu te encontrei… eu realmente te encontrei! — ela sussurrou, antes do último ponto do aviso de Colbor ficar claro. O núcleo apitava porque tinha energia o suficiente para estar ativo, mas não tinha força o suficiente para manter o corpo vivo. Era o equivalente mecânico de um estado vegetativo, e enquanto máquinas não se acabavam tão facilmente quanto um corpo humano o faria nas mesmas condições, este pulso ainda era um esforço de último recurso feito pelo corpo para evitar perda total de força. Se o pulso acabasse, ele jamais se ativaria de novo.



Só havia uma coisa que ela podia fazer. Não seria quieto e certamente chamaria a atenção de todos ao redor, mas ela não tinha escolha se queria preenchê-lo com vida novamente.



— Palpitares de paixão! Uma voz maravilhosa em teu coração, — Rokoe entoou, seus olhos aguçados enquanto ela se concentrava; as asas e auréola se formaram novamente, enquanto seu corpo estava envolvido por uma aura rosada que parecia ter corações desenhados emitindo dela; sua voz era melodiosa mesmo assim, seguindo uma canção que parecia ser formada por sua aura, — fala da única verdade acima de todas! Amor Fictício!



O nome era meio tolo, mas seu efeito era inegável; pulsos de energia fluíam de suas asas para a máquina, enquanto ela sentia dor se formar dentro dela. Um efeito colateral nada prazeroso, enquanto a Séptima que ela manipulava convertia sua energia vital em poder puro, que ela estava atualmente focando na máquina com o intuito de curar, não destruir. Era uma tarefa difícil, mas uma que ela já estava acostumada agora, e ela jamais permitiria que ele morresse tão facilmente.



O outro efeito colateral era a quantidade de energia que ela gastava para usar esse poder. Deixando bem simples, enquanto ela mantinha seu foco reto na máquina rubra diante dela, muito da energia invocada era grande demais para ser usada de uma vez, e era expelida no ar acima. A mistura não era muito violenta, mas o que aconteceu mesmo foi todos os detectores de ondas vitais do prédio detectarem um surto de poder Séptimo.



Em outras palavras, ela havia acabado de acender uma fogueira gigante bem debaixo de um detector de incêndio.



Aquele era, porém, um risco que ela pretendia tomar, enquanto os sons da máquina finalmente se ativar preencheram o aposento. O pulso se fortaleceu enquanto desaparecia, substituído pelas partes móveis realizando seus deveres originais uma vez mais.



A forma se moveu devagar, seu corpo ainda iluminado pela luz do Amor Fictício. Longos cabelos loiros escorriam por trás de um capacete negro com duas crestas rubras similares a chifres, com um único cristal verde contendo o chip de controle na testa, e um rosto exposto. O torso era protegido por uma jaqueta rubra feita de titânio cerâmico, com duas linhas douradas no peitoral. A cintura mal era protegida por uma guarda branca do mesmo material que também chegava até a virilha em ambos os lados, assim como uma braguilha. As manoplas e botas não eram tão avançadas tecnologicamente como as que Rokoe e Colbor usavam, mas seu design não só era perfeitamente funcional como tinham a distinta vantagem de não parecerem ameaçadores. O resto do corpo trajava uma skinsuit negra, similar àquela que Colbor trajava, mas haviam marcas segmentadas por todo o corpo.



Partido e danificado como estivesse, ele certamente ainda estava vivo.



Um par de olhos verdes encontrou azuis, conforme a figura finalmente encontrou a força para olhar para cima. Rokoe mal conseguia respirar no seu estado atual, sua Séptima tendo atingido o final de seus efeitos pouco a pouco. Haviam algumas lágrimas em seu rosto, que ela mal conseguia reprimir, enquanto se ajoelhava para se aproximar dele.



— Você… você está bem? — ela perguntou, e a forma levantou sua cabeça um pouco mais. A boca se abriu cuidadosamente, como se tentando lembrar como falar por um momento, antes de sua expressão ficar mais focada, os olhos mais afiados ao vê-la com mais clareza.



— Eu… eu sou. Eu sou… Zero.



A voz era certamente masculina, com uma leve pontada nos processadores vocais, causando uma reação que ele não percebia a princípio. Ele certamente tinha uma voz mais robótica do que ela, ao menos.



Um momento depois, ele acabou sendo abraçado, o calor do corpo de Rokoe contrastando com o frio que ele havia passado até agora. Por alguns momentos, ele não conseguiu dizer nada, sua própria mente dividida entre processar suas ações e entender as mensagens que seus sistemas internos lhe enviavam, referindo-se a vários níveis de dano que ele sofrera durante o período de tempo antes de sua ativação.



Uma coisa, porém, parecia muito clara para ele, mesmo se ele não conseguia verbalizá-la ainda. ‘Algo está errado. Eu não me lembro… de ter sido salvo daquela explosão…’



Zero-sa… di-digo, Mestre! — As palavras de Rokoe mudaram de um padrão muito japonês para um formato mais natural, e menos nativo, após aquele grito. Seu soluçar foi uma distração o suficiente desse tipo de pensamento, porém, enquanto ele sentia força suficiente voltar aos seus braços para afastá-la.



— Onde… onde estamos? — ele perguntou, tentando se concentrar.



— O-oh! Bem… aqui é um depósito de armazenamento de Mechaniloids da Sumeragi em Neo Tóquio, mais perto de Neo Akihabara. Você foi colocado aqui junto a milhares de Reploids e Mechaniloids desativados, destinado a não ser nada mais do que peças sobressalentes para outra pessoa… mas nós conseguimos rastrear seu sinal de reativação antes que os Adeptos da Sumeragi o fizessem, e eu vim aqui resgatá-lo e te trazer de volta ao grupo! — Rokoe explicou, sorridente, enquanto Zero olhava para ela sem expressão. — …o que foi? Eu errei a explicação ou coisa assim?



A verdade era que não, ela não errara, mas Zero não tinha idéia de como explicar. Sua mente não estava completamente clara, mas ele sabia que lembrava claramente de uma explosão maciça, calor incrível, e então um estado de nada, estas sendo as últimas coisas que ele sabia. No entanto, um mero olhar para seus braços e pernas deixava claro que eles não viraram carvão de titânio, e também não eram imaculados o bastante para ter sidos substituídos por completo.



Além disso, havia aquelas palavras – Sumeragi, Neo Tóquio, Adeptos. A última ‘Tóquio’ que ele se lembrava era uma série de ruínas abandonadas que haviam sido bombardeadas muitas vezes durante as Guerras Élficas, e aquela cratera era incapaz de manter vida normal devido à queda de Eurasia. Seus bancos de memória não tinham conhecimento das palavras ‘Sumeragi’ ou ‘Adeptos’ de qualquer forma significante, e ele duvidava que a moça de cabelo azul olhando para ele em pura admiração estava interessada tanto na agora inexistente família imperial ou estudiosos latinos que buscavam alterar a composição dos metais por intermédio de alquimia.



Claro, o fato de seu relógio interno estar defeituoso e ficar sem informar o horário correto era ainda mais irritante do que isso. Ele não conseguia ter uma resposta correta, os números mudando ou dando defeito de quando em quando, coisa que ele não conseguia lembrar de jamais ter ocorrido.



Enquanto ele se concentrava em lidar com esses problemas internos, Rokoe voltou seu olhar para seu corpo inteiro, agora que ela podia ver sua frente claramente. Ela tinha tantas perguntas a fazer, e sinceramente, uma parte delas estava ligada à sua aparência atual, mas agora ela estava feliz demais em ver que ele estava acordado.



Ao ver que ele percebeu o olhar dela, a garota só ergueu as mãos de forma indefesa, sacudindo-as rapidamente. — P-p-perdão! M-me desculpe, eu sinto muito mesmo, Mestre! — ela se desculpou, o que só o surpreendeu mais ainda.



— …Mestre? Eu não sei porque você me chamaria assim. — ele disse, direto como sempre. Claro, ele sabia da reputação que Zero possuía, mas não era algo com que ele se importava recentemente até onde sabia. E ele não saber quem era essa garota significava que ele não tinha interesse em ser educado só por ser educado.



Ele não esperava que ela começasse a chorar mais ainda, porém.



— Oh… oh não! Mestre, você perdeu suas memórias, não foi? Por favor, me diga que não esqueceu-se de Rokoe tão facilmente! — ela implorou, juntando as mãos.



Tudo o que Zero podia fazer era olhar para ela.



— E os Guardiões? Você se lembra deles, não?



E ele continuou a olhar.



— P… PLUMA? — Quando aquilo não fez nada, a garota de cabelo azul se jogou contra ele, soluçando alto agora. — Nãããão! Eu não esperava que os danos fossem tão severos quando eu te restaurei! Você deve ter retornado aos padrões de fábrica! Se ao menos eu tivesse chegado aqui mais rápido, você não estaria nessa situação!



— …eu posso não saber o que está acontecendo… — Zero a interrompeu, seus olhos focando na outra direção, — mas posso imaginar que não devíamos estar aqui, segundo você. Estou correto?



— S… sim! Esta é uma missão de infiltração, afinal… — Rokoe deixou escapar, em meio às lágrimas. — Você está desperto e móvel, então isso é um pouco menos para nos preocuparmos agora. Eu vou contatar Colbor e informá-lo de que vamos começar a fase 3 agora.



É, isso não vai rolar. uma voz falou de repente pelo interfone, enquanto as luzes se acenderam, e ambos se viraram na direção dele. Do outro lado do depósito, o elevador de carga estava enfim chegando naquele andar. Vocês dois não vão relatar naaaaaaada. A voz bocejou. — ‘Specialmente porque vocês tão ferrando a minha raid.



— …o quê? — Zero sussurrou, um momento antes de perceber que a moça havia empalecido, uma mão na boca.



— Oh não… esse deve ser o Adepto responsável pela segurança da Sumeragi! — ela percebeu. — Ele deve estar vindo aqui para nos eliminar!



Uaaaaau, olha só o ego dela. Eu não preciso warpar aí para eliminar uma lata velha antiquada e uma Adepta superaquecida. Zero conseguia sentir a arrogância escorrer da boca dele com cada palavra que ele dizia. Ele não conseguia lembrar-se de ninguém tão antipático, mesmo entre todos aqueles que ele conseguia se lembrar. Eu só vou mandar Soldados e Sentinelas o bastante pra invadir um prédio federal. Eles devem bastar.



Houve uma ligeira faísca no áudio logo a seguir. Senhor, não seria melhor enviarms alguns Golens de supor uma segunda voz foi silenciada de repente, soltando um tipo de ‘gack’.



— Ârrã que não. O chefia pode dizer que a gente pode usar essas coisas, mas eu sou o nosso comandante militar e eu me recuso a trabalhar com tecnologia inferior. — o primeiro respondeu, antes de piscar. — Espera, por que isso tá saindo no interfone? — Uma série rápida de sons de digitação foi ouvida pelo interfone, fazendo ambos Zero e Rokoe olhar um para o outro. Dizer que o clima mudou era brincadeira. — GAAAAAAACK, é o panaca verde. Acho que já sei qual setor vai levar cortes na próxima reunião. Não que isso importe já que vocês tooooooodos tão prestes a se ferrar mesmo. Divirtam-se morrendo aí. Fui.



lol n00b uma terceira voz apareceu logo aí, antes de música alta começar a tocar pelo aposento inteiro. Yo WAZZAAAAAP!!! Aqui é o DJ Teseo na área, trazendo comigo uns tunes pro massacre que tá pra começar! Vindo ao vivo e a cores, aqui tá ‘Seven Swords A-Swimming, que combina com os seus anfitriões, o espetacularmente opressivo Grupo Sumeragi!



Enquanto um tipo de música de ação começou a tocar o mais alto possível no aposento, Rokoe virou-se para encarar Zero, que estava olhando para o elevador completamente estarrecido com a conversa que acabaram de testemunhar.



— …mas que diabos de mundo eu acabei de acordar? — ele sussurrou. Aquele ‘gack’ havia sido inserido como um tipo de auto censura ou coisa assim? E o que deu naquele terceiro cara, colocando uma música dessas como se estivessem numa danceteria? Tudo o que faltava era as cores mutantes e uma bola brilhante no teto, e tudo estaria completamente ridículo.



Um puxão repentino no seu braço o tirou do trance. — Me perdoe, Mestre, mas não podemos discutir isso agora. Se Merak enviou suas forças aqui então nós temos que primeiro achar um lugar para nos esconder, antes que eles apareçam… — Rokoe explicou, e ele não conseguiu deixar de assentir. Aquilo, pelo menos, fazia sentido.



O corpo grande de um Mechaniloid serviu de esconderijo inicial, o par se ajoelhando atrás dele por ora. Claro, Zero se sentiu devagar a princípio, seu corpo ainda desacostumado aos movimentos repentinos, e aquilo fez com que ele se perguntasse quanto tempo havia passado desde que ele acabara ali, ou porque o tal de ‘Merak’ não tentou eliminá-lo antes.



— A-antes que eu esqueça… — Rokoe disse, e ela ficou rubra quando ele olhou para ela novamente. — E-eu recebi algo, algo que você deveria ter, M-Mestre.



— …por favor não me chame disso. — Zero sussurrou, mas seus olhos se abriram mesmo ao ver o que ela estava segurando. Estava gasta, com certeza, tendo uma célula de energia que possivelmente estava sem bateria e a entrada de munição havia sido removida para ficar mais leve e fácil de segurar, mas ainda era o mesmo modelo de pistola que Zero havia se familiarizado nos últimos anos de sua memória. A inicial ‘M’ gravada na coronha, os ajustes leves no barril para permitir um carregador, as entradas de inserção de chips… todo aspecto daquilo era assim como ele se lembrava.



— Eu… eu sei que é um modelo antiquado a essa altura, não é nada se comparar com as minhas, mas… mas Colbor achou que você deveria tê-la, ela foi guardada desde o seu desaparecimento.



Desaparecimento.’



Aquela palavra o congelou mais do que jamais pensou ser possível, para ser sincero. Zero havia passado por muita coisa, mas ‘desaparecer’ de vez só havia ocorrido nos cem anos após a derrota de Omega, e aquilo era algo que ele sequer considerava uma boa memória.



O elevador parou logo então, suas portas se abrindo. Cerca de uma dúzia de soldados invadiu a princípio, em trajes verdes com peças mais escuras de armadura posicionadas sobre seu peito, manoplas e botas, no mesmo tom de seus capacetes com visores azuis sem rosto, segurando armas um tanto grandes em suas mãos, que lembravam Zero de canhões elétricos; eles eram seguidos por vários soldados menores trajando vestes lilases e armaduras roxas, que lembravam Zero da que ele usava em termos de design e proteção, suas cabeças sendo literalmente visores negros com sensores óticos instalados por toda a superfície e mantendo um canhão do tamanho do braço no lugar do braço esquerdo ou direito, dependendo da unidade.



Estes, Zero lembrava-se bem. — Variants…? — ele murmurou, pouco antes de sentir um tremor leve no chão.



— Você disse alguma coisa, Mestre? — Rokoe perguntou, só para ser calada por ele.



Por trás desses soldados, ele podia ver algumas máquinas grandes, duas vezes maiores que eles e lhe dando um lembrete similar. Eram máquinas cinzentas com corpos grandes e largos, mesmo no par de alarmes de polícia instalados nos seus ombros, e a única arma posicionada em seus braços esquerdos com um barril e boca mais qualificados para um tanque certamente tornava estas máquinas imponentes.



— …estes são inimigos perigosos. — ele sussurrou, e Rokoe olhou estranho para ele.



— O quê? Mas Mestre, você é tão forte! Por que está com medo de algumas Sentinelas?



Ele teve que olhar para ela. — Você não está?



— N-não é isso! Eu posso ser a Detonadora Celeste, mas suas habilidades são formidáveis e sem par!



O súbito rejeitar das preocupações dele foi irritante. — …você já me viu em ação antes? — ele não pôde deixar de perguntar, dado o comportamento dela.



Qualquer resposta que ela poderia dar, porém, foi silenciada quando uma das máquinas maiores decidiu atirar, lançando uma bala muito poderosa que vaporizou um Mechaniloid destruído próximo a eles.



— …agora não é hora de conversa. — ele sussurrou, olhando de volta por um momento. — Nós temos que sair daqui.



— T-tudo bem… nossa saída está atrás deles, mas podemos conseguir escapar desde que o elevador se mantenha aqui. Do contrário, não há como sair. — Rokoe explicou, as mãos desaparecendo no casaco. Um segundo depois, ela revelou um par de pistolas similares à dele, mas sem ter a guarda de mão e designadas para funcionar com um tipo diferente de célula de energia, posicionada no centro da pistola e não no topo. Cada pistola tinha uma célula diferente; uma era azul brilhante em cor, enquanto a outra era rosa. — Eu te darei suporte por enquanto, Mestre. Só vá adiante e ache cobertura!



Aquilo não era aviso de sábios, não que Zero pudesse achar um momento para reclamar. Comparado a ele, ela estava mais para uma novata, mas ele podia imaginar o porquê de ela se concentrar naquilo; eles estavam francamente encurralados, sem recursos, e a missão só seria bem-sucedida se ambos sobrevivessem, na opinião dele.



Então ele decidiu, pegando na Buster Shot, se concentrar em matar todos primeiro. O mais rápido isso fosse feito, menos tempo ele teria que passar se preocupando com a segurança dela.



Zero saltou no Mechaniloid, então sobre ele, sabendo que todas as armas no aposento estavam mirando nele. Porém, as armas todas tinham tempos de carga distintos e, mesmo se ele não soubesse de todos os padrões, era fácil dizer quais disparavam mais rápido. Os Variants disparavam os familiares tiros de plasma, enquanto os canhões elétricos dos Soldados levavam um pouco mais de tempo para carregar mas tinham projéteis mais rápidos, claramente elétricos.



O segundo salto foi mais lento do que ele antecipara, e alguns desses projéteis roçaram por sua armadura. O que quer que Rokoe havia feito para ele foi o bastante para garantir que sua armadura pudesse tolerar um pouco da queimadura de plasma sem que ele se ferisse, mas não tornou a situação menos desconfortável. Os tiros elétricos deslizavam perto da cabeça, quase arrancando o seu pescoço, e ele teve de rolar no pouso para alcançar o próximo ponto de cobertura.



Mas fora o suficiente. Ele tinha os tempos na cabeça, enquanto eles tentavam derreter o maquinário quebrado com suas armas, e o Reploid rubro rapidamente mirou no Variant mais próximo e disparou. A bala de plasma voou direto na cabeça, quebrando o visor um pouco e forçando-o para trás, sua mira arruinada se as mensagens no visor significavam alguma coisa. Dois outros tiros mirados no peito o derrubaram, o robô disparando alguns tiros aleatórios numa borrifada antes de cair inútil no chão.



Zero havia recém-abaixado sua cabeça novamente quando viu Rokoe se levantar e puxar ambos os gatilhos de uma vez, ambas as armas disparando balas finas como agulhas que atingiram os Soldados. Seu rosto franziu feio quando ela saltou para fora, um campo rosado formando-se por um momento antes de se dissipar.



‘O que foi isso?’ ele pensou, um momento antes de um buraco se partir sob o queixo. Com um resmungo, Zero se concentrou na fuga por um momento, correndo para a parede próxima. O que poderia ser suicídio para qualquer outro deixou de sê-lo quando Zero chutou nela com força, a inércia de seu salto mal sendo conservado e permitindo-lhe retornar à parede, de onde ele saltou duas vezes mais para aumentar sua altura.



No ponto em que chegou ao teto, seus inimigos já haviam ajustado suas miras e estavam prontos para atirar, mas nenhum deles esperava que o vulto rubro simplesmente se jogasse para o chão quando estivessem prontos para atirar e avançasse quando menos esperassem. O Variant mais próximo perdeu o pescoço quando as balas de plasma o perfuraram à queima-roupa, Zero imediatamente torcendo o braço na direção do próximo e disparando sem ver, atingindo em cheio graças a cálculos anteriores.



Os tiros de Rokoe talvez não estivessem tendo o efeito que ele queria, já que pareciam ser inofensivos, mas ela não mentira quanto a lhe dar cobertura; as agulhas perfuravam os trajes dos Soldados e pareciam ativar suas reações de dor. Zero não entendia a reação diferente, já que os poucos Variants que ela atingia pareciam ser menos afetados pelos tiros, e foi uma pergunta que ele arquivou para mais tarde, desde que sobrevivessem.



Um dos Soldados pareceu tentar dar-lhe um golpe com seu grande canhão em vez de atirar à queima-roupa, uma decisão melhor dado que um tiro desses ainda era evitável. Zero tinha certeza de que ele deveria só parti-la ao meio, mas tudo o que ele tinha era uma arma e, por um momento, sua mente ficou sem saber como ele sequer tentaria cortá-la mesmo. Instintos o levaram a pegar a arma com a mão livre, enquanto que outra mensagem apareceu em seu HUD.



‘Z-Knuckle ativado.’



Um ‘Z’ brilhante surgiu de repente, antes de Zero puxar o mais forte que ele podia; houve um som de torção a princípio, mas o soldado deixou-a cair com um grito alto, caindo ao chão com o braço suficientemente intato. Mais outra coisa que ele não entendia, mas não havia tempo para pensar já que uma das máquinas maiores atirou nele.



Zero rolou para longe, enquanto sentia o apertar da outra mão se alterar para segurar o canhão elétrico, já que partes da coronha foram destruídas para que sua mão o segurasse. O gatilho foi puxado instintivamente para que ele atirasse, a bala elétrica mais forte penetrando uma parte da armadura da Sentinela em seu braço normal; não foi um golpe fatal, mas ela havia soltado um alarme mais alto que perturbou as outras unidades.



O HUD já listava a quantidade de tiros restantes, 7 no total, que provavelmente seriam necessários contra aquelas máquinas. Ele se virou contra os Variants restantes e disparou um tiro, que provou ser melhor que sua própria pistola quanto à penetração; ao menos três perderam uma parte significativa de sua massa corporal, seja por estarem avariados ou completamente desativados e com núcleos destruídos.



Aquilo lhe deu um pouco de espaço para respirar, embora ele não pudesse mesmo parar. Enquanto os Soldados não eram tão agressivos quanto a atirar e as Sentinelas tinham de carregar seus disparos lentos, mas poderosos, Variants ainda eram os mesmos chatos agressivos que ele se lembrava, disparando sempre que seu alvo estivesse claro e fazendo o seu melhor para separar sua cabeça do torso. Tudo o que isso fez foi permitir que ele tivesse espaço o bastante para se mover sem precisar de propulsores, algo que ele percebeu ser mais difícil do que nunca.



Rokoe, por outro lado, parecia mais e mais preocupada. Não consigo mesma, já que havia conseguido evitar o pior daqueles tiros graças a um bom uso de rolagens, cobertura, e tentar atirar os visores de seus inimigos, mas com Zero já que ela percebeu que ele não estava tentando se dirigir à saída ainda. Por acaso ele planejava enfrentar este esquadrão inteiro com apenas duas armas?



Claro, a súbita tomada e captura do canhão elétrico a surpreendera. Até onde ela sabia, aquelas armas tinham códigos de DNA para impedir que qualquer um as usasse exceto por seu dono legítimo, então ver seu ‘Mestre’ usar uma de repente sem nenhum problema aparente era impressionante, e apenas seus próprios instintos a mantiveram em movimento, disparando tiro após tiro.



Mesmo assim, até ela percebeu que não poderia fazer isso para sempre. Sem o poder aumentado energizado por sua Séptima, aquelas agulhas eram fracas demais para causar dano sério, e ela ainda podia sentir o calor de seu suor enquanto ele evaporava imediatamente. Era a primeira vez que ela ficava assim por mais do que trinta segundos, e ela não conseguia drenar energia o bastante para se recuperar agora.



Ao obter cobertura na última corrida, ela baixou as armas por um momento, clicando uma série de travas. Ela havia sido informada de que não deveria usá-las neste modo antes, já que o custo de energia era maior, mas aquele era o único jeito que ela poderia dar a Zero o suporte que ele precisava agora. Mirando bem, ela disparou contra um dos Soldados que estava mirando em Zero, puxando o gatilho…



…e acabou caindo de bunda, jogada um pouco mais para trás, devido ao incrível coice do tiro que ela disparou. Seu companheiro foi forçado a parar por um momento, enquanto o Soldado foi jogado longe pelo tiro, uma grande bala em formato de flecha tendo atingido-o com muita força cinética.



— Uau… mas que coice! — Rokoe não pôde deixar de admitir, se forçando de volta à sua posição, pressionando as botas mais forte contra o chão. Uma trava magnética se formou, mantendo seu equilíbrio enquanto ela atirava de novo, e para seu crédito ela só ficou um pouco desequilibrada desta vez enquanto que a câmera principal de uma das Sentinelas foi literalmente esmagada pelo impacto.



Zero resmungou, querendo ter uma forma de se comunicar com ela agora sem precisar falar. O poder de fogo extra poderia ser útil, mas ela era incapaz de calcular o ângulo que deveria usar para atirar de forma adequada e lhe dando vantagem, e de certa forma isto fazia as agulhas anteriores uma opção melhor para a situação atual. Ele estava sendo forçado a recalcular seu caminho a todo momento, caso uma daquelas balas enviasse um robô grande em sua direção ou os Variants mudassem de formação novamente, e ele não estava tendo muita vantagem como gostaria de sua ajuda.



Mesmo assim, conforme ele se jogou para a parede mais próxima, a única diferença entre esta vez e outras missões pelas quais ele passou era que a artilharia vinha de uma aliada dele.



Rokoe manteve o nível de fogo, tomando o cuidado para focar nos alvos com maior chance de atirar nela. O novo modo de fogo de suas pistolas era certamente útil, mas o custo de munição havia se tornado mais notável, forçando-a a tomar pausas leves para que a energia recarregasse sozinha. Mesmo assim, valia a pena ver seus inimigos derrubados, mesmo que não fosse por sua Séptima.



Ela se virou para olhar para Zero novamente, e o queixo caiu. Um dos Soldados havia acabado de dar aviso para que focassem seu fogo nele, e o mergulho súbito no grupo fez daquela uma decisão justificada, já que Zero conseguiu rodopiar e atirar em todos os alvos que podia, disparando tanto tiros de plasma e de canhão elétrico em completo abandono. Ele estava desviando dos tiros quase como se pudesse ver suas trajetórias, deixando que roçassem por ele inofensivamente.



O próprio Zero não sabia como ele parecia enquanto lutava por sua vida, encarando tudo como mais uma situação normal em sua vida. O fato de que ele podia vê-la como uma ‘situação normal’ poderia ser preocupante fosse com qualquer outro, mas um Reploid de combate como Zero nunca se importou muito com viver uma forma mais tradicional de vida ‘normal’.



No momento, tudo que importava era sobreviver.



Seu foco foi rompido por um dos robôs maiores jogando fora seu canhão com um ruído alto. O que poderia ter sido um alívio se tornou uma preocupação maior quando uma lâmina de motosserra maior que seu torso emergiu do buraco, zumbindo perigosamente enquanto a Sentinela se preparava para atacar.



Zero conseguiu saltar fora do golpe, mas seus olhos arregalaram-se quando a serra atingiu um dos Soldados azarados o bastante para estar no caminho. O corpo foi partido ao meio, a metade de cima e meio braço voando para fora enquanto o resto caiu ao chão. Por si só não era algo chocante para ele, mas ele logo percebeu que a carne de seu oponente era na verdade orgânica e não metal como a dos Variants. O grito de pura agonia do Soldado também foi perturbador, mais ainda quando morreu junto com seus pulmões e coração destroçados.



Zero só olhou por um momento, perdendo o foco. Dor veio logo em seguida quando um Variant conseguiu um tiro de sorte, o impacto jogando-o ao chão por um momento. Antes que outro tiro viesse, porém, Zero conseguiu contra-atacar, o braço canhão sendo afastado pela bala de plasma antes que explodisse, arrancando junto meio braço.



Isso não é bom…’ ele pensou, se pondo de pé antes que um dos inimigos restantes – seis ou mais, pelo que parecia – pudesse atirar nele. Um ferimento desses não era nem tão sério quanto poderia ser, mas o canhão elétrico estava gasto e ele não tinha uma boa resposta para as motosserras, que eram grandes demais para que o Z-Knuckle pudesse capturá-las.



Mas afinal, Zero certamente era criativo.



Correndo para o outro lado, forçando a máquina a virar, ele usou seu Buster para deixá-la numa posição agressiva, sabendo que só tinha segundos para que estivesse em posição. Outra Sentinela se aproximou com seu canhão a postos, pronta para esmagar sua cabeça, mas era isso que Zero estava esperando. Ambas as máquinas atacaram de uma vez.



Mas Zero rolou sob o canhão, quase perdendo seu cabelo no processo, e ficou feliz ao ouvir o som do metal colidindo quando a serra arranhava o barril, incapaz de parar devido à inércia. O canhão esmagou o ombro da outra máquina e danificou seu braço bem claramente, fazendo faíscas perigosas voarem no processo.



Zero apanhou outro canhão elétrico com o Z-Knuckle, desapontado em ver que ele só tinha duas cargas desta vez. Ao subir na Sentinela mais próxima por trás, ele rapidamente mirou seu tiro, o disparo perfurando ambas as cabeças num só impacto.



Enquanto caíam, danificadas demais para continuar, ele olhou de volta para o último ponto onde vira Rokoe. Um par de Soldados estava se aproximando daquele ponto, e ele percebeu que sua cobertura já havia parado. Antes que ele pudesse pensar no pior, ele já havia jogado o canhão contra eles, o barril colidindo contra um deles e derrubando o homem de vez. Logo quando o outro se virou contra Zero, ele já estava no ar, o Z-Knuckle ativo.



Ele ouviu um impacto forte, antes de sentir o corpo sob si parar de se mover.



A música continuava a tocar, mas Zero começou a relaxar, ao perceber que mais ninguém se movia; os Variants e Sentinelas haviam todos sido destruídos, e os Soldados estavam caídos no chão, alguns dos quais seriamente feridos e outros… talvez menos. Era difícil para ele dizer quantos haviam sobrevivido, e sua falta de atividade permitiu que ele entendesse que mesmo que não estivessem mortos, todos os inimigos foram neutralizados.



Em suma, eles haviam vencido esta pequena batalha.



Ao virar-se para olhar o esconderijo de Rokoe, ele ficou surpreso em vê-la caída no chão, olhos fechados, o rosto vermelho. Zero a observou, desinteressado, e decidiu que era melhor falar com ela antes que outra coisa acontecesse.



— Todos os alvos foram neutralizados. — ele disse, alto o bastante para chamar sua atenção. Os olhos de Rokoe se arregalaram enquanto ela se parava de repente, forçando-se a ficar de pé. — Você está ferida?



— N-não… não, não tô! — ela admitiu, sacudindo as mãos. O olhar dele era mesmo de arrepiar. — E-então… você acabou com eles sozinho? Incrível, Mestre!



— Você foi útil. Não nego isso. — Seu olhar parou nas próprias mãos. — Já faz tanto tempo que não luto sem mais nada além disto. Eu… me acostumei a ter mais armas para me ajudar. Até o Z-Knuckle foi ativado por sorte.



— Você ainda se deu melhor do que eu desta vez! — Rokoe insistiu, sorridente. — Sem minha Séptima ou munição, eu me sinto tão inútil!



— …isso me lembra… eu preciso de informação. Aparentemente, eu estava enfrentando humanos aqui assim como máquinas, Rokoe. — Ela sorriu largo quando ele disse aquele nome. Alguma coisa lhe disse que isso não seria inesperado vindo dela. — Então o que aconteceu desde minha última ativação? Humanos deveriam depender dos Reploids para sua segurança, não lutar sozinhos assim. É perigoso, afinal.



Aquilo apagou o sorriso do rosto dela bem rápido. — Você… v-você esqueceu… esqueceu mesmo de tudo? Eu… eu sinto muito em ouvir isso, Mestre…



— Deixe pra lá. Só explique o que está havendo.



Rokoe considerou o pedido, mas olhou para o elevador de carga. Ele ainda estava lá, felizmente, mas… — …ouça, Mestre, talvez nós devêssemos ter essa conversa quando sairmos daqui? Será mais seguro, pelo menos.



— …está certo.



Os dois seguiram para o elevador, conseguindo entrar logo quando a música começou a parar. E essa foi ‘Seven Swords A-Swimming’, trazida até vocês por seus governantes corporativos, a Sumeragi! Brincadeira, ainda sou eu, o DJ Teseo, e eu tenho que dizer… a última voz de antes disse, antes do som do elevador começar de vez. Masein?! Já acabou? Eu tiro uma pausa por dois minutos pra checar o meu e-mail e perco o fim da luta? Mas que GACK! #YouSuckBro!



Zero só podia esperar que ele jamais tivesse de enfrentar esse cara depois daquilo.




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Autor(a): Soujiro Mafuné

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