Fanfic: Meu Romeu - Adaptada | Tema: Vondy
Christopher e Elissa são um pacote fechado. Está em seu contrato que ela cuida de
todos os espetáculos em que ele trabalha; o que é estranho, considerando que eles
brigam feito cão e gato.
Eu diria que Elissa é seu cobertor de segurança, mas, imagine!, por que ele
precisaria de um? Ele não precisa de nada ou ninguém, certo? Ele é intocável. É
uma porcaria de um Teflon.
Elissa aponta para um modelo em escala do cenário que vamos usar,
enquanto fala da mecânica do palco.
Os produtores escutam e concordam.
Não tenho problemas com Elissa. Ela é uma diretora de palco fantástica, e
trabalhamos juntas antes. Na verdade, há um milhão de anos costumávamos ser
boas amigas. Na época em que eu ainda achava que o irmão dela era nascido de
uma mãe humana e não diretamente do cu de Satã.
Eles levantam o olhar quando eu me aproximo.
— Eu sei, eu sei. Sinto muito — digo, soltando minha sacola na cadeira.
— Tudo bem, minha cara — Marco responde. — Ainda estamos cuidando
dos detalhes da produção. Relaxe, tome um café. Vamos começar daqui a pouco.
— Bacana. — Reviro a mochila atrás do material de ensaio.
— Ei, oi. — Elissa sorri calorosamente.
— Oi, Lissa.
Por um momento minha raiva é aplacada por uma onda de nostalgia, e
percebo o quanto senti saudade dela. Ela é tão diferente do irmão. Ela baixa e ele
alto. Curvilínea e anguloso. Até as cores são diferentes. Loira e lisa contra
moreno e caótico. E, ainda assim, vê-la novamente me lembra de por que não
nos falamos há anos. Sempre vou associá-la a ele. Muitas lembranças ruins.
Quando tiro a garrafinha d’água, minha bolsa escorrega do banco e cai com
um estrondo no chão. Todo mundo para e olha. Ranjo os dentes quando escuto
uma risadinha.
Vai se foder, Christopher. Não vou nem olhar para você.
Pego a bolsa e jogo de volta na cadeira.
A risadinha vem de novo e eu juro ao todo-poderoso Deus do Homicídio
Justificado que vou matá-lo com as próprias mãos.
Apesar de estar do outro lado da sala, ele poderia estar bem ao meu lado,
porque sua voz vibra pelos meus ossos.
Preciso de um cigarro.
Lanço um olhar para Marco, resplandecente em sua echarpe enquanto ele
descreve a peça, espalhafatoso. É tudo culpa dele. Foi ele que quis Uckermann e a mim
nesse projeto. Eu me convenci de que esse seria um grande passo para minha
carreira, mas no fim será o último show que vou fazer, porque, se o idiota no
canto não parar de rir, vou ter um ataque assassino a qualquer segundo e vou
passar o resto da vida presa.
Felizmente, a risadinha para, mas ainda posso sentir seu olhar perfurando
minha pele.
Eu o ignoro e reviro a bolsa. Encontrei o cigarro, mas meu isqueiro sumiu.
Preciso seriamente esquecer esse otário. Jesus, existe alguma coisa que eu não
tenha aqui? Chiclete, lencinhos, maquiagem, analgésicos, ingressos velhos de
cinema, frasquinho de perfume, absorvente íntimo, chaves, um bonequinho em
forma de panda da wwf de uma perna só... Que diabos?
— Com licença, srta. Tay lor?
Eu levanto para ver um garoto negro bonitinho estendendo o que se parece
demais com meu macchiato favorito.
— Uau, você parece estressada — ele comenta com a quantidade certa de
preocupação para evitar que eu arranque suas orelhas com meus dentes. — Sou
Cody. O estagiário da produção. Café?
— Oi, Cody. — Olho o copo de papelão. — O que tem aí, campeão?
— Um macchiato duplo com creme extra.
Balanço a cabeça em sinal positivo, impressionada.
— Foi o que imaginei. É meu favorito.
— Eu sei. Procuro me familiarizar com o que você e o sr. Uckermann gostam e não
gostam, para poder antecipar suas necessidades e proporcionar um ambiente
agradável de ensaio.
Um ambiente agradável de ensaio? Comigo e Christopher? Ah, pobre criança
iludida. Pego o café dele e sinto o aroma enquanto continuo escavando os
Recônditos de Merda.
— Isso é sério?
Que porra aconteceu com meu isqueiro?
— Sim, senhorita. — Ele tira um isqueiro do bolso e passa para mim com um
lindo sorrisinho de louco.
Jogo a cabeça para trás com um suspiro.
Jesus, o garoto foi enviado pelo próprio Deus.
Eu pego o isqueiro e resisto à vontade de abraçá-lo. Tristan diz que sou um
pouco grudenta demais. Na verdade, o termo dele é pegajosa, mas modifiquei
para eu me sentir um pouco melhor.
Em vez de abraçá-lo sorrio para o moleque.
— Cody, espero que você não entenda errado, porque sei que acabamos de
nos conhecer, mas... acho que estou apaixonada por você.
Ele ri e abaixa a cabeça.
— Se quiser dar uma saidinha, eu vou te buscar quando eles estiverem
prontos para começar.
Se ele não parecesse ter dezesseis anos, provavelmente lhe daria um beijo.
De língua.
— Você arrasa, Cody.
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Autor(a): anjocolorido
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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