Fanfic: A promessa dos 30 | Tema: Vondy

Quarto Capítulo

Dulce María, Outubro, 2016

Como esperado, Dulce não conseguiu dormir aquela noite, se revirava na cama alternando entre momentos de prazer em que se entrega apenas as lembranças do beijo que acabara de acontecer e outros em que sentia um forte aperto no peito pressentindo que algo não estava ocorrendo como deveria. Após o beijo, não foi necessário nenhum questionamento, nenhuma pergunta, os dois apenas caminharam lado a lado em silêncio durante muito tempo até o hotel de Dulce que ficava apenas algumas quadras de distância do restaurante, ao chegarem Christopher despediu-se com um beijo rápido e carinhoso, selando seus lábios de uma forma tranquila, suave e conhecida por eles. Somente com a pequena recordação, o coração de Dulce ameaçou sair pela boca, não era do feitio de Christopher não investir, não esperar que a noite terminasse com os dois nus em sua cama de hotel, mas tudo estava diferente, todas as condições que os fizeram chegar até aqui explicaria quaisquer mudanças de comportamento. Lá pelas 03:00 da madrugada ao revirar-se novamente na cama Dulce lembrou-se do porque sentia-se tão inquieta, do sentimento que a atormentou durante anos e que agora parecia não fazer o menor sentido, a lembrança da voz de Christopher veio alta e clara em sua mente como se as palavras tivessem acabado de ser pronunciadas por ele.

"- Eu prefiro morrer a ter que estar contigo outra vez, Dulce. Eu juro que essa foi a última vez que você brincou comigo dessa forma"

Dulce precisou sentar-se na cama, com a respiração ofegante apenas ao lembrar-se dessas palavras ditas a tantos anos atrás mas que agora voltavam a tona destruindo novamente seu coração em dois. Eles haviam prometido ficar juntos aos trinta, mas Christopher também prometera que nunca mais estaria com ela novamente e se parasse para refletir também se lembraria que ela mesma havia prometido para si mesma que não estaria com ele novamente, não correria o risco de magoá-lo de novo.

Mas porque sentia que tudo isso era tão certo e tão necessário?

-

Dulce María, Outubro, 2006

Poucas são as pessoas que sabem que no dia da gravação daquele que, provavelmente, se tornaria o DVD mais importante do RBD, Dulce e Christopher estavam brigados, terrivelmente magoados um com o outro. Chegaram ao Rio de Janeiro sem ao menos se falarem, brigaram ainda com cada integrante da banda que dizia que eles precisavam esquecer suas birras um com o outro.

- Ok, pessoal - disse Pedro Damián chegando a sala de reuniões do hotel que havia sido reservada para a equipe - A partir dessa tarde iremos começar a gravar os extras para o DVD, vamos deixar todo o making off registrado, nem preciso pedir para que sorriam, não reclamem e se façam de felizes e dispostos certos? - perguntou olhando suas anotações - Vamos precisar como sempre de algumas tomadas "Ponny" e "Vondy" porque é isso o que mais vende, sejamos sinceros, mas nada exagerado pra não forçar a barra. Dulce, Christopher -disse assumindo um tom mais sério - Especificamente com vocês: preciso de alguns olhares, alguns leves toques entre vocês e que fiquem lado a lado sem se matar, são capazes disso?

- Claro Pedro - disse Christopher respondendo de imediato, Dulce limitou-se a acenar positivamente com a cabeça.

- Dulce querida - disse Pedro chamando a atenção dela até que seus olhos estivessem fixos nos dele - É sério, não digo apenas pelas tomadas, isso podemos editar, mas vão ter centenas de pessoas novas na equipe, centenas de pessoas dispostas a venderem um furo por uma quantia exorbitante. Posso contar com você nisso? Você além de boa cantora, sempre foi excelente atriz.

- Posso fazer isso, sem problemas - respondeu ajeitando-se na cadeira - Como disse: sou especialista em atuar.

(...)

Durante todo o camarim para o show, Dulce e Christopher ficaram em lados opostos sem sequer se olharem por alguns segundos. Ao partirem para o aquecimento das vozes trocaram um olhar mais demorado na frente das câmeras e Dulce sorriu brevemente para ele enquanto cantava. Sabia mesmo como atuar perfeitamente.

- Ardilla - disse Poncho por trás dela enquanto retocava a maquiagem - Está tudo bem?

- Claro - respondeu baixando o lápis de olho e encarando Alfonso.

- Você sabe que eu te conheço muito bem não é? - disse ele encostando-se na bancada de frente para ela - Sei exatamente quando não está tudo bem, e definitivamente não está. Agora, você pode continuar fingindo e eu vou embora e você fica aqui ou pode se abrir comigo e me deixar te ajudar.

- Você sabe como as coisas estão, não posso evitar ficar com raiva quando ele é tão difícil, Poncho.

- Eu sei, mas vocês já conversaram desde o Chile?

- Não diretamente - respondeu.

- Dul, você é o ser humano mais incrível da face da terra mas consegue ser também o mais orgulhoso. Você sabe que disse coisas bem pesadas pra ele.

- Você sabe que ele começou - retrucou ela com o olhar feroz.

- Não importa, meu Deus, vocês parecem duas crianças birrentas dizendo quem começou o que, pare com isso. Vá se desculpar e viver o amor da sua vida - ele disse enfaticamente - Eu levei muito tempo para entender e aceitar tudo isso, você e ele, mas eu vejo que vocês dois precisam ficar juntos, depois que eu entendi tudo o que há por trás de vocês, todo o sentimento, por Deus Dulce não deixe uma briga boba estragar toda a vida de vocês.

- Você sabe que é o melhor né Poncho? - disse ela suspirando. Dulce que já estava com os olhos cheios de lágrimas respirou fundo uma vez mais e deu um abraço apertado em Alfonso, sentindo gratidão eterna aquele que foi seu primeiro amor e melhor amigo, os dois combinavam bem demais mas demoraram a entender que toda essa química funcionava muito melhor na forma de amizade do que como um casal. Dulce viu ao fundo da sala a câmera apontada para eles dois durante o abraço.

Opa, alimento para o trauma errado.

(...)

Nenhuma oportunidade surgiu para conversar com Christopher, obviamente eles estavam cheios de tarefas com as gravações. Subiram ao palco repletos de adrenalina, arrepiados com toda aquela multidão a sua frente, por vezes Dulce se esqueceu de que seu coração estava partido, cheio de saudade de sentir Christopher por perto. Quando se deu conta, Anahí estava se encaminhando para a frente da passarela, terminando de cantar "Salvame". Os beijos seriam agora, desceu as escadas do palco com o coração na boca, se beijariam novamente sem nem ao menos se falarem.

- Dulce? - disse ele indo atrás dela nos bastidores - Onde vai? Entramos em menos de três minutos.

- Eu ... - disse olhando para o topo das escadas e encarando Christopher que além de estupidamente bonito como sempre, também estava radiante - Eu precisava de um minuto pra respirar.

- Ok, mas não demora - ele disse baixando a cabeça e se encaminhando novamente para a lateral do palco.

- Ei, Ucker - ela disse subindo novamente as escadas antes que se arrependesse, parou no penúltimo degrau e por alguns instantes ficou apenas encarando ele - Eu sinto muito, mesmo, pelas coisas que eu te disse no Chile, sei que peguei pesado e acredite eu me arrependo disso. - a essa altura Anahí já terminara de cantar e Poncho caminhava até ela para o beijo.

- Ei venha aqui - ele disse puxando-a para perto de si e envolvendo-a em um abraço forte -  Eu também sinto muito, Dul, mesmo, não sei o que eu estava pensado, aliás eu não estava pensando - disse ele encerrando o abraço e olhando-a fixamente nos olhos.

- Vocês dois - Pedro apareceu na lateral do palco ofegante - Entrem, agora.

Dulce subiu e pisou no palco primeiro, ficou algum tempo esperando até que Christopher entrou pelo outro lado do palco, os dois caminharam até se encontrarem, fizeram uma pequena cena onde sorriam um para o outro, ele veio até ela e seus lábios se encontraram, por dois segundo o mundo inteiro de Dulce congestionou, tinham que se beijar rápido era o que Pedro dissera, para não aumentarem muito as expectativas, foi o que fizeram, se beijaram rápido demais, mas para ela aquele fora um dos melhores beijos que tiveram, por estavam enfim juntos outra vez.

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Christopher, Outubro, 2016

No dia seguinte, Christopher havia sugerido pegar Dulce no hotel depois da série de entrevistas que ela tinha agendado. Mauro também aproveitou e agendou algumas poucas para ele, então durante algum tempo esteve ocupado, focado em outras coisas que não fosse variar entre se recordar a cada dois segundos o beijo que tiveram, e se recordar que odiava Dulce e tudo isso estava pensado e planejado.

- Olá, cansada? - disse ele assim que ela chegou caminhando pela hall do hotel.

- Um pouco - disse ela sorrindo nervosamente - Onde vamos?

- Pensei em tomarmos um café e depois podemos ir em um lugar incrível ..

- Christopher - Dulce disse interrompendo-o, estava claramente nervosa percebeu isso quando ela não parava de passar a mão pelos cabelos - O que é tudo isso?

- Como?

- Porque está fazendo isso? Você disse que me odiava, que preferia ...

- Morrer a estar contigo outra vez - ele terminou a frase - Não pense que eu esqueci Dulce, não pense que é fácil mas o que eu aprendi com meu relacionamento fracassado anteriormente é que essa vida é muito curta, muito imprevisível e, principalmente, que a gente se engana demais com as pessoas. Então sim, eu disse tudo aquilo, mas eu quero viver um dia de cada vez, eu quero ser eu mesmo e ser feliz então me desculpe se eu não cumpri com o prometido mas te reencontrar me fez mudar tudo o que eu acreditava.

- Uau - ela conseguiu dizer - Certo, mas nos reencontramos muitas vezes antes e você sempre me odiou.

- Bom, você nunca me deu abertura pra tentar sequer conversar com você.

- Não é verdade - ela disse rindo.

- Não? - ele disse erguendo as sobrancelhas - O que dizer daquele reencontro nosso com o Poncho na MTV? Onde você posou para uma foto entre nós dois e assim que a câmera se foi você também foi junto. Ou do jantar na casa da Anahí onde você mal me olhou durante a noite toda? Ou ainda ...

- Ok, você venceu. Me desculpe.

- Vamos só viver um dia de cada vez? - ele disse - Por favor?

- Ok, um dia de cada vez, agora me leve pra um café por favor.

Os dois passaram o resto da tarde juntos, no início ambos ainda estavam tensos mas depois de meia hora conversavam empolgadamente no café em que estavam. Quando viram a hora depois do café, se permitiram passear pelas ruas de Los Angeles, em um determinado momento Christopher segurou a mão de Dulce e caminharam assim até suas pernas cansarem. Decidiram que voltariam até o hotel de Dulce para que ele pudesse tomar um banho e trocar de roupa e desceriam novamente para jantar.

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Dulce María, Outubro, 2016

Ao chegarem ao hotel Christopher fez sinal para os sofás do outro lado do saguão e disse que esperaria por ela ali.

- Você pode esperar lá em cima se quiser, é mais confortável - ela disse.

- Não, tudo bem, não quero que fique constrangida.

- Pelo amor de Deus Ucker, vamos logo - disse ela apontando para o elevador.

Somente após as portas do elevador se fecharem e os dois se encontrarem sozinhos lá dentro foi que Dulce percebeu a estranheza do que acabara de fazer, Christopher estava certo em querer esperar lá em baixo mas ela sabia muito bem que as coisas entre eles muitas vezes funcionavam na base do impulso, quando via ela já tinha feito o que não devia. O elevador finalmente chegou ao andar e Dulce lançou um breve olhar para Christopher, caminharam em silêncio pelo corredor até chegarem ao quarto. Depois de abrir a porta, Dulce ficou um segundo de costas para Christopher de olhos fechados e respirando pesadamente.

- O que foi? - disse ele se aproximando dela por trás e passando a mão pela sua cintura.

- Nada, é só que ... - ela disse virando-se pra ele - Quer dizer, estar com você em um quarto de hotel, muitas lembranças - como as mãos dele ainda estavam em sua cintura, Dulce passou os braços envolta do pescoço dele, sabia que seus olhos estavam cheios de lágrimas mas não podia evitar.

Christopher aproximou-se dele, encostou seus lábios delicadamente e deu início a um beijo suave, cheio de ternura e afeto enquanto com uma mão segurava Dulce pelo rosto e a outra permanecia firme em sua cintura. Nenhum dos dois saberia explicar qual tipo de necessidade dominou aquele momento, mas o beijo suave de repente deu lugar a uma explosão de sentimentos e de euforia sem fim, Christopher aumentou o ritmo do beijo enquanto sua mão que antes estava parada na cintura de Dulce, começou a percorrer lentamente seu corpo, Dulce gemeu baixo enquanto ainda beijava Christopher.

Os dois caminharam ainda se beijando até o centro do quarto, Christopher parou perto da cama e apenas encarou Dulce, ela sabia que aquilo era uma pergunta, sabia que ele estava esperando um sinal para continuar ou parar de uma vez, ao ver os olhos dele com tanto desejo, Dulce só pode retribuir na mesma medida, aproximou-se ainda mais dele, segurou a ponta de sua camisa com as mãos e levantou-a passando pela cabeça de Christopher, ele a puxou para si com força, passou uma das mãos pelo seu pescoço enquanto desabotoava o vestido dela com a outra.